Quarta-feira, 31 de Julho de 2013

As verdadeiras lições das pistas

(No começo... aos 17 anos no kart)

 

Por várias vezes escrevi sobre as técnicas de competição que ajudam a pilotar nas ruas, seja de moto ou carro. Correr em qualquer modalidade motorizada contribui demais para melhorar a segurança nas ruas e estradas, porque eleva exponencialmente a capacidade e habilidade dos motoristas e motociclistas.

 

No entanto existem muitas outras lições que as pistas ensinam que parecem menos óbvias. O valor da disputa leal ou a melhor forma de enfrentar uma briga desleal. A humildade com relação aos próprios limites. A capacidade de aceitar uma derrota, mesmo que corroa as entranhas, da mesma forma que festeja uma vitória.

 

Só que existem muitas outras lições aprendidas nas competições motorizadas. Como passei 22 anos competindo em diferentes modalidades, tive a chance de aprender muito sobre o relacionamento humano, muito além das técnicas de pilotagem e mecânicas.

 

Logo nos primeiros passos como piloto, aos 17 anos, eu competia de kart contra pilotos mais velhos e experientes. Alguns até casados, com filhos, mas que se divertiam no kart e levavam a modalidade tão a sério como se estivessem num grid de Fórmula 1. Quando eu dividia o box com um piloto mais velho notei que ele estava apreensivo e fui conversar. Ao explicar o motivo da preocupação ele justificou:

- Minha mulher não quer que eu corra, preciso fazer escondido!

 

- Ora, que bobagem, respondi, aqui está cheio de piloto que corre escondido dos pais! Eu mesmo comecei escondido do meu pai.

 

Aí ele deu a resposta que nunca mais esqueci:

 

- É diferente, os pais nasceram para ser enganados, faz parte da função de ser pai e mãe e eles sabem disso. Mas com a esposa é diferente, ela está na nossa vida por opção e não por destino. Mentir para esposa é mentir pra si mesmo!

 

Pouco tempo depois desse diálogo ele desapareceu. Preferiu parar de correr. Tudo bem, o mundo não perdeu nenhum gênio do automobilismo mundial, mas ganhou um marido que me deixou uma grande lição de vida.


(Tempos de fora-de-estrada)

 

No off-road

Quando virei jornalista especializado logo fui escalado para cobrir os eventos fora-de-estrada porque eu já tinha experiência de motocross e enduro e grandes conhecimentos de fotografia. Nas competições de enduro eu colocava a mochila nas costas, montava em uma moto preparada e entrava nas trilhas junto com os pilotos, no meio da competição.

 

Foi assim que conheci os mais importantes pilotos de enduro da época. Virava e mexia inventava pauta só com o pretexto de reunir esse pessoal e curtir uma bela trilha com verdadeiros professores de pilotagem. Nenhuma escola de pilotagem poderia ser mais eficiente do que dividir a trilha e as cervejas com campeões do enduro da Independência.

 

Foi assim que fui parar nas trilhas mineiras ao redor de Belo Horizonte na companhia dos maiores especialistas em pilotagem off-road do Brasil. Entre uma sessão de foto e outra eu aproveitava para aprender o máximo tanto de pilotagem quanto de preparação da moto, equipamento, estratégia etc.

 

Ao final da reportagem, comemorando o ótimo dia de trilha, sentamos todos em um bar no meio do nada e começaram as histórias, algumas devidamente exageradas, obviamente, porque o trilheiro é quase um pescador e adora aumentar os feitos. Uma poça d'água vira um afluente do Amazonas em questão de minutos. E um barranquinho chega ao nível do Pico da Bandeira!

 

Até que o papo descambou para um assunto inesperado: a higiene pessoal. Mais especificamente certas necessidades vitais que assolam a pessoa no meio do mato, em pleno enduro, entre nada e coisa alguma. Das variações mais elementares, como levar um pouco de papel higiênico até as naturais como uma  folha qualquer e um córrego. Até que alguém lembrou a novidade - na época - dos lenços umedecidos, feitos para limpar bumbum de nenê. Uma invenção tão incrível que passou a ser adotada por quase todos os pilotos, inclusive um que levou a "tecnologia" para o rali mais difícil do mundo, o Paris-Dakar.

 

De todas as lições que poderia ter aprendido nas competições fora-de-estrada jamais poderia imaginar que a mais importante e duradoura seria uma nova forma de limpar a bunda! Que aliás adotei para sempre!!!

 

Quanto custa um F-1?

Uma das maiores incentivadoras da minha vida de piloto foi minha mãe. Quando fui comprar o primeiro kart ela me levou na fábrica e fez questão de escolher pela cor: vermelha! Eu jamais pensaria em nenhuma cor...

 

E logo nas primeiras corridas eu consegui um segundo e um terceiro lugares o que já me fez imaginar pilotando um Fórmula 1 em pouco tempo. Claro que a realidade se encarregaria de me mostrar que eu era apenas mais um adolescente sonhador.

 

Tudo bem, porque adolescentes vieram ao mundo para sonhar e graças a esta capacidade o mundo foi moldado em vários aspectos da arte, cultura, política e esporte.

 

Desse período inicial no kartismo eu tirei várias lições de vida que trago até hoje. Inclusive sobre ética e honestidade nas competições motorizadas, conceitos estes que simplesmente não existem! Uma vez que alguém se predispõe a entrar nestas competições com claro objetivo de ser bem sucedido a primeira lição é esquecer qualquer vestígio de decência, seja na preparação do equipamento ou no comportamento em pista. Como eu sempre repito "piloto bonzinho nasce morto".

 

Felizmente tive tempo de receber uma das mais puras e singelas lições de vida que só vim a saber muito tempo depois. Logo após chegar em casa com dois troféus e dois pódios consecutivos minha mãe chamou meu irmão mais velho de lado e perguntou quanto custava um carro de Fórmula 1. Sem dar muita atenção à pergunta, meu irmão simplesmente respondeu que era uma fortuna e quis saber o motivo do interesse.

 

- Vamos comprar um Fórmula 1 pro Tite correr?

 

Bom, diante da risada do meu irmão acho que minha mãe percebeu que era um sonho impossível.

 

Eu mesmo só soube desse diálogo alguns anos depois e me tocou profundamente. Só neste dia percebi a dimensão de ser mãe e a distância que existia da imagem de heroína e super-mulher que eu trazia para a realidade de uma mulher criada na simplicidade do interior, tão sábia para mim, mas tão ingênua com relação a tantos outros assuntos. Como assim comprar um Fórmula 1?

 

A partir desse dia - e até hoje - mudou completamente meu relacionamento com a minha mãe. Felizmente para melhor. Desde esse dia passei a querer que minha mãe conservasse para sempre essa pureza de acreditar na simplicidade, como as crianças. E assim percebi que sempre tive ao meu lado uma grande criança sonhadora, como eu...até hoje!

 

 

 

 

 

 

 

publicado por motite às 20:11
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Terça-feira, 27 de Dezembro de 2011

Vou mudar de ramo

 (Ae, já to na área, perdeu, playboy!)

 

Este texto foi escrito alguns anos atrás, não muito tempo, porque o prefeito Kassab tinha acabado de ganhar o cargo de presente, depois que o José Serra abandonou seu posto para concorrer ao Governo do Estado. A moto roubada foi uma Yamaha MT-03 ainda com placa azul de teste. Logo depois achei uma moto com as mesmas características à venda na Internet. Foi aí que me ocorreu escrever esse desabafo. Não mudei de ramo, continuo sendo cada vez menos jornalista e mais instrutor de pilotagem. Mas continua a dica: esse negócio de roubar, traficar etc pode ser muito mais rentável, com a vantagem de o Estado não ficar com 30% de seus vencimentos... Feliz 2012!!!

 

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Vou mudar de ramo!

 

Amigos internautas, cansei! Depois de ser assaltado a mão armada pela segunda vez cansei de ser jornalista, motociclista e instrutor de motociclistas. Na noite de quarta-feira estava voltando para casa com uma moto de teste de um fabricante nacional quando quatro elementos em duas motos emparelharam e apresentaram suas credenciais: duas pistolas automáticas dessas cromadas, lindas e reluzentes. Levaram a moto (que tinha seguro), meu capacete que mais gostava (italiano, caríssimo), minha mochila com a capa de chuva e um cartão de memória com uma semana de trabalho fotográfico e também levaram minha dignidade. Foi a segunda vez que me renderam a mão armada para roubar uma moto que não era minha.

 

Depois de ter duas aulas - verdadeiros workshops - de assalto muito bem praticados decidi mudar de ramo. Já que o prefeito da minha cidade considera todos os motociclistas iguais, desde esses que assaltam, até os que tem moto para lazer ou transporte, resolvi mudar de atividade.

 

Vou investir R$ 200,00 na compra de um três-oitão - ilegal, é claro - e anotar esse investimento em meu livro-caixa. Depois, ficarei de campana sob o viaduto onde fui assaltado duas vezes à espera de um motociclista com uma moto bacana. Farei a abordagem de forma clínica como aprendi nos meus dois cursos e desaparecer com a moto. Logo em seguida procurarei um receptador, o que ‚ uma tarefa fácil, pois basta encostar em uma das favelas de São Paulo e oferecer a moto, ou, se quiser algo mais "clean" posso anunciar na Internet em sites de classificados de qualquer coisa ou mesmo pelo Orkut. Como o mercado é livre nestes sites, não terei necessidade de me identificar nem nada, afinal já vi vários anúncios de carros e motos "NP" (uma forma elegante de estelionato) nesses classificados.

 

Digamos que consiga R$ 1.000 na venda de uma moto roubada. Já entrevistei ladrões que vendem uma CG roubada por R$ 200,00, mas moto grande conseguem até "um barão". No meu livro-caixa vou registrar uma receita de R$ 1.000 o que projeta um lucro de R$ 800,00.

 

O passo seguinte será procurar um bom e confiável traficante de drogas (tem muitos em São Paulo) e comprar R$ 800,00 em cocaína. Pela minha apuração, no mercado atual o grama de cocaína está na faixa de R$ 12,00 na compra e R$ 25,00 na venda. Para conseguir um lucro terei de negociar muito bem essa compra para que meus 66 gramas revertam em uma maior margem de lucro. Se conseguir vendê-los a R$ 23,00 (pra conquistar clientela), farei R$ 1.533,00 em pouco tempo. Com sorte, em uma noite eu consigo mais R$ 733,00 de lucro. Meu negócio estará prosperando.

 

Com esses R$ 1.533,00 eu farei uma pequena diversificação nos negócios. Se procurar bem e souber negociar vou conseguir a mídia digital para DVD por R$ 0,80 a unidade. Comprarei 1.000 unidades de DVD o que me custaria R$ 800,00. Farei algumas cópias de filmes mais consagrados e distribuirei aos camelôs por R$ 5,0 a unidade e eles revenderão a R$ 10,00. Numa conta rápida, os R$ 800 investidos se converterão em R$ 5.000,00 e ainda terei os R$ 733,00 para continuar no ramo da cocaína.

 

Pelos meus cálculos, em um mês de bons serviços poderei ter acumulado algo perto de R$ 33.489,00, limpo, livre de impostos, o que pode projetar um faturamento anual de R$ 400.000! Tudo isso com um investimento inicial de apenas R$ 200,00! Essa é uma projeção muito simples e modesta, pois a cada receita os investimentos serão maiores, o que certamente resultará também em lucros maiores. Além disso, precisarei fazer uma espécie de previdência privada, separando uma parte dos meus emolumentos para algumas aplicações como "ajuda de custo à associação de fiscalização" (popular propina); "taxa de funcionamento em ambiente livre" (a propina dos camelôs) e "seguro habeas corpus" (a propina em caso de prisão em flagrante).

 

Pelo que apurei do patrimônio de um grande comerciante desta área recentemente preso, o tal Abadia, só uma de suas casas em Florianópolis foi leiloada por R$ 2 milhões. E tinha mais outras seis, além de carros, barcos, jet-skis etc.

 

Digamos que nesse meu novo ramo de negócio, venha a ter algum problema com os homens da lei. Eventualmente posso ser preso durante uma das minhas entregas de mercadoria, ou mesmo ser delatado. Como aprendi com meus professores nos dois assaltos que sofri, o tempo de carceragem não passa de seis meses para um crime tão banal como porte ilegal de arma, assalto a mão armada ou comércio de drogas. Principalmente por eu ter curso superior, morar em residência fixa e não ter antecedentes criminais (até agora).

 

Claro que uma legião de advogados e policiais me escreverão afirmando que as penas são mais severas. Como se explica então que a maioria dos assassinos e assaltantes pegos com a mão na massa sempre tem "passagem pela polícia"? Como se explica que um sujeito que enfia uma pistola no meu nariz numa noite, depois de seis meses  - ou menos - já esteja roubando de novo?

 

A resposta deve estar num sistema judiciário abençoado para os criminosos que, com seus inúmeros artigos, incisos, parágrafos, data vênias e salamaleques consegue libertar um desgraçado que assalta a mão armada ou vende droga em menos de seis meses. Sempre sob a alegação de que existem crimes mais importantes para serem julgados. Não consigo imaginar um crime mais hediondo do que submeter um cidadão à mira de uma arma de fogo. Só se a Justiça tem uma fila de esquartejadores de criancinhas na frente!

 

No meu novo ramo de atuação poderei ser equiparado, sempre aos olhos da prefeitura de São Paulo, aos grandes comerciantes e empresários. Se todo motociclista é igual, então todo mundo que trabalha no comércio também é igual! Não é? O dono de uma grande rede de supermercados compra e vende mercadorias com uma margem de lucro. O camelô que compra e vende CDs e DVDs piratas também faz comércio.

 

Como bem escreveu meu amigo André Garcia, em seu longo manifesto contra a avalanche de paulada em cima dos motociclistas, "sou motociclista sim, mas antes de tudo sou cidadão: pago impostos e consumo produtos e serviços que geram impostos". Se a segurança é um serviço mantido com essa carga tributária e se esse serviço não é minimamente competente está na hora de trocar o fornecedor!

 

Partidos políticos e candidatos: me aguardem na próxima eleição! Ah, e o que vocês me aconselham? Um revólver calibre 38 ou uma pistola automática 9 mm? Preciso iniciar logo minha nova empresa.

publicado por motite às 14:11
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Terça-feira, 31 de Maio de 2011

Uma nova revista no mercado

A Superténéré já tá nas rua, é só pegar!

 

Rolling Stolen

 

A revista que é uma roubada!

           

Como todo mundo sabe, não existe a menor chance de reduzir o número de roubos e furtos de motos. A prova disso são as cotações de seguro. Nas motos mais roubáveis o valor do seguro chega a 1/3 do preço da moto. O que significa que a cada 3 anos de seguro o dono da moto poderia comprar outra!

 

Dessa análise, eu e meu vizinho Daniel, parceiro de boas idéias, decidimos criar um veículo especializado especialmente voltado para este mercado. Qual mercado? De seguros? Segurança pública? Alarmes e travas? Não, é uma revista destinada ao consumidor final, ou seja, aos ladrões! Isso mesmo, é a primeira revista especializada voltada a este enorme mercado que cresce diariamente e certamente atrairá as agências de publicidade, afinal ladrão também é gente e consome produtos como armas de fogo, roupas de grife, aparelhos eletrônicos, cartão de crédito, banco etc. Ninguém pode negar que eles consomem, se compram ou não é apenas um detalhe.

 

Veja como ficou a pauta da primeira edição da Rolling Stolen.

 

Teste comparativo: Hornet x XT 660, qual melhor moto para fuga. Vamos analisar características técnicas como a distância livre do solo que facilita varar as lombadas, subir e descer calçadas e handling em alta velocidade. Qual acelera mais de zero a dois quarteirões. Teste “saidinha do banco” de retomada de velocidade com garupa.

 

 

 

A Hornet dá fuga até na terra!

 

Lançamento: Superténéré, muito mais da hora que a XT 660. Saiba quais concessionárias estão vendendo e como seguir os novos compradores otários. A moto de fuga do momento: mais de 200 kmh de final, sem corrente e dá pra roletar lombada sem olhar!

 

Segurança: A importância de usar colete à prova de bala. Como conseguir o seu com policiais corruptos.

 

Pilotagem: As técnicas para pilotar com a mão direita e segurar o ferro na esquerda. Como frear apenas com uma mão sem deixar a moto morrer, nem você. Pratique slalom na comunidade e fuja com mais eficiência apenas com uma mão usando o contra-esterço.

 

Serviço 1: Novos alarmes e travas, como desativar ou arrebentar. Dispositivos de rastreamento, saiba como impedir o playboy de acionar a central. Métodos de persuasão de playboys para entregar o sensor de presença.

 

Serviço 2: Usadas, quais os picos que recebem a motoca puxada. Cotação de receptação: saiba quais são as mais valorizadas nos desmanches clandestinos. O que avaliar na hora de puxar a cabrita. Tudo sobre liquidez de moto e de playboys.

 

Turismo: O frio está chegando e a playboyzada sobe as montanha. Mostramos quais as cidades de serras que os mauricinhos gostam de dar um rolê de motoca.

 

Scooter: Um dia você ainda vai puxar uma. Ideal pra zuar na comunidade porque tem porta-bagulho debaixo do banco e os gambés não crescem o olho no baculejo. Já tem uns scooter grandão que levam ainda mais bagulho e dão menas bandeira.

 

 

 Scooter é bão pra levar os bagulho e dá menas bandeira!

 

Perfil: Zero Bala, o maluco que mais puxa bike do pedaço. O mano pega os playboy na estrada ou na balada. Nunca perdeu uma bike. Os segredos do maluco de mais responsa na comunidade.

 

Pequena da hora: A CG continua a motoca de mais pegada na parada. Tem várias zeras rodando por aí e é grana na mão. Cada cegezinha dá pra uns 100 papelotes. É puxar a moto e receber o braite!

 

Parcerias & negócios: painel completo com a bolsa de propina. Quanto as delegacias estão cobrando pra livrar 155, 156, 157 e 160 e quais oferecem a melhor relação custo/malefício. Como formar parcerias com gambés e dicas de bons negócios no atacado.

 

 

 

Zero Bala, um maluco de responsa que só puxa bike zera

 

Legislação: a importância de esquentar a cabrita na moral. Vamos mostrar os melhores e mais eficientes despachantes e agentes de Detrans, Ciretrans e Denatran que resolvem tudo sem stress. Onde comprar DUT oficial, como conseguir endereços falsos e os cartórios que reconhecem firma até de defunto. Box com as ferramentas e dicas para pinar o chassi de moto comprada em leilão, sem deixar vestígio.

 

Esporte: Uma emocionante reportagem com os melhores locais para puxar motos pra fazer MotoCross, enduro, rali ou velocidade. Como preparar uma bike cabrita pra fazer track-day nos autódromos. Conheça as trilhas de Minas Gerais e saia com a moto especial que quiser usando apenas um 38.

 

Ferramentas: Um guia completo com os principais canos do mercado, desde o 38 a tambor, até mini-metralhadora israelense. Guia especial com dicas do Paraguai e como conseguir armas exclusivas das forças armadas.

 

Não perca a edição número 1 da Rolling Stolen, a revista para quem curte moto, mas não é otário de comprar. Pegue uma no jornaleiro mais perto, se ele reagir, atire!    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por motite às 20:59
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Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2011

O perfume

(Vc quer atrair esta gata?)

 

Ultimamente minha caixa postal tem sido inundada por spams de vários tipos. Um deles chamou atenção por ser tão velho quanto a humanidade. "Fui atraído por uma substância mágica" traz o título. No corpo do texto descobre-se que é o velho e manjado perfume irresistível que atrai mulheres/homens (não sei como perfume distingue sexo) para seu lado. Basta passar o perfume e a mulherada (homarada) se jogará aos seus pés.

 

Lembrei de uma crônica que escrevi em 1985 (tá, pode zuar...) sobre um motociclista que comprou este perfume e foi pra praia no Rio de Janeiro. Bom, lembre-se que nos anos 80 o mercado de motos era embrionário (zigotário, seria mais adequado) e as revistas sofriam de falta de assunto. Isso fez nascer o Tite cronista, porque na falta de algo melhor me pediam pra escrever "qualquer coisa engraçada com moto no meio". He he, imagina como me sinto hoje!

 

Resgatei a crônica que segue abaixo. Deem um desconto porque eu tinha acabado de aprender a escrever (e ainda não aprendi...), mas preferi deixar como no original. Se vc gostar muito pode pedir o livro que tem mais 65 melhores do que esta...

 

O perfume

 

Um perfume secreto prometia atrair as mulheres... e encrencas

 

Tudo começou 21 anos atrás, quando nasceu no coração do interior paulista, na região da Alta Sorocabana, um bebê chorão que não queria largar do colo da parteira. Aos cinco anos de idade, depois de muita psicologia, conseguiram fazer o bebê deixar a parteira dormir na sua (dela) casa.

 

Aos 6 anos, ele ganhou uma bicicleta e imediatamente pediu ao mecânico conhecido para soldar um banco sobressalente, bem macio.

 

-       É para não machucar o bum-bum das gatinhas - explicava aos amigos.

 

A primeira moto veio aos 15 anos, depois de convencer o pai de que só desta forma não precisaria acordar às cinco horas da manhã para levar o filhão até a escola do outro lado da cidade. Na saída da escola era um verdadeiro pampeiro. Os meninos queriam dar uma voltinha. Mas o galã não se fazia de rogado. Nem deixava os meninos darem uma voltinha, nem dava uma voltinha com as meninas. Ficava só na pressão.

 

Quando ele chegava em casa, passava meia hora trancado no banheiro conferindo a musquitulatura, com a foto do Silvester (Rambo) Stallone pregada no espelho. Um dia ele seria como ele, mas melhor ainda, porque o Stallone anda a pé e ele tinha uma potente 125.

 

Com a maioridade, aos 21 anos, aconteceram duas mudanças importantes na sua vida: trocou a 125 por uma CB 450 e perdeu a virgindade. Depois disso ele nunca mais foi o mesmo. Agora sim ele sabia o real motivo de ter vindo ao mundo. A experiência teve um preço alto, é verdade, mas depois de 60 dias tomando antibióticos tudo voltou ao normal. Agora ele estava pronto para vôos mais altos. Meninas da cidade, segurem-se. Mães prudentes, guardem suas filhas dentro de casa. Irmãos zelosos, escondam suas irmãs.

 

De repente, o galã descobre uma praia cheia de "belezas naturais". Foi em um cartão postal no qual se viam muitas mulheres usando fio dental (não para limpar os dentes), todas bronzeadas e com corpos esculturais. Atrás do cartão, o endereço da sucursal do Paraíso: "Posto 9 na Praia de Ipanema, Rio de Janeiro, RJ". Arrumou as bagagens, pegou todos acessórios da moda e partiu com sua CB para aquele oásis.

 

Rio de Janeiro, afinal. O sol implacável faz os termômetros da Avenida Vieira Souto marcarem 35°C. O galã veste uma roupinha discreta para não chamar muito a atenção. Aliás, ele sempre diz que seu charme não está na roupa, mas na moto que ele usa. Os dois juntos são uma parada. A moto foi lavada, polida, esterilizada, retocada e brilhava mais do que a Unidos de Vila Isabel no Sambódromo.

 

Parou a moto em frente ao Posto 9, em Ipanema, e atravessou o areião pisando firme com sua bota cano alto e solado de couro. Estendeu uma toalha e tirou o casaco e a calça de couro, exibindo a pele mais branca que o litoral carioca já tinha visto. Passou protetor solar e esperou pelas gatas. Esperou e... nada. Nenhuma carioca se interessou.

 

De volta ao Hotel, a solução para a solidão veio através de um anúncio em revista, divulgando um tal de "perfume irresistível que atrai as mulheres".

 

-       Bah! Onde já se viu, precisar de meios artificiais para conquistar mulheres. Basta meu charme, a minha moto incrível que esta cidade mais cedo, ou mais tarde, me receberá de braços abertos.

 

Uma semana de tentativas frustradas fizeram o galã mudar de opinião. Foi ao correio mais próximo e encomendou uma dúzia de frascos do milagroso perfume. Assim que recebeu a encomenda se infestou com a essência e foi para as ruas. Já no elevador, a ascensorista chegou mais perto e quis saber de onde vinha aquele aroma tão agradável e nos 14 andares que se seguiram, a mulher não desgrudou o nariz do cangote do novo galã.

 

Na portaria, uma gringa cheia de pudores tirou muitas fotos do "autêntico homem latino americano". O perfume estava começando a agir. Nem demorou para saber qual seria sua próxima investida: "Praia de Ipanema, aqui vou eu!"

 

Assim que pisou na areia, formou-se um enorme contingente feminino à sua volta. Uma mais desesperada queria levá-lo imediatamente ao Vips Motel. Outra perguntou o que ele estaria fazendo nos próximos 28 anos. De repente, aparece a Luiza Brunet em carne e osso (mais carne do que osso) e nem consegue chegar perto dele por causa da briga que se formou para beijá-lo, abraçá-lo e outras coisá-lo.

 

Um helicóptero da Rede Globo sobrevoava o local para registrar o tumulto. A Polícia Militar foi chamada para fazer um cordão de isolamento em volta do galã, mas não deu certo porque as policiais femininas baixaram o cacete em cima das outras mulheres para se aproximarem dele. Para sair da praia foi preciso escolta especial do batalhão de choque.

 

Finalmente chegou ao hotel. A ascensorista não resistiu e "chegou junto"; a camareira tentou se esconder dentro do armário, mas já estava ocupado pela cozinheira e pela secretária do gerente. Por motivos de segurança, o galã pediu outro quarto e foi logo tomar um banho para tirar o perfume do corpo. Esfregou bastante e ficou pensando no perigo de vida que tinha acabado de passar. Poderia ter sido pisoteado pela multidão.

 

Pegou todos os vidros do tal perfume irresistível e jogou pelo ralo da banheira, convicto:

 

- Bah! Motociclistas não precisam destas coisas. E voltou para a Alta Sorocabana feliz com sua vidinha normal.

publicado por motite às 19:09
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