Segunda-feira, 28 de Setembro de 2020

Não Vale! Como foi o GP da Catalunha

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Que pena, Valentino, essa corrida era tua! (Fotos: MotoGP.com)

Por pouco não vimos o 200º pódio de Valentino Rossi

Vou começar pelo fim. Quando Alex Rins estava dando a entrevista após terminar em terceiro lugar no GP da Catalunha, na MotoGP, a transmissão da FoxSports foi interrompida. O que houve? Foi tudo culpa da DORNA! Porque mesmo ciente do calendário da Fórmula 1 desde março, a organizadora da MotoGP manteve a programação da MotoGP. Quer dizer, manteve até a última sexta-feira, 25, quando enviou um comunicado afirmando a mudança na programação de todo o evento, que começaria uma hora mais tarde, para não bater de frente com a audiência da F-1. Com isso a grade invadiu o horário dos outros esportes da emissora e o sinal precisou ser desligado pontualmente às 10:50, Portanto, não canalize a raiva na FoxSports, mas sim na DORNA.

Dito isso vamos às corridas!

Moto3, primeira de Binder

A categoria mais disputada e equilibrada do mundial de motovelocidade viu mais uma vez o italiano Tony Arbolino (Honda) fazer a pole-position, o que não significa quase nada em se tratando da categoria que tem mais ultrapassagens por volta. Darryn Binder (KTM) fez apenas o nono tempo. Entre eles havia todo um batalhão de pilotos com chances reais de vitória, a começar pelo argentino Gabriel Rodrigo (Honda), um estranho caso de piloto muito rápido, competente, brigador, mas que da metade para o fim da corrida misteriosamente perde várias posições.

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Binder, pela preimeira vez!

A corrida foi daquelas que acabar com qualquer narrador. Tantas trocas de posições que o gerador de caracteres da classificação muda a cada curva. O Espanhol Albert Arenas (KTM) vinha de uma queda na segunda prova de Rimini e viu sua primeira posição no campeonato cair para apenas dois pontos. Precisava chegar na frente e torcer para o japonês Ai Ogura (Honda) chegar bem atrás. Suas preces estavam dando certo, porque depois da largada Arenas se mandou lá na frente, enquanto Ogura escalava o pelotão da 24a posição para 15º marcando apenas um pontinho.

Mas em corrida existe aquela máxima: tudo dá certo enquanto não dá errado. Numa tentativa desesperada de ultrapassagem, John McPhee (Honda) perdeu a frente da moto e arremessou Arenas para a caixa de brita. Fim de prova para os dois e três corridas sem marcar pontos para o espanhol.

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Depois deste anti-climax Darryn Binder se colocou entre os três, de forma muito consistente, brigando com Jaume Masia (Honda), Arbolino, Rodrigo, Vietti e cia ltda. Na última das 21 voltas não dava pra apostar em ninguém. Tudo indicava que Arbolino iria vencer, mas na Curva 5 alargou demais a trajetória, Binder aproveitou, passou e ganhou! Foi a primeira vitória do sul-africano, irmão mais novo do Brad Binder (que corre na MotoGP).

Moto2, slider Lowes

O inglês Sam Lowes (Kalex) estava devendo uma performance convincente depois de muitas quedas. Talento e competência ele tem de sobra, mas mostrou afobação em três etapas seguidas, se distanciando na tabela e perdendo credibilidade entre o público. Mas no GP da Calalunha tudo ficou no passado. Ele foi simplesmente o piloto mais rápido na pista do começo ao fim, ultrapassou o líder Luca Marini (Kalex). Marini, que não é bobo e está mais de olho no título do que na corrida, nem ofereceu resistência. Deixou Lowes passar e ficou mantendo uma distância segura.

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Sam Lowes foi rápido, mas exagerou dos pneus.

Quando tudo parecia caminhar para uma vitória do inglês, eu chamei a atenção durante a transmissão na FoxSports para o estilo “sujo” de pilotagem de Lowes. Ele derrapa demais e isso superaquece os pneus. Não corre risco de consumir antes do final porque esses pneus da Moto2 são bem duros e aguentam a prova, mas quando superaquece o pneu derrapa mais ainda. Resultado: um erro na Curva 5 (sempre ela) fez ele perder o primeiro lugar faltando duas voltas para o fim!

Quem fez um corridão foi o italiano Fabio Di Giannantonio (Speed Up) que conseguiu o primeiro pódio ao completar em terceiro lugar. Marini se distanciou ainda mais na liderança do mundial, colocando 20 pontos de vantagem sobre Enea Bastianini (Kalex) que se enroscou no segundo pelotão e terminou em sexto atrás do veloz, mas irregular, Joe Roberts (Kalex).

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Luca Marini pilotou como gente grande! 

MotoGP, a terceira do Quarta

O francês Fabio Quartararo (Yamaha) estava vivendo uma fase difícil: depois de duas vitórias nas duas primeiras etapas ele enfrentou muitos problemas com a Yamaha da equipe privada Petronas. Alguns críticos – que não entende de corrida, claro – davam ele como uma espécie de “cavalo paraguaio”, gíria usada no futebol para descrever uma equipe que começa bem e depois vai decepcionando. Mas ao analisar os pilotos da Yamaha oficial dava para perceber que o problema era mais estrutural do que humano.

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De fato, porque depois da segunda corrida da Áustria as Yamaha começaram a reagir com duas vitórias seguidas (Viñales e Morbidelli). Neste GP da Catalunha deram um baile nos treinos fazendo a primeira fila inteira com Morbidelli (primeira pole da carreira), Quartararo e um inspiradíssimo Valentino Rossi. O mundo parou para assistir os últimos minutos de treino no sábado. E mais uma vez as Yamaha* era as motos menos velozes na reta, perdendo 20 km/h em relação às Ducati. Isso mostra que o que falta de velocidade na reta, sobra de eficiência nas curvas.

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Morbidelli puxando a fila com Rossi e Quartararo

Na corrida as três Yamaha dispararam na frente com o velocíssimo Jack Miller (Ducati) colado atrás. Quartararo tinha mais ritmo e logo roubou a primeira posição do italiano Franco Morbidelli. Algumas voltas depois foi a vez de Valentino passar Mordibo e prever finalmente a conquista do 200º pódio na carreira. E mais: pelo ritmo que Rossi estava mantendo era previsível que ele pudesse até mesmo vencer. Mas... quis o destino que ele fosse a terra na 15a das 24 voltas. Uma queda estranha porque a moto saiu de frente na saída da curva, quando o piloto já está acelerando. Foi o maior balde de água fria do campeonato até o momento.

Valentino estava correndo mais tranquilo depois de ser confirmado como companheiro de equipe de Franco Morbidelli, na equipe Yamaha/Petronas em 2021. Por isso estava ainda mais alegre e de olho numa vitória histórica. Pena que foi pro chão.

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A partir daí o destaque foi impressionante evolução das suas Suzuki, com Joan Mir e Alex Rins. As Suzuki tem um problema de estabilidade quando está com tanque cheio. Além disso não conseguem ser tão rápidas com pneus de classificação. Por isso largam mais atrás e durante a corrida crescem exponencialmente. Joan Mir engoliu Morbidelli e se estabeleceu em segundo. Depois foi a vez de Rins aparecer lá de trás para também ultrapassar Morbido e fechar o primeiro pódio de 2020. Festa na Suzuki como se tivessem vencido o mundial!

O destaque infeliz foi a presepada causada por Danilo Petrucci (Ducati) logo após a largada. Ele escorregou no meio de uma sequência de S, desacelerou e Joan Zarco (Ducati) precisou desacelerar, perdeu aderência, caiu e levou Andrea Dovizioso (Ducati) junto. Em suma, em menos de 500 metros de corrida duas Ducati já estavam fora da prova. Petrucci recuperou o equilíbrio, continuou e terminou em oitavo.

Agora Quartararo tirou um peso enorme dos ombros. Depois da prova ele disse que estava ainda mais feliz do que ao vencer pela primeira vez. Abriu apenas oito pontos sobre o constante Joan Mir e o campeonato continua muito equilibrado, sem a menor previsão de favoritos. Próxima etapa: dia 11/10 em Le Mans, França.

Bastidores

Continuamos sofrendo todo tipo de enrosco técnico na transmissão feita por internet, com cada um na sua casa, separados por uma conexão rápida. Dessa vez os paus começaram com o narrador Hamilton Rodrigues, que na metade da prova da Moto3 ficou com um delay enorme, de quase cinco segundos. Para corrigir isso é precisa fazer o refresh (F5) na página, mas como já expliquei isso leva até 25 segundos. Quando percebemos a Moto3 tinha entrado nas voltas finais e um refresh naquele momento poderia ser pior. Por isso quem viu pela TV percebeu que o Binder cruzou a linha de chegada, mas só depois o narrador soltou a garganta anunciando o vencedor. E teve mais!

Na hora das entrevistas pós corrida eu já me acostumei com inglês dos italianos, espanhóis e franceses, mas quando chegou a vez do sul-africano Darryn Binder, além do inglês bem unusual, ele fala com a boca fechada, muito e rápido, o que foi um sufoco pra traduzir (muito respeito aos tradutores simultâneos). Consegui pescar algumas palavras, tipo 2012, 16 anos, pais, primeira vez etc e tive de criar em cima. Pelo menos não falei que ele foi pai pela primeira vez aos 16 anos em 2012.

Depois veio a presepada da Dorna, com a mudança na programação. Passei o domingo explicando pra um monte de gente que foi culpa da DORNA e só dela. O campeonato espanhol de futebol já estava marcado muito antes. Tínhamos de entregar o sinal pro pessoal do futebol às 10:45, não importando se o jogo só fosse começar às 11:05, porque tem os comentários pré jogo, propagandas etc. Se a prova tivesse sido realizada no horário previsto teríamos encerrado às 10:05 como sempre e veríamos entrevistas, pódios, champanhe, comentários etc. Mas, mais uma vez, não foi responsabilidade da FoxSports, mas da covardia da DORNA!

Agora imagina o nosso desespero até a 15a volta, com chances reais de Valentino alcançar o 200º pódio ou, pior, de vencer a corrida!!! Se isso acontecesse eu pegaria o primeiro ônibus espacial para Marte. Quando ele caiu foi um UFA! geral. Mas ainda tinha o Morbidelli, com a bandeira do Brasil no capacete! Graças ao Rins também nos livramos dessa.

Sobre o Morbidelli quero fazer uma observação semântica: ele NÃO é ítalo-brasileiro, parem com isso. Essa denominação se dá a quem tem DUPLA CIDADANIA. Nasceu na Itália, mas tem cidadania brasileira. No caso de uma pessoa que tem pai italiano e mãe brasileira, nascido em ROMA, o cara é ITALIANO!!! Punto e basta. Senão eu seria luso-italiano, minhas filhas seriam brasília-alemãs e outras sandices. Isso é puro pachequismo da emissora anterior que viu a necessidade de enfiar uma bandeira brasileira goela abaixo. Agora, se ele tiver passaporte da Comunidade Europeia e do Mercosul, aí sim...

Melhores momentos da MotoGP clique AQUI.

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Segunda-feira, 9 de Maio de 2016

Embolou tudo

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Ué, cadê todo mundo? Lorenzo chega 10 segundos na frente. (foto:MotoGP.com)

Depois do GP da França o campeonato equilibrou 

Ainda bem que o GP da França foi atípico. Essa coisa de um piloto largar, abrir 10 segundos e vencer sem ser incomodado por ninguém é coisa de Fórmula 1. Na motovelocidade os vencedores não costumam ter vida fácil da largada até a chegada. É só comparar as diferenças entre os primeiros colocados na linha de chegada da MotoGP com os grande prêmios de F-1. Enquanto na moto essas diferenças raramente passam de um segundo, nos monopostos ela raramente é menor de 10 segundos. Só mesmo o Galvão Bueno acha a F1 emocionante, mas ele recebe comissão dos contratos de patrocínio. 

Só que já é segundo GP da temporada que o vencedor abre um quarteirão e some na frente dos outros. No GP das Américas, nos EUA, foi a vez de Marc Marquez enfiar quase sete segundos no Jorge Lorenzo. Isso procupa? Não, porque na motovelocidade continua sendo raro ver o que Jorge Lorenzo fez e fez bem feito: impôs um ritmo de classificação nas 28 voltas como se não houvesse amanhã. Um domínio de quem tem uma frieza fora do comum, o que aliás é esperado de um campeão mundial. 

Quem patinou na largada foi Valentino Rossi. Depois de um treino sofrível que lhe deu apenas o sétimo lugar no grid, a oito décimos da pole do Lorenzo, Rossi largou no pelotão da merda e, claro, deu merda! Foi atrapalhado, se atrapalhou e cruzou a primeira volta em sexto. Depois fez uma sucessão de ultrapassagens com precisão cirúrgica e se mandou em segundo atrás do Lorenzo, que já tinha 5 segundos de vantagem... Na F1 isso é titica, mas na MotoGP é uma eternidade.

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Ianonne: melhor correr a pé mesmo. (foto: MotoGP.com) 

Aaah Ducati. Acho que o único consolo da equipe italiana é saber que em 2017 vai ter um piloto com a frieza do Jorge Lorenzo, porque os calientes Andreas estão dando um prejuízo enorme. Se olharmos os tempos de volta da Ducati percebe-se que estão exatamente no mesmo ritmo das japonesas Honda e Yamaha. Está faltando aquele piloto “redondo” que consegue andar no limite sem escorregar na própria baba. 

Bom, esse GP da França foi um festival de quedas. Segundo o locutor da SporTV a culpa era do asfalto, mas os pilotos todos afirmaram que o pneu dianteiro da Michelin pra essa corrida não passava o feeling de limite. Simplesmente saía de baixo e deixava o piloto de nariz no asfalto. Mais uma vez os pilotos “cerebrais” como Lorenzo e Rossi sabem identificar o limite antes de a moto sumir debaixo das pernas. 

O tombo sincronizado de Andrea Dovizioso e Marc Marquez foi a prova definitiva de que o problema estava nos pneus dianteiros. Ambos caíram igualzinho e não acredite no que se escreve nas redes sociais: o MM não reclamou do Dovizioso quando se viu no chão, ele reclamou consigo mesmo! Sim, isso acontece com todo mundo. Também não foi causado pelo remendo no asfalto, senão os outros 15 pilotos teriam caído também. 

Depois da corrida os dois se explicaram ao canal Fox. Dovi disse que foi traído pelo pneu dianteiro no momento que estava apertando o ritmo para não deixar Rossi fugir e se proteger dos ataques do Marquez. Já MM deu a mesma explicação: a moto saiu de frente no momento que tentou dar um tiquinho a mais de gás. Segundo ele, esse pneu já tinha apresentado o mesmo problema em Jerez e dicidiu reduzir o ritmo para garantir o terceiro lugar, pensando no campeonato. Mas por que então em Le Mans decidiu apertar? 

- Porque já tinha três motos na frente e isso seria ruim para a tabela geral. Não podia ficar só mantendo o ritmo, precisava atacar! Explicou o espanholito. 

Ao final da corrida, a equipe Ducati divulgou o mapa da telemetria do Dovizioso confirmando tudo que o italiano disse. No momento da queda ele havia inclinado a moto dois graus a mais do que o normal e... chão! 

Para o campeonato essa prova embolou de vez e trouxe mais emoção. Dos três primeiros colocados cada um já teve seu chão. No caso de Lorenzo e Rossi isso representou zero ponto. Já Marquez amadureceu tanto no ano passado que levantou a moto e foi buscar três pontinhos que podem ser decisivos num ambiente tão equilibrado. 

Destaque também para Maverick Viñales, de 21 anos, que fez uma corrida de gente grande dando o pódio à Suzuki. Já de contrato assinado com a Yamaha para 2017, ele vai ter uma baita moto nas mãos e um companheiro de equipe com título de “doutor”. Vai crescer muito! 

Entre as motos, a Yamaha é a moto mais bem resolvida para os compostos da Michelin. Quando Lorenzo afirmou que perdeu o GP da Espanha por causa dos pneus não estava mimimizando, foi uma escolha errada mesmo. Um grande piloto não comete o mesmo erro duas vezes, como acabamos de ver. A Honda ainda não mostrou constância e intercala corridas excelentes com outras medianas. Não pode contar com Dani Pedrosa para ajudar MM e ainda tem de ver seu piloto chegando atrás de Suzuki e Ducati... Esta, por sua vez, tem tudo para ganhar uma etapa em 2016, tudo em termos de engenharia, mas está faltando piloto... 

Moto2 e 3

Na Moto2 continua a torcida para Franco Morbidelli, o ítalo-brasiliano que leva a bandeira do Brasil no capacete. O cabra é bom, ninguém chega entre os cinco primeiros em uma prova do mundial sendo um bobo. Mas ainda falta aquele toque de gênio para chegar lá na frente. Mas a disputa está bem equilibrada entre Alex Rins e Sam Lowes. É uma categoria que dá gosto de ver porque tem um zilhão de motos escorregando de lado. 

Já na Moto3 parece que Brad Binder venceu a segunda consecutiva, abriu uma larga vantagem na tabela para administrar o campeonato. E o malaio Khairul Pawi foi mesmo fogo de palha: só vai no piso molhado, portanto é bom fazer uma dança da chuva a cada prova. 

Para saber classificação, estatísticas, tabelas, calendário etc clique AQUI.

 

publicado por motite às 16:59
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Sábado, 19 de Março de 2016

99% campeão, mas aquele 1%...

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O Lorenzo está com a macaca... e o macacão! (Foto: MotoGP)

O que esperar de 2016

Eu fiz de propósito. Poderia ter escrito essa resenha lá atrás, no começo do ano, mas quis esperar o primeiro treino oficial para referendar tudo que escrevi no final de 2015. Como meus leitores sabem, sou um dos editores do anuário AutoMotor o mais antigo e completo compêndio das competições motorizadas no mundo. Sim, do mundo, em se tratando de mídia impressa. São mais de 4.5 kg de informação, mais de 1.000 fotos, mais de 400 páginas e contempla as principais categorias do automobilismo e motociclismo mundial e brasileiro. 

Todos os anos, há 24 anos, participo desse trabalho e escrevo a editoria de motociclismo. Como de costume, escrevi sobre o mundial de MotoGP (segue a íntegra abaixo) e mostrei, sem o ranço de torcedor, nem de fanático, que da metade da temporada de 2015 em diante o Jorge Lorenzo foi sempre mais rápido que Valentino Rossi, que o título de 2015 ficou na mão do cara mais rápido e pronto! Ponto final! Não tem mimimi, basta olhar os tempos de classificação. Lorenzo foi sempre dois décimos a meio segundo mais rápido que Rossi.

Bom, começou 2016, o meu amigo e jornalista Ronaldo Arrighi perguntou: quem é favorito em 2016? E eu respondi: se continuar na mesma balada de 2015 será Lorenzo. Mas... motovelociade é muito imprevisível, tem tornozelos quebrados, clavículas esmigalhadas, escafóides dilacerados etc. Salvo voos, Lorenzo vai nadar de braçada.

Eis que terminou o primeiro treino oficial e Lorenzo já cravou a pole e enfiou dois décimos no Valentino Rossi! Pole position em motovelociade não fregga niente. O que importa é o numerinho que aparece no cronômetro. E fique de olho no Maverick Viñales, porque o cabra é ligado em 220V e a Suzuki está bem acertada. Já arrancou o terceiro tempo. E, como sempre, Dani Pedrosa é aquela moscamortice já conhecida, tomando meio segundo do Lorenzo. Marc Marquez rompeu amizade com Valentino Rossi e se os dois se trombarem numa frenagem vai voar pena pra tudo que é lado. Marquez precisa baixar o nível de testosterona pra ser campeão do mundo, coisa que Lorenzo já aprendeu. Esse ano de 2016 promete...

Vamos ver essa primeira etapa porque em motovelocidade piloto burro nasce morto. O cara que for mais cerebral leva. Lorenzo tem o 99 na carenagem para lembrar que tem 99%de chance de ser campeão, mas tem aquele 1%...

Leia a íntegra do texto publicado no Anuário AutoMotor, mas compre o seu exemplar pela internet no SITE e ajude a pagar meu 13. salário. 

Vale ou não vale?

Em uma das temporadas mais emocionantes o espanhol Jorge Lorenzo se torna tri na MotoGP. Johann Zarco foi o campeão na Moto2 e Danny Kent na Moto3.

Ver o título decidido na última etapa não é novidade da MotoGP, pelo contrário, são raros os títulos conquistados por antecipação. Mas em 2015 a temporada foi cruel com o italiano Valentino Rossi, dono de nove títulos mundiais. Depois de liderar por 17 etapas viu o título ir para as mãos do espanhol Jorge Lorenzo na última! Aos 36 anos, Rossi pode ter perdido a última chance de conquistar seu 10º título mundial. E ainda assistiu Lorenzo ser laureado pela quinta vez.

Foi um campeonato espetacular sobre vários aspectos. Depois de duas temporadas brilhantes, o jovem espanhol Marc Marquez teve um ano difícil, com muitas quedas, atribuídas a um problema de estabilidade na frente de sua Honda. E Dani Pedrosa, também espanhol, que fez uma nova cirurgia para resolver a síndrome compartimental no antebraço e voltou tão bom que venceu duas das quatro últimas etapas. Até a Ducati rendeu mais do que o esperado colocando o piloto italiano Andrea Ianone no pódio duas vezes. O que teve influência vital na decisão do título.

Mas o ano de 2015 da MotoGP ficará para sempre gravado na memória pelas duas últimas etapas: Malásia e Valência. Tudo por conta de uma suposta ajuda dos pilotos espanhóis para que o título ficasse na península Ibérica.

Depois de Valentino Rossi abrir 23 pontos de vantagem sobre Jorge Lorenzo após a prova em Misano, Lorenzo fez uma sequência de bons resultados até que chegaram a tumultuada etapa da Malásia com uma diferença de 11 pontos de vantagem para o italiano. Depois de largar na pole Lorenzo despachou na frente, seguido de Dani Pedrosa e a dupla Rossi/Marquez que se engalfinharam por cinco voltas, com cenas de ataque cardíaco, até que Rossi alargou a trajetória de propósito, forçando Marc Marquez a encostar e cair.

A partir desse momento tudo é especulação, porque só duas pessoas no mundo sabem exatamente o que houve: Marc Marquez e Valentino Rossi. Nem adianta ver os filmes inúmeras vezes, analisar telemetria, nada, porque com um título mundial em jogo cada um vai se defender até a morte. E foi o que fizeram.

A choradeira que seu viu nas redes sociais logo após o encerramento do Mundial foi decorrente de fanatismos e da punição aplicada a Rossi pelo acidente na Malásia. Ele foi julgado e condenado o que o fez largar em último, não pelo evento da Malásia, mas pela soma dos pontos que já tinha em seu prontuário de piloto. Assim como no trânsito, os pilotos recebem pontuação por atitudes anti esportivas e com quatro pontos a pena foi largar em último. 

De fato, Lorenzo venceu sete provas, contra quatro de Valentino, que foi muito mais regular, marcando pontos em todas as etapas. No entanto, o campeonato chama Mundial de Motovelocidade e não de Motoregularidade, por isso ganha quem é mais rápido e aqui até os fãs do campeoníssimo italiano podem acompanhar pela cronometragem das últimas três etapas que Lorenzo foi sempre mais rápido. E mais, na etapa derradeira, quando Rossi teve de largar em último, ele nem chegou perto dos tempos de volta do Lorenzo.

Mesmo que ele tivesse largado em 12º, seu tempo nos treinos, ele nem chegaria entre os primeiros porque foi quase meio segundo mais lento por volta. O que pegou muito mal foi a atitude de Jorge Lorenzo após a prova, ao agradecer à equipe Honda pela “ajuda”! Em entrevista ele afirmou que deveria agradecer aos pilotos espanhóis pela ajuda. Isso caiu como uma bomba porque a motovelocidade sempre se orgulhou de jamais, em 63 anos, permitir e incentivar o jogo de equipes, ainda mais equipes de fábricas tão rivais quanto Honda e Yamaha. Mas a presença do rei Juan Carlos antes da largada e o fato de nenhum piloto espanhol ter conquistado título nas categorias Moto2 e Moto3 deu todo o ar de “patriotada” justamente na etapa derradeira na... Espanha!

Para jogar a pá de cal definitiva, a Bwin, a mais famosa casa de apostas e patrocinadora tanto do Mundial quanto de equipes, decidiu devolver o valor das apostas a quem cravou Valentino Rossi como campeão. Segundo o porta-voz da empresa, eles sempre promoveram a integridade no esporte e os eventos de Sepang colocaram esse título em dúvida.

Na categoria Moto2, o francês Johann Zarco foi avassalador com oito vitórias e o título antecipado. Tito Rabat, campeão em 2014, decidiu continuar na categoria e defender o título, algo raro na motovelocidade, mas apesar das três vitórias zerou duas provas – uma delas derrubado pelo ítalo-brasileiro Franco Morbidelli – e teve de se contentar com o terceiro lugar na classificação geral, apenas três pontos atrás do vice-campeão Alex Rins.

Para compensar o ano-para-esquecer da MotoGP, a categoria Moto3 foi de roer as unhas da primeira a última volta das 18 etapas. Depois de um começo vitorioso, o inglês Danny Kent apontava até como campeão antecipado, algo raríssimo de se ver na categoria de base. Ele abriu uma enorme vantagem até exatamente a metade da temporada, mas viu a reação consistente do português Miguel Oliveira que venceu nada menos do que quatro das últimas cinco etapas e chegou ao fim com apenas seis pontos de desvantagem, mesmo depois de zerar três etapas. Para ter uma ideia do nível de competitividade dessa categoria, na primeira etapa no Qatar, a diferença entre o vencedor e o 14º colocado na linha de chegada foi de apenas 2,5 segundos.

 

 

 

publicado por motite às 19:48
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