Segunda-feira, 24 de Novembro de 2014

Harley e eu

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O ano era 1991 e o Brasil vivia a época pré-abertura dos portos. Fazer uma revista de moto naquela época era difícil porque eram poucos modelos e, consequentemente, poucos anunciantes. As revistas tinham 66 páginas, a maioria preto&branco porque o custo da impressão colorida era alto. Faltava assunto e era um tal de reciclar matérias para encher pelo menos 80% das páginas com texto e fotos. Por isso a notícia da chegada ao Brasil das motos Harley-Davidson caiu como uma bomba na redação. Conseguimos exclusividade de entrevistar Christopher Dwyer, Administrador Internacional d Serviços da Harley-Davidosn que garantiu a importação dos primeiros lotes da HD via Motorauto, um grupo de Belo Horizonte, MG, que tinha como um dos cabeças o Beto Motorauto, excelente endurista e homem de negócios. Pela importância da revista na época eles prometeram - e cumpriram - exclusividade na avaliação da primeira HD que pisasse no Brasil. Nessa época eu estava em meu segundo mandato na revista Duas Rodas e coube a mim a importante missão de buscar a primeira Harley desembarcada oficialmente no Brasil.

A moto chegou direto do porto de Santos para uma oficina no centro de São Paulo, onde seria ativada, abastecida e entregue apenas com uma nota fiscal, sem placa e nenhum documento. Para evitar um eventual flagrante por outros veículos de comunicação eu deveria chegar às seis da manhã e encontrar o mecânico que faria a montagem da moto. Eu não tinha nenhuma referência de Harley que, para mim, era como qualquer outra moto. Àquela altura eu já tinha pilotado de tudo, das superesportivas às exclusivas criações feitas em fundo de quintal. Mas admito que mal consegui dormir pensando que iria pilotar uma Harley-Davidson pela primeira vez na vida!

Na hora marcada cheguei na oficina e vi a caixa de metal e madeira no meio da garagem. Ajudei a desmontar a caixa - lembro que guardei os parafusos da caixa e os protetores do guidão por muito tempo - e começou um ritual quase religioso de ativar a primeira HD da nova geração no Brasil. Bateria, óleo, gasolina, aos poucos ela foi ganhando vida e... um simples toque no botão de partida fez o chão tremer - literalmente!

Caberia a mim sair com ela da oficina e levar até a casa do Josias Silveira, diretor editorial da revista, que dada a importância do teste seria o modelo das fotos, feitas pelo Mario Bock. Não lembro muito bem de qualquer emoção diferente ao pilotar aquela moto, só que vibrava muito e tinha muito torque. Contudo sabia que era o começo de uma nova era, porque poucos anos mais tarde foi anunciada a abertura dos portos brasileiros aos veículos importados e nosso mercado só viu aumentar as vendas dessa categoria de motos.

Repare que essa HD 883 Sportster de 1991 não é muito diferente da 883 de 2014 e isso é um dos charmes da marca: mudar sem ficar diferente. Note também que os textos eram enormes e mais detalhados do que hoje em dia. Boa leitura. Obs: o texto foi mantido original, com valores da época. Só para facilitar, US$ 1 = Cr$ 300,00.

Capas.jpg

Harley Davidson 883 Sportster

Conheça este modelo de 883cc que chega ao Brasil a um preço competitivo com as motos nacionais

Harley é Harley, o resto é motocicleta. Esse é um dos lemas adotados pelos fãs dessa tradicional marca norte-americana. Depois de experimentar a primeira Harley-Davidson 883 Sportster De Luxe importada para o Brasil, a conclusão é inevitável: a Harley é uma moto com caráter. O modelo 883 foi o escolhido por DUAS RODAS devido ao preço competitivo em relação às outras motos importadas e às nacionais. Por US$ 13 mil (cerca de Cr$ 4,6 milhões em julho de 1991) é possível comprar esta versão mais simples da Sportster no Brasil, a XLH, conhecida nos Estados Unidos como "a Harley para iniciantes".

Quando a Harley esteve prestes a falir, em 1985, o governo norte-americano injetou muito dinheiro para reerguê-la em nome de uma das últimas motos clássicas a resistir ao "império japonês". Com esta injeção de capital se aproveitou para introduzir tecnologia mais atual nas motos, torná-las mais baratas e tamb[em com uma pilotagem mais fácil.

Esta Sportster tem exatamente 883 cm3, com dois cilindros em V a 45º e uma mecânica bastante clássica para as Harley: comando único no bloco, movimentando as válvulas através de tuchos hidráulicos. São duas válvulas por cilindro e taxa de compressão de 9:1. Alguns detalhes mecânicos da Harley são desconhecidos da maioria do público consumidor das nipônicas, como a transmissão primária por corrente tripla e a corrente de transmissão secundária feita por correia dentada, que não exige manutenção e pode durar até 80.000 quilômetros.

HD883_3.jpg

Para quê desempenho?

Harley não é para correr, é para passear. Com essa afirmação, os harleiros interrompem qualquer conversa onde se fale de desempenho. De fato, não se pode esperar o desempenho de uma esportiva, ou mesmo de uma touring japonesa. Para começar, a fábrica não divulga a potência máxima, quem quiser saber que coloque a moto no dinamômetro. A velocidade máxima da 883 é de cerca de 160 km/h, mais lenta, portanto, de que uma japonesa de 350cc. Mas isso não importa, ninguém tem pressa em cima de uma Harley.

Um dos atuais limitadores da velocidade da Harley é o rigor na legislação americana contra a poluição sonora e ambiental. Por isso o escapamento não produz mais o barulhão que as antigas Harley faziam, mas um ronco suave, grosso, imponente, o único carburador Keihin de 40 mm de venturi (é, não deu para fugir de toda invasão japonesa) tem os giclês estrangulados para reduzir a emissão de poluentes. Mas tudo isso contribuiu para fazer da 883 Sportster uma moto não apenas silenciosa, mas também econômica. Com seu reduzido tanque em forma de gota com 8,5 Iitros, ela chega a rodar 187 quilômetros na cidade (22 km/litro) ou 204 quilômetros na estrada (24 km/litro), segundo o fabricante. Para os viajantes, existe a opção de um tanque maior, com capacidade para 12 litros.

HD883_4.jpg 

Acabamento exemplar

Harley não tem defeitos, tem características. Assim que a moto avaliada começou a rodar, as primeiras impressões, preconceituosas por sinal, desapareceram. Mesmo para uma moto de "apenas" 220 kg (seco), o seu estilo passa a impressão de pesada, difícil de manobrar no transito e instável. Tudo mentira. Ela permite "costurar" no trânsito com muita tranquilidade e é mais leve de manobrar do que uma japonesa de 750cc, por exemplo. Por isso mesmo alguns harleiros americanos dizem que essa 883 Sportster é uma "Harley para mulheres".

As boas impressões continuaram com a estabilidade, graças ao baixo centro de gravidade e os pneus Dunlop Elite 100/90-19 na frente e 130/90-16 atrás, a Harley 883 é extremamente estável, quando o piso é liso. Em piso irregular, a traseira com suspensão bichoque pula um pouco, mas nada que assuste. Para superar buracos maiores e lombadas, basta levantar-se um pouco do banco de ignorar o obstáculo. A 883 supera tudo facilmente, contrariando a impressão de "moto dura".

O banco é outra das "características". Na 883 Sportster De Luxe, o banco pode acomodar duas pessoas, mas com o devido respeito, muito desconfortavelmente. O banco é estreito e com pouca espuma. Depois de alguns minutos de passeio o motociclista começa a sentir saudades das japonesas. Mas isso não é um defeito, é uma característica.

HD883_5.jpg

Já vem vazando

Uma Harley sem vazamento de óleo não é uma Harley. Por mais inacreditável que possa parecer, a Harley Davidson testada já veio de fábrica com um pequeno vazamento de óleo no motor. Segundo os harleiros essa e outra "característica", contra a qual não ha como lutar, Pelo folclore "harlístico", o melhor remédio contra o vazamento de óleo e munir-se de um bom pedaço de pano (ou jornal) para colocar debaixo da moto. Isso, para não sujar a garagem.

A Harley-Davidson adota o sistema de cárter seco, com reservatório de óleo em separado, colocado na lateral direita. Esse tanque recebe o óleo quente do motor e depois de rodar alguns quilômetros em baixa velocidade, o calor começa a incomodar, esquentando a perna do piloto. Mas isso nem de longe pode ser considerado um defeito. É mais uma característica. No imenso catálogo de acessórios para Harley, existe o radiador de óleo, que ajuda a reduzir o calor no compartimento, assim como uma capa cromada que serve de proteção contra o calor dissipado pelo tanque de óleo.

Originalmente, a HD 883 Sportster De Luxe não tem muitos cromados quanta poderia ser esperado. Os escapamentos, a tampa do filtro de ar, amortecedor traseiro, rodas e o aro do pequeno farol sealed beam receberam um tratamento cromado de altíssima qualidade, raramente visto em motos de serie. Outros componentes como espelhos retrovisores, piscas e alguns parafusos, também receberam cromo prateado, contrastando com as peças pintadas de preto fisco ou brilhante, como o tanque de óleo, painel e o cobre-correia.

O resultado visual é muito bonito. Claro que não se pode avaliar o estilo da Harley utilizando os mesmos parâmetros das motos japonesas (ergonomia, por exemplo, é um conceito totalmente desprezado nessa moto). Aerodinâmica é outro detalhe supérfluo que o admirador e consumidor de Harley não está nem um pouco interessado em discutir. Tanto faz se o Cx (coeficiente de penetração aerodinâmica) e x, y ou z.

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Motor vibrante

Ter uma Harley não é luxo, é estilo de vida. Quem já pilotou uma Harley nos anos 70, deve apagar a experiência da memória porque a nova versão foi melhorada. O bicilíndrico em V foi redesenhado para resolver um dos problemas mais antigos do motor: o superaquecimento do cilindro de trás. Obviamente que o primeiro cilindro recebe mais ventilação e encobre o segundo agravando o problema de refrigeração. Para contornar essa situação, o segundo cilindro recebeu aletas de refrigeração alguns milímetros maiores, algo imperceptível a olho nu, mas que funcionou na prática.

Outra advertência aos antigos "harleiros": as novas Harley não tem aquele temido pedal de partida e seu contragolpe assustador. Agora basta girar a chave de ignição (colocada do lado esquerdo presa ao cabeçote do motor) e apertar o batão da partida elétrica. Pronto, o motor começa a roncar suave, com batidas firmes, sem falhas, pulsando forte como manda a tradição. E, claro, vibrando como uma Harley, apesar do investimento em balanceiros que deveriam reduzir a vibração do motor.

Embreagem macia, a primeira marcha entra depois de um barulho "característico". A moto sai, silenciosa, segunda marcha e um ronco estranho no motor parece acusar algum problema sério. Terceira marcha e o ronco piora bastante, dando a impressão que o câmbio vai explodir. Mas não é nada, apenas mais uma "característica" do câmbio de cinco marchas.

O torque de 7,6 kgf.m a 4.500 RPM garante uma tocada suave, com retomadas impressionantes. Não existe conta-giros na Harley, mas uma das avaliações feitas foi deixar o motor cair de giro em quinta marcha até "pedir" uma redução, e depois acelerar para sentir o motor puxando os 280 kg (220 kg de moto mais o piloto) com uma facilidade admirável. A correia dentada da transmissão secundária não produz ruídos e a impressão e de estar pilotando uma moto com eixo cardã.

Com esse torque e possível andar pelas ruas da cidade sem exigir constantes trocas de marchas, o que melhora ainda mais a sensação de passear com uma Harley. Para viajar com uma Harley é preciso antes de tudo compreender que se trata de uma moto diferente, única no gênero e, portanto, incomparável. Ela não é feita para correr numa estrada, mas sim para curtir o prazer de pilotar uma moto na estrada. Um prazer elevado a enésima potência. Aquela sensação que ficou um pouco esquecida graças às motos "modernas", mas felizmente restaurado por uma das últimas motos do mundo feita de metal e alma.

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Para pessoas especiais

A minha "primeira vez"com uma Harley foi traumatizante. Foi há pelo menos 15 anos (1976) e a moto tinha mais outros 15 anos de uso. Era barulhenta, difícil de pilotar, não fazia curvas e dava tanto prazer de pilotar quanto um carrinho de supermercado lotado. Prometi que nunca iria passar por essa experiência novamente.

Estamos em 1991 e eu sou encarregado de uma missão profissional: avaliar uma Harley-Davidson. "Oh, não, de novo esse trambolho!", reclamei, mas lá fui eu, por dever profissional. Então por uma incrível coincidência do destino, fui experimentar a Harley exatamente na mesma avenida onde tinha passado pela primeira experiência traumatizante. Surpreendentemente ela é completamente diferente. Na verdade é uma moto, não um caminhão. Foi impossível deixar de me apaixonar por ela. A maior dificuldade encontrada na avaliação foi o representante da Motorshop (importador das Harley para o Brasil) conseguir me tirar de cima do assento da Harley. É contagiante: não dá mais para largar a moto e não tem remédio.

Arquivo Escaneado 2.jpeg

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Harley para todos os gostos

Apesar de os americanos brincarem, dizendo que a 883 Sportster é uma Harley-Davidson para mulheres, o modelo é feito especialmente para iniciantes no assunto Harley. Além desse modelos "barato" a empresa Motorshop importará outros modelos com preços variando entre 15 a 33 mil dólares, dependendo do nível de sofisticação.

A mais sofisticada de toda a linha é a FLHTC Ultra Classic Electra Glide, com motor de 1340cm3, bolsas laterais de plástico injetado e bancos tão confortáveis que parecem uma poltrona sobre rodas. Além desse modelo, existe o modelo para aficionados por choppers, com a série FXSTS, com roda dianteira de 21 polegadas e garfo dianteiro com amortecedores com molas externas. O motor também é V2 de 1340 cm3. Outra clássica é a FLSTF ou Fat Boy, como é conhecida. A suspensão traseira é batizada de Soft-tail, uma evolução a partir das das antigas "rabo-duro".

O mais impressionante da linha Harley são os acessórios dos mais variados tipos, a ponto de um dos catálogos ser tão completo que virou uma revista, vendida a US$ 2,5 (Cr$ 750,00 em julho/91). A linha de roupas inclui desde os belíssimos casacos de couro, até cuecas. Além de uma centenas de quinquilharias como babador para nenê, canetas, isqueiros, botons, jóias, perfumes, tatuagens removíveis, copos, telefones, brinquedos e um acessório de extrema utilidade: um pequeno tapete de borracha para colocar sob a moto protegendo o chão contra os eternos e necessários vazamentos.

 

 

 

publicado por motite às 13:07
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2 comentários:
De Lucas Pira a 25 de Novembro de 2014
Muito legal o texto e principalmente a história toda.

O que também achei sensacional e muito criativa foi a foto da TDR na capa. Tive uma e adorava a moto.

Abraços
De hermanoteu pazzinatto a 30 de Junho de 2015
tenho essa revista e vendo ela. contato inbox em
https://www.facebook.com/hermanoteu.pazzinatto

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