O jovem paulistano terá um enorme desafio neste fim de semana (Foto: BestPR)
Desafio será neste fim de semana em Estoril, Portugal
Aos 24 anos e com a carreira em ascensão, o jovem brasileiro Eric Granado fará sua estreia no próximo final de semana no Mundial de Superbike, principal campeonato internacional de motos de fábrica – e portanto uma importante vitrine esportiva para a indústria. Convidado pela Honda do Brasil para disputar a última etapa do torneio, no Estoril, em Portugal, em poucos dias Eric se viu às voltas com muitas novidades e um grande desafio.
A própria Honda está em sua temporada de retorno ao campeonato após 18 anos de ausência, contanto a equipe oficial HRC e a satélite MIE Racing Honda Team. Granado irá pilotar a nova moto Honda CBR 1000 RR-R SP preparada pela MIE Racing. O brasileiro competirá na categoria WorldSBK, a principal do campeonato. Abaixo, Eric analisa o que tem pela frente neste final de semana.
O que você espera fazer nessa corrida de estreia?
Eu não vou entrar na pista pensando em resultado. Eu vou subir na moto e entregar o melhor que puder. Essa que vai ser minha perspectiva no final de semana. A única vantagem que tenho inicialmente é conhecer a pista. Conquistei no Estoril duas vitórias quando fui campeão europeu de Moto2 em 2017. O traçado foi recapeado, então deve estar melhor do que quando eu competi lá – deve estar mais rápido. De resto, tenho muitas variáveis novas. Desde a equipe, a moto, os rivais na pista, meu companheiro de equipe, tudo será um aprendizado. Espero mesmo aprender muito.
O Mundial de Superbike é uma alternativa para sua carreira?
Eu acredito que a Superbike nunca esteve em um nível tão alto. Temos grandes pilotos, equipes de fábrica muito preparadas e motos de grande potência e tecnologia. É um pacote muito interessante e é impossível, como piloto profissional, não sonhar em estar lá definitivamente. Claro, minha meta sempre foi a MotoGP. Mas tudo tem seu tempo. Dito isso, quero muito agradecer à Honda do Brasil por esta oportunidade. Eu vejo isso como um fruto especial do nosso relacionamento, já que deste 2017 conquistamos títulos na Superbike Brasil juntos. Estou muito grato por essa história que estamos construindo.
No Brasil ele corre com uma Honda CBR 1000RR Fireblade. (Foto: BestPR)
Falando em Superbike Brasil, correr nesse campeonato vai ajudar a se adaptar no Mundial de Superbike?
Existem diferenças técnicas entre as motos dos dois campeonatos. A que usamos no Brasil é potente e veloz, mas a do Mundial tem um pacote de freio, chassi, eletrônica e motor diferentes. Na eletrônica, coisas como anti-wheeling, controle de tração e outros dispositivos vão exigir um aprendizado, pois durante a corrida eles podem ser decisivos, dependendo da condição da pista, com ou sem chuva etc. Então, o meu principal foco será entender como isso tudo funciona na moto e como ajustar em cada condição de aderência, temperatura e desgaste dos pneus.
Fisicamente, é uma categoria exigente?
Sempre que você tem pilotos de alto nível, a corrida te leva a um limite físico ou psicológico. E a Superbike tem um grupo muito forte, além de as motos serem potentes e rápidas. Motovelocidade já é normalmente é um esporte muito físico. Mas eu tenho uma rotina de preparação muito completa. Treino não apenas de moto, mas também de bike e faço uma preparação específica bastante intensa. Acho que isso não será problema e por isso vou poder me concentrar em trabalhar com a equipe para chegar a um bom acerto da moto para o classificatório e a corrida. Se conseguir isso, farei uma boa estreia.
Eric lidera o campeonato brasileiro de Superbike invicto. (Fotos BestPR)
O que essa estreia representa para você?
Se eu te disser que não estava preparado, estaria mentindo. Me preparei a vida toda para correr em categorias desse nível. De outro lado, se disser que estava preparado, também não será 100% verdade, por que essas coisas são sempre um desafio grande. E foi algo que a Honda do Brasil resolveu me proporcionar. E eu topei na hora. O certo é que eu chego em um grande momento, o campeonato nunca esteve tão competitivo. O nível é altíssimo. E é isso o que realmente me motiva.
Você estará em uma equipe satélite, a MIE Racing. O que espera encontrar na pista?
Eu sei que é um time muito profissional e está contribuindo para que esse retorno da Honda seja bem sucedido. Meu companheiro de equipe, Takumi Takahashi, é muito rápido e tem uma boa experiência. Acho que vão me ajudar muito nessa estreia.
A Honda voltou ao Mundial de Superbike depois de 18 anos de ausência. Como você vê esse retorno?
Eu sou piloto Honda no Brasil. A marca tem uma imagem de seriedade, incluindo nos carros, mas é interessante quando você está dentro do time e vê as coisas acontecerem de perto, como é o meu caso no Brasil. Eu acredito que em breve veremos esse time fazer grandes coisas no Mundial. É uma questão de tempo.
Corridas – O encontro do Mundial de Superbike no Estoril terá esta sexta-feira (16) dedidada aos treinos livres. No sábado (17), os pilotos entram na pista para o classificatório e a disputa da primeira corrida do final de semana. O domingo (18) verá outro classificatório, no formato de corrida, e a disputa da prova que encerra o final de semana e também a temporada 2020 do Mundial.
Fonte: Assessoria de Imprensa BestPR - São Paulo.
Eric, Eric, Eric Granado do Brasiiiiiiiiiillll! Narrei uma vitória brasileira no Mundial!
Como foi a jornada da primeira etapa completa do mundial de Motovelocidade
Acordei atrasado! Simplesmente esqueci de colocar o despertador para 4:30 da manhã e quando despertei já era mais de 6:00 hrs! Mandei um whatsapp desesperado para o produtor da FoxSports que laconicamente me disse que eu tinha sido substituído por outro comentarista. Desesperado liguei a TV e realmente tinha outra pessoa comentando e eu estava definitiva e eternamente fora da Fox!
Felizmente isso foi um sonho, na verdade um pesadelo. Acordei desesperado, olhei no relógio e era 3:05. Nada daquilo tinha acontecido de fato. Voltei a dormir e acordei pontualmente às 4:25 com o despertador de verdade.
Toda véspera de um avento importante sempre me gerou pesadelos horríveis. Perdi a conta de quantas vezes sonhei que estava faltando um minuto pra largada e tinha esquecido o capacete em casa. Isso dá uma dimensão do tamanho da responsabilidade que me coloquei ao ser chamado para comentar as provas do mundial de motovelocidade. Foi uma overdose de adrenalina na primeira etapa três meses atrás e outra nesta madrugada. Assim como as corridas, espero que isso pare com o tempo, mas encharquei o pijama de suor!
Jornalistas, pilotos, campeões mundiais, médicos, advogados, engenheiros são pessoas normais como eu, você e a dona Maricota que mora no interior do Pernambuco. E pessoas normais tem os mesmos medos e expectativas. O medo de um comentarista ou narrador de eventos ao vivo é errar. Porque uma vez que a palavra sai da boca não tem mais como colocar de volta. Já saiu, ganhou a liberdade como um passarinho que fugiu da gaiola. Não tem volta. Já era.
Essa pressão mexe até com o mais experiente profissional de mídia eletrônica. Sou jornalista de mídia impressa há quase 40 anos. Impresso pode ser conferido, lido e revisado um zilhão de vezes, mas eletrônico ao vivo não. Temos de pensar, elaborar, editar um texto na nossas cabeças enquanto estamos falando. E quando o narrador chama “o que você acha, Tite Simões?”, o texto precisa estar revisado, relido, corrigido e editado antes de eu abrir a boca. E nunca sai como pensei!
Neste domingo, 19 de julho de 2020 fiquei das 5:00 às 10:00 diante de um monitor de notebook criando, editando, corrigindo e narrando pequenos textos para milhares de ouvintes. Só tenho uma coisa a pedir: desculpe se eu errei.
Eric Granado do Brasiiiiiiiil
Na transmissão da primeira etapa eu fui até o estúdio da FoxSports no Rio de Janeiro e fizemos de dentro de uma cabine, com equipamentos profissionais, diretor, produtor, tudo ali perto. Desta vez cada um estava na própria casa, usando os equipamentos caseiros e sujeitos a todo tipo de interferência caseira como campainha que toca, cachorro que late, vizinho que ouve Los Hermanos etc.
No sábado eu não pude comentar os treinos porque estava dando aula na ABTRANS. No final do dia fizemos uma reunião online para ajustar microfones, luz ambiente e coordenar as pautas. Nesta reunião o Téo José estava aborrecido porque estavam criticando demais as pronúncias dos nomes dos pilotos. Conheço o Téo há quase 40 anos. Trabalhamos juntos em várias ocasiões e sei do esforço que ele dedica nas transmissões. Não é do tipo de fazer piadinhas e é extremamente estudioso. Ele fez um trabalho apurado de pesquisar os 100 nomes dos quatro grids de largada para saber como era a pronúncia nas línguas de origem de cada um. Ele faz isso com futebol, basquete, vôlei, qualquer esporte que narra. Confesso que eu jamais teria essa paciência. Mas ele teve. Mesmo assim estava sendo criticado. Porque o público ficou 13 anos acostumado com outras pronúncias, sem se dar conta de saber quem estava certo ou errado.
Tentei contemporizar explicando que não tem como acertar a pronúncia de 100 nomes de diversos países. E olha que eu estudei alguns idiomas esquisitos na minha vida! Mesmo assim ele estava super chateado com as críticas. Por isso no domingo ele desabafou no ar sobre esse assunto.
O meu pesadelo quase se tornou realidade porque na manhã de sábado um caminhão baú passou na minha rua e arrancou os fios do poste. Os três: da luz, internet e TV a cabo!!! Isso é de enfartar qualquer cidadão. Felizmente foi só uma descarga de adrenalina a mais porque as três empresas vieram rapidamente e consertaram tudo. Mas eu perdi alguns meses de vida...
Domingo pontualmente às 5:00 da madrugada eu estava no ar junto com Edgard Mello Filho e Téo José Auad para a largada da categoria Moto-E com o Eric Granado largando na primeira posição. Eu sempre brinco com ele dizendo que “te conheço desde quando você era um heterozigoto” e é verdade! O pai dele já corria de moto no meu tempo de piloto e chegamos a dividir a pista em duas ou três ocasiões. Ver ele ali no grid de largada em primeiro mexeu com meus intestinos!
Depois da largada recebi uma mensagem do pessoal técnico que meu áudio estava ruim! Eu não tenho um microfone direcional e meu som estava muito “sujo”. Tive de sair correndo pela casa, com a corrida rolando, para achar pelo menos uns fones de ouvido. Achei mas perdi parte da corrida da Moto-E. Quando voltei o Eric já tinha mais de dois segundos de vantagem. No final da corrida tive de controlar a emoção. Na hora do Hino Nacional também deu aquele nó na garganta. Espero acostumar com isso, mas fico imaginando os narradores e comentaristas que tiveram de controlar a emoção diante das conquistas dos brasileiros em diversas categorias. Galvão Bueno está perdoado pelo éééé teeeeetra, éééééé teeeeetra!
A corrida todo mundo viu: Eric perdeu a liderança só nas primeiras curvas porque deixou a moto empinar na largada. Depois passou o Dominique Aergeter e sumiu. No intervalo entre a Moto3 e a Moto2 conseguimos entrevistar Eric ao vivo. Ele contou que na primeira volta lançada conseguiu ser um segundo mais rápido do que seu tempo da pole-position! Isso não é pra qualquer um e mostra que as corridas da Moto-E são 7 voltas de classificação pura! Que corrida!
Albert Arenas fez outra corrida totalmente sob controle. (Foto: MotoGP)
Na Moto3 tudo levava a crer que Albert Arenas não repetiria a vitória da primeira etapa no Qatar, porque estava cometendo muitos erros. Que nada, depois de quase se arrebentar ao sair da pista em plena reta, o espanhol focou no pelotão da frente e conseguiu ultrapassar na última volta. Que corrida e que vitória, a segunda consecutiva e que abriu uma larga vantagem sobre o segundo colocado na tabela geral. Nesta categoria vimos muitas quedas e é normal porque são tudo uns retardadinhos cheios de hormônios. Mas já era um indicativo que a pista de Jerez é bem traiçoeira.
O irmão do campeão: Luca Marini tem DNA de Valentino Rossi nas veias. (Foto: divulgação)
Na Moto2 eu já comecei pisando na bola ao elogiar o americano Joe Roberts. O desgraçado andou o tempo todo lá atrás e fez eu queimar a língua pela primeira vez ao vivo. Pelo jeito, aquela pole dele no Qatar foi o que se chama de voo de galinha: dura pouco!
O Edgard cantou a bola antes da largada ao sinalizar que o mais constante nos três dias de treinos tinha sido o Luca Marini, mezzo-fratelo do Valentino Rossi. Ele mandou na prova do começo ao fim e quando o Nagashima tentou chegar perto deu duas escorregadas de enfartar, acalmou e manteve a segunda posição. O que foi ótimo porque sai desta etapa líder tranquilo do campeonato.
&%$@#$**& Marquez!!!
Nunca fui muito de idolatrar piloto, nem ninguém na verdade. Mas tenho de admitir que Marc Marquez é tudo aquilo que se admira num piloto: é rápido, divertido, super simpático, ri o tempo todo e tem aquele plus a mais que só as grandes estrelas tem. Mas é doido! Se normal fosse, piloto não seria.
A pole do Quartararo não abalou nem surpreendeu ninguém. Todo mundo vai ouvir isso muitas vezes, mas a posição de largada na motovelocidade não é tão decisiva quanto no automobilismo ou kartismo. Por isso todos nós sabíamos que MM93 partiria para a liderança em pouco tempo. E foi assim, liderando o pelotão que ele exagerou e deu aquela desgarrada de frente que só não terminou em tombo porque Deus não quis. Revendo a cena várias vezes percebe-se que ele apoiou o cotovelo e o joelho esquerdos para trazer a moto de volta, coisa de sobrenatural. Perdeu várias posições, voltou em 16º na frente só do irmãozinho, a 8,5 segundos do primeiro colocado.
O que se viu nas 20 voltas seguintes só foi crível porque o mundo todo estava vendo: nunca vi um piloto baixar o tempo de volta ultrapassando outros pilotos. Ele se impôs um ritmo tão fora do normal que passou 13 pilotos como se fossem de uma categoria menor. Estava em terceiro lugar com o Maverick Viñales na mira quando passou com o pneu dianteiro na zebra interna e foi arremessado que nem um míssil Exocet. Caiu e foi atingido pela própria moto quebrando-lhe o braço direito.
Na hora que a câmera mostrou ele pedindo para o fiscal desafivelar o capacete já vi que era grave, mas fiquei na minha. Não queria ser o arauto da desgraça, mas mandei um recado pelo chat interno avisando que era caso de fratura, mas achei que era punho ou escafoide. Não deu outra, foi o úmero.
Quarta, El Diablo, venceu a primeira de muitas provas na MotoGP. (Foto: MotoGP)
Fabio Quartararo administrou a vantagem sobre Viñales e quem deu o pulo no gato nas últimas voltas foi Andrea Dovizioso arrancando um ótimo terceiro lugar, mesmo com o ombro recém operado.
Foi uma corridaça, que poderia ter entrado para a História se MM93 não tivesse caído. Mas... não existe “se” no mundo das corridas. Foi um erro (causado por outro erro) que vai custar caro porque foram 50 pontos jogados fora, na premissa de que venceria as duas etapas. Domingo que vem será mais emocionante ainda porque as equipes já sabem o que corrigir pra segunda etapa. Aposto nas Yamaha de novo porque a Ducati não vai bem nesta pista e a Suzuki ficou sem Alex Rins. Não sabemos se a Honda chamará alguém para pilotar a moto do Marc Marquez nesta segunda etapa. Agora era um bom momento para chamar Casey Stoner e ver como o australiano está pilotando.
Depois da bandeirada fomos informados que a transmissão seria encerrada às 10:05, quando eu e o Edgard faríamos os comentários finais. Mas para nossa surpresa entrou uma chamada antes e não pude agradecer três pessoas especiais que ajudaram na transmissão: Nenad Djordjevic (este sobrenome é difícil), Eduardo Minhoca Zampieri e Marco Granado.
Também queria dizer aos PENTELHOS de plantão que um cara que fica narrando QUATRO categorias seguidas ao vivo pode se permitir cometer erros. Fiquei puto ao ler alguns mega especialistas comentando que o Téo José falou "manete do acelerador". Porra, vamos cobinar que manete e manopla são palavras bem parecidas e o cara deve ter falado dois milhões de palavras nestas cinco horas, errar UMA está totalmente dentro das expecativas. Pelo menos ele não te chamou de pobre ao vivo ao comentar que sua televisão foi comprada nas Casas Bahia em 24 prestações, ou gritou pra você aumentar o volume e acordar a avó, como fazia o outro locutor...
Semana que vem tem mais, vamo que vamo!
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