Sábado, 9 de Agosto de 2008
(Corrida promovida pelo Barrichello: notem os mullets dos dois, hoje ambos carecas, rs)
Lembram daquela história do campeonato de jornalistas. Bom, achei um jornal muito engraçado que era feito pela "cópula" do torneio. Era impresso em sulfite com as notícias redigidas pelos pilotos-jornalistas. O nome do jornal já era bom demais: "Boletim de Ocorrência". Hoje esses mesmos caras fazem o jornal com mesmo nome para a Stock-Cars e o que era brincadeira virou meio de vida. Quer coisa melhor do que trabalhar no que gosta, ganhar e ainda dar risada o dia todo? Só mesmo esses cacetas.
Leiam a notícia da minha ausência em uma das etapas (ah, notícia redigida por mim mesmo porque a filosofia era zoar com todo mundo, inclusive consigo mesmo!)
Eau du Pinheiros, SP - O Campeonato mundial de Andadores de Kart Indoor teve sua primeira etapa realizada em 26 de fevereiro, no Principado do Jaguaré, Osasco. O resultado pouco importa, mas a notícia principal do dia foi a ausência da revelação internacional do kart (em 1967) Tite Della Latta. O veterano piloto havia conseguido uma autorização especial do asilo Piloti Chegenti, na Vila Matilde, para disputar a prova. No entanto, depois de sagrar-se campeão de kart nas categorias Sênior, Múmior e Fóssior, o veterano não pôde participar em função de uma lesão no joelho direito, provocada durante uma partida de tênis ... de mesa.
Como parte de suas atividades físicas, o experiente piloto joga tênis todas as quartas-feiras no National Bank of Saint Paul State, suntuoso clube localizado no nobre bairro de Saint Amaro. Nesta última quarta, o veterano piloto disputava uma animada partida com seus habituais parceiros Mario Lago, Austragésilo de Athayde e Don Paulo de Evaristo Arns, quando torceu o joelho num difícil lance de back hand without ball.
O jornalista explicou: "os meninos estavam muito ariscos nesta quarta e isso exigiu demais da minha condição física". Tite tem uma rigorosa rotina diária de atividades para manter sua forma de cotonete. "Todas as manhãs eu acordo, faço minhas necessidades, as abluções, levanto da cama e vou para o banho antes de um reforçado carbon-fiber-breake-fast". O resto do dia passa jogando baralho, bilhar ou peteca. Quanto ao torneio de kart, ele se mostrou tranqüilo: “Posso entrar no meio da temporada que ainda tenho chances, isso já me aconteceu antes em 1971, ou foi em 67, ou em 52, sei lá, não lembro; enfim, aquele garoto gaúcho, Catarino Andreatta, ainda me opôs muita resistência, foi uma boa temporada”.
Para a próxima etapa ele promete uma vendetta à italiana. "Estou fazendo tratamento no joelho, à base de muito gelo e dois dedos de uísque, por favor".
Quinta-feira, 24 de Julho de 2008
(Corrida de kart indoor pra jornalista - sou eu pilotando!)
Corrida de jornalista
Logo que parei de correr de kart, em 1979, ingressei no jornalismo e todo ano o Mário de Carvalho (dono da fábrica de karts Mini) convidava alguns jornalistas para uma corrida de confraternização. Quando não me boicotavam eu ganhava fácil. Depois inventaram o kart indoor e as corridas pra divulgar as pistas. Nas primeiras eu ganhava tudo. As três mais importantes e que eu queria ganhar de qualquer jeito consegui vencer: uma organizada pelo Rubinho e que tinha como prêmio o capacete do próprio, que repousa na minha estante de troféus. Outra promovida pela Fiat, na qual o prêmio era um notebook e uma terceira, que merece detalhar.
Era uma pista ruim de dar dó, em um lugar mais feio ainda. A programação foi atrasando e boa parte dos jornalistas se mandou P*** da vida. Mas eu tinha visto o prêmio para o vencedor: um troféu de cristal, coisa mais linda do mundo. Babei na hora e só sairia dali com aquela estatueta. A última bateria da noite seria a nossa, mas não tinha mais do que quatro pangarés escribas. Então enfiaram uns convidados no meio, inclusive alguns artistas globais e ex-pilotos, e eu já via meu troféu indo pra cucuia. Nas primeiras voltas do treino saquei que a pista tinha sido pulverizada com uma meleca grudenta, mas nas baterias anteriores os karts tinham retirado boa parte da geleca. Então, para fazer uma volta rápida era preciso andar fora do traçado, coisa que ninguém se ligou. Larguei em primeiro, ganhei apertado, mas perdi o troféu!
Fizeram pódio, entregaram a bela estátua e eu já estava imaginando aquela peça magnífica no meio de um monte de troféu vagabundo de lata velha. Até que encostou um sujeito do meu lado e lascou:
- Você não é o Geraldo Simões?
- Depende, você é da polícia?
- Ah, você é o Tite, da Duas Rodas, da Motoshow...
Não havia dúvidas que eu estava diante de um fã. E não é que o maluco olhou pro troféu e ficou excitado! Quis comprar a peça na hora.
- Nem a pau – ameacei - acabei de ganhar, é o troféu mais bonito que já ganhei na vida!
O cara chamou a namorada, cunhada, mãe, todo mundo para fazer a foto ao meu lado e eu querendo sumir dali porque já passava das duas da madrugada e estava de moto! Fui saindo de fininho e o cara atrás:
- Pô, me vende o troféu, eu sou seu fã, li todas as matérias... E passou a recitar um monte de histórias da minha vida de cor e salteado. Era doido varrido e daqueles enormes.
De repente o sujeito enfiou a mão no bolso interno do casaco e eu tive uma crise de megalomania ao me imaginar fuzilado como John Lenon em frente ao edifício Dakota. Amarelei e fiquei de joelho mole. O doidão tirou um talão de cheque e mandou uma oferta que só mesmo banqueiro de bicho ou traficante faria algo parecido. Em valores de hoje seria algo como R$ 2.000!
- Caraca, é grana pra cacete! Não pensei duas vezes, joguei o troféu na mão do cara e fiz o desmiolado colocar telefone, CIC, RG, endereço atrás do cheque com ameaça de matá-lo caso não tivesse fundo. E não é que tinha fundo! Rapaz, até hoje nunca recebi tamanho prêmio em dinheiro por uma vitória tão ridícula!
Só que o tempo passou e os jornalistas aprenderam a pilotar kart. Hoje tem uns nanicos que chegam na pista de macacão importado, capacete de 5 paus, luva antichama, sapatilha, balaclava e eu de macacão vermelho de mecânico da Alfa Romeo. Fiquei sabendo que uns espertinhos treinam nas pistas antes da corrida e há suspeitas de favorecimento de equipamento em troca de uma cédula de 50 mangos ao fiscal de pista. Marmelada da pior espécie.
Parece que essas corridas ainda continuam, mas eu confesso que fiquei cansado de pilotar kart de aluguel. Os equipamentos são muito mal conservados e odeio perder corrida por causa de equipamento capenga. Sou ariano e se tem uma coisa que arianos odeiam é perder. Mesmo que seja par ou ímpar!