(Óleo de freio também se troca!)
Outros óleos
Alguns motociclistas simplesmente esquecem que existem outros fluidos na moto. Os óleos esquecidos são os da suspensão dianteira e do freio. Os chamados óleos de bengala perdem eficiência quando submetidos a um stress muito grande (rodar constantemente por vias esburacadas) ou sob alta temperatura. Nas motos convencionais não é preciso alterar o tipo de óleo para se adaptar a um uso específico. Mas deve-se observar o manual do proprietário onde consta o período de troca do óleo. Sim, o óleo de bengala também precisa ser trocado periodicamente.
Já o óleo de freio só merece atenção quanto às suas propriedades. Alguns motociclistas que rodam de moto esportiva, sob condições severas, podem sentir o freio “borrachudo”, resultado do aquecimento excessivo do óleo. Neste caso é preciso alterar por um produto que atenda às normas mais exigentes. Na embalagem do óleo há a especificação DOT, uma norma criada pelo departamento de transporte americano. Em motos convencionais esta norma varia entre DOT 3 e DOT 4, sendo que o DOT 4 é mais resistente às altas temperaturas.
Você já reparou que todo cilindro mestre (burrinho) de freio sempre traz a indicação de nível mínimo e MÁXIMO. Os óleos de freio têm capacidade higroscópica, ou seja, eles absorvem a umidade do ambiente. Mesmo quando se mantém a moto estacionada por muitos dias, o óleo começa a oxidar e envelhecer. Com o tempo ele se torna escuro e tem-se a impressão que aumentou a quantidade de óleo dentro dos cilindros mestres. Neste momento é preciso trocar o óleo. O período pode variar por volta de 30.000 km de acordo com o uso e o ambiente.
E para encerrar o plantão de dúvidas, outra que embaralha a cabeça de todo mundo é a famosa "posso misturar óleos de marcas diferentes?". Desde que sejam da mesma especificação, sim, pode misturar as marcas. Mas se for de classificação diferente é melhor evitar a mistura. Agora, se for mudar a base mineral para base sintética é preciso trocar não apenas todo o óleo, mas também o filtro. Como se sabe, o filtro de óleo deve ser trocado a cada duas trocas de óleo.
O livro sagrado de qualquer motociclista é o Manual do Proprietário. Nele pode-se tirar muitas destas dúvidas. O que não pode é o motociclista acreditar em alguns “conselhos” de amigos e até de algum vendedor despreparado. Se o ponto de interrogação persistir na cabeça, não vacile: recorra ao Manual.
(A cada duas trocas de óleo troque o filtro também)
Troca
Quando eu era criança lembro de meu avô reclamando que os óleos “duravam” apenas 5.000 km. Isso foi nos anos 60! Uma década depois o mundo conheceu a “crise do petróleo”, quando os árabes perceberam que o petróleo estava barato demais. Então as petroleiras passaram a desenvolver lubrificantes que permitiam a troca a cada 10.000 km e essa vantagem se tornou um forte argumento de vendas, sobretudo pela economia. Nos anos 80 os lubrificantes sintéticos transformaram-se em fermentas poderosas de marketing e reforçaram o conceito de prolongar a hora da troca.
Em suma, a qualidade dos óleos lubrificantes melhorou muito em quatro décadas. Mas tudo esse desenvolvimento é jogado – literalmente – no lixo pelo preconceito da troca antecipada de óleo. Hoje é comum ver motociclistas trocando o óleo a cada 3.000 km ou pior: a cada 1.000 km!!! De fato, o óleo é um componente relativamente barato, muito mais do que um rolamento de virabrequim, por exemplo, mas este exagero beira a psicose! Se a recomendação do fabricante indica a troca a cada 6.000 km, é totalmente tolerável antecipar 25% este período, o que corresponde a 4.500 km. Mais do que isso é jogar dinheiro e petróleo no lixo!
Principalmente quem gosta de discursos ecológicos para impressionar os amigos, saiba que a captação, tratamento e despejo de óleo é um dos grandes fatores de poluição ambiental, como será esclarecido adiante. É óbvio que se você perguntar ao seu mecânico ele irá indicar a troca a cada 100 km, afinal ele é comerciante!
Ah, e por favor, lembre que alguns motores consomem mais óleo do que outros. Isso é normal e previsto pelo fabricante. Portanto verifique o nível a cada 1.000 km e complete só com o mesmo tipo de óleo, se preciso for.
(Óleo novo, à esquerda, e usado, à direita...)
Flush
Outro conceito equivocado tem se espalhado pelas oficinas inescrupulosas e entre motociclistas seguidores de fóruns de internet é o assustador “flush” (descarga, em inglês), ou "descarbonização". Trata-se de uma aberração mecânica que causa enormes estragos ao motor. Durante a troca de óleo, o motociclista (ou mecânico), esvazia o cárter, recoloca o bujão (aquele parafusão de dreno do óleo), enche de querosene e aciona o motor para “limpar” todo óleo sujo. NÃÃAÃÃAÃÃOOO faça isso!
Dentro do motor existem anéis de borracha para vedação, chamados anéis O’ring, retentores ou buchas. Essas borrachas nasceram para viver mergulhadas em óleo, não em solventes! O querosene resseca essas borrachas e leva à contração e redução das medidas. Ou seja, em pouco tempo dá-se início o processo de vazamento interno (sim, o óleo também vaza para dentro do motor) e o óleo acaba sendo queimado junto com a gasolina, gerando aquela fumaça típica.
Se o mecânico retirar o óleo usado com o motor ainda quente já conseguirá eliminar uma imensa quantidade de óleo sujo. Além disso, quem deve fazer o serviço de limpeza do motor é o filtro de óleo e não o querosene!
Mesmo esses produtos que prometem “descarbonizar” o motor são condenáveis. Dentro do motor só se permite a entrada de óleo!!! Se você sofre de flanelice crônica (doença que leva pessoas normais a agirem de forma esquisita em nome da manutenção da moto) pode usar o seguinte expediente: compre um litro a mais de óleo; drene o óleo quente, recoloque o bujão, coloque um litro de óleo novo, gire o motor por alguns segundos (15 a 20 segundos!) e retire esse óleo (doe a algum motoboy!). Só depois coloque o óleo novo. Mas saiba: isso NÃO é necessário, porque os fabricantes de óleo e da moto já previram um resíduo de até 200 ml (um copo de requeijão) a cada troca.
De dave a 29 de Junho de 2009
Aos poucos vamos todos nos aprofundando nessa questão delicada sobre os tipos de oleos e ao mesmo tempo vamos descobrindo as preferencias alimentares do tite no café da manhã.
De Tiago Miranda a 29 de Junho de 2009
Muito esclarecedor, principalmente no que diz repeito à troca antecipada. Sempre troquei o óleo a cada 1000 km seguindo sugestão da conscecionária, sendo que o manual recomenda a cada 4000 km.
De
motite a 29 de Junho de 2009
Karaka! a cada 1.000 km!!! o vendedor da concessionária deve estar rindo à toa! Vai bater recorde mundial de venda de óleo! Nem na pastelaria do chinês aqui do bairro ele troca óleo com tanta frequência!!!
De Tiago a 29 de Junho de 2009
Bem... no manual da minha moto consta a troca de óleo a cada 1.000 Km.
De
motite a 29 de Junho de 2009
Tiago QUAL é a tua moto???
De Tiago a 29 de Junho de 2009
Putz Tite eu tava sofrendo de flanelice aguda e nao sabia rsrssr, no manual consta em 4.000 km e não 1.000 como eu havia dito... vacilo hein rssrsrs
De
motite a 29 de Junho de 2009
O problema não está em vc, mas nos manuais, muito mal redigidos... muita gente confunde a PRIMEIRA troca com TODAS as trocas.
De Sergio da EDS a 29 de Junho de 2009
a cada 1000 km no manual? Só se for moto-serra rsrsrsrsrsr
Tite,
Beleza de matéria...
Eficiente e completa...
Parabens,
Abraços
Tomás A. Santos - tasmotos
De
motite a 29 de Junho de 2009
Calma, ainda não acabou... tem mais!!!
De Vinicius Vedovatto a 29 de Junho de 2009
"...porque os fabricantes de óleo e da moto já previram um resíduo de até 200 ml (um copo de requeijão) a cada troca."
Não intendi essa ultima frase.
Translate Please!
Como assim 200ml de residuo?
200 ML de Sujeira?
E a Titan que não tem filtro?
A tornado eu já me atrevi a trocar o filtro e saiu uma borreira só, agora só levo na concessionária.
rsrsrs eu trocava(antes de ler) o oleo a cada 1.500 em 1.500 - Todo mês era a mesadinha da minha moto.
De
motite a 29 de Junho de 2009
Traduzindo: Quando vc drena o óleo sujo do motor é normal que parte desse óleo fique depositado em partes do motor. Em suma, não sai tudo, fica um pouco de óleo que pode variar conforme o tipo de motor até 200 ml. É ÓBVIO que um motor pequeno que leva apenas 1 litro esse resíduo é da ordem de 25~50ml.
LEMBREM: quando se escreve sobre mecânica é uma matéria GERAL porque não dá pra especificar como funciona CADA modelo de moto do mundo!!!!!!!
De Sergio da EDS a 29 de Junho de 2009
Ainda bem que tem vc para desmistificar o que estes pseudos-tecnicos-sabem-tudo dos foruns de internet tentam disseminar. Nada como um técnico para mostrar que por mais que a tecnologia avance, os idiotas continuam sendo muito inventivos rsrsrsr
Abraço
De Eliseu a 29 de Junho de 2009
Fala aí motite, parabéns pelo 'linguajar" divertido que você usa em suas publicações. "Flanelice crônica" hehehehe, muito boa. Sem falar que suas dicas são muito importantes, sempre as leio...
Parabéns amigo..
De Luiz Antonio a 29 de Junho de 2009
Agora o negócio "fedeu"!!!!!
Sempre, antes de fazer sua lubrificação, limpei a corrente de transmissão com QUEROSENE. Ela tem anéis O’ring (idem, no interior do motor - ref. “flush”) Afinal, com que produto se deve usar para limpar a corrente????
De
motite a 29 de Junho de 2009
Luiz, corrente é uma peça suja mesmo! Não é pra ser limpa! Vc pode usar óleo fino em spray para tirar o óleo velho e lubrificar com óleo 90, graxa em spray ou graxa branca.
De
STENIO a 30 de Junho de 2009
... ou então limpar simplesmente com uma escovinha, água e sabão que vão tirar a sujeira e o excesso de óleo/graxa/borra da sua corrente. E depois lubrifique novamente.
O querosene deixa limpíssimo, mas tem o problema do ressecamento dos o-rings (retentores). Aliás, esses retentores são responsáveis por reter (sério!) o óleo no interior dos aneis e com isso manter a lubrificação dos elos da corrente.
De Lucio Cândido a 29 de Junho de 2009
Opa Tite, como sempre vc mandando ótimos ensinamentos. Muitas pessoas já falaram muito pra mim porque só troco o óleo de minha moto no período especificado. Nas poucas vezes que fiz verificação do nível ele sempre esteve no seu devido lugar. Também uso como argumento o que foi dito por ti da margem de segurança além é claro do fator de poluição e gasto desnecessário. Um forte abraço pra ti e sucesso em suas empreitadas.
De Maurício Fontes a 30 de Junho de 2009
Tite, sobre limalha de ferro que solta no óleo durante amaciamento do motor: se rodarmos em rotações acima da especificada no manual (durante esse período) as limalhas podem prejudicar partes do motor?
De
STENIO a 30 de Junho de 2009
Vou me atrever a responder essa...
As limalhas de ferro que eventualmente podem aparecer no período de amaciamento do motor imediatamente são 'dragadas' pelo filtro de óleo. Em alguns casos o bujão do cárter (o parafuso que fecha o cárter) é dotado de um ímã com a função de reter essa limalha. Nesses casos é sempre bom limpar o bujão antes de repô-lo.
A recomendação que fazem com respeito a restringir os giros do motor quando em fase de amaciamento é mais com respeito ao risco de superaquecimento devido ao excesso de atrito entre as peças que se encontram ainda muito justas do que por causa dessas limalhas. Se ficarem limalhas grandes o suficiente para danificar o motor, este será danificado seja a 1000rpm seja a 10.000rpm.
A recomendação de que a primeira troca seja feita de forma abreviada tem o objetivo de carregar junto estes restos de assentamento das peças do motor. Ah... sempre troque o filtro junto com a primeira troca!
De
motite a 30 de Junho de 2009
hehehe, graaande Stênio por aqui!!! E deu duas bolas dentro (ôpa!), olha, essas limalhas são sobras naturais da acomodação das peças nos primeiros kms. Por isso a fábrica recomenda a PRIMEIRA troca com 1.000 km. É pra jogar essas porcarias fora junto com o filtro de óio!
A limitação de giro é para não sobrecarregar as peças que se atritam. Elas precisam "casar" e como todo casamento exige namoro, noivado etc.
Mas atualmente os novos materiais mais leves e resistentes já dispensam tanta preocupação com amaciamento. Tem de amaciar, sim, mas sem exageros.
De
Stênio a 6 de Julho de 2009
Fala, Tite, O Subidor de Montanhas. heheheehe
Eu apareço de vez em quando por aqui, mas pouco escrevo. Quase fui no moto-passeio desse último fim de semana, mas apareceu compromisso. Mas assisti à corrida: esse Rossi além de bão tem sorte, o Lorenzo c*g* quando ia dar o troco de Valência; e o Pedrosa quase entrega o ouro na última curva.
Abraços!
De
motite a 6 de Julho de 2009
Powrra, quase que o Lorenzo c*** e levou o Valentino pro vinagre!!! Já pensou? O cara ia repetir a cag*** Pedrosa-Hayden de 2005!
Rapaz, se o valentino passasse o Pedrosa na última curva eu teria um ataque!
De Angelo a 30 de Junho de 2009
Muito boa a materia ! No manual da minha moto fala pra limpar a corrente com querosene ! Sempre faço isso quando lavo. Depois passo um spray p/ corrente que me recomendaram, da Vaz que vende em qualquer loja de moto peças. Será que estou estragando os retentores da corrente ? Já passei óleo 90 mas vira uma meleca só na roda traseira ai parei ! Sobre o fluido de freio minha moto é 2007 mas só tem 6 mil km, o fluido tá um pouco escuro, será que é bom trocar ? Valeu !
De Vinicius Vedovatto a 30 de Junho de 2009
Angelo,
Se o manual ta recomendando é pq PODE!!!
A minha ex Titan e a Tornado eu vi que não vem com O-Ring na corrente ai eu uso e abuso de querosene na corrente.
Coisa que eu faço que aprendi com o TAZ(um que comentou acima) é misturar o detergente/sabão que você vai usar para lavar a moto com o querosene fica melhor para lavar.
Esse que você usa da VAZ é uma Graxa Branca Spray?
Usei isso já, não sai nem com resa braba... fica parecendo um plástico na corrente.
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