(Quem são as vítimas de trânsito? Foto: Tite)
Moto-Perpétuo
Quando eu trabalhava no departamento de comunicação da Philips do Brasil, recebi uma ligação de um homem alegando que tinha inventado o moto-perpétuo. Desde os tempos mais remotos, a humanidade sonha em criar duas coisas: a pedra filosofal, que transforma tudo em ouro, e o moto-pertétuo, que nada mais é do que um motor que não necessita energia.
Ingênuo, eu recebi esse homem e descobri que estava diante de um completo doido varrido! Quando consegui me livrar do doidão meu chefe virou e comentou:
- Prepare-se porque vai aparecer um maluco desse por mês!
Dito e feito: todo mês aparecia pelo menos um xarope com a fórmula do moto-pertétuo, com trapizongas que, inexplicavelmente, necessitavam de algum tipo de energia para funcionar. Ou seja: não passava de loucura mesmo.
Passados 25 anos, me vejo na condição de estudioso da segurança de motociclista e pelo menos uma vez por ano aparece um “especialista” de dedo em riste anunciando: “Eu tenho a solução para a questão do motoboy em São Paulo”. Isso se for uma pessoa modesta, porque também aparece o maluco que quer resolver o problema de segurança de TODOS os motociclistas do Brasil e até uns mais psicóticos que querem resolver o problema de trânsito de São Paulo em uma medida só! Aí me lembro dos doidos do moto-perpétuo!
Eu também já tive meus surtos megalomaníacos de achar que resolveria o problema de segurança de motociclistas. Tomei um remédio tarja-preta e fiquei curado. E se alguém achar que tem a receita pronta para resolver o problema da segurança de motociclista em São Paulo em curto prazo, recomendo Ritalina ou algo mais forte.
Não existe UMA forma de resolver esse assunto. É necessário um esforço que envolva todos os segmentos, desde fabricante de motos, prefeitura, escolas, órgãos de trânsito, especialistas em segurança, ministérios, secretarias de saúde e toda aquela coisa abstrata e monstruosa chamada administração pública.
O que vejo são políticos oportunistas, “especialistas” em coisa alguma, jornalistas preconceituosos e desinformados, sindicatos corporativistas, importadores casuais de motos e uma imensa fogueira das vaidades querendo puxar a brasa para a sua sardinha fedorenta.
Toda vez que aparece alguém bradando “vou resolver o problema de segurança dos motociclistas” minha primeira pergunta é: “você fez alguma pesquisa para identificar o perfil deles?”. Sem querer integrar este time, posso adiantar que a experiência me ensinou logo de cara que não se entra em uma guerra sem conhecer o inimigo.
As iniciativas visam o motoboy, mas esquecem que existem usuários de moto que adotaram esse veículo como meio de transporte e não meio de vida. Ao tentar proibir a circulação de motos nas marginais, para reduzir acidente com motoboys (ou motofretistas), a administração pública esquece que existem usuários de motos que são – acredite – normais! Tem motociclista que roda a uma velocidade compatível com o trânsito. Verdade, eu já vi vários! Tem motociclista que respeita as leis de trânsito. Que usam motos bem conservadas. Sim! Quer mais? Conheço motociclista que nunca caiu!!! Motociclistas que não bebem, não usam drogas, têm família funcional, têm nível de instrução e são EDUCADOS!!!
E por que tratar o bom motociclista baseado só no universo dos maus motociclistas? Até quando a administração pública fará a legislação inspirada sempre nos errados e punindo os certos?
Daí a necessidade de começar a ação preventiva de trânsito identificando o alvo! A única coisa que sabemos é que diariamente cerca de 20 motociclistas se envolvem em acidentes na cidade de São Paulo. Mas quem são essas pessoas? Qual o grau de instrução? Qual a formação profissional? Qual a experiência? Para quem trabalha? Ele pilota quantas horas por dia? Qual marca, modelo e ano da moto? Qual o nível de manutenção da moto? A moto estava documentada? Ele se acidentou sozinho ou com outro veículo? Quem era o outro envolvido? Isso nada mais é do que uma perícia! Pelas nossas leis, só é feita a perícia em acidentes com vítimas fatais. Mas acho difícil entrevistar um morto.
Sem estas respostas nem adianta querer elaborar qualquer ação pública para reduzir acidentes de trânsito.
Ou seja: quem quer resolver tudo, na verdade, não sabe nada.
É por isso que decidi tornar a experiência adquirida em 25 anos a serviço de empresas privadas. A SpeedMaster não é apenas um curso de pilotagem de motos. É muito mais do que isso. É uma empresa de consultoria voltada à segurança do motociclista. Hoje em dia ser consultor é mais chique do que ser palpiteiro. Palpite todo mundo da dá de graça. Consultoria é uma prestação de serviço e feita e por meio de material científico.
Se você é pessoa física ou jurídica e quer consultoria no campo da segurança de motociclista pode me chamar! Depois de analisar as necessidades posso indicar as melhores medidas a adotar.
Posso não saber tudo, mas é muito mais do que nada!
De Ricardo a 27 de Abril de 2009
Fala Sun Tzu.. hehehe
Tite, vc acredita que criar uma faixa ali onde hj é usado no corredor (entre faixas 1 e 2) minimize o problema? essa é a proposta de alguma associação... nao lembro qual..
atente-se que usei a palavra "minimize" e não "resolva".
Parabéns pelo trabalho
Ricardo
De
motite a 27 de Abril de 2009
Siiimmm, ajudaria muito. Sou totalmente favorável às faixas segregadas como forma de reduzir a confusão. mas sempre tem um salame que quer criar a faixa em vias cheias de semáforo e proibir a circulação de motos nas vias expressas...
De Ricardo a 28 de Abril de 2009
tb considero uma boa alternativa.. ando de burgman todos os dias em sp e acredito q isso estimularia muitas pessoas q tem receio por causa da mídia a ingressar no mundo das 2 rodas..
pq nao empinou a hornet no rolo da vicstore?
De Luiz Antonio a 27 de Abril de 2009
Rapaz,
o que é que está faltando pra você programar este curso aqui no Nordeste, de preferência em Recife ou Caruaru? Com certeza, o motivo não se refere ao número mínimo de alunos para fechar uma turma.
De
motite a 27 de Abril de 2009
Rapaz, falta só vergonha na cara!!!
Já fiz vários cursos em Caruaru. Mas como as minhas despesas são altas o custo fica lá nas alturas. Vc sabe como o pessoal aí é: tem uma moto de 70 mil reais mas acha caro gastar R$ 1.000 num curso que salva a vida dele! E usa um capacete de 200 contos! Se tivesse contato com uma concessionária poderia facilitar muito a produção e realização do curso.
De Luiz Antonio a 28 de Abril de 2009
É mesmo estranho isto!
Tenho uma moto de R$ 11.000,00, um capacete de R$ 400,00, uma jaqueta de R$ 740,00 e uma luva de R$ 200,00, nunca levei uma queda em 5 anos de pilotagem (já que tive sorte por dois momentos), e estou "desesperado" porque "sei que não sei muita coisa".
Eu quero é chegar em casa inteiro!!!
De Vinicius Vedovatto a 29 de Abril de 2009
Tite,
Qual o seu e-mail? to nos seus contatos do orkut
Tenho que te passar um e-mail falando de um modelo de sustentabilidade em uma empresa de motoboys de SP.
Se você já ta sabendo / conhece a empresa fovor desconsiderar oque citei acima.
;)
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