Lindão e corretão: esportivo que polui menos
Energético
Honda promove primeiro teste com o conceito híbrido paralelo
Expostos no Salão do Automóvel, os dois carros híbridos da Honda já chamaram a atenção mesmo parados. Então foi a vez de testá-los em movimento. No novo autódromo ECPA, em Piracicaba, SP, os carros ficaram a disposição dos jornalistas para vários tipos de simulação.
A primeira coisa que queríamos provar era o sistema de desligamento automático quando o carro pára de rodar. Minha dúvida era com relação ao acionamento do motor ser tão rápido a ponto de voltar a funcionar apenas soltando o pé do freio, antes mesmo de chegar no acelerador.
Dito e feito: tanto no CR-Z quanto no Insight (pronuncia-se “insáit”) depois que o motor “apaga” basta tirar o pé do pedal do freio que volta a funcionar antes mesmo de chegar no acelerador!
Este sistema na verdade não desliga o motor, que continua movimentando o virabrequim e o comando de válvulas. Na verdade ele só “desliga” o acionamento das válvulas, mas tanto comando,quanto pistões e virabrequim continuam em ação graças ao auxílio elétrico. Mas em vez de mistura, dentro dos cilindros entra apenas ar. Enquanto um par de pistões sobe, empurra o ar, que depois de comprimido volta e empurra os outros dois cilindros. Para entender como isso funciona, basta usar uma seringa de injeção (sem agulha!). Cubra o buraco da agulha e empurre o êmbolo, ele comprime até encontrar uma resistência e depois tenta voltar. Esse princípio faz mover a árvore de manivelas.
A segunda curiosidade era com relação ao desempenho. Na palestra explicativa o engenheiro da Honda, Alfredo Guedes, explicou que o CRZ é equipado com motor 1.5 litro, mas com o auxílio do motor elétrico passaria a equivaler a um 1.8 ou mesmo 2.0. Fomos conferir!
No lado esquerdo do painel estão três botões com as inscrições “Normal”, “Econ” e “Sport”. Primeiro experimentamos na posição normal. Pôde-se perceber um rendimento realmente equivalente a um motor maior, mas nada muito surpreendente. Já na posição “Econ” a prioridade é a redução do consumo, então ele entra em um mapeamento que deixa o carro meio “amarrado”. Até que chegou a vez de experimentar o modo “Sport” e aí sim, fomos surpreendidos novamente, só que desta vez pelo desempenho realmente compatível com um motor 1.8 ou mesmo 2.0. As retomadas de velocidade são brutais e nota-se que o torque se apresenta muito cedo.
Dos demais aspectos do carro vale destacar o belo desenho, mas que exige atenção por causa dos vários pontos-cegos. Como todo esportivo para duas pessoas as colunas traseiras são largas. A grande área envidraçada ajuda a visibilidade.
Curiosamente, mesmo se tratando de um carro sofisticado, os bancos são de tecido e ele é oferecido apenas com câmbio seletivo de seis marchas.
Depois foi a vez do Insight. Este sedan já tem temperamento menos esportivo, com motor 1.3 iVtec e câmbio automático por polia variável (CVT) de seis marchas. Pode-se escolher a mudança totalmente automática ou usar as borboletas do volante. Ponto a se destacar é a rapidez nas trocas de marcha deste sistema, mesmo nas reduzidas.
No Insight a curiosidade maior era vencer o desafio da emissão zero. Dependendo do quanto o motorista usa do curso do acelerador, da inclinação do terreno e da velocidade, pode-se rodar com o motor a combustão desligado por alguns segundos. É muito difícil, mas consegui algumas vezes com a velocidade entre 30 e 40 km/h por poucos segundos. Os vários gráficos do painel mostram quando o motor a combustão parou de funcionar.
Outro item que chamou a atenção foram os pneus estreitos e altos para o padrão atual: 165/60-15. O que vemos nas ruas são carros com pneus cada vez mais largos e baixos! Segundo Alfredo Guedes, a ideia hoje em dia é justamente usar pneus mais finos para promover menos arrasto por atrito e rodas menores para reduzir o esforço do motor elétrico. O que não impede o Insight de fazer boas curvas.
Aliás, mesmo sem pedal de embreagem, o Insight tem um sistema de embreagem automática para suavizar a arrancada. Como o motor elétrico oferece torque muito alto já em marcha-lenta, a embreagem impede o tranco nas saídas de semáforos, por exemplo.
Já em velocidades de cruzeiro altas, entre 100 e 120 km/h o motor elétrico desliga e apenas o combustão passa a funcionar, pois é uma condição na qual o motor a gasolina consome pouco. Mas basta o motorista afundar o pé o acelerador para o motor auxiliar elétrico voltar a funcionar. Este sistema funciona nas duas versões.
No Insight também pode-se escolher um módulo de direção mais econômico, basta acionar o botão “Econ” para entrar em ação e percebe-se que o carro fica um pouco mais “comportado”. Nesta condição o motor a combustão perde o equivalente a 4% de potência.
O espaço interno é bom, mas quem entra e sai do banco de trás precisa atenção com a cabeça porque o teto é baixo.
Já vendidos e premiados nos mercados americano e japonês, estes dois híbridos não tem prazo para entrarem em nosso mercado. Segundo a Honda, ainda é preciso avaliar qual será a política de incentivos fiscais aos carros híbridos. Se vier a ser produzido (ou apenas vendido) no Brasil poderá ainda ter a vantagem do motor flexível, tornando uma opção ainda mais “verde”. No atual sistema híbrido a gasolina a redução de emissões de CO2 é na casa de 50 a 70%.
Esta é a bateria que fica no porta-malas
A opção pelo motor auxiliar elétrico adotada pela Honda traz algumas vantagens práticas como a eliminação do volante do motor, já que o rotor do motor elétrico faz as vezes de um volante enorme. Isso trouxe de carona um motor a combustão de funcionamento suave, silencioso e de pouca vibração.
Como a vida é como uma bateria, tem sempre o lado positivo e o negativo, o sistema híbrido da Honda ainda tem na bateria o maior custo, que representa cerca de 30% do valor total do carro. Em compensação, a durabilidade prevista é de seis a oito anos.
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. Com que roda eu vou: Hond...