Quarta-feira, 15 de Setembro de 2010

Citycom 300i: um novo mercado se abre

O Citycom veste bem para duas pessoas

 

Grande scooter

 

A Dafra firma parceria com a taiwanesa SYM para produzir o Citycom 300i

 

Antes de escrever sobre o Citycom é preciso explicar melhor essa parceria entre Dafra e SYM. Já faz tempo que escrevi que de todas as marcas neocomming do mercado de motos a que tem maiores chances de se firmar no mercado é a Dafra. Por vários motivos, mas um deles tem peso fundamental: os principais executivos não são da área de moto. São pessoas com visão de mercado e empresários que visam lucrar lá na frente e não de forma imediata como a maioria das marcas aproveitadoras que surgiram. Claro que ainda existem várias arestas a serem aparadas, como o pós-venda e a qualidade do produto. Mas que eles estão no caminho certo, disso eu não duvido.

 

A Dafra já está montando um modelo da BMW em Manaus e essa parceria pode inculcar na empresa brasileira alguns conceitos de qualidade e pós-venda que não seriam possíveis apenas lendo manuais. Agora chegou esta Citycom da SYM, marca muito respeitada nos mercados europeus, com aceitação em países de grande tradição como Espanha e Itália. E a SYM pertence ao grupo Sanyang, uma gigantesca indústria com mais de 50 anos de existência. Ou seja, não dá pra classificar como “aproveitadores”.

 

(O branco é mais bonito! mas fique esperto nas curvas!)

 

Vamos lá! – Pode parecer grande e pesado, mas basta montar e sair rodando para perceber que o novo scooter Dafra Citycom 300i é bem muito confortável e fácil de pilotar. É a primeira experiência no segmento dos maxi scooters feita pela Dafra, ocupando um espaço abandonado há muitos anos no mercado brasileiro. Claro que tecnicamente o Suzuki Burgman 400 pode ser considerado um concorrente pela categoria, mas a diferença de preço é gritante. Enquanto o Burgman 400 é vendido a R$ 26.900, este Citycom 300i será colocado no mercado a R$ 12.290.

 

Independentemente do preço, as diferenças entre os dois são tão grandes que seria bobagem compará-los. O mais correto é afirmar que o Dafra faz parte de uma nova categoria de scooters. Ele tem motor de um cilindro, refrigerado a água, com 263,7 cc e que desenvolve 23 cv a 7.500 rpm, enquanto o Burgman 400 tem 34 cavalos.

 

A primeira boa impressão é o bom nível de acabamento, revelado nas peças de plástico, encaixes, painel completo e punhos bem desenhados. São três versões de cores: branco, a mais bonita; azul metálico e preto fosco, que está na moda. Percebe-se que existe um melhor padrão de qualidade em relação a outros produtos chineses que chegaram por aqui. Ainda é cedo para afirmar quanto à qualidade, mas já se percebe um padrão muito próximo ao das marcas japonesas. A SYM nasceu nos anos 50 como uma parceira da Honda.

 

(O acabamento é de alto nível)

 

Suave – Como todo scooter, a principal característica é a facilidade de pilotagem. O câmbio é automático por polia variável (CVT) e o piloto só precisa acelerar e frear. Os comandos dos freios são como na bicicleta, apenas nas mãos. E olha que esta Citycom freia muito bem, até demais! Segundo a Dafra, um dos itens revistos no modelo brasileiro foi o sistema de freio, porque o motociclista brasileiro abusa demais dos freios. Só que exageraram...

 

Por uma questão da facilidade de produção, os freios a disco dianteiro e traseiro têm o mesmo diâmetro (260 mm) com pinças de pistão duplo. Aí está o problema, porque o freio traseiro deveria ter menor poder frenante, já que boa parte da massa é transferida para a roda dianteira nas frenagens. E a falta de costume pode levar facilmente ao travamento da roda traseira.

 

O melhor mesmo é o motor de funcionamento suave e silencioso. Mesmo se tratando de um cilindro, o motor tem vibrações dentro do esperado. Só em marcha-lenta percebe-se uma vibração um pouco exagerada, mas isso é comum aos scooters. Outro cuidado foi com o sistema de arrefecimento, que teve a capacidade de troca aumentada, visando suportar melhor nossas condições de clima tórrido.

 

(Susp. traseira regulável e freio a disco com aeroquip)

 

As suspensões foram bem calibradas para nossas ruas e estradas. Sim, estradas, porque este scooter de 300 cc permite se aventurar em pequenas viagens. O motor sofre um pouco nas subidas e tem as retomadas lentas, se comparado com uma moto da mesma potência, mas temos de lembrar que a transmissão do scooter por correia de borracha é naturalmente mais lenta do que nas motos com câmbio convencional.

 

Durante o teste realizado em pista fechada, chegamos a velocidade de 110 km/h na reta com uma pequena subida. Pode-se prever que possa chegar a 130 km/h no plano, o que permite uma velocidade de cruzeiro na faixa de 110 km/h. Normalmente scooters têm desempenho inferior a uma moto de mesma capacidade. Por isso é perda de tempo compará-lo com uma moto 250 ou 300 cc.

 

Imponente – Não tivemos a chance de pilotá-la na cidade, mas a julgar pelo guidão largo e espelhos retrovisores enormes pode-se prever alguma dificuldade nos grandes centros congestionados. Por outro lado, tivemos a chance de pilotar com garupa e, ao contrários dos pequenos scooters de 125/150cc, a Citycom aceita bem garupa, que ainda desfruta de um banco largo, espaçoso e muito confortável. A perda de rendimento é bem discreta no plano, mas acentuada nas subidas. Mais uma vez reflexo do câmbio CVT. Talvez uma relação mais “curta” deixasse o Citycom mais arisco.

 

De grande porte, uma das grandes vantagens do Citycom são as rodas de 16 polegadas, com pneus Metzeler. Graças às rodas de grande diâmetro o scooter é tão estável que chega a raspar algumas peças no asfalto durante as curvas. É bom lembrar disso, porque é preciso controlar os impulsos esportivos na hora de enfrentar as curvas. Levei um baita susto numa curva de alta para esquerda porque o cavalete raspou tão forte que a roda traseira saiu do chão! Isso também já aconteceu com uma Burgman 400, por isso é importante lembrar que, apesar de parecer uma moto, ainda é um scooter que está a míseros 125mm de distância do solo.

 

Um item bem pensado são os dois amortecedores traseiros reguláveis (como nas motos). Normalmente scooters não são brilhantes em termos de estabilidade. O chassi tubular, mais o grande peso concentrado na traseira, contribuem para balanços indesejáveis nas curvas de alta velocidade. Mesmo com o tanque de gasolina colocado no piso (que reduz o baricentro) é preciso ficar esperto nas curvas, especialmente as de raio longo. Talvez trabalhando as regulagens dos amortecedores traseiros possa encontrar um melhor compromisso entre conforto e estabilidade.

 

(Tomada 12V dentro do porta-luvas)

 

Outros dois detalhes interessantes são uma entrada de eletricidade de 12V dentro do porta-luvas e uma chave geral sob o banco, que pode funcionar como anti-furto. A tomada pode ser usada tanto para alimentar um GPS como até carregar seu celular ou iPod enquanto passeia! No porta-capacete cabe apenas um capacete fechado ou dois modelos jet (abertos). Ms um gancho na frente do escudo pode receber também um capacete.

 

O que me deixou meio preocupado é que (mais uma vez) um scooter traz o eixo traseiro alinhado ao escapamento. Para retirar a roda traseira será um sufoco! Felizmente os pneus são sem câmeras, que permitem o reparo sem retirar a roda.

 

(Porta-capacete com uma chave-geral anti-furto)

 

A posição de pilotagem é típica dos scooters, mas a diferença está no banco bem largo, em dois níveis, com um pequeno encosto para o piloto. Não é tão baixo como os scooters pequenos, com 800 mm do banco ao solo. Mas o peso (182 kg, a seco) pode ser um problema para pessoas de baixa estatura ou mulheres. Felizmente é só aparência, porque é muito fácil de pilotar e ainda conta com cavalete lateral para facilitar o estacionamento. O cavalete central é fácil de ser acionado em função da grande alavanca, a mesma alavanca que raspou no asfalto... Como se vê, trabalho de engenheiro não é fácil: arruma de um lado e desarruma do outro!

 

(Painel completíssimo)

 

Não foi possível avaliar o consumo, mas pode-se calcular algo na faixa de 20 a 24 km/litro em condições normais. O motor é injetado, claro, o que já representa grande vantagem tanto no consumo quanto nas emissões.

 

(Calma, tio Tite, isso é um scooter!)

 

Segundo os executivos da Dafra, foram rodados mais de 150.000 km em teste nas condições de piso e combustível brasileiros. Para eles, ainda é cedo avaliar as expectativas de venda, mas serão produzidas 700 unidades até o final deste ano. Parece pouco, porque o produto tem tudo para agradar não só os donos de atuais scooters de 125/150cc como também os neo-motociclistas que buscam um veículo fácil de pilotar para fugir dos congestionamentos ou até como lazer.

 

Especificações técnicas

Dimensões

Altura

1.445 mm

Largura

785 mm

Comprimento

2.210 mm

Distância entre eixos

1.500 mm

Altura mínima do solo

125 mm

Altura do banco

800 mm

Peso seco

182 kg

Motor

Tipo

Monocilíndrico, 4 tempos, OHC (Over Head Camshaft), refrigerado a água e com injeção eletrônica

Disposição do cilindro

Horizontal

Diâmetro x Curso

73,0 x 63,0 mm

Cilindrada

263,7 cm³

Taxa de compressão

10:1

Potência máxima

16,9 kw (23,0 cv) a 7.500 rpm

Torque máximo

23,5 N.m a 5.500 rpm

Sistema de injeção eletrônica

Keihin

Corpo de borboleta

Keihin

Sistema de partida

Elétrica

Filtro de ar

Elemento de papel

Filtro de óleo

Tela metálica

Sistema de lubrificação

Forçada por bomba trocoidal

Chassis

Tipo

Tubular

Ângulo de caster

27,5 graus

Susp. Diant., curso

Telescópica, 100 mm

Susp. Trás. Curso

Biamortecida, garfo em alumínio, 91 mm

Rodas

Liga de alumínio

Freio Diant.

Disco

Acionamento

Sistema hidráulico, duplo pistão

Freio Tras.

Disco

Acionamento

Sistema hidráulico, duplo pistão

Pneu diant.

110/70-16 52P - Metzeler

Pneu tras.

130/70-16 61P - Metzeler

Transmissão

Tipo

Automática de variação contínua (CVT)

Redução final

8,37

 

 

Capacidade

Óleo do motor

Especificação

API SG, JASO MA, SAE 20W50

Volume após drenagem

1,2 l

Volume após desmontagem

1,4 l

Tanque gas.

10 l

Reserva

1,5l (Luz reserva é acionada patamar)

Sistema elétrico

Sistema de ignição

Ignição Transistorizada - ECU

Bateria (semi-selada)*

12V 10Ah

Lâmpada do farol

12V - 35W/35W (x2)

* Bateria é selada totalmente na ativação da motocicleta no concessionário.

 

publicado por motite às 14:52
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De Tiago a 15 de Setembro de 2010
Tite, sobre esse lance do freio traseiro, eu concordo. Muitas pessoas reclamam, por exemplo, da twister e da fazer que não têm freio traseiro a disco, mas eu acho que eles querem um disco atrás só para mostrar para o amigo e falar: a minha tem freio a disco e a sua não! A maioria dos motociclistas não sabe freiar corretamente (não que eu me inclua fora destes) e um freio traseiro "muito bom" pode ser um perigo!

E realmente parece que este produto é muito bom, pq vc foi tão gentil e elogioso! Acho que usou o mesmo texto em outra publicação de maior porte, acertei (se é que é possível)?!
De motite a 15 de Setembro de 2010
Não usei, não... vc leu este texto em outro lugar?

De Tiago a 15 de Setembro de 2010
Não Tite, o único site que entro para realmente ler coisas sobre moto (e outras coisas) é o Motite, apenas te achei muito polido no texto. Fique tranquilo, não foi plagiado (eu acho)!
De motite a 15 de Setembro de 2010
Ah, faz parte da minha nova campanha de limpeza da imagem: menos porrada e mais política! Já nem entro mais no Orkut pra ver se esquecem de mim...

E tb pq o produto é bão mesmo, tem coisa pra melhorar pra KCT (ih...), mas já nasceu bem legalzinho. Quando tiver liberado pra testes mais profundos quem sabe eu solto as cobras e lagartos de sempre, rs!

valeu pela fidelidade, acho que vou criar o plano de milhagem (ou bytagem) do Motite!
De Pedro a 16 de Setembro de 2010
Eu sei por que o Tite escreveu esse texto de forma tão gentil. A resposta é: o Tite estava bem alimentado na hora de escrever!
Parabéns, Tite! A melhor análise do Citycom até agora, ela não se deteve apenas nos detalhes técnicos, abordou também questões de mercado e público alvo.
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