Sábado, 25 de Julho de 2009

Vida corrida – Os quatro tipos

(Quem roda raramente e pouco  aprende mais devagar...)

 

 

No mundo coorporativo os profissionais de Recursos Humanos dividem os candidatos em quatro categorias:

 

  1. - O inteligente com iniciativa
  2. - O inteligente sem iniciativa
  3. - O burro com iniciativa
  4. - O burro sem iniciativa

 

Claro que “burro” é uma palavra forte para classificar uma pessoa e os RH são muito corretos pra chamar alguém de burro. Existem eufemismos como “Inadaptado ao cargo”, “defasado tecnicamente” etc. Enfim, burro!

 

Curiosamente um profissional de RH me confessou que o mais perigoso a uma empresa é o burro com iniciativa e o mais inofensivo é o burro sem iniciativa. Ou seja, os inteligentes acabam esquecidos...

 

Fazendo uma analogia com as competições, podemos dividir os pilotos em quatro categorias:

 

  1. - O hábil com coragem
  2. - O hábil sem coragem
  3. - O inábil com coragem
  4. - O inábil sem coragem

 

Destes quatro o mais perigoso é o terceiro, inábil com coragem, porque ele se atira em uma curva sem saber como corrigir uma derrapagem, por exemplo. Também representa perigo para os outros pilotos, porque o maluco deixa pra frear 20 metros depois do limite e acerta o piloto da frente como se fosse um torpedo a meia nau.

 

Muita gente confunde “coragem” com “estilo agressivo”. O piloto corajoso nada mais é do que alguém que tenta compensar a falta de habilidade com uma atitude que expõe ele e os outros pilotos a riscos desnecessários. Coragem é uma condição essencial para ser piloto, mas deve ser controlada com outra qualidade vital: inteligência! Já escrevi aqui que piloto burro nasce morto, por isso o piloto inteligente dosa a coragem com habilidade na medida certa.

 

E o menos perigoso desses quatro é o último, o inábil sem coragem, porque ao evitar a exposição ao risco, não prejudica os adversários. Mas também dificilmente seu currículo será expressivo.

 

Note, que no mundo corporativo e nas competições a classificação foi apenas no quesito “perigo”: qual é mais perigoso e qual é o menos perigoso.

 

Em uma empresa, o burro com iniciativa causa prejuízos porque quer tomar decisões sem estar devidamente calçado na experiência e no conhecimento. É o cara que manda produzir 15.000 unidades de um produto sem antes olhar dados de pesquisa para saber se haverá consumidor pra isso tudo.

 

Já o burro sem iniciativa é o que se chama oficialmente de ordinário. Engana-se quem pensa que a expressão “ordinário” é pejorativa. Nada mais é do que classificar aquele que cumpre ordens. Decerto que nasceu no exército, para qualificar aquele soldado que estava ali apenas para obedecer e não pensar. Existe o comerciário, o bancário e o ordinário. Inclusive, quando o oficial começa uma marcha ele grita:

 

- Ordinááááário, marche!

 

Apesar de todo RH tecer elogios aos funcionários com iniciativa o que um (mau) chefe mais quer na vida corporativa é um sujeito que apenas obedeça as ordens dele, enfim... um ordinário. Porque se for alguém muito inteligente e com iniciativa coloca o cargo do chefe em perigo.

 

Por outro lado, o inteligente sem iniciativa é um bom modelo de comportamento, porque sabe executar muito bem as missões que recebe. Porém a inteligência sempre representa um risco adicional do chefe e não à empresa. Mostrar-se mais inteligente que o chefe pode colocar a posição do chefe em cheque! Até que alguém com mais poder percebe e troca o chefe – que ganha mais – pelo funcionário, que ganha muito menos...

 

Difícil esse mundo corporativo...

 

Quando eu vejo o que acontece com os motociclistas no trânsito de SP posso transportar essa teoria facilmente. Por exemplo, podemos dividir os motociclistas em quatro categorias:

 

1)     Habilidoso com responsabilidade

2)     Habilidoso sem responsabilidade

3)     Inábil com responsabilidade

4)     Inábil sem responsabilidade

 

É claro que a responsabilidade é o principal fator humano que mantém um motociclista fora do perigo. Quando se discute segurança de motociclista tem sempre um que aparece defendendo a exigência de qualificação, propondo cursos para motoboys, o que é uma tremenda perda de tempo e dinheiro. Os motociclistas que se envolvem mais em acidente estão nas categorias 2 e 4. Um motoboy que roda 240 km por dia adquire habilidade na marra. Ele é obrigado a aprender para sobreviver. Só que pecam pelo excesso de irracionalidade, pilotando quase sempre no fio da navalha. Eles sabem pilotar, só não sabem viver em sociedade! Obviamente que o grupo 3 é o que tem menos chance de sobrevivência nessa selva. Ou adquire habilidade ou se torna responsável. Como não existem cápsulas de “responsol” à venda nas farmácias, esse é o peixe do cardume que raramente sobrevive ao primeiro ataque de predador.

 

(motoboy é uma atividade muito antiga...)

 

Existe uma categoria de motociclistas que roda pouco e raramente, representado pelo grupo 3. Pessoas que usam a moto estritamente por lazer e não acumulam horas de vôo. Ou que acabou de adquirir a moto para fugir do transporte coletivo, do trânsito e do stress. Por falta de quilometragem e pelo baixo nível dos instrutores de moto-escola demoram mais para adquirir habilidade. Mas sobra responsabilidade para reconhecer seus próprios limites. Para esses motociclistas um curso de pilotagem ou de capacitação pode dar resultado.

 

Como toda a série “Vida Corrida” essa é uma análise puramente chutada, sem qualquer indício de profundidade científica. Mas pelo pouco que observei da vida corporativa, dos chefes e das competições, acho que a vida imita as corridas!

 

publicado por motite às 02:32
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9 comentários:
De Rodrigo, o vizinho mala a 25 de Julho de 2009
Por falar em crônicas engavetadas, você pretende terminar o Código Darronda?
De motite a 25 de Julho de 2009
Não sei onde foi parar o começo da novela...

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