Quinta-feira, 15 de Julho de 2010

Porque o mundo vai acabar em 2012

É o fim do mundo...

 

Por que o mundo vai acabar em 2012

 

De repente o mundo descobriu os maias. Não o César Maia, este já foi descoberto há muito tempo, mas o povo que vivia lá no antigamente ali na região da América Central e pedacinho da América do Sul, antes de os espanhóis chegarem nestas paragens. Bom, dizem os estudiosos das culturas pré-colombianas que estes maias eram profundos estudiosos dos astros, sobretudo o grande pai Sol.

 

Pois bem, de tanto estudar os astros, os maias fizeram algumas previsões, conhecidas como “As 7 Previsões Maias” e uma delas afirma que no dia 22 de dezembro de 2012 o mundo passaria por uma grande transformação de ordem natural. Tipo, um grande meteoro se chocará com a Terra, uma nova era glacial ou o contrário, um grande verão infernal.

 

Qual será a hecatombe que se abaterá sobre o planeta eu não sei, mas acho que algo muito grande precisa acontecer para mudar a ordem das coisas. Por “coisas” você pode incluir aí a incontrolável e crescente sede de poder da casta governante. Ou a desmedida busca por lucro por parte da elite produtiva. Ou ainda, a simples e histórica ganância, que ataca desde o mais simples dos mortais até grandes Homens (no sentido genérico) públicos.

 

De todo este caso envolvendo um goleiro, uma garota de programa e um time de futebol, o que me deixou mais estarrecido não foi a possível descoberta de que usaram cães para dar fim a um cadáver. Os mafiosos sicilianos já usam essa estratégia há mais de 100 anos, com a diferença que usam porcos, porque devoram também os ossos. O que mais me deixou assustado foi tomar conhecimento do provável salário de um goleiro do Flamengo. Inicialmente falou-se me R$ 200 mil. Agora já afirmam que somados os contratos publicitários e prêmios poderia chegar a R$ 500 mil por mês. Vamos deixar por R$ 350 mil, que é a média entre as duas cifras.

 

Trezentos e cinqüenta mil reais por mês. Equivale a quatro milhões e duzentos mil reais ao ano. E o ministro da Saúde tem a cara de pau de aparecer em público afirmando ser a favor da volta do CPMF para sanear a saúde pública! É óbvio que a ordem mundial está errada. Como foi possível permitir que um jogador de futebol – que até ontem era tratado como esporte – receber tanto dinheiro para defender (literalmente) um time? E pode ficar mais embasbacado porque esse é um salário considerado “modesto” perto de estrelas como Robinho, Ronaldo ou Roberto Carlos, só pra ficar na letra “R”.

 

Quem, ou quais empresas, estão por trás dessa inversão de valores? Como se permitiu que jogadores como Kaká ou Cristiano Ronaldo chegassem ao status de bilionários praticando o mais simples e popular esporte que se tem conhecimento?

 

Recentemente um executivo do São Paulo Futebol Clube deu um depoimento que deveria estar na primeira página de todos os jornais. Questionado sobre o pouco interesse do clube em buscar recursos para reformar o estádio do Morumbi, candidato a sede da abertura da Copa do Mundo de 2014, ele afirmou: “A FIFA deixou de ser uma entidade esportiva para se tornar uma gerenciadora de negócios”. Perfeita observação!

 

Mesmo com o mundo assistindo e vivendo períodos de crise em vários pontos, como a atual grega e uma anunciada redução no crescimento da economia chinesa, o futebol cada vez paga salários mais altos e deixou de ser apenas um esporte para ser um grande negócio. Basta lembrar a quantidade de publicidade vinculada à Copa do Mundo que nos martelaram por mais de 60 dias. Dá para criar teorias conspiratórias do tipo: “será que o técnico-anão escalou o Kaká só por conta do contrato milionário com a Gilette?”. Depois de ouvir o depoimento do executivo do SPFC dá pra desconfiar que não é tão improvável assim, afinal futebol é business e se o teimoso Dunga perdeu o cargo está pouco se lixando, afinal só de publicidade saiu com uma bolada capaz de mantê-lo até o fim dos dias. Se o mundo não acabar em 2012...

 

E olha que tem “esportes” que pagam salários ainda maiores, como o basquete americano, a Fórmula 1, o golfe, futebol americano e sei lá mais quais. Algo muito grande precisa acontecer para mudar esta ordem mundial.

 

Para um jogador de futebol receber R$ 200 mil por mês imagine a rede de negócios envolvida. Eu olho para um par de tênis de R$ 500 na gôndola da loja e fico imaginando qual a porcentagem do preço é destinada a pagar efetivamente os custos industriais e quanto vai para o goleiro. Aí olho pro lado e vejo um tênis chinês de R$ 50. Essa teia de composição de preço obrigatoriamente precisa compor a massa salarial dos patrocinados. Imagino também como deve se sentir um alto executivo desta mesma empresa, que estudou por décadas, aprendeu inglês, fez MBA, cursos de especialização e recebe um quarto do salário do goleiro semi-alfabetizado que sua empresa patrocina.

 

Futebol, alegria do polvo. Foto: Daniel Zapp/Vipcomm

 

Até a estratosférica Fórmula 1 deu início a uma contenção de custos cerca de 4 anos atrás, visando evitar esta visível pouca-vergonha empresarial. Enquanto o presidente mundial da Renault tinha de explicar o fechamento de fábricas e demissão de milhares de empregados, sua equipe de F-1 era bancada com um orçamento anual que ultrapassava fácil a casa dos 100 milhões de Euros.

 

Nos anos 90, quando a Ford comprou a inglesa Jaguar, um dos executivos auditores americanos estava analisando as contas da Jaguar quando se deparou com um salário de US$ 4 milhões/ano. Assustado com a cifra ele perguntou: “Mas quem é esse executivo?”. Até que alguém respondeu: “É nosso piloto de F-1 Eddie Irvine”. Decretou o fechamento da equipe de F-1 no mesmo dia! Para ele era inaceitável uma empresa à beira da falência injetar tanto dinheiro na F-1 e sem resultados que justificassem o investimento.

 

Esse pensamento, digamos, financeiramente correto do executivo da Ford precisa contagiar outros dirigentes de grandes empresas. Não só das empresas privadas, mas também de setor público. Já estão discutindo os investimentos necessários de infra estrutura para o Brasil sediar a Copa do Mundo em 2014. Fui um crítico fervoroso da proposta de receber a Copa, porque vários estudos sérios provaram que os países-sedes de eventos desta natureza têm um ganho muito efêmero perto do investimento necessário. Basta olhar como está a nossa “vila olímpica” criada em Jacarepaguá, Rio, depois dos jogos Pan-Americanos de 2007. Quais os benefícios aquelas obras trouxeram efetivamente para o cidade do Rio de Janeiro?

 

Em um país com a tradição de peculato, desvios de verba e assaltos recorrentes ao erário dá para imaginar quanto dinheiro rolará por baixo dos panos para construir estádios, ampliar aeroportos, criar um trem-bala, estacionamentos et ceterum e tal. Já avisei que vou virar flanelinha durante a Copa do Mundo de 2014 para fazer uma graninha extra.

 

Tem gente que afirma categoricamente “mas estas obras serão realizadas com verba da iniciativa privada”. Ho-ho-ho, papai Noel, coelhinho da Páscoa e Saci Pererê também acreditam que a União não irá gastar um centavo de Real nestas obras! A mesma União que afirma não ter verba para saúde, obras viárias e educação.

 

Acho que quando Atahualpa Yaxilán Ytzá estava lá, escrevendo a história da Humanidade, 900 anos antes de Cristo, deve ter decretado o fim do mundo em 2012 ao constatar que no Brasil um esportista semi-analfabeto receberia um salário 200 mil vezes maior do que um professor do ensino médio! É o fim do mundo mesmo...

publicado por motite às 15:47
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Sexta-feira, 2 de Outubro de 2009

2012 O ano que vai acabar

(Tá tudo escrito aí: o Maluf vai devolver o dinheiro e o mundo vai acabar)

 

Esse papo está se espalhando mais que hoax: dizem os videntes (e falantes) que em 2012 o mundo passará por uma profunda transformação. Pior é que essa previsão é compartilhada por gurus indianos, kardecistas gaúchos, católicos italianos, presbiterianos ingleses, evangélicos americanos e judeus aqui do Bom Retiro. Ou seja, é uma previsão ecumênica que aparece até no calendário maia. Chih!

 

Quando eu nasci, em 1959, a enfermeira olhou pra mim, bateu na minha bunda e profetizou:

 

- É menino, vai acabar o petróleo e o mundo também!

 

A primeira parte foi fácil ver pela pequena (na época) saliência logo acima (eu estava de ponta-cabeça) daquele fio nojento chamado cordão umbilical. A segunda acabou de naufragar, literalmente, após a descoberta de petróleo em todo planeta, em profundidades abissais. E a terceira minha mãe já conhecia porque ela também escutava a mesma profecia propagada por meu avô.

 

Bom, depois dos fiascos do cometa Halley e do bug do milênio não sei se devemos dar muito crédito à essa macabra previsão. O Halley não passou de uma poeira muito sem-vergonha no céu e o bug do milênio não derrubou nenhum avião nem despirocou as contas bancárias, exceto a minha que já sofria de despirocamento congênito.

 

Na verdade não será o fim do mundo. Segundo previsões de várias partes do planeta – e também de fora dele – o mundo passará por uma profunda mudança. Uma espécie de terceiro paradigma universal que dividirá a História em antes e depois de 2012. Só pra refrescar a memória, os dois primeiros paradigmas universais são a descoberta do sistema solar (que é a Terra que gira em torno do Sol) e Jesus Cristo.

 

Também conta-se que será uma grande hecatombe natural, tipo o nível do mar subirá 5 metros e muitas cidades litorâneas submergirão. Lamento mais por Fernando de Noronha. O que seria uma tremenda sacanagem, porque nossas olimpíadas de 2016 teriam de ser disputadas com galochas.

 

(Ae, maluco, se liga no tamanho dessa onda...)

 

Outra teoria prega que apenas alguns humanos sobreviverão a esta catástrofe. Outros ainda afirmam que os “eleitos” por alguma entidade superior seriam poupados para começarem uma nova espécie. Só me intriga como será essa espécie de Enem natural:

 

- Os que sabem usar o pisca-pisca do carro nesta fila, o resto pro inferno!

 

Ou:

 

- Quem ajudou o Brasil a enterrar R$ 180 milhões para a campanha Rio 2016 naquela fogueira ali!

 

E o fiscal complementa com uma risadinha “haha, ganhou, mas não levou”...

 

Por conta da possibilidade de o mundo acabar em 2012 já tomei algumas medidas preventivas. Minha mãe sugeriu construir um bunker no quintal de casa, mas fui mais pragmático.

 

- Que nada, mãe, vamos juntar dólares pra comprar nosso lugar na arca, porque se o fim do mundo for organizado por brasileiros será uma moleza!

 

Imagine aquela enorme arca de metal escovado, com luzes neon e estrobo, cheia de bandeirinhas, descendo o Rio Tietê, recolhendo os eleitos. Se tocar Alexandre Pires eu prefiro me jogar no limbo mesmo!

 

E se o mundo acabar em um grande tsunami? Vou me mudar pras montanhas e ver tudo lá de cima. E meus amigos surfistas irão adorar:

 

- Ae, maluco, essa onda tá iraaaaaada!

 

- Pódicrê, mas depois de três dias já estou ficando meio cansado...

 

Se o mundo vai acabar, sofrer uma profunda mudança ou assistiremos ao terceiro paradigma universal não sei, mas por precaução e para aproveitar esse possível finalzinho de vida terrena, decidi, a partir de agora, só comprar a prazo. E prazos beeeem elásticos!

 

publicado por motite às 21:23
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