Moto com visual clássico, mas mecânica moderna: assim é a Triumph Bonneville
Uma moto que já nasceu clássica e que tem uma legião de fãs pelo mundo
Lembro claramente da primeira Triumph clássica que chegou no Brasil. Foi em 1997, quando o representante José de Holanda Cavalcante trouxe a Thunderbird 900, feita a partir do motor da Trident, com três cilindros em linha e alimentada por três carburadores. Logo de cara percebi que era o tipo de moto que já nasceu clássica, com o visual semelhante às motos dos anos 1960 da marca inglesa. A partir dela surgiu ainda a Adventure e a America, com a mesma base mecânica. Gostei logo de cara, foi amor à primeira vista.
Imediatamente elas fizeram muito sucesso e mostrou que o caminho para novos modelos vintage já estava aberto. Porém os mais fiéis ao estilo clássico não curtiram a suspensão traseira monoamortecida nem o enorme radiador. Para eles o ideal seria preservar o máximo possível o estilo clássico.
Um raro modelo Adventure com motor de três cilindros em linha. (Triumph UK)
Foi assim que a Triumph surpreendeu mais uma vez ao apresentar no Salão de Munique, em setembro de 2000, a primeira Bonneville já com o visual que a consagrou no mundo todo. Ela veio com rodas raiadas, suspensão traseira com dois amortecedores, motor de dois cilindros paralelos, de 780cc, arrefecido a ar+óleo (com um discreto radiador escondido), alimentado por dois carburadores e potência de 60 CV.
Foi um sucesso imediato! Pura inspiração para toda uma geração que veio depois, mas que marcou tanto a ponto de nunca mais sair de linha, mesmo com a chegada de novas e sofisticadas versões. O nome Bonneville foi usado pela primeira vez pela Triumph em 1959 e resgatado já na nova fase industrial em 2000.
Esta versão Thunderbird de três cilindros veio pro Brasil, mas só vi uma até hoje! (Triumph UK)
São tantas versões e modelos sob a definição Bonneville que seria impossível descrever todos, porque a partir dela vieram a Thruxton, que é uma versão mais “café-racer”; a Scrambler, uma versão de uso misto on-off road e a Bobber, estilo ainda mais clássico. E tem várias subdivisões como SpeedMaster, Land Speed, Spirit, Newchurch, Union Flag, Naked Lady, Multistripe, Multichequer, Slogan-Paisley, Chequer, Multiswirl, Multi-Roundel, Chevron-Paisley, Live Fast e por aí vai. O cara mais criativo da marca nessa época era quem bolava os nomes!
O curioso da Bonneville é que a partir de 2007/08 ela recebeu injeção eletrônica (ainda se encontram algumas carburadas no Brasil), mas o corpo de injeção é uma cópia fiel de um carburador, com todos os parafusos, cuba, diafragma, tudo falso! Eu mesmo tive de ajoelhar ao lado do falso carburador para escutar o ruído do bico injetor porque não acreditei naquela ilusão. As primeiras Bonneville injetadas da nova era são tão bem disfarçadas que têm afogador e regulagem de marcha lenta, algo que não se vê mais em motores injetados. Mas são injetadas mesmo!
Mais recentemente, vieram as novas gerações Street Twin, Street Cup, na era totalmente eletrônica, com freios ABS e controle de tração, além de motor arrefecido a líquido. Já não trazem mais o "falso" carburador, nem afogador e muito menos regulagem de marcha lenta. E finalmente, a partir de 2018 as versões com motores de 1.200cc.
Esta é a vovó de todas: a primeira Bonneville de 1959. (Triumph UK)
Bonne é Bom
Vou concentrar na Bonneville mais tradicional, nas versões que vieram para o Brasil, a SE e a T100, esta última a mais comum. O modelo SE surgiu para atender o mercado americano, por isso as rodas de liga leve com a dianteira de 17 polegadas, para permitir o uso de pneus radiais sem câmera. Ela permaneceu em linha de 2007 a 2013, mas a importação para o Brasil encerrou em 2008. Portanto temos poucos e raros modelos no Brasil, inclusive o meu!
O pneu pra Bonneville você encontra clicando na foto aí de cima!
O painel é simples, apenas com velocímetro (em milhas) e luzes de advertência. Uma delas, do nível de gasolina, é o calcanhar de Aquiles desse modelo, porque raramente funciona. Já existem mecânicos e eletricistas que conseguem resolver isso, porque é uma pecinha ridícula que vai dentro do tanque de gasolina e não resiste à nossa mistura de alcoolina. Eu consegui resolver isso num especialista bem no meio das “bocas” de São Paulo, o Rochinha, da Velo Rocha. Além de resolver essa doença crônica, ainda alterou os hodômetros de milhas para quilômetros.
Minha Street Twin ganhou até um skate pra combinar, mas teve de ir embora... Envelopada na Second Skin (Tite)
Ela tem o mesmo tanque de gasolina da T100, com capacidade de 16,6 litros, o banco é em dois níveis e os escapamentos são em forma de funil, como nas Street Twin.
A minha escolha pela Bonneville não foi baseada em paixão, mas na razão. Depois de ser vítima de assalto à mão armada CINCO vezes, sendo as duas últimas com requintes de violência, decidi desistir de algumas opções enquanto morar em São Paulo. Qualquer coisa com logotipo BMW é um alvo potencial. Todas as bigtrails (justamente o meu estilo preferido), desde as mais simples até as gigantescas. Motos esportivas (que eu jamais teria pra usar na cidade) também são chave de cadeia. Qualquer moto moderna com motor quatro cilindros (principalmente se tiver escape 4-em-1). As nakeds modernas como Ducati Monster, Kawasaki Z750 ou Z900, Honda CB 1000R, etc.
Restaram as clássicas ou as “diferentonas” como a Ducati Scrambler. Mas eu tenho algumas exigências pessoais: JAMAIS pneu com câmera, passei metade da minha vida desmontando roda no meio do nada, debaixo de chuva; pneu radial, porque é mais seguro; confortável para garupa e que não custasse um rim. Foi então que pesquisando no site moto.com.br achei essa Bonneville SE, com roda de 17”, pneu sem câmera e com apenas 10.000 milhas rodadas. Fechei na hora, mas tinha alguns problemas (por falta de uso e excesso de lavagem) que estou resolvendo aos poucos.
Minha atual Bonneville SE adesivada pela Second Skin Envelopamento; pneus Metzeler radiais sem câmera. (Tite)
A autêntica T100 (e todas as suas versões) surgiu pela primeira vez em 2002, com poucas e importantes diferenças em relação à SE. As tampas laterais do motor são polidas ou cromadas, os escapamentos são mais longos e em forma de tubo. O logotipo do tanque é de metal, com pads de borracha no tanque e o painel tem conta-giros. A diferença mais importante são as rodas raiadas e o aro dianteiro de 19 polegadas que a deixa um pouco mais alta. São dezenas de versões (nem todas vieram para o Brasil), com bancos mais finos e retos, todo tipo de grafismo (inclusive com banco amarelo!!!) até chegarmos na T 100 Black.
Basicamente a T100 manteve a mesma mecânica até os dias de hoje, quando recebeu o mesmo motor arrefecido a líquido da Street Twin.
As versões T100, Scrambler e Thruxton das primeiras Bonneville “a ar” utilizam o mesmo motor, mas com pequenas alterações na defasagem dos pistões e na taxa de compressão que dá uma diferença na potência. Enquanto a T100 tem 66,1 CV a 7.500 RPM, a Thruxton tem 68,1 a 7.400 e a Scrambler tem 58,5 s 6.800 RPM para a mesma cubicagem de 865cc.
Aí você compra uma jaqueta de couro igual do David Backham e descobre que ficou pequena! Sem problema, clica na foto que tem como ajustar.
Como são?
Entre as Bonneville a base é a mesma, só a SE tem as pedaleiras um pouco mais recuadas. As demais tem posição de pilotagem muito clássica, com as pernas pouco dobradas e guidão alto e largo. O motor tem como principal característica o torque já em baixas rotações e câmbio de cinco marchas. Roda com conforto tanto na cidade quanto na estrada. Na cidade o motor transmite um pouco de calor para as pernas do piloto, mas nada como na Scrambler, que atinge todo o lado direito e quase cozinha nossos ovos!
Não é um primor de estabilidade nas curvas, mesmo com os amortecedores traseiros na posição mais “dura”. O garfo dianteiro exige manutenção frequente porque é barulhento no retorno do curso. O óleo das bengalas deve ser trocado pelo menos a cada 20.000 km, ou em dois anos, o que completar primeiro. Esse é outro ponto fraco desses modelos. Na Street Twin isso foi corrigido. As suspensões são firmes e quem busca conforto de rodagem a melhor opção é a Scrambler.
Uma autêntica Bonneville da era de ouro. (Tite)
Também não espere um motor super econômico. Na melhor das hipóteses faz 20 km/litro se tiver tudo bem regulado e controlar o acelerador (o que é bom para uma moto de quase 900cc). As gerações mais novas são mais econômicas. Pra quem gosta de esportividade, a velocidade máxima fica na casa de 180 km/h.
Eu costumo brincar que a Bonneville é uma Honda CB 400 vitaminada, porque até o ronco do escapamento lembra a moto japonesa. E como toda clássica que se preze ela é feita para ser customizada. Saiba que isso não tem fim!
Na minha eu adesivei porque era muito branca. Colei os pads de borracha nas laterais do tanque e instalei um belo para-brisa original da Triumph. Agora falta os escapamentos, mata-cachorro e, talvez, um bagageiro. Na verdade não gosto de bagageiro, mas é muito útil.
Bonneville T100 Black atual. Continua com mesmo visual clássico. (Triumph)
Algumas coisas nesta clássica irritam os usuários acostumados com as motos japonesas modernas, como a ignição colocada na lateral, ao lado do farol, e a trava do guidão na coluna de direção. Tudo isso foi “corrigido” na Street Twin, que considero a melhor das versões.
O que observar?
A exemplo de outras clássicas, como Harley-Davidson, muitos donos de Bonneville rodam pouco e as usam basicamente na estrada. É possível achar motos com mais de 10 anos de uso com baixa quilometragem.
Os pontos a serem observados são: a tal luz indicadora de reserva da gasolina (quase impossível achar uma que esteja funcionando). Vazamento de óleo: os mais frequentes são no estator, no retentor do pinhão e no regulador do tensor da corrente de comando, este último o mais difícil de consertar.
Também verifique os rolamentos da caixa de direção, porque motos que rodam nas vias esburacadas costumar ficar com “calo” nos rolamentos.
E todas as borrachas. Porque muita gente ainda lava a moto com querosene. Isso destrói todas as borrachas e guarnições. Normalmente tem de substituir a maioria.
Os preços
Um modelo com tantas variações e no mercado há tanto tempo pode ter valores bem variáveis. Na versão SE – se alguém encontrar – fica em torno de R$ 21.000 (ela só foi importada até 2008). Na versão T100 os valores variam de R$ 22.500 a R$ 35.000. A Street Twin começa a partir R$ 28.500. E a Scrambler é a mais valorizada de todas com preços a partir de R$ 35.000.
O bom desses modelos é o baixíssimo índice de roubo, o que derruba as cotações de seguro. Não tem uma liquidez tão grande e o número de ofertas de usadas é muito grande.
É uma moto que atende perfeitamente quem busca um modelo de alta cilindrada, mesmo sendo um motociclista iniciante porque é muito fácil e pilotar. Especialmente para as mulheres, porque ela tem apenas 775 mm do banco ao solo e não é tão pesada (205 kg). Também leva passageiro na garupa com conforto e permite instalação de bagageiro e bolsas laterais.
Não chega ser a pilotagem mais emocionante. Lembra muito as motos dos anos 1970, com mais conforto e freios bem melhores. Costumo brincar que em termos de emoção é quase como ir no baile e dançar com a irmã. Mas é um produto versátil que agrada todas as gerações de motociclistas.
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Ficha Técnica
Motor: Dois cilindros paralelos, DOHC e refrigeração a ar+ óleo, 865 cm³
Câmbio: cinco velocidades
Potência máxima: de 58 a 68 cv
Torque máximo 6,9 kgf.m
Suspensão dianteira Garfo telescópico 120 mm de curso
Suspensão traseira: com dois amortecedores, 106 mm de curso
Freio dianteiro a disco
Freio traseiro a disco simples
Pneu dianteiro 100/90 – 19 (pode ter modelos com aro 18 e 17”)
Pneu traseiro 130/80 - 17
Comprimento total 2.230 mm
Largura total 740 mm
Entre-eixos 1.500 mm
Altura do assento 775 mm
Peso (seco) 205 kg
Tanque de combustível 16,6 l
Vitória maiúscula do português Miguel Oliveira no GP de Portugal. (MotoGP.com)
O mundial de motovelocidade termina como começou: surpreendente. Miguel Oliveira, Remy Gardner e Raul Fernandez foram os vencedores na MotoGP, Moto2 e Moto3.
Que ano, que campeonato e que corridas! Vai ficar para história o campeonato de motovelocidade de 2020. Teve de tudo: etapa com apenas duas categorias (a primeira no Qatar), interrupção por conta de pandemia, acidentes apavorantes, pilotos com Covi-19 e todo tipo de zebra. Para coroar um ano tão cheio de surpresas nada como uma etapa de tirar o fôlego em uma das pistas mais lindas e desafiadoras do calendário.
Desde os treinos de sexta-feira o mundo viu que o circuito de Portimão, na belíssima região de Algarve, Portugal, premiaria os pilotos que tivessem alguma intimidade com a pista. Com uma topografia singular, a pista de 4.592 metros tem subida, descidas, curvas cegas, frenagens em descida, frenagens em curvas cegas, ou seja, um cardápio de tudo que pode complicar a vida de motos e pilotos. Neste tipo de pista muito técnica se dá bem que descobre os “atalhos”, que são traçados incomuns mas que dão resultado no cronômetro. Nesta pista nem sempre o caminho mais curto entre dois pontos é o mais rápido e quem acha o caminho primeiro fica quieto e se dá bem.
O romano-pernambucano Franco Morbidelli fez uma temporada impecável com a moto velha. (MotoGP.com)
Dois pilotos se destacaram na MotoGP desde as primeiras voltas: Stefan Bradl (Honda/Repsol), porque correu lá de Superbike; e Miguel Oliveira (KTM/RedBull), porque já treinou de todo tipo de moto na pista perto de casa. Alguns pilotos treinaram com motos de série só para conhecer a pista, mas não dá muito resultado, porque uma coisa é chegar no fim da reta a 280 km/h e outra é chegar a 328 km/h!
Por isso não foi surpresa que o piloto português (que é formado em odontologia) fizesse a pole position no sábado. O que assustou foi ver o fraco desempenho da Suzuki que não se acertou na pista e seus pilotos ficaram no fim do pelotão. Na verdade só Alex Rins tinha de mostrar serviço para tentar beliscar o vice-campeonato, porque Joan Mir já estava com a cabeça nas férias desde a segunda-feira passada. Mais uma vez Franco Morbidelli (Yamaha/Petronas) foi o que conseguiu melhor representar a Yamaha, e o agressivo (mas gente boa) Jack Miller (Ducati/Pramac) foi o melhor de Ducati. Na corrida de despedida Cal Crutchlow (Honda/LCR) surpreendeu e conseguiu a melhor posição de largada no ano em quarto.
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Na largada da MotoGP Miguel Oliveira partiu em primeiro e simplesmente ignorou os adversários, colocando mais de oito segundos de vantagem na bandeirada. Fez a pole, vitória e melhor volta, bem diferente da primeira vitória (na Estíria) que viu a vitória cair no colo na última curva. Jack Miller ficou a prova inteira colado em Franco Morbidelli e só garantiu a segunda colocação na última volta. Franco fechou o pódio e conquistou um heróico vice-campeonato, com três vitórias, usando a moto de 2019.
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Triste a situação da Yamaha oficial que só andou para trás. Mais ainda quando se sabe que a marca recusou uma moto 2020 para Franco Morbidelli. No meio do ano Valentino Rossi deu uma entrevista afirmando que “o mais triste não é ver que a moto 2020 é pior que a 2019, ela é igual!”. No mundo das corridas, quando um equipamento mais novo é igual ao anterior significa que andou para trás! Após a corrida Valentino já começava a dar pinta de desilusão com relação a 2021. Certamente ele fez um contrato que permite parar quando bem entender.
Valentino Rossi teve um ano cheio de problemas, nova equipe em 2021. (motogp.com)
Muitos pilotos deixarão suas equipes e alguns até se despediram da categoria, como foi o caso de Adrea Dovizioso (Ducati) e Cal Crutchlow. Foi muito bonito e emocionante ver como as equipes e mesmo os pilotos se despediram de seus pilotos. No caso de Dovizioso os pilotos o cumprimentaram ainda na pista, mostrando que parte mas deixa uma legião de amigos. Não creio que ele faça um “ano sabático”, porque todo mundo viu o ritmo cardíaco dele na prova de hoje; 181 bpm é muito alto para essa atividade, basta comparar com Maverick Viñales, Fábio Quartararo e outros na faixa de 20 anos que mantém o ritmo na casa de 120 bpm. É a idade mandando o recado. Queria ver o do VR46!
O título de 2020 da MotoGP ficou em ótimas mãos: Joan Mir, jovem, talentoso, humilde e um verdadeiro gente boa!
Moto2, o revés
Até a etapa de Teruel tudo levava a crer que Sam Lowes (Marc VDS) seria o campeão da Moto2, principalmente depois de três vitórias seguidas. Mas uma queda do GP da Europa jogou areia nos planos. Pra piorar caiu novamente nos treinos do GP da Comunidade Valenciana e aí a maioneses desandou de vez porque machucou o punho direito e marcou apenas dois pontos numa corrida heróica. Confesso que torci por ele, mas a queda no GP da Europa foi um baque, porque bastava ele manter o segundo lugar para levantar o caneco, pena que arriscou demais.
Enea Bastianini: final de temporada avassalador e título na Moto2 (motogp.com)
Com isso o italiano Enea Bastianini (Italtrans) somou pontos importantes e assumiu a liderança do mundial de forma mineira, somando pontos e três vitórias. Nesta última etapa, em Portugal, precisava apenas ficar perto de Lowes e Luca Marini (Sky/VR46). Fez a lição de casa, terminou em quinto e deu mais um título mundial para a Itália.
A surpresa positiva da corrida foi a pilotagem madura e equilibrada de Remy Gardner (SAG Team) que largou na pole, mas passou quase a corrida toda em segundo, comboiando Marini. Antes da largada eu mesmo não acreditava nele, porque já tinha dado muitas provas de instabilidade, intercalando bons desempenhos com quedas infantis. Mas dessa vez queimei a língua (de novo!), porque a duas voltas do fim partiu para o ataque e conquistou a primeira vitória na categoria, que teve um pouco de Brasil: o dono da equipe é o brasileiro Eduardo Perales. Luca Marini terminou empatado em pontos com Sam Lowes e só prevaleceu o critério de desempate porque teve um terceiro lugar a mais.
O pai, Wayne, tocava muito; o filho, Remy toca muito: esta é a verdadeira Família do Remy. (motogp.com)
Moto3, decisão na última volta
Como sempre a Moto3, categoria mais equilibrada e emocionante, abriu a programação com uma corrida de acabar com os nervos de qualquer torcedor. Três pilotos tinham chances matemáticas de título: Albert Arenas (KTM), Ai Ogura (Honda) e Tony Arbolino (Honda). E até a última volta não houve refresco.
Alheio a tudo isso e já com o pé na Moto2, Raul Fernandez (KTM) fez a pole, largou bem e sumiu na frente até a bandeirada, algo raríssimo de acontecer na Moto3. Ogura até conseguiu sair na frente de Arenas, mas aos poucos foi perdendo ritmo. Enquanto isso, Tony Arbolino foi escalando o pelotão e apareceu na frente no terço final da prova. Mas as emoções estavam reservadas para as duas últimas voltas.
TOCA RAUUUL: Raul Fernandez foi soberbo na Moto3. (motogp.com)
Albert Arenas começou a ter problemas no pneu traseiro, deu uma desgarrada assustadora, recuperou mas foi parar na 12ª posição. Já Ogura conseguiu se livrar do tráfego e se colocou em oitavo. Se estas posições se mantivessem na chegada Arenas seria campeão por dois pontos de vantagem. Mas na última volta Ogura colou no sétimo, Celestino Vietti (KTM) que estava grudado no Darryn Binder (KTM), que vinha colado em Arbolino. Se Ogura conseguisse passar os três seria campeão. Mas não foi!
Ogura terminou em oitavo, Arenas em 12º e o espanhol conquistou um título mais que merecido com três vitórias no ano. Detalhe curioso da carreira desse espanhol: ele estreou no mundial substituindo Eric Granado no GP de Valência em 2014.
Arenas (75) teve de segurar um rojão na Moto3 para ser campeão mundial. (motogp.com)
Os basti...dores!
Amigos dessa vez eu quase morri mesmo. De verdade! Tudo porque dei aula no sábado e esqueci o carregador do notebook lá no Shopping D, que fica do outro lado da cidade a 25 km da minha casa! Pior: só percebi quando fui ligar hoje às 7:30 e o sinal seria aberto às 7:55 para a largada da Moto3. A bateria do notebook não duraria as mais de três horas de transmissão porque o vídeo consome muito mais energia.
Ah, mas eu tenho o desktop iMac de última geração, que custou os zóios da cara e mais um rim. Legal, corri pra ele e descobri estarrecido que o microfone externo deu pau. Isso deve ter sido no século passado, mas eu nunca tinha testado. E o tempo correndo. Tentei de tudo e... nada.
Ah, mas tudo bem, porque eu tenho ainda o PC da editora Oficina 259 (leia-se Reginaldo Leme), para quem eu trabalho há 200 anos. Pluguei fone de ouvido, microfone, acessei o link da vídeo conferência e... tela azul! Nada! Nadica de nada. Chamei o pessoal da técnica da FoxSports, que acionou remotamente o PC e instalou uns programas trick-tricks de simulador de câmera e, quando faltava UM minuto pra abrir o sinal, eis que eu entro na sala!!! Todo estabanado, chamando Raul Fernandez de Raul Seixas e Ogura de Miagi Sam!
A resolução do PC não chega nem perto da do iMac ou do MacBook Air, por isso demorei pra identificar os números das motos. Mas passado o susto foi tudo bem...
Assim completamos todas as provas de 2020. Agradeci publicamente no ar os meus colegas de bancada Edgard Mello Filho (uma honra enome trabalhar com ele), Hamilton Rodrigues (que elegantemente lembrou de Téo José), Alexandre Barros, Rodrigo Mattar, minha professorinha querida de locução, Mariana, aos técnicos da FoxSports, o motoboy, todo mundo que de alguma forma ajudou a enfrentar essa bucha de canhão que pegamos.
Também agradeço à minha esposa pelos domingos de sol perdidos e por manter os cachorros em silêncio por mais de quatro horas!
Nunca fui de mídia eletrônica, sempre fui redator, fotógrafo, cinegrafista e escritor (além de professor). Enfrentar esse desafio foi insano e sei que dei várias bolas fora, mas também fiz muitos gols, como é tudo na vida. Aprendi demais com esses profissionais e tive um retorno muito positivo por parte da diretoria da FoxSports/ESPN, que foi um alívio. Como diz Fausto Silva, “fazer ao vivo não é pra qualquer um”.
Não sabemos nada ainda do que será em 2021. A FoxSports sai de cena e entra oficialmente ESPN. Mudarão diretores, sede, gerência e não sabemos nada sobre a manutenção ou não desta equipe. Eu espero de coração estar com vocês em 2021. Mas se não rolar saibam que foi uma experiência única, assustadora e valiosíssima!
Até a próxima!!!
Meu super estúdio caseiro, com três computadores ligados ao mesmo tempo. (Tite)
Obrigado por ficarem quietinhos nas manhãs de domingo!
Jovem, arrojado e campeão: Mir foi o melhor em 2020. (MotoGP.com)
Espanhol Joan Mir dá a Suzuki o título mundial na MotoGP, Jorge Martin surpreende na Moto2 e Tony Arbolino vence a primeira na Moto3
Depois de confirmada a ausência de Marc Márquez, logo na primeira etapa, o mundo todo já sabia que campeonato mundial de MotoGP em 2020 reservaria muitas surpresas. Só não se esperava tantas assim. Nenhum prognóstico pré-temporada apontava a Suzuki como possível campeã. Muito menos o jovem Joan Mir (23 anos) como campeão. Mas ele fez exatamente o que se espera de um campeão: marcou mais pontos do que os outros, punto e basta! Mesmo com apenas uma vitória (por enquanto) levou o título antecipado de forma merecida e profissional.
A história desse simpático espanhol de Palma de Maiorca começou em 2009 aos 10 anos de idade quando começou a correr de minimotos em kartódromos. Em 2013 subiu à categoria de motos no competitivo Red Bull MotoGP Rookies Cup, o maior celeiro de pilotos de nível mundial. Os bons resultados o credenciaram a estrear no campeonato espanhol de Moto3 em 2015, mesmo ano que fez uma prova como convidado no mundial de Moto3 na Austrália.
Para a Suzuki foi a quebra de um jejum de 20 anos! (motoGP.com)
Esta prova deixou uma boa imagem e resultou no convite para fazer a temporada completa em 2016, quando conquistou sua primeira vitória. Finalmente em 2017 veio o título mundial vencendo 10 etapas na Moto3 e deixando uma marca particular: a combatividade nos momentos finais da prova.
Em 2018 teve um ano de passagem pela Moto2, conseguindo quatro pódios que lhe renderam um convite para integrar a equipe oficial Suzuki em 2019 na MotoGP. Foi um ano de aprendizado no qual conseguiu 10 vezes ficar entre os top10, mas uma queda deixou de fora de várias etapas.
Finalmente chegou 2020 e sua campanha começou de forma bem discreta, porém constante. Começou com uma queda na primeira prova de Jerez, mais uma na República Tcheca, mas a partir da Áustria engatou uma série de bons resultados que foi somando pontos enquanto seus adversários viviam verdadeiros infernos de altos e baixos.
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Para se tornar campeão neste domingo precisou apenas se manter na pista e terminar na sétima posição. Foi um título mais do que justo e merecido e quem vier com a conversa de que “ganhou porque o Márquez não correu” estará jogando no lixo todos os títulos mundiais do Michael Schumacher que venceu sete títulos na Fórmula 1 após a morte de Ayrton Senna!
Dá-lhe Mórbido!
Outro piloto que merece todo destaque nesta estranha temporada é o ítalo-pernambucano Franco Morbidelli que deu um show de pilotagem no GP da Comunidade Valenciana, liderando praticamente de ponta a ponta com a Yamaha de 2019! Apontado como um piloto que não consegue ser combativo em disputas de posição, desta vez ele fez uma última volta impecável. O australiano Jack Miller (Ducati) chegou a ultrapassar duas vezes, mas Franco devolveu as duas e cruzou a linha de chegada com 50 cm de vantagem!
Sereno, rápido e combativo: 2020 foi o ano do Morbidelli. (MotoGP.com)
Após a corrida, Franco explicou que na última hora decidiu largar de pneu dianteiro duro, em vez de médio. Isso fez ele perder um pouco nas curvas de baixa velocidade, mas ganhar confiança pra forçar até a última volta. Deu certo!
Pela segunda vez Pol Espargaró terminou em terceiro com a KTM e pode anotar esse nome em 2021, porque ele vai correr na Honda oficial! Pena que Fabio Quartararo (Yamaha) tenha perdido qualquer vestígio de equilíbrio emocional neste final de temporada, porque começou muito bem e foi se afundando. E também uma pena ver que a Yamaha oficial não consegue dar um equipamento melhor para Maverick Viñales e Valentino Rossi. Este voltou do tratamento de Covid-19 ainda meio jururu, mas claro que pode reverter em Portimão na semana que vem. Se serve de consolo, Joan Mir foi o primeiro piloto campeão mundial da MotoGP que frequentou a Academia VR46.
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Moto2, o bote de Martin
Quem se recuperou muito bem do Covid-19 foi o espanhol Jorge Martin (KTM) na Moto2. De malas prontas para a MotoGP ele deu uma aula de estratégia ao largar bem e assumir a primeira posição logo na primeira curva. Depois percebeu que o vento forte e frio estava esfriando o pneu dianteiro e resolveu ficar entre os três primeiros só acompanhando a turma.
Marco Bezzecchi (SKY/VR46) assumiu a ponta, seguido pelos desesperados Hector Garzo (FlexBot40) e Fabio Di Giannantonio (MB Conveyors) que buscavam a primeira vitória na categoria. Enquanto isso, lá atrás, Enea Bastianini (Italtrans) ficava só mantendo um ritmo seguro para acumular o máximo de pontos, porque Sam Lowes (Marc VDS) estava vivendo um sufoco. Lowes caiu nos treinos e machucou o punho direito, justamente o mais solicitado na moto. Não conseguiu treinar mais, largou 18º e conseguiu heroicamente terminar em 14º.
Jorge Martin foi muito estratégico para vencer na última volta. (motoGP.com)
Até que veio a última volta. Primeiro Di Giannantonio assumiu a ponta de forma espetacular, mas durou pouco porque caiu faltando poucas curvas. Garzo foi pra cima de Bezzecchi, que deixou a moto desgarrar um tiquinho suficiente para Jorge Martin chegar e passar os dois. Faltando poucos metros para a bandeirada os três se alinharam e a chegada foi digna de corrida de cavalo. Martin carimbou seu passaporte para a MotoGP e Bastianini conseguiu terminar em sexto para abrir uma confortável vantagem de 14 pontos para o bravo Sam Lowes. O título será decidido semana que vem em Portugal!
Moto3, o décimo vencedor
Antes de começar a prova a expectativa era sobre a postura do líder Albert Arenas (KTM), já que ele tinha apenas três pontos de vantagem para o segundo, o japonês Ai Ogura (Honda). Bastava ele terminar na frente, sem correr riscos. Mas largar nesta categoria já é correr riscos.
Deu tudo certo para Tony Arbolino se tornar o 10º vencedor na Moto3. (MotoGP.com)
Arenas fez exatamente o que estava combinado no script: largou na segunda fila, manteve-se longe dos enroscos e terminou em quarto para se consolidar ainda mais na liderança, agora com oito pontos a mais que Ogura.
Mas o pega foi mesmo nas primeiras posições. Tony Arbolino (Honda), Sergio Garcia (Honda) e Raul Fernandez (KTM) se engalfinharam a prova toda. Faltando quatro voltas Arbolino era o terceiro, passou pra segundo faltando três voltas e na penúltima volta assumiu a ponta. Sergio Garcia tomou a segunda posição de Raul Fernandez na última volta e fez uma festa contagiante no pódio. Arbolino se tornou o décimo vencedor da temporada de Moto3 no mais equilibrado e emocionante campeonato da temporada. Agora é esperar mais uma semana para definir em Portugal.
Três telas pra ver com apenas dois zóios!
Basti...dores!
Desta vez nada a declarar. Só que o Edgard de Mello Filho levantou a suspeita de o Rins não ter errado uma marcha no GP da Europa, semana passada. Segundo ele o câmbio dessas motos é sequencial e por isso imune a erro. Mais ou menos, mestre Edgard. O câmbio é sim sequencial e conta com quick-shift, mas a única possibilidade de erro é justamente da primeira para segunda e vice-versa. Como o ponto-morto fica entre as duas primeiras marchas, se o piloto não meter uma sapatada com força pode sim entrar ponto-morto. Quando isso acontece o piloto pode sair voando da pista, mas Rins conseguiu segurar a moto e voltar para a pista. Não acredito em jogo de equipe porque Rins também tinha chances matemáticas.
E vou aproveitar para mostrar como é meu estúdio de transmissão. São três computadores ligados ao mesmo tempo. O maior fica ligado no site MotoGP.com, o notebook fica no link da transmissão, e o PC fica aberto no Google para levantar dados como “qual é a ave de rapina que avua nas planícies de Valência”, etc.
Eu fico no meio dessa bagunça toda com meu super mega fone de ouvido com um super mega microfone. Olhar as três telas ao mesmo tempo não é fácil! Vamos nos reencontrar domingo que vem!
Fantástico desempenho da Suzuki com vitória de Joan Mir no GP da Europa. (MotoGP.com)
No GP da Europa finalmente Joan Mir (Suzuki) vence na MotoGP e coloca a mão na taça. Bezzecchi (VR46) confirma favoritismo na Moto2 e finalmente Raul Fernandez (KTM) vence na Moto3.
Que campeonato este de 2020. Antes de comentar a corrida, vamos analisar o campeonato todo. Havia muitos anos que não se via um campeonato tão equilibrado em todas as categorias. Desde a segunda etapa começou a chiadeira sem sentido de “ah, sem Marc Márquez perdeu a graça”. Sério mesmo? Ano passado ele foi campeão com tanta antecedência que as últimas seis etapas poderia ter tirado férias. Foi menos emocionante? Não, porque ao contrário da modorrenta Fórmula 1, as vitórias de MM93 foram todas mega disputadas. Eu tive a paciência de olhar todos os resultados e a maior diferença que ele obteve para o segundo colocado foi de... seis segundos! E em duas ocasiões que ele chegou em segundo a diferença foi de menos de um décimo de segundo!!! Vai me dizer que foi monótono?
Agora estamos a duas provas do fim e não tem nada definido em nenhuma das três categorias. Quem poderia ter esperado mais emoção? E 2020 ainda guardaria uma surpresa para os apaixonados pela Moto Velocidade: a FoxSports comprou os direitos de uso de imagem dos treinos de sexta-feira, algo inédito na TV brasileira. Então, quem gosta de moto e de corrida de moto tem sexta, sábado e domingo pra ficar grudado na TV. Quer mais?
Estes dois quase me deixaram sem unha hoje! (MotoGP.com)
Pela primeira vez na história deste país temos uma equipe de comentaristas que sabe tudo e mais um pouco. Principalmente o ex-piloto e vencedor de seis provas do Mundial, Alexandre Barros, que nesta etapa de Valência deu uma verdadeira aula de técnica de pneus, amortecedores, gerenciamento de equipe etc. Não há do que reclamar.
Caiu? ralou o macacão? Não fique triste, clique na foto porque tem conserto! (MotoGP.com)
Chove, seca, molha & cai
Os treinos de sexta e sábado do GP da Europa, em Valência, foram em clima de muita chuva e umidade, normal nesta época do ano na região. Tempo nublado significa asfalto frio e pneus de corrida simplesmente odeiam asfalto frio. Pneu gosta de calor, muito calor e isso causou um festival de quedas nos dois dias de treino, causando algumas baixas.
O bebê Raul Fernandez finalmente venceu a primeira e viu toda a sua vida pela frente. (MotoGP.com)
Passado o susto dos treinos, domingo a programação começou com a Moto3 ainda sob céu nublado e trechos da pista com umidade. O pole-position (de novo) foi Raul Fernandez (KTM), mas as primeiras voltas rolou aquele conhecido arranca-toco, com tantas trocas de posições que o locutor pira. Dava pinta que Albert Arenas (KTM) ficaria “cozinhando” para atacar nas voltas finais. Ele só precisava marcar o japonês Ai Ogura (Honda) e terminar na boa.
Estava dando tudo certo até que Celestino Vietti (KTM) derrapou, voou e Albert Arenas teve de frear para não atropelar o italiano. Pena que Alonso Lopez (Husqvarna) não conseguiu desviar e estampou a traseira do Arenas, caindo e arrancando o escapamento da KTM. Era tudo que o líder da Moto3 não podia esperar, porque mesmo sem cair teve de voltar aos boxes para tentar consertar. Ainda voltou para a pista mas recebeu bandeira preta por ter desrespeitado a bandeira azul. Na verdade ele quis, espertamente, ajudar a tirar pontos do Ai Ogura, mas não deu certo... E coube a mim a batata da transmissão ao comentar que era aniversário de Celestino Vietti. Não era, a confusão é porque a geradora mencionou que até aquele momento ele tinha sido o vencedor mais jovem da Moto3 em 2020, aos 18 anos. Esta informação passou rápido e eu só vi os 18 Y.O. Sem conseguir abrir o site da MotoGP dei a comida de barriga, foi maus! Ele fez aniversário dia 13/10.
A partir daí vimos uma cena rara na Moto3: o líder Raul Fernandez conseguiu uma diferença de dois segundos e despachou todo mundo, obtendo sua primeira vitória no Mundial. Ai Ogura fez de tudo para conseguir o máximo de pontos e arrancou um ótimo terceiro lugar, logo atrás do surpreendente espanhol Sergio Garcia (Honda). Ao final, Raul declarou que “se conseguir um pódio já foi ótimo, vencer foi maravilhoso, na volta final eu vi toda a minha vida pela frente”. Uma vida que está só começando porque tem apenas 19 anos.
Arenas ainda lidera o mundial, com 157 pontos, apenas três a mais que Ai Ogura. Ainda tem 50 pontos em jogo e tudo pode acontecer.
Se não tivesse caído tanto Bezzecchi poderia estar liderando o mundial de Moto2. (MotoGP.com)
Marco histórico
O treino de classificação mais maluco dos últimos tempos foi na Moto2. Os minutos finais foram de enfartar, quando Sam Lowes (Kalex) tinha a pole-position parcial, mas faltando menos de dois minutos o espanhol Xarvi Vierge (Kalex) apareceu com um tempo absurdo e cravou a pole. Joe Roberts (Kalex) brigou por mais uma pole mas no final teve de se contentar com o segundo lugar no grid de largada.
No momento da largada da Moto2 já dava para ver um fiapo de sol. A temperatura subiu um pouco e isso dava um tiquinho de tranquilidade para os pilotos. Mas foi só até apagarem as luzes vermelhas. Logo na largada Vierge perdeu a posição e Joe Roberts surgiu como um foguete cheio de apetite. Pena que durou pouco. Logo após assumir a ponta e parecer se distanciar Roberts caiu na segunda de 25 voltas, jogando um balde de água fria na prova.
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Bezzecchi assumiu a ponta com Sam Lowes dando impressão de ter a corrida sob controle. Ledo engano! Na décima volta foi a vez do inglês escorregar a sair da pista. Ainda tentou voltar mas não deu. Foi um momento decisivo porque Enea Bastianini (Kalex), que saiu na 15a posição estava em segundo na tabela do mundial a apenas sete pontos do britânico. No momento da queda Bastianini estava lutando pela oitava posição e isso reduziria um pouco os danos para Lowes. Mas nas últimas duas voltas “La Bestia” conseguiu se livrar do tráfego, ultrapassar Lorenzo Baldassarri (Kalex) na última volta e terminar em uma ótima quarta posição, o que lhe rendeu a liderança temporária do mundial de Moto2, com 184 pontos, seguido por Lowes com 174. Completou o pódio Jorge Martin (Kalex) e o surpreendente Remy Gardner (Kalex) que ao final se dizia feliz, mas triste, vai entender... Tive de suar pra traduzir o inglês australiano, mas o discurso é sempre mais ou menos o mesmo!
Ficou só a sensação de que Marco Bezzecchi , o piloto mais veloz do domingo, poderia estar lutando por este título se não tivesse tido dois acidentes em duas provas seguidas. Mas em corridas “se” é uma possibilidade que simplesmente não existe.
Que temporada, meus amigos! Na MotoGP Jack Miller tirou leite de pedra da Ducati. (MotoGP.com)
Mirlagre!
Durante metade do campeonato o espanhol Joan Mir (Suzuki) teve de aguentar o mundo todo comentado a possibilidade de ele ser campeão mundial sem nenhuma vitória. Pronto, acabou. Ele conseguiu em Valência sua primeira vitória na MotoGP disparou na liderança do mundial, calou a boca de muita gente e pôs fim ao mimimir.
E foi uma vitória maiúscula, construída já no grid de largada quando optou por pneus médios. Depois da impressionante largada de Pol Espargaró (KTM), que fez a pole-position, seguido de Alex Rins (Suzuki), Mir ficou num ritmo bem tranquilo só vendo o circo pegar fogo. As duas Suzuki estavam muito bem no miolo do circuito, enquanto a KTM chegava melhor no final da reta.
Depois de estudar com cautela, Rins assumiu a liderança e na volta seguinte foi a vez de Mir também passar o piloto da KTM. Tudo caminhava para uma dobradinha da Suzuki com Rins em primeiro. A equipe já tinha avisado que deixaria os dois pilotos livres para decidirem o título. Não haveria favorecimentos. E não houve mesmo! Só que Rins errou uma marcha, alargou a curva e viu Joan Mir passar para abrir quase um segundo de vantagem.
Ow, dureza! Depois do Covid-19 foi a vez de Valentino sofrer com a Yamaha claudicante. (MotoGP.com)
Joan Mir é um piloto com histórico de pressionar muito no terço final da prova e mostrou isso abrindo uma confortável distância. Rins e Espargaró fecharam em segundo e terceiro lugares. Festa da Suzuki e alívio enorme para o super gente boa Joan Mir, que declarou no final da prova: “acho que continuo sendo o mesmo cara, mas muito mais feliz”. Ele foi o nono piloto a vencer na categoria no ano e a Suzuki lidera o mundial com dois pilotos entre os três primeiros algo que não acontecia desde 1986!
Ótimo quarto lugar do japonês Takaaki Nakagami (Honda) que ultrapassou o português Miguel Oliveira (KTM) na última volta!
A casa da Yamaha caiu de vez mesmo. O piloto mais bem colocado da marca foi Franco Morbidelli (Petronas) que terminou em 11º. Fabio Quartararo (Petronas) caiu logo no começo. Valentino Rossi teve de abandonar por problemas mecânicos e Maverick Viñales largou do box para terminar em penúltimo. Climão ruim também na Ducati, que viu no Jack Miller seu melhor piloto, chegando em sexto e Dovizioso pode realmente preparar para as férias, porque este final de ano está horrível para o italiano.
Más notícias vindas da família Márquez, dando conta que Marc reclamou muito de dores no braço fraturado e poderá ser submetido a uma nova cirurgia para trocar a placa do úmero. Se isso se confirmar pode ficar de fora até mesmo dos testes pré-temporada. Vamos torcer para ser só uma suspeita.
O mundial tem novo encontro no domingo, 14, com o GP de Valência, no mesmo circuito Ricardo Tormo.
Basti...dores!
Desta vez correu tudo na mais absoluta normalidade. Acho que o Alexandre está dando um show nos comentários sábado e domingo. Edgard de Mello Filho lê tudo que sai sobre MotoGP até em javanês, o Hamilton está cada vez mais empolgado e eu, bom, cuidando da minha voz como se fosse o William Boner e berrando feito louco a cada ultrapassagem. Prometo até o final do ano mostrar um filme de como é meu estúdio de gravação!
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