(Quanto vale este rosto?)
Algo de errado estava rolando no mundo. Como entender esportistas ganhando salários na cifra de US$ 1 milhão por mês??? Jogador de futebol, piloto de Fórmula 1, tenista, jogador de basquete, sem falar nos atores de cinema, cantores pop e as top models. Além de executivos de empresas com salários de R$ 80 mil ou apresentador de TV pentelho que recebe R$ 250 mil por mês para infernizar nossos domingos.
Sempre fiquei intrigado porque minha avó sempre dizia que dinheiro não é uma coisa que brota do chão, muito menos nasce em árvores, nem cai do céu como a chuva. Então, se existem pessoas que ganham cifras de 7 dígitos em dólar é sinal que milhares de pessoas precisam comprar alguma coisa para gerar essa receita.
Temos aí a tal história do cachorro que corre atrás do próprio rabo: as empresas gastam cifras milionárias para associar a imagem de seus produtos aos chamados formadores de opinião (os tais artistas, esportistas, modelos) na esperança de vender mais para poder pagar essa gente toda.
Estes “formadores de opinião” ficam acostumados a ganhar US$ 1 milhão para participar de uma campanha publicitária e depois não aceitam receber US$ 100 mil, mesmo que já tenham acumulado uma fortuna suficiente para que até a oitava geração possa viver de renda, sem produzir nem um alfinete sequer. Alguém consegue imaginar a filha da Xuxa se formando médica, engenheira civil, pedagoga ou bióloga? Ou a filha da Madonna administrando uma indústria têxtil?
O tal cachorro corre atrás do próprio rabo, só que uma hora ele alcança e... morde a si mesmo!
Essa é a situação: na certeza de que a top model anoréxica tem alto poder de venda, a fábrica de xampu paga a fortuna por um rosto que será exaustivamente trabalhado no Photoshop. E mais: como sabe que este rosto photoshopado venderá milhares de frascos de xampu de R$ 5,0 corre para o mercado financeiro e pega uma graninha extra para incrementar a linha de montagem. Assim, a empresa trabalha sempre na projeção de lucro de uma grana que ainda vai entrar.
Agora que o mercado financeiro começou a fazer água e parou de distribuir dinheiro a rodo, a mundo percebeu que minha avó estava certa: dinheiro não brota a partir de geração espontânea. Dinheiro é um produto que serve como troca para adquirir matéria. Precisa sair da mão de alguém para chegar na mão de outro alguém. É assim desde que nasceu a moeda.
Mas as grandes corporações quebraram essa regra e passaram a ditar a economia mundial como se dinheiro realmente brotasse de árvores milagrosas, de fontes mágicas ou de cornucópias misteriosas. E assim surgiram estes salários estratosféricos. Nos anos 70 o campeão mundial de Fórmula 1, Jackie Stewart renovou o contrato com sua equipe para receber US$ 120 mil na temporada seguinte. Hoje um piloto 10º colocado no grid ganha isso por mês!
Era mais que natural que a crise pegaria essa gente em cheio. A primeira a pedir o penico foi a Honda, a mesma equipe que ofereceu US$ 12 milhões para um salame do calibre do Jenson Button ficar na equipe por três anos. Quatro milhões de dólares por ano! Isso representa uma dízima absurda de US$ 333.333 por mês!!! Partindo dessa distorção salarial dá pra imaginar a economia que a Honda fará ao acabar com a equipe de F-1. E olha, não duvido se anunciar o fechamento da equipe de MotoGP também!
(Honda saiu fora da F-1 e pode abandonar o mundial de MotoGP também!)
E o que dizer do último ano de Michael Schumacher na Ferrari com um salário de US$ 100 milhões por ano!!! Será que ele é 1.000 vezes mais piloto do que foi Jackie Stewart? Será que a Fiat, dona da Ferrari, vendeu tanto carro assim a ponto de jogar US$ 100 milhões em UM garoto-propaganda?
Pra mim essa crise servirá para devolver a ordem ao barraco. Esses salários certamente serão cortados em alguns zeros e quem não aceitar terá de se contentar com os milhões que já estão acumulados em algum lugar da Suíça.
O que me dói mesmo, a ponto de cortar meu coração em fatias, é ver grandes projetos e iniciativas dignas serem abandonadas por conta de uma “crise”. Não seja ingênuo: muitos diretores de marquetching usarão a “crise” como desculpa esfarrapada para cortar investimentos que já não queriam fazer há muito tempo. E mais: muito empresário oportunista aproveitará a desculpa da “crise” para aumentar suas margens de lucro.
Veja meu caso: há dois anos tento um patrocínio para levar adiante os projetos que salvam vidas de motociclistas e recebo, em plena época de “crise” a notícia de que uma marca brasileira de moto investirá R$ 4 milhões para contratar a cantora Ivete Sangalo em uma campanha publicitária.
Por isso os espanhóis têm um provérbio que acho perfeito: “Cría cuervos y te sacarán los ojos”. Algo como “crie os corvos que te arrancarão os olhos”. Ou melhor ainda, na versão mineira: “Passarinho que come pedra sabe o c* que tem”.
As empresas criaram os corvos, agora estão vendendo os olhos para pagar as contas.
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Coisas da língua
(Diz ae, Lu, calção é menor ou maior que calça?)
Tem dias que de noite eu fico pensando... êpa, como assim? Isso, coisas da língua portuguesa, que determina dia como o período de 24 horas, mas também separa um período para chamar de noite.
Bom, mas estava escrevendo que fico pensando nesta tal língua portuguesa, nossa língua-mãe, e suas particularidades. Como, por exemplo, chamar de calção um artigo menor que uma calça! Calcinha, então, é um calção em escala transparente!
E como explicar que o cartão de visita seja menor que a carta? Então vamos esclarecer: existe a carta, de tamanho normal, uma folha A4 de sulfite. Depois tem a cartinha, que é assim quase um bilhete, digamos, metade de um A4. E o cartão, que apesar do aumentativo, é um quarto da metade de um A4!
Sem falar em outros absurdos como chamar de nublado o céu cheio de nuvens e não de nublens! Ou dizer que a rua é arborizada porque tem muitas árvores e nenhuma árbore!
Coisas da língua!
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