Quinta-feira, 25 de Junho de 2009

De olho no óleo, seu zoiudo! – Parte I

(Tem óleo pra tudo!)

 

Vou começar uma série de matérias técnicas publicadas por mim na imprensa especializada. Você terá uma sensação de replay, mas leia novamente porque eu sempre mudo uma coisinha aqui outra ali... hehe, vai ter de ler até o fim!
 
Um dos temas que mais gera dúvidas entre motociclistas é o departamento de lubrificantes. Por exemplo, qual a diferença entre óleo sintético e mineral? O óleo sintético dura mais? Pode-se usar redutores de atrito? O que significa aquela sopa de letrinhas estampada no rótulo dos lubrificantes? 
Desde o óleo que vai no motor, até óleo de bengala, fluido de freio e óleo dois tempos, todos são focos de erros comuns e de preconceitos trazidos em função do uso em automóveis. Ainda existe um número grande de motociclistas que trata a moto como se fosse um carro de duas rodas, esquecendo-se de alguns itens exclusivos ao mundo da moto. 
Logo de cara, uma diferença técnica na embreagem entre carros e motos determina uma utilização radicalmente oposta. Com raras exceções, as motos têm embreagem multidisco em banho de óleo. Basta ver na ficha técnica para encontrar esta especificação em todas as motos japonesas e na maioria das européias. A exceção fica por conta das BMW com motor boxer e Guzzi com motor V2. Por ser banhada em óleo, o mesmo que a gente coloca no cárter e lubrifica o motor, a embreagem torna-se muito mais sensível ao tipo de óleo. Umas das perguntas mais comuns entre motociclistas é sobre os chamados aditivos para motor. Justamente por conter na formulação componentes que são redutores de atrito, eles impedem o bom funcionamento da embreagem. O sintoma é a famosa patinada, quando o motor sobe de giros, mas a velocidade não aumenta. Portanto, nada de aditivos no óleo. 
A dúvida campeã de audiência nos departamentos de atendimento ao consumidor das empresas produtoras de lubrificante diz respeito às diferenças entre óleo sintético e mineral. Poderíamos escrever páginas a respeito deste item, mas pode-se reduzir da seguinte forma: o óleo mineral tem características próprias e sua estrutura molecular original limita as alterações na sua composição. Desta forma, não é possível alterar de forma significativa seus parâmetros naturais de viscosidade, oxidação ou volatilidade. 
Já no óleo de base sintética, a formulação é toda criada em laboratório, utilizando inclusive base vegetal. Com isso pode-se alterar as características gerais, obtendo maior índice de viscosidade, maior estabilidade térmica, ponto de fluxão mais baixo, maior resistência à oxidação e menor volatilidade. Em suma, o óleo sintético tem maior capacidade de lubrificação em limites extremos de utilização da moto. 
Neste ponto aparece um dos preconceitos mais comuns. Normalmente, os usuários de moto julgam que um limite extremo é sinônimo de alto desempenho, rotações elevadas, enfim, pilotar a todo gás. Só que, na verdade, o momento de maior stress do motor é na partida a frio. 
Tudo começa quando a moto pára na garagem, ao final de uma jornada. O óleo ainda quente, escorre pelas partes internas e fica depositado no cárter, onde vai permanecer esfriando até atingir a temperatura ambiente e o motor ser acionado novamente. Aí começa o stress. Pela manhã, quando o motor for acionado, o óleo vai demorar algum tempo até ser bombeado por todos os componentes, sobretudo as partes altas - comando de válvulas, por exemplo. Neste momento o óleo sintético mostra-se mais eficiente porque o tempo necessário para preencher todo o motor é cerca de três vezes menor do que no mineral. Quem faz uso mais estressante do motor é aquele que roda pouco, apenas nos finais de semana, mantendo o motor desligado por vários dias seguidos; ou o contrário, como motofretistas que usam a moto diariamente, com muitas paradas. 
Respondendo às perguntas, o óleo sintético é efetivamente melhor para o motor. Porém, deve-se utilizar somente produtos destinados exclusivamente para as motos. Esta é uma observação importante, porque o óleo sintético para motor de moto é diferente do óleo sintético para motor de carro.
 
(Conheça os diferentes tipos de óleos antes de escolher qualquer um)
 
Com relação aos períodos de trocas, este dado é indiferente da composição do óleo. Em primeiro lugar deve prevalecer a recomendação do fabricante da moto. A diferença é que o óleo sintético mantém a capacidade de lubrificação por um período maior. Ou seja, quando o usuário for trocar o óleo, ele ainda estará com boas condições de lubricidade, enquanto o mineral já estará com suas capacidades reduzidas. Mas os períodos de trocas devem ser respeitados. Não vá na conversa de frentistas, que tentam justificar o preço maior do óleo sintético, alegando que "duram" mais. Isso é mentira! 
Devemos lembrar que o mercado também oferece óleo sintético dois tempos, para ser misturado à gasolina. Como os motores dois tempos foram precoce e injustamente condenados por questões ambientais, geralmente o óleo 2T sintético é destinado às motos de competição. Mas quem roda de scooter ou com as 2T sobreviventes, tem neste produto algumas vantagens significativas, como a menor emissão de fumaça, maior capacidade de mistura à gasolina e redução na formação de carbono. Além disso, algumas fábricas acrescentam substâncias aromáticas que eliminam aquele cheiro desagradável de óleo queimado.
publicado por motite às 22:04
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8 comentários:
De Rodrigo MB a 26 de Junho de 2009
Parabéns pelo blog Tite muito interessante e divertido. Legal vc ter criado o blog com as informações sobre o seu curso de pilotagem. Já passei o link p/ a turma aqui e espero em breve reunir a galera para fazer o curso ainda esse ano ok é só sobrar uma graninha hehehe que em breve entramos em contato. Cara gostei muito do DVD Alma Selvagem ja ta na hora de fazer o segundo! Abraço.
De nishimura (do Japão) a 26 de Junho de 2009
Grande Doc! Saudações do Japão! No caso de scooter que tem o câmbio "seco", a função do óleo de motor é similar ao de automóvel, está certo? Se sim, pode-se utilizar óleos para carro, desde que de mesma especificação? Abraço nipônico
De Caico a 26 de Junho de 2009
Tite, comprei uma V-Strom e penso que é injustificável a redução pela metade do tempo de troca de óleo entre a moto vendida no Brasil e nos EUA ou Europa. Lá, o manual recomenda troca aos 6.000 km, aqui, apenas 3.000 km, o que acaba sendo um incomodo em grandes viagens. Se eu usar um óleo sintético de boa qualidade, posso realizar trocas aos 5.000 km sem peso na consciência?
De motite a 27 de Junho de 2009
Caíco

Preste atenção pq deve ter algum erro. As fábricas recomenda a PRIMEIRA troca com a metade da quilometragem, geralmente os usuários lêm o manual e não percebem esse detalhe. Nada justifica recomendar a troca em km diferentes em países diferentes, afinal a formulação de óleo é a mesma!
De STENIO a 30 de Junho de 2009
A diferença de recomendação de trocas, se estiver correta como disse o Tite, pode ser devido ao clima e qualidade da gasolina. Um dos fatores que afeta a fluidez do óleo é a contaminação pela gasolina. Restos de gasolina não queimada podem se misturar ao óleo e alterar suas qualidades. Por isso em carros com motores à álcool a durabilidade do óleo é maior, já que a queima do álcool é mais completa do que a da gasolina. O clima, por ser mais quente, pode ser um fator que afete tb. Mas isso tudo são conjecturas minhas. Consulte um especialista. :-)
De Edu Di Lascio a 26 de Junho de 2009
Honra, muita honra.
Só faltou falar dos manés que colocam óleo demais nas Bandit.

Um abração

De dave a 28 de Junho de 2009
Vc falou em oleo e me lembrei dessa piada tite kkkk...

Dois padres foram tomar banho, mas esqueceram o sabonete. Um dos padres falou:
- Vou buscar dois no meu quarto, que fica no fim do corredor.

Como eles estavam com pressa para irem a missa, ele foi buscar os sabonetes pelado mesmo. Na volta, com os sabonetes um em cada mão, ele deu de cara com tres freiras que estavam indo para a missa. Sem ter o que fazer se fingiu de estátua. As freiras olharam e comentaram entre si:
- Nossa que estátua linda, perfeita', foi quando uma delas ao olhar o bimbo do padre, resolveu dar um puxão. Ao sentir a dor, um sabonete escorregou da sua mão. As freiras espantadas falaram:
- Não é estatua, mas sim uma máquina de sabonete.
A outra deu um novo puxão e outro sabonete escorregou:
- Nossa, que maravilha! - exclamaram com felicidade.
A terceira freira, não querendo ficar para trás, puxou o bimbo do
padre, nada, puxou, e nada e puxou e nada, e puxou, e puxou, e puxou, e puxou, puxou, puxou, puxou, puxou, puxou, puxou, puxou, puxou, puxou e disse:

-Deus seja louvado, tem até shampoo!!!
De ARNALDO a 28 de Junho de 2009
ponto de fluxão mais baixo!!!!!
abraços Arnaldo, nos vemos amanha no patio

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