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O anúncio do fechamento da edição impressa do Jornal do Brasil foi o primeiro grande golpe da mídia impressa.
Um dos mais tradicionais e antigos jornais do País, o JB já teve como editor escritores como Ruy Barbosa e jornalistas brilhantes no corpo editorial. Eu mesmo já fiz algumas matérias como free-lancer para o jornal carioca (o que tira um pouco deste brilhantismo...). A última edição impressa sairá em 1º de setembro e a partir daí vai reforçar a edição na Internet. Curiosamente, o JB foi o primeiro grande jornal a criar uma edição eletrônica e seu fim será exatamente a edição on-line.
Logo após este anúncio outros meios de comunicação iniciaram um grande debate sobre a substituição do papel pela tela de LCD dos notebooks, netbooks, palms e tablets. Antes de se criar uma falsa impressão de que a mídia impressa está naufragando, aqui vai uma advertência: o JB não fechou pela concorrência com a Internet, mas foi por pura falta de investimento, mau gerenciamento e falta de planejamento mesmo. Com uma dívida acumulada de R$ 100 milhões e a ridícula tiragem de 15.000 exemplares/dia só pode fechar mesmo.
Enquanto teóricos discutem o papel – literalmente falando – das mídias impressa e eletrônica, um dado da última bienal do livro pegou todo mundo de surpresa: nunca antes na história deste País se vendeu tanto livro! O brasileiro está lendo mais, comprando mais livros, revistas e jornais. Um dos responsáveis por esta febre da leitura são os jornais gratuitos distribuídos em semáforos, metrôs e outros pontos públicos.
Fico feliz sempre que vejo um motoboy ou qualquer motociclista pegar o jornal, ou nas raras vezes que uso transporte público e percebo que várias pessoas estão lendo estes jornais. Até lamentei não ter fotografado um morador de rua, acompanhado de seus cães, sentado na calçada lendo um jornal.
Durante minhas viagens ao Exterior me surpreendia ao ver que o mais comum é ver pessoas lendo dentro de ônibus e metrôs. Dificilmente alguém fica parado sem ter alguma coisa para ler. Independentemente do conteúdo, o hábito da leitura é visível nas ruas. E sempre imaginei quando o brasileiro teria o mesmo hábito. E percebo que já estamos vivendo a era da leitura, graças aos jornais gratuitos que podem representar o único veículo de comunicação de muita gente.
Muitos teóricos, intelectuais e “descolados” criticam autores como Paulo Coelho pela baixa qualidade da literatura, mas esquecem que graças à enxurrada de leitores do “mago” hoje muitos destes leitores passaram a carregar um livro, revista ou jornal debaixo do braço. Livros do Paulo Coelho deram o início ao gosto pela leitura, mesmo que tenha menos literatura que uma bula de remédio, mas quem se preocupa com isso? O primeiro passo é ler, depois aprimorar o conteúdo.
Já fui um ferrenho defensor da Internet e até previ um fim triste para a mídia impressa. Hoje, na condição de leitor, blogueiro e anunciante de revista, percebi que estava redondamente enganado. A mídia impressa nunca esteve tão forte e se revistas fecharam neste período foi muito mais uma questão de administração, foco ou investimento do que propriamente pela especificidade da mídia. A cultura do editor de revistas no Brasil é ainda meio ultrapassada, salvo raras exceções. Mas este assunto é comprido demais e estou com preguiça de escrever...
Só queria mostrar o exemplo da revista MOTOCICLISMO, da editora Motorpress. Conheço a revista e a editora desde o nascimento de ambas. Durante muito tempo a revista brigou para permanecer no mercado em uma época que o mercado estava meio quebrado 13 anos atrás. Em associação com uma das maiores empresas de comunicação do mundo, a Motorpress International (ex Luike-Motorpress) a Motociclismo superou várias barreiras e na última edição surpreendeu com calhamaço de 242 páginas, sendo 50% de publicidade.
O conteúdo também surpreendeu com um teste comparativo de pneus que nunca vi na vida: cheio de gráficos, análises, depoimentos etc. Testes gringos, no Brasil, com motos grandes, pequenas etc. Acho que hoje a melhor receita de revista especializada é da Motociclismo mesmo. Reduziram o espaço de competição (afinal, esse não é o papel de uma revista mensal...), aumentaram o de serviço e ainda apoiados por um site fartamente atualizado.
Alguém poderia criticar a quantidade de anúncio. De fato, 50% é muito (parabéns ao departamento comercial!), mas eu já fiz revista durante mais de 25 anos, sou leitor de revista especializada desde a adolescência e posso afirmar que publicidade em revista especializada pode ser considerada como serviço. Desde que não fique restrito a anunciantes de São Paulo, capital. E o que vi na Motociclismo foram várias páginas de publicidade de outros Estados.
Outra reclamação recorrente com relação às revistas brasileiras é quanto à distribuição. Se você soubesse como é difícil – e caro – mandar revistas para 5.380 municípios entenderia esse problema. E para piorar, a distribuição de revistas é monopólio de UMA empresa, que pertence a uma grande editora. Por aí dá pra avaliar a dificuldade... Já sugeri que as outras editoras espalhassem as revistas por meio das distribuidoras de Coca-Cola! Afinal é o produto melhor distribuído no mundo!
Também não reclame de assinatura, porque no Brasil não existe a cultura da assinatura. Só para termos uma comparação, quando fui editar a revista masculina Maxim, o diretor de circulação da editora americana quase enfartou quando explicamos que não faríamos assinatura no primeiro ano. Nos Estados Unidos a circulação de revistas é dividida em 85% de assinatura e o restante vendido em banca. Inclusive algumas editoras fazem uma capa diferente para assinantes, sem as chamadas, afinal a edição já está comprada quando chega na casa do leitor.
No Brasil apenas as revistas semanais têm um número relevante de assinatura. As mensais ainda sofrem um pouco de restrição por vários motivos, entre eles o natural direito de escolha para saber se AQUELA edição está com conteúdo interessante, ou não. Com uma distribuição capenga, atrasos na entrega e baixo interesse na assinatura, deveríamos dar graças a Deus de chegar na banca e encontrar ainda tantas revistas de editoras pequenas.
E já que estou falando em leitura, não esqueça que está chegando o dia dos pais e você pode dar um livro de presente pro véio. E não é qualquer livro, é este aqui!
Afinal de contas, vc vai gastar 50 reais pra entrar no salão das motos pra quê???
Pra ver isso:
Ou isso:
Ou em dose tripla?
Pra ver a nova Suzuki GSX-R 750 2010???
Nana nina não! Você vai para comprar o único livro de crônicas sobre motociclismo do planeta: O Mundo É Uma Roda, de autoria do Tite (eu) que estará pessoalmente (mas não avise os credores) autografando essa maravilha da língua tupi-paulistana!
Esse é o verdadeiro sentido da vida! Passe no estande do Motonline (rua G, estande 297) as 16:00 horas ou no estande da SBK (rua J, std 263) às 19:00 horas e saia com R$ 30,00 a menos na sua carteira e muito mais cultura! Apareça por lá, prometo não deixar nenhuma dessas barangas se aproximar!
(O Mundo É Uma Roda, à venda nas livrarias Cultura, Laselva, no Motonline ou diretamente comigo - autografado, hehehe)
Ajudem-me!!!
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. O papel de mídia impressa...