(Use antena anti-cerol e protetor de pescoço... mas meia branca não!)
Um assunto que rolou na semana foi o manifesto de alguns motociclistas contra a cobrança de pedágio em algumas estradas. Os manifestantes reuniram dezenas de motos nas praças de pedágio e pagaram os valores baixos (média de R$ 1,50) com notas de R$ 100,00 ou R$ 50,00. Claro que o resultado foi uma grande confusão que atrapalhou a vida de muita gente.
Segundo os manifestantes, eles estavam exigindo cabines exclusivas para motos, criação de um sistema de transponder como o Sem Parar, para evitar as cabines de carros e caminhões. Nestas cabines é visível que o piso fica sujo de óleo, derramado principalmente pelos veículos pesados e mal conservados. Segundo eles, é inseguro exigir que o motociclista freie e acelera sobre o óleo dos outros veículos.
E se quiser dar o troco, as eleições municipais estão chegando, lembre a qual partido político pertence os governadores e prefeitos que exigiram cobrança de pedágio de motos, sem o devido estudo de viabilidade e segurança. Eu sei muito bem!
Vou por partes.
1 – Eu não concordo que as motos sejam isentas do pagamento de pedágio, porque nós motociclistas também temos acesso aos serviços prestados pelas concessionárias e nos beneficiamos da conservação. Porém também concordo que as estradas são projetadas pensando exclusivamente nos veículos de quatro ou mais rodas. Os guard-rails são inseguros para os motociclistas e algumas estradas usam tachões sinalizadores que chegam a amassar a roda da moto. Portanto, cobrar é justo, desde que a estrada também seja adaptada para as motos.
2 – A cabine exclusiva de motos já existe em algumas praças e, de fato, é mais segura. O problema está na característica coletiva dos motociclistas. Já tive a infelicidade de pegar uma fila de motos na minha frente e demorou muito para passar. Enquanto não for criado o transponder essa cabine não funciona perfeitamente e é melhor deixar o motociclista livre para escolher a cabine mais vazia.
3 – Transponder para motos. Já conversei com concessionárias e especialistas e a explicação para a demora está na dificuldade típica do veículo moto. Por ter pouca massa metálica a moto não consegue sensibilizar o receptor de presença. Além disso, existe a natural dificuldade de instalar o transponder emissor de forma a evitar o furto. Poderia ser uma peça solta, para o motociclista levar no bolso, mas isso fere o estatuto das prestadoras de serviço, que obriga o uso de um transponder para cada veículo, daí a necessidade de fixar na moto.
Mas ao contrário do que os manifestantes pensam já existem protótipos em teste, porque é do interesse tanto das concessionárias quanto das montadoras. Tudo que dificulta a vida do motociclista bate de frente com os interesses das montadoras e elas têm força para cobrar um sistema eficiente das prestadoras de serviço. A boa notícia é que este sistema deixou de ser monopólio do Sem Parar e o novo concorrente DBTrans pode encontrar uma solução paras as motos mais cedo e eficiente.
4 – Todo motociclista deve zelar pela própria segurança. É do conhecimento universal que os motores de carros e caminhões ficam posicionados no meio dos eixos dianteiro ou traseiro. Basta o motociclista trafegar na linha por onde passam os PNEUS dos carros para fugir das manchas de óleo. Não frear e acelerar no centro da pista é uma das primeiras lições de sobrevivência de todo motociclista.
5 – Criar manifestações é exercer o livre direito de expressão. Mas quando a manifestação prejudica os outros cidadãos torna-se antipática, antipopular e ainda atrai mais revolta do que adeptos. Causar tumulto na praça de pedágio, ou dificultar o troco é o jeito errado, por prejudicar quem tem nada com isso. O jeito certo seria procurar os meios de comunicação para manifestar o descontentamento. Como colunista de dois grandes portais do Brasil eu não recebi nada, nenhum comunicado das associações de motociclistas. A forma correta de sensibilizar a opinião pública é por meio dos veículos de comunicação. E não pela desorganização.
6 – E por fim, naquela ocasião que fiquei muito tempo atrás de um grupo de motociclistas na cabine do pedágio uma grande parte estava com escapamento direto, provocando ruído e emitindo mais poluentes. Portanto, colegas, se quiser dar lição de cidadania comece por si mesmo. Escape barulhento e poluente é ilegal e prejudica toda a população. Como dizia Confúcio, “se quiser mudar o mundo comece mudando a si mesmo”. Manifestar contra o pedágio usando uma moto que produz ruído e poluição é como fazer passeata na porta da secretaria da Educação pedindo mais verba para o ençino!
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