
(Não basta rodar no corredor, precisa correr muito!)
Todos os dias úteis atravesso metade da cidade no sentido norte-sul e sul-norte quatro vezes por dia. Sempre de moto, chova ou faça sol. Nestes primeiros dois meses de 2010 foi muito mais chuva do que sol. Por isso convivo com a fauna urbana de seres motorizados tanto quanto um frotista, taxista ou motoboy. Um hábito que deveria fazer parte da rotina diária de quem administra o trânsito e, sobretudo, de quem cria e fiscaliza as regras de trânsito.
Vejo diariamente a dificuldade de gerenciar o trânsito de uma cidade como São Paulo, com mais de seis milhões de veículos e 15 milhões de pessoas zanzando pra todo lado. Admito que não queria estar na pele desses técnicos. Mas adoraria estar na vaga pública desses vereadores que criam projetos de lei para “melhorar” o trânsito. Porque não exige um pingo de inteligência, tem estabilidade no emprego, verba de representação e semana de quatro dias. Ô, vidão!
Um desses burocratas eleitos propôs um projeto que obrigaria as motos instalarem placas também na dianteira. Alguns países asiáticos já tiveram essa exigência e muitas décadas atrás também era obrigado na Europa. Fiquei intrigado com essa exigência e fui pesquisar. Até que veio a revelação: esses “pardais”, câmeras fotográficas inteligentes que flagram carros com IPVA e licenciamento atrasados são colocados de forma a registrar a imagem da placa DIANTEIRA. E por que não traseira? Por causa dos caminhões! As placas dos caminhões ficam embutidas de tal forma que não podem ser flagradas pelas câmeras, que não conseguem interpretar os números pintados na carroceria.
Veja bem se todos nós entendemos a lógica: por causa dos caminhões quem vai ter de instalar a placa na parte dianteira são os motociclistas!!! Entendeu como é bom ser vereador? Não precisa gastar nem uma sinapse sequer!
Uma grande rádio de São Paulo faz declarada campanha contra motos há décadas. Claro que o fato de ser patrocinada pela companhia de taxis “vermelho e branco” não tem qualquer influência nestes ataques. O âncora do jornal, quase tão antigo quanto a invenção da rádio-difusão, sugere periodicamente que os motociclistas sejam obrigados a colar os números da placa também no capacete ou em um colete. Segundo ele, os números das placas das motos são pequenos demais e isso induz à impunidade porque a fiscalização não consegue ler. Bom, então como explicar as multas aplicadas às motos?
O que o decrépito jornalista precisa é de um oftalmologista, urgente! Porque o número das placas das motos são apenas 10% menores em relação aos carros. E colar a placa da moto seja no capacete ou no colete torna-se uma exigência absolutamente inócua no momento que usar a mochila ou alguém sentar na garupa! Uma medida anacrônica que surgiu depois de alguém afirmar que na Bolívia os motociclistas ostentam a placa em um colete. Basta uma rápida olhada pela janela lá da redação da rádio, em direção à avenida Paulista para perceber que a realidade social de São Paulo é levemente diferente da de La Paz.
O mundo não carece de mais leis. Nem de políticos que buscam projetos delirantes com o único propósito de aparecer na mídia. Muito menos de jornalistas preconceituosos e caquéticos. O que o mundo precisa urgente é de sensatez!
Uma pessoa lúcida e de bom senso teria capacidade de perceber que basta aumentar a placa da moto, como na Inglaterra, Alemanha, Suécia, Holanda, França, países efetivamente exemplares, para acabar com essa preocupação. Uma medida simples, fácil de executar e que não mudaria em nada a vida dos motociclistas. Difícil? Sim, quando falta sensatez fica tudo mais complicado.
Insensatez geral – Nessa minha jornada diária sul-norte-sul de São Paulo vejo que a “questão do motoboy” está cada vez mais longe de uma solução. E vamos combinar que eu não entro nessa frescura de chamar de “moto-frete” ou “motociclista profissional”, é tudo motoboy mesmo. Também não faço distinção de motociclista e motoqueiro porque é tudo a mesma coisa e ponto! Podem criar moto-faixa, cursos, regulamentação, placa vermelha o escambau a quatro. Nada vai funcionar porque falta a mais elementar das qualidades humanas: a sensatez!
O trânsito todo congestionado, os carros rodando a 25 km/h. Se uma moto trafega no corredor a 50 km/h já está no dobro da velocidade. O percurso será feito na metade do tempo. Mas não é suficiente e o insensato motociclista quer rodar a 70, 80 ou até 100 km/h entre os carros. Seja em uma prosaica e esculhambada CG 125 ou em uma moderna e performática CBR 1000, todos se equivalem quando é necessário mostrar um pingo de bom senso. Também não podem esperar o farol abrir e calçada já virou rua faz tempo! REcentemente segui um "fino motociclista" com uma BMW GS 1200 e o cara simplesmente furou todos os semáforos e ainda usava a calçada o tempo todo. Ele pensa que é motociclista, mas é tão motoqueiro quanto o mano que chuta um espelho retrovisor de carro.
Essa insensatez não é exclusividade de motoboys, manos e cachorros loucos. Adoro ver um publicitário, vestido de Armani, exalando Paul Gaultier sair de uma reunião sobre a campanha ambiental de uma grande empresa e subir em uma Harley Davidson com dois canos diretos no lugar do escapamento. O mauricinho adora pagar de preocupado com meio-ambiente mas arranca o silenciador e catalisador da moto pra fazer um estardalhaço e poluir o “nosso” meio-ambiente com fumaça e ruído. Ou sobem em um Land Rover Defender diesel desregulado emitindo toneladas de material particulado pelo escapamento.
Para essa gente engomada, "meio-ambiente" é um espaço abstrato onde vivem livremente micos leões dourados e onças pintadas, mas eles nunca foram além das areias do Guarujá. Os ecólogos de butique agem como se cidade não fizesse parte desse meio-ambiente que tanto querem defender! Não sou mico mas gosto de respirar um ar melhor e manter meus tímpanos longe de ruído de escapamento.
Bom senso, caro leitor, é isso que faz falta!
De Wesley a 4 de Março de 2010 às 16:43
E como falta!!!!!!!!!!
Sou de Brasília e como todos sabem as avenidas são bastante largas, mas nem tanto assim.... Veja o caso:
Ja aconteceu duas vezes!
Fui ultrapassado por outro motoqueiro maluco no meio do corredor entre os carros. Tudo bem que as faixas são largas, mas nem tanto né!
Confesso que nessas horas fico na torcida de alguns quilometros a frente encontrar esse tipo de cara estendido no chão e passar gritando:
- Então era isso que tava procurando né! Pronto. Achou!
Fora isso o transito aqui é relativamente tranquilo.
Forte Abraço!
De Renato Campestrini a 4 de Março de 2010 às 17:11
Geraldo,
Sou advogado especialista em trânsito, mobilidade e segurança, e trabalho para um órgão executivo de trânsito do interior do Estado de São Paulo.
É difícil, mas tenho de concordar contigo quando diz que independentemente da motocicleta, o bom senso, e porque não o respeito ao próximo, deixaram de ser utilizados por alguns motociclistas.
Dias atrás, conduzindo minha motocicleta como deveria, ocupando a vaga de um veículo no meio da faixa de rolamento, quase fui derrubado por um cidadão de CG que passou a toda "raspando" em minha motocicleta, mesmo havendo espaço para que ele "voasse" na via.
Ao parar no semáforo ao seu lado, já que a via estava vazia, disse a ele que colocou nós dois em risco com aquela postura. O que ele fez? "Vazou" o vermelho...preciso dizer mais alguma coisa?
Quanto a placa para motocicleta, também sou favorável, e defendo junto aos colegas que participam da revisão do Código de Trânsito Brasileiro - CTB , que o tamanho da placa deve ser mudado através de Resolução do Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e não tornar obrigatório uma placa dianteira.
De outra banda, alguns criticam ferozmente a circulação no chamado corredor, mas pergunto: Caso uma motocicleta fosse obrigada a permanecer atrás de outra no trânsito, que tamanho seriam as filas de congestionamentos nos médios e grandes centros urbanos???
O trabalho de conscientização para o motociclista ainda tem muito para ser desenvolvido.
Ainda acredito que todo esse rótulo, preconceito acontece pelo fato da expansão da utilização da motocicleta ser algo recente. Espero não estar enganado.
Abraço,
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Geraldo, <BR><BR>Sou advogado especialista em trânsito, mobilidade e segurança, e trabalho para um órgão executivo de trânsito do interior do Estado de São Paulo. <BR><BR>É difícil, mas tenho de concordar contigo quando diz que independentemente da motocicleta, o bom senso, e porque não o respeito ao próximo, deixaram de ser utilizados por alguns motociclistas. <BR><BR>Dias atrás, conduzindo minha motocicleta como deveria, ocupando a vaga de um veículo no meio da faixa de rolamento, quase fui derrubado por um cidadão de CG que passou a toda "raspando" em minha motocicleta, mesmo havendo espaço para que ele "voasse" na via. <BR><BR>Ao parar no semáforo ao seu lado, já que a via estava vazia, disse a ele que colocou nós dois em risco com aquela postura. O que ele fez? "Vazou" o vermelho...preciso dizer mais alguma coisa? <BR><BR>Quanto a placa para motocicleta, também sou favorável, e defendo junto aos colegas que participam da revisão do Código de Trânsito Brasileiro - CTB , que o tamanho da placa deve ser mudado através de Resolução do Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e não tornar obrigatório uma placa dianteira. <BR><BR>De outra banda, alguns criticam ferozmente a circulação no chamado corredor, mas pergunto: Caso uma motocicleta fosse obrigada a permanecer atrás de outra no trânsito, que tamanho seriam as filas de congestionamentos nos médios e grandes centros urbanos??? <BR><BR>O trabalho de conscientização para o motociclista ainda tem muito para ser desenvolvido. <BR><BR>Ainda acredito que todo esse rótulo, preconceito acontece pelo fato da expansão da utilização da motocicleta ser algo recente. Espero não estar enganado. <BR><BR>Abraço, <BR><BR class=incorrect name="incorrect" <a>RC*</A> *
De
motite a 4 de Março de 2010 às 19:37
Dr Renato, invejo sua atuação para melhorar o trânsito. Eu nunca fui convidado nem pra dizer o que acho!
Só uma correção necessária: NÃO É mais seguro rodar atrás dos carros de moto, pelo contrário, é mais perigoso, porque o motociclista não consegue ver através dos carros (por causa das películas escuras) e fica a mercê de obstáculos que são inofensivos para carros, mas que podem derrubar um motociclista. O local CORRETO de rodar com a moto é atrás das linhas dos pneus dos carros, NUNCA no meio. Só que ficar entre os carros tb é mais perigoso porque em caso de engavetamento o motociclista leva um choque por trás e provoca outro pela frente. O local seguro é mesmo entre os carros.
Por isso é tão importante tomar essas decisões sobre trânsito junto com pessoas ESPECIALISTAS em segurança, que estudam o assunto em nível global.
Às vezes uma postura meramente burocrata não leva em conta as sutilezas da pilotagem preventiva de motos. Como vc disse muito corretamente, moto é um veículo relativamente novo no trânsito e muitos especialistas tratam a moto como se fosse um carro de duas rodas!
Se precisar de minha ajuda pode contar comigo!
De Átila a 4 de Março de 2010 às 18:42
A insensatez prevalece até quando param no semaforo, que como já foi dito é raro, pq a maioria para em cima da faixa de pedestres.
De Douglas a 4 de Março de 2010 às 18:59
Belo texto. Bom senso é algo em extinção. Coer~encia então...
De elias a 4 de Março de 2010 às 19:27
Quando ando no "corredor" tomo o cuidado de deixar os outros motoqueiros me ultrapassarem, apesar que minha moto é uma 600cc e normalmente eles estão com as CG. Penso que embora eu pudesse (motor) andar a mil no corredor, acho prudente "apenas" não ficar engarrafado.
Sobre a placa maior, não vejo razão para isso, já que quando esta ficar maior, os legisladores terão que inventar outra razão para eles existirem, quando todos sabemos que o objetivo deles é apenas o emprego público, (fingir que estão preocupados é pré-requisito para ser vereador e deputado estadual). Aliás, vocês saberiam me citar uma lei estadual ou municipal relevante, que não poderia ter sido um decreto municipal e pronto? Pra que manter uma corja de mias de 20 mil e outros tantos deputados no LISARB?
De Fernando a 5 de Março de 2010 às 01:15
Na verdade, a culpa é nossa. Motociclistas. O cara planeja a cidade pra andar de carro, vem a gente querer andar de moto, a pé, de bicicleta. Se as cidades fossem planejadas para andar de moto, sempre ia ter um engraçadinho querendo passear de carro, ou ainda de transporte público.
A cabeça de engenheiros de tráfego muitas vezes é monofuncional: eles não conseguem imaginar que numa via pública irão trafegar simultaneamente carros, motos, ônibus, bicicletas e passar de um lado para o outro pedestres (adultos e crianças) e animais. Se os engenheiros de tráfego que são pessoas com estudo, profissionais, não conseguem pensar nestas variáveis todas, que dizer de um cidadão comum, cuja única preocupação é ir de A até B o mais rápido possível?
O Tite está certo. O que falta é sensatez. Não são necessárias novas leis e, inclusive, muitas das existentes podem ser dispensadas. Por outro lado, não vejo saída para estas coisas não. Acho que a tendência é só piorar mesmo. Estive em São Paulo mês passado e fiquei realmente assustado pelo modo como as pessoas dirigem. E isto que eu sou de um dos estados mais violentos em matéria de trânsito (o Paraná), com 28 mortos para cada 100 mil habitantes por ano, contra 5/100 mil no mundo civilizado.
Abraço.
De
Antônio a 5 de Março de 2010 às 04:01
Enquanto lidera a falta de bom senso de alguns motociclistas, nós os bons
sofremos com DePraVAT criminoso, discriminação e perseguição nas Blitz (pelo menos aqui em BH).
Outro dia postei no blog isto aqui:
http://bemquevi.wordpress.com/2010/02/09/chegue-seguro-duas-horas-depois/
(não é jabá
). É de morrer de rir do desespero destes senhores, mas fico preocupado onde este tipo de ação vai levar.
Tenho notado uma tendencia nos jornais mineiros de espetaculizar acidentes/crimes envolvendo motos, como se toda a categoria(?) estivesse envolvida e todos fossem culpados. Não se fala do condutor e sim do veículo e dá-lhe cacetada quando o que faltou foi bom senso. E isto aumenta ainda mais a animosidade dos condutores dos outros motoristas contra os motociclistas.
As vezes tenho vontade de desistir e andar só de carro, mas sempre desisto quando pego um engarrafamento.
De Luiz XRE 300 a 8 de Março de 2010 às 16:09
concordo com vc amigo, tb sou de BH, e sinto que somos perseguidos por estar de moto, tanto é que apenas 1 unica vez em 7 anos de carteira. O transito ta uma loucura aki em BH, quem ta de carro não respeita as motos, vejo isto pq sempre que estou de carro procuro dar preferencia a quem ta de moto, e sinceramente, muitos se assustam por um carro estar-lhes dando preferencia.
De
Antônio a 8 de Março de 2010 às 19:08
Pior que é verdade, o cara assusta por você estar sendo educado, é o lisarB.
De
Abrahão a 5 de Março de 2010 às 05:47
cara, placa na frente da moto... era só o que faltava (na verdade não era... basta ver esses projetos de leis que o Tite cita que a gente vê o quanto a imaginação de idiotas também é fértil! Cara, depois de um tempo como motociclista é que você começa a ver o porque da fama de "revoltados" nós temos. Um monte de idiotas que nunca montaram em uma moto com o poder de nos reger. Boa coisa não haveria de sair dessas cabeças (ocas)...
De Wilson Franco a 5 de Março de 2010 às 13:00
Acho que a partir de 2011 todas as motos deveriam sair de fábrica com:
quatro rodas, bancos com encosto, cinto de segurança, teto, assoalho, portas, para-brisas(a bolha pode deixar resíduos entrarem e cegarem o motociclista, provocando acidente), airbag e placa na frente também...a segurança nas vias iria melhorar muuuuuito!
De Buticão a 5 de Março de 2010 às 16:02
Aqui em Campinas o transito é muito bom, sempre houve mudanças no transito e criação de novas rotas nas proximidades do Centro, por enquanto aqui esta transitável.
De Buticão a 5 de Março de 2010 às 16:04
Morar e trabalhar em São Paulo que é insensatez, rsss (sem querer ofender, é claro.)
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