(Feita para viajar... muito! Foto: Tite)
(Leve e ágil na terra. Foto: BMW)
Por uma destas coincidências da vida, quando estive em Nova York em abril para conhecer a sede da revista Maxim, comprei a edição de maio 2008 da revista Cycle World com a apresentação da BMW F 800 GS. Na reportagem entrevistaram o desenhista David Robb (inglês, 48 anos), responsável pelo desenho externo dos carros BMW e incorporado às motos desde 1993. Segundo Robb o objetivo foi criar uma moto leve no estilo e leve de fato, com uso de materiais nobres (e caros...). Robb e sua equipe identificaram que havia um buraco muito grande entre a linha F 650 e a big-trail GS 1200 e caberia uma moto de características on-off. Aliás, mais off do que on, porque segundo a própria definição do projetista, “as GS 1200 se tornaram motos essencialmente on road, destinada ao público mais comportado. Faltava algo mais emocionante para atender aos jovens aventureiros”.
Na comparação do projetista, a GS 1200 é como um tio que ainda gosta de aventura, mas não quer se cansar demais. Enquanto a F 800 GS é um sobrinho adolescente louco por dificuldades. A definição pode parecer coisa de doido – e todo gênio tem um grau de doideira – mas serve perfeitamente para definir a F 800 GS: ela foi feita para buscar os piores caminhos.
Para conseguir este perfil aventureiro, o motor de 798 cc desenvolvido pela Rotax para a versão esportiva foi muito modificado. Uma das principais mudanças foi na inclinação dos cilindros, que foram recuados 30° em relação ao motor das irmãs F800 S/T. Esse reposicionamento teve como objetivo deixar a moto mais compacta, com menor distância entre-eixos e ainda abrir espaço para a roda dianteira de 21 polegadas. Também foi preciso mudar a posição da bomba d’água e o cárter para permitir uma boa distância livro do solo.
(Corrente, em vez de cardã ou correias. Foto: BMW)
Aliás, esse papo técnico todo sobre o que mudou, o que se manteve e como funciona o motor de dois cilindros paralelos você pode ler em detalhes no site oficial da BMW. Vamos ao que interessa: como ela é!
Leve e fácil de pilotar
Sim, ao contrário das big GS 1200, esta F 800 GS é um brinquedo. O banco é um pouco alto para mim, mas pode ser rebaixado (o banco...) em 3 cm, o que pode ajudar, mas nem perdi tempo ajustando. Já me acostumei e me adaptar a qualquer tamanho de moto.
Como eu já tinha viajado com a KTM 990 Adventure tentei traçar um paralelo entre as duas. Para começar ambas têm motor de dois cilindros (V2 na KTM), mas a KTM tem um pouco mais de potência, com 95,2 cv. Essa diferença é fruto dos 200 cc a mais, porém, na prática, os 20 kg a mais da KTM rouba parte dessa vantagem. Posso dizer quer as duas são muito próximas em termos de desempenho, com ligeira vantagem para a austríaca KTM. Mas a alemã BMW tem a vantagem de dimensão reduzida e facilidade de pilotagem. Em suma, difícil escolher entre as duas, mas certamente a BMW é mais versátil e a KTM é mais estradeira. Eu escolheria a BMW.
Não existe BMW acima de 600cc que se possa chamar de desconfortável. Um dos atributos da empresa é oferecer um elevado nível de conforto. Só mesmo um chato de galocha pra chamar alguma BMW de desconfortável. Pode não ser muito ergonômica, sobretudo os malditos comandos elétricos, mas é o tipo de moto para viajar horas a fio.
(Na versão cinza com grafite. Foto: BMW)
Em minha jornada de teste peguei estradas de asfalto liso, esburacado, curvas e terra. Na terra desliguei o ABS para poder pilotar derrapando. Logo nos primeiros metros percebi que os pneus estavam longe da eficiência que esperava. Uma acelerada em plena reta deixou a moto de lado e quase meu coração saiu pela boca. Depois de me acostumar aos compostos originais consegui recuperar a sensibilidade e manter a roda traseira no lugar. Admito que preferia um pneu ligeiramente mais off. Fiquei apavorado só de imaginar ter de enfrentar terra molhada com esses pneus.
Em compensação, quando peguei a estrada entre Serra Negra e Amparo, com mais curvas que um intestino delgado, os pneus garantiram muita diversão nas curvas.
(Continua...)
(Boa na terra, no asfalto e na pedra. Foto: BMW)
Como estou muito ocupado com o anuário da F1 terei de postar o teste da BMW F 800 GS aos pedaços. Depois basta juntar tudo e vc terá o teste completo...
Desde que a BMW apresentou essa versão GS fiquei com a sensação de que esta seria A moto. Claro, sempre pelo meu ponto de vista que convém esclarecer: sempre achei que moto de verdade é aquela que sai do asfalto e entra na terra sem exigir nenhuma alteração, nem na calibragem dos pneus!
Passei a adotar essa filosofia por uma questão de simplicidade. Obviamente que o ideal seria ter três motos na garagem: uma esportiva, uma trail e uma urbana. Eu já tive seis motos ao mesmo tempo, mas isso é inviável nos dias de hoje com o tal DPVAT passando dos 300 paus. Por isso a BMW F 800 GS me chamou a atenção por reunir as três possibilidades em uma moto!
Peguei a moto em uma sexta-feira caótica em SP. Trânsito dos diabos e logo de cara percebi que a posição de pilotagem é ligeiramente alta para nanicos under 1m70, meu caso. Mais ainda: o banco largo obriga a manter as pernas abertas e complicar ainda mais para apoiar os dois pés no chão.
Mesmo assim me acostumei rapidamente. Só não consegui engolir o guidão muito largo. Se alguém quiser uma moto para circular em SP terá de escolher um guidão mais estreito ou correrá o risco de fazer uma coleção de espelhos retrovisores quebrados... dos carros!
Uma boa notícia é a relação de câmbio sempre muito bem escalonada nas BMW. Pode-se rodar em 4ª, 5ª ou 6ª marcha sem que o motor fique "pedindo" outra marcha. (continua...)
(Não sou eu, tá! é foto de divulgação! Muito boa na terra, mas isso fica pra amanhã...)
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. BMW F 800 GS (continuação...