Proteja-se de qualquer forma!
Em poucos dias a cidade de São Paulo viu cenas de faroeste envolvendo motociclistas
Não é novidade que a motocicleta é um ótimo veículo para se embrenhar no trânsito das grandes cidades. Além disso, por serem leves e potentes alguns modelos são ideais para ações de fuga, como todo mundo viu na recente onda de violência que atingiu a cidade e na qual um grande número de homicídios foi cometido por criminosos usando motos... roubadas!
Para nós, que usamos a moto como meio de transporte e lazer, ficamos no fogo cruzado desse louco bangue-bangue urbano. Ora somos perseguidos e confundidos com os criminosos, ora somos perseguidos e vitimados pelos verdadeiros marginais. E a imprensa geral não contribuiu, alardeando e generalizando o comportamento dos motociclistas.
E nós no meio do fogo cruzado.
Já que não podemos mudar a natureza versátil do veículo motocicleta e nem temos o poder de doutrinar a população, a melhor estratégia é tomar medidas que diminuam tanto a repressão policial para cima dos motociclistas inocentes, quanto para evitar engrossar as estatísticas da violência.
Roubar e furtar motos sempre foi muito fácil. No caso do furto, mesmo que a moto esteja presa com corrente, cadeado, alarme e chave “chipada”, basta estacionar uma perua van e jogar a moto dentro para que desapareça. O nos roubos, por deixar o condutor totalmente exposto, sem proteção de vidros ou lataria, basta o ladrão apontar a arma e o assalto estará concluído. Tudo muito rápido e fácil.
O que mudou nos últimos anos é a sensação de impunidade que faz os bandidos atuarem livremente, na certeza de que não serão pegos, mas se forem, não ficarão muito tempo presos. Por isso, antes de esperar uma ação efetiva do Estado, é melhor tentar se proteger de todas as formas. Aqui vão algumas dicas:
- Dificulte a ação dos bandidos – Ladrão não gosta de ter trabalho, senão não seria ladrão! Qualquer medida que dificulte a ação contra o furto é bem vinda. Segundo os delegados especializados um furto de veículo não pode demorar mais de um minuto. Portanto se a moto ficar parada na rua ou estacionamento, use algum tipo de trava mecânica, como cadeado, corrente ou trava-disco. Mas importante: não se esqueça de tirar quando for sair com a moto. Uma dica esperta é colocar um pequeno adesivo no painel da moto só pra lembrar que está travada. Sair com a moto sem tirar a trava pode causar acidente e destruir o sistema de freio.
(Não esqueça de tirar a trava antes de sair com a moto!)
- Evite a “primeira-fila” – Motociclistas gostam de ficar na frente dos carros quando param em semáforos. Aliás era um procedimento até recomendado pelos manuais de segurança, porque permite sair na frente dos carros e ficar visível. Pois bem, era, porque atualmente os ladrões ficam a pé, parados em semáforos só esperando o motociclista parar para fazer a abordagem. Se ficar posicionado atrás de um carro, sem espaço para fuga, o ladrão vai desistir dessa moto e procurar outra mais fácil. Lembre: ladrão não gosta de trabalho.
- Não namore na moto – Apesar de óbvio, namorar na porta de casa, apoiado na moto é uma cena comum de se ver. Deixe o romantismo de lado e não fique parado com a moto na porta de casa. Aliás, nem no carro!
- Mude o caminho – As táticas de roubo incluem alguma inteligência, como estudar os hábitos da vítima. Geralmente o roubo de moto é por oportunismo, o ladrão pega a que estiver mais perto. Mas se for um modelo raro ele vai estudar o percurso da vítima em busca de um local mais vazio e sossegado para abordar. Fique atento aos espelhos retrovisores e varie o percurso sempre que desconfiar de alguém por perto.
- Não reaja, nem fuja – A bala de um revólver alcança uma aceleração muito maior que a da moto. Se perceber que a abordagem é iminente não tente fugir. Os ladrões saem à caça totalmente dispostos a qualquer coisa, inclusive matar. Além disso, na tentativa de fugir, sob pressão, o motociclista pode cair e piorar muito as coisas. Da mesma forma, não tente “negociar” com os bandidos, quanto menos falar com eles, melhor. Não dificulte a ação porque a pior coisa que pode acontecer durante um assalto é deixar o bandido nervoso.
- Faça seguro – Parece piada, mas o simples fato de mencionar que a moto tem seguro “relaxa” o ladrão. Se tiver sistema de alarme à distância é melhor avisar do que ser surpreendido pela revista que os bandidos sempre fazem. Eles ficam muito contrariados quando acham um sensor no bolso da vítima. Hoje os sistemas de rastreamento são eficientes e dispensam sensores de presença.
- Faça backup – Tenha cópia de todos os seus documentos e da moto. Facilita muito na hora de fazer o Boletim de Ocorrência e de receber a indenização do seguro. Também ajuda para tirar segunda via dos documentos. Procure passar o máximo de detalhe na hora de dar o depoimento na delegacia, descreva as motos que os bandidos usavam, embora só quem passou por um assalto sabe que não dá pra olhar mais nada além da arma apontada!
- Use a tecnologia – Hoje em dia a maioria dos celulares 3G são dotados de localizadores tipo “follow me”, forneça o máximo de informação para a polícia e avise sobre o sistema. Em alguns casos é possível localizar o telefone em questão de minutos.
- Ande em grupo – Uma presa solitária é um alvo sempre mais fácil do que em turma. Também evite marcar pontos de encontro e divulgar itinerários pelas redes sociais. Bandido também tem Facebook.
É triste chegar ao ponto de ter de “ensinar” como evitar ou como se comportar diante de um assalto. Isso mostra que chegamos ao ponto no qual o Estado faliu com sua missão de dar proteção e segurança aos cidadãos. Mas enquanto não podemos contar com a segurança pública é melhor que cada um cuide de si.
Mas posso garantir que se não existe formas de combater o crime é sinal que tem grupos ganhando muito bem com a violência. E nesse grupo pode estar incluídos os que deveriam fazer o papel de combater o crime. Não é aceitável que uma das maiores cidades do mundo, com economia maior e mais rica do que a de muitos países seja feita refém de grupos armados e dispostos a sobreviver na clandestinidade. Precisamos de um choque de ordem, de uma política de intolerância aos pequenos delitos e à punição exemplar. É inaceitável que um jornalista tenha de ensinar a população como não ser vítima de violência, como se fossem dicas de manutenção de moto. Isso não é normal e precisa deixar de ser tratado como "a consequência de uma metrópole".
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