Play it again, Sam: terceira seguida de Sam Lowes na Moto2. (Foto: MotoGP.com)
Sam Lowes vence pela terceira vez consecutiva na Moto2, Franco Morbidelli vence pela segunda vez na MotoGP e Jaume Masiá ganha a segunda na Moto3 em Teruel
Outro domingo para tirar o fôlego de quem gosta de motovelocidade. Foram três provas que embolaram mais ainda o campeonato, abriu disputa nas três categorias e ainda restam 75 pontos em jogo. Nada está decidido e havia muitos anos que o público não tinha um campeonato de MotoGP tão equilibrado.
Tudo em função da ausência de Marc Márquez (Honda) que fraturou o úmero na primeira etapa e viu piorar a gravidade com uma segunda fratura no mesmo local. Só relembrando, Marc quebrou o braço na primeira etapa na Espanha no dia 19 de julho. Menos de uma semana depois tentou voltar à pista, sentiu que seria impossível e foi pra casa. De forma irresponsável começou a malhar feito louco e poucas semanas depois teve uma segunda fratura no mesmo local, alegando que “foi abrir uma janela”. Daí em diante sua recuperação é uma incógnita, porque a equipe blindou o piloto. Fala-se em uma nova cirurgia, que seria para retirada da placa que sustenta o osso, portanto ele só volta mesmo em 2021.
Eu trabalhei em hospital por 18 meses como fotógrafo e cinegrafista. Vi dezenas de cirurgias de osso e aquilo parece uma funilaria e pintura das quebradas. Quando um osso quebra duas vezes no mesmo lugar – com placa de platina – os médicos precisam abrir de novo, alinhar o chassi e pregar a placa de volta. Essa placa é parafusada e não se pode parafusar duas vezes no mesmo local para não fragilizar o osso. Então toca fazer mais furos, com uma furadeira mesmo, broca, lixa, que nem remendo de lataria de Fusca.
Se não calcificar é preciso abrir o cabra de novo, inclusive no quadril, retirar um pequeno pedaço da osso do quadril (perto da crista ilíaca) e fazer um enxerto. Isso mesmo, tipo uma roseira de jardim. Isso acelera a formação do “calo ósseo”, mas a placa continua lá. Não foi o caso do Marc, mas fala-se em uma quarta cirurgia (melhor colocar logo um velcro no cara) para a retirada da placa. O que não sabemos é a extensão das lesões em nervos e tendões. Se houve lesão é grande a chance de perda da capacidade preênsil da mão direita, justamente a mais solicitada por causa do acelerador e freio dianteiro. Em suma, quem for das lidas religiosas, reze; quem não for, torça, porque o quadro é preocupante. Vai precisar muita fisioterapia e treino com moto para voltar em 2021 com ritmo.
Com ele na pista, em 2019, a seis etapas do fim já era campeão antecipado. Aliás, 2019 foi um campeonato com uma das maiores diferenças de pontos entre campeão e vice, chegando a impensáveis 150 pontos! Para 2020 tudo mudou. Sem o bicho papão da categoria tivemos oito vencedores em 11 etapas e somente Morbidelli e Fabio Quartararo venceram mais de uma vez, ambos da equipe Yamaha-Petronas.
Já Valentino Rossi continua se recuperando do Covid-19. Deve estar tomando cloroquina, Arlequina, estricnina, qualquer coisa pra poder voltar ainda nesta temporada mas, claro, sem ritmo.
Jaume Masiá faturou com autoridade a segunda seguida. (MotoGP.com)
Jaume demasiado veloz
A programação do GP de Teruel começou com a eletrizante Moto3. A categoria mais equilibrada de todas largou com pinta de que o espanhol Albert Arenas (KTM) cruzaria em primeiro para ampliar a vantagem sobre o segundo, o japonês Ai Ogura (Honda). Antes da metade da primeira volta os cinco primeiros colocados já tinham trocado de posição pelo menos meia dúzia de vezes. Este foi o tom da corrida. Eu ficava com um olho na tela e outro na tabela do living time. Uma loucura. Tive pena do Hamilton Rodrigues...
Caiu? arranhou o macacão de couro? Não se desespere, clique na foto aí em cima porque tem conserto!(MotoGP.com)
O piloto Sergio Garcia (Honda) largou na última fila, em 28º lugar e na metade da corrida estava em quarto! Deu até a entender que poderia vencer, mas acabou caindo por culpa do japonês Tatsuki Suzuki (Honda) na penúltima volta!
Faltando duas curvas para a bandeirada Albert Arenas estava em segundo e parecia ter um pódio garantido, mas um pequeno erro, milimétrico, o fez perder duas posições e cruzar em quarto. Ainda lidera o mundial de Moto3 e é o franco favorito, só que agora com 19 pontos sobre Ogura e 20 sobre o italiano Celestino Vietti (KTM), quinto colocado na prova. Jaume Masiá tinha um pouquinho mais de velocidade no final da reta e ficou com a merecida vitória, que teve um marco importante: foi a 800ª vitória da Honda em provas do mundial desde 1961.
Este final de campeonato vai ser aquela briga de foice no elevador com a luz apagada, vale a pena acordar cedo.
Dai Franco! Segunda vitória de Morbidelli o coloca na briga pelo título. (MotoGP.com)
Franco atirador
A MotoGP fez a segunda prova do dia, com o surpreendente japonês Takaaki Nakagami (Honda) na pole-position. Um feito notável para uma equipe satélite e que colocou a Honda de volta no topo de um grid de largada desde 2019. Ao lado dele o italiano Franco Morbidelli (Yamaha) e o espanhol Alex Rins (Suzuki). No sábado eu li uma entrevista do Nakagami afirmando que já na etapa anterior o engenheiro da HRC passou uma “cola” pra ele com a telemetria de MM93. Com isso o japa estudou tudo que MM93 fazia e fez igual. Foi difícil, claro, mas conseguiu, o que mostra que tudo é possível com um pequeno esforço e alguma espionagem.
Nakagami era o favorito, tido como franco atirador, porque tinha um bom ritmo nos treinos e, sem chance de título, poderia correr apenas pensando na vitória. Pena que essa alegria durou apenas duas curvas, pois ele caiu logo depois da largada, por conta do pneu dianteiro ainda frio. Morbidelli largou muito bem, assumiu a ponta e não perdeu mais até a bandeirada, impondo um ritmo frenético. Alex Rins que saiu em terceiro, até tentou, mas não conseguiu chegar nem perto do italiano, terminando em segundo. Joan Mir (Suzuki) largou em 12º, fez uma corridaça e fechou o pódio em terceiro, ampliando a liderança no campeonato. Ele pode se tornar o segundo espanhol a conquistar um título mundial sem vencer nenhuma prova. Antes dele foi Emilio Alzamora, em 1999, campeão mundial na 125cc, sem nenhuma vitória.
Brilhante corrida de Alex Rins, mas não conseguiu buscar Morbidelli. (MotoGP.com)
Bom, aqui cabe uma explicação: Alzamora realmente foi campeão e eu vi, porque estava lá no Rio de Janeiro. Mas o vice foi o Marco Melandri, com cinco vitórias na temporada. As carreiras de ambos seguiram. Alzamora foi ladeira abaixo e caiu no esquecimento. Melandri foi campeão mundial na 250cc em 2002, venceu cinco corridas na MotoGP e curtiu a aposentadoria vitoriosa na Superbike. E Alzamora? Virou “coach” do Marc Márquez pro resto do tempo. Dizem que foi ele que descobriu o pequeno gênio espanhol. Isso prova que nem sempre o título vai pro melhor, mas para aquele que erra menos.
Ótimo trabalho de Johan Zarco com uma Ducati velhinha (MotoGP.com)
Fantástica prova do francês Johan Zarco (Ducati) que se manteve sempre entre os primeiros e conseguiu segurar o ímpeto do português Miguel Oliveira (KTM) nas últimas voltas para arrancar um excelente quinto lugar, atrás do também surpreendente Pol Espargaró (KTM).
Com esta vitória, Morbidelli se coloca como um dos candidatos ao título, porque agora tem apenas 25 pontos de desvantagem para o líder, Mir. Por outro lado, Fabio Quartararo (Yamaha) mais uma vez fez uma corrida decepcionante, mas ainda marcando pontos pelo apagado oitavo lugar.
Sobre o Morbidelli, mais uma vez: tecnicamente falando, ele só pode ser chamado de ítalo-brasileiro se tiver dupla cidadania. Eu duvido que ele tenha passaporte brasileiro, dada a inutilidade perante ao da Comunidade Europeia. Senão um quinto dos paulistanos nascidos nos anos 40 e 50 poderão ser tratados como ítalo-brasileiros ou luso-brasileiros porque esta cidade foi praticamente povoada por imigrantes italianos e portugueses (inclusive eu, que seria um ítalo-luso-brasileiro). Como eu não sei se ele tem cidadania brasileira, nem nunca li nada a respeito (se alguém souber me avisa), continuarei a tratá-lo como ITALIANO, nascido em Roma. Porque sou avesso a pachequismo!
Mineiramente Joan Mir vai se consolidando na liderança da MotoGP. (MotoGP.com)
Play it again, Sam
Desta vez ninguém precisou cair para Sam Lowes (Marc VDS/Kalex) vencer de ponta a ponta. Largou na pole, ignorou os adversários e colocou abissais 8,5 segundos sobre o segundo colocado, o italiano Fabio Di Giannantonio (Lightech/Speed Up). Surpreendente terceiro lugar de Enea Bastianini (Italtrans/Kalex). Quem fez a prova mais divertida foi o espanhol Jorge Navarro (Lightech/Speedup). Saindo na segunda posição, ele se desconcentrou na largada, deixou a moto empinar e caiu para a 15ª posição. Fez uma corrida de recuperação fantástica e terminou em quinto bem perto do australiano Remy Gardner (Onexox/Kalex).
Mais certinho que Big Ben: Sam Lowes correu como um relógio, sem falhas. (MotoGP.com)
Mais uma decepção na conta do italiano Luca Marini (VR 46/Kalex). O meio-irmão de Valentino Rossi teve um começo de temporada fulminante, mas com duas provas sem marcar pontos viu sua liderança ser pulverizada. Na prova de Teruel até começou bem, mas perdeu ritmo e terminou em 11º a 24 segundos do vencedor. Pra mim tem a ver com a ausência do irmãozão, porque nas duas provas que o VR46 faltou ele despencou ladeira abaixo.
Com este resultado Sam Lowes assumiu a liderança com 178 pontos, sete a mais do que o segundo, Enea Bastianini. Marini ainda está em terceiro, com 155 pontos e com 75 pontos ainda em disputa. Esta terceira vitória consecutiva do inglês Lowes deu-se 49 anos depois de Phil Read conseguir três em seguida para a Inglaterra na categoria intermediária (na época 350cc).
A próxima etapa será dia 8 de novembro, em Valência, Espanha. A título de curiosidade, muita gente pergunta porque muda o nome da prova se é realizada na mesma pista. Por isso mesmo: para não confundir qual “GP da Espanha” estamos nos referindo. Mas também por questões de direitos autorais de marca. Cada GP tem um registro e não pode haver mais de um com o mesmo nome. E de quebra, dá-se a oportunidade de mudar de patrocinador e faturar duas vezes.
Outra curiosidade: por que não tem mais as (sem adjetivos qualificativos) grid girls? Por causa da maldita pandemia que voltou com tudo na Europa. Sinto muita falta daquelas mocinhas pouco vestidas da Monster Energy. Eu e todos vocês!
E hoje não tem bastidores porque meu único incidente foi cortar o dedo no café da manhã. Dessa vez correu tudo bem! Até a próxima! Açulera Brasil!!!
Pow, Naka Sam, relaxa porque você pilotou muito! (MotoGP.com)
A festa dos Alexis: Rins e Marquez no pódio, imagina com público! (Foto: MotoGP.com)
Alex Rins – Suzuki – se torna o oitavo piloto a vencer na MotoGP e embola o campeonato. Sam Lowes vence na Moto2 e Jaume Masia dá a 100a vitória para Honda na Moto3.
Desculpe o trocadilho, mas o espanhol Alex Rins (Suzuki) usou uma estratégia calculada na escolha de pneus para se tornar o oitavo vencedor nesta super emocionante edição do mundial de MotoGP. Ainda a Suzuki voltou a liderar o mundial de MotoGP de novo desde o ano 2000 com Kenny Roberts Jr.
Se os espanhóis já estavam felizes com a vitória de um filho da terra, o pódio foi completado pela motivado Alex Márquez (Honda) e o agora líder do campeonato, Joan Mir, também de Suzuki. Só deu bandeira da Espanha, no belo circuito de Motorland, em Aragão.
A linda imagem dos Alex com o famoso "Muro de Aragón" ao fundo. (MotoGP.com)
A corrida começou novamente com uma hora de atraso, por isso o público brasileiro, mais uma vez, perdeu as entrevistas pós-corrida e o pódio, pois a programação da FoxSports já estava comprometida com o sinal do campeonato espanhol de futebol às 10:52. Desta vez o motivo do atraso foi mais do que justificável: com a interrupção do campeonato por conta da pandemia de Covid-19, o calendário chegou nas últimas etapas já no outono europeu. Com temperaturas que chegaram a 8ºC, os pneus não davam aderência suficiente e os pilotos estavam caindo que nem fruta madura.
Mesmo situada bem ao sul da Europa – quase na África – a região de Aragão amanheceu na sexta-feira com 12ºC o que causou um festival de quedas. Por isso a Dorna decidiu atrasar a largada da Moto3 em uma hora.
Joan Mir fez ótima prova e lidera o mundial de MotoGP. (MotoGP.com)
Os treinos colocaram duas Yamaha na primeira fila, com a 10a pole-position de Fabio Quartararo, seguido de Maverick Viñales e da Honda do inspirado Cal Crutchlow. Quem deu piti nos treinos foi o italiano Andrea Dovizioso (Ducati) que alegou ter sido atrapalhado pelo colega Danilo Petrucci (Ducati), ficando apenas na 13a posição, algo terrível para quem briga pelo título. Alex Rins fez o 10º tempo e Alex Márquez o 11º.
Na largada Viñales partiu como um Exocet e abriu uma distância que dava a entender que seria uma vitória de ponta a ponta, seguido de Quartararo e Franco Morbidelli (Yamaha). Mas lá de trás começavam a despontar Alex Rins – que fez excelente largada – e Alex Márquez. Enquanto Fabio Quartararo começava a perder ritmo, a dupla de Alex escalava o pelotão.
Antes da metade da corrida já dava para perceber que Viñales não sustentaria a liderança. Na nona volta Rins ultrapassou e se consolidou na liderança até a bandeirada. Alex Márquez com uma Honda muito bem equilibrada continuou a escalar o pelotão até chegar a segundo e encostar no líder. Chegou a quase ultrapassar na penúltima volta, mas uma escorregada do pneu traseiro fez ele reduzir e finalmente Alex Rins cruzou para sua terceira vitória na categoria, primeira de 2020 e subir à sétima posição geral na tabela.
Quem saiu de Aragon com sorriso de orelha a orelha foi Joan Mir, que se manteve em terceiro, se preservando de eventual queda na traiçoeira Curva 2 e assumiu a primeira posição depois de uma corrida sofrível do ex-líder Quartararo. O francês da Yamaha Petronas foi perdendo ritmo e sua dificuldade em curvas era visível. Terminou em 18º com problema de perda de pressão no pneu dianteiro. É uma daquelas situações que se diz “é raro, mas acontece sempre”!
Ainda tem 100 pontos em disputa, mas Joan Mir pode repetir o feito do também espanhol, Emilio Alzamora, que foi campeão mundial de 125cc em 1999 sem vencer nenhuma prova.
A nota curiosa dessa etapa é que pela primeira vez desde 1999 a MotoGP teve uma corrida sem um campeão mundial da categoria. Porque Marc Márquez ainda está no estaleiro e Valentino Rossi foi dispensado depois de testar positivo para Covid-19. Melhoras ao doutor.
Mais elegante que filho de barbeiro: Sam Lowes venceu de novo. (MotoGP.com)
Maledetta 2
Vai ser difícil para os italianos da Moto2 esquecerem a Curva 2 de Motorland. Foi ela a responsável por embaralhar o campeonato durante toda a corrida. Logo no começo o líder Luca Marini (VR 46) caiu na Curva 2 depois de perder aderência do pneu dianteiro.
Sam Lowes (Marc VDS), que fez a pole, estava em segundo, tranquilo com Marco Bezzecchi (VR46) na liderança e com toda pinta de vencedor. Como Marini estava fora, a vitória de Bezzecchi o colocaria na liderança do mundial. Mas... quando tem condicional é porque não deu! Ele também foi vítima da Curva 2, numa queda que parecia replay da do Marini. As duas motos da equipe VR 46 foram embora na mesma curva!
O motivo dessas quedas é que os pilotos vem de uma longa curva à esquerda, depois a reta de chegada, outra curva à esquerda e chega na 2 para a direita. O pneu vem superaquecido do lado esquerdo e quando faz a transição para a direita o piloto precisa ser muito suave. O autor desta “receita” foi o vencedor, Sam Lowes que explicou depois da vitória. “Fiquei preocupado com a Curva 2 o tempo todo, mas depois de alguns sustos passei a ser mais suave e deu certo”.
Melhor para Enea Bastianini (Italtrans) que arrancou das mãos de Jorge Martin (KTM) a segunda posição na metade da última volta. Com isso, ele passou a liderar o mundial de Moto2 com dois pontos de vantagem sobre o sereno Sam Lowes e cinco de vantagem para Luca Marini que despencou para a terceira posição. Mas ainda tem 100 pontos em disputa!
Quem viu, viu
A Moto3 é aquele tipo de categoria que não permite o espectador nem sequer piscar. Principalmente na última volta e mais ainda na última curva. O que aconteceu nessa chegada da Moto3 em Motorland é difícil de descrever. Para identificar os seis primeiros colocados só com auxílio de replay.
A principal preocupação do líder do campeonato, Albert Arenas (KTM), era manter uma distância segura do segundo colocado, Ai Ogura (Honda). Com uma briga ferrenha pelas primeiras posições, Arenas conseguiu cumprir a meta até quase a bandeirada. O “quase” fica por conta das últimas duas voltas que foram desastrosas pra ele. Na penúltima perdeu a liderança, deixou a moto escorregar demais e foi para o quarto lugar. Mas nada é tão ruim que não possa piorar: a poucos metros do final foi ultrapassado por Jeremy Alcoba (Honda) e John McPhee (Honda) para cruzar em sétimo.
Jaume Masia deu show em Aragón. (MotoGP.com)
Enquanto isso, lá na frente Jaume Masia (Honda) que havia largado em 17º ganhava posições, enfileirando ultrapassagens em sequência até assumir a ponta faltando duas voltas. Foi o nono vencedor em 10 etapas e deixou a classificação ainda mais tranquila para Arenas porque Ai Ogura terminou apenas em 14º lugar, sem esboçar menor ânimo para combate.
Completaram o pódio, Darry Binder (KTM) num sprint fantástico e Raul Fernandez (KTM) que ainda está buscando a primeira vitória do ano.
Próximo domingo, 25, os pilotos voltam ao grid de largada na mesma pista para o GP de Teruel.
Este meu macacão branquinho correu sérios riscos no Rio de Janeiro. (Foto: Fabio Arantes)
Basti...dores!
Vou começar explicando pela enésima vez como funciona esse papo de sinal. Se a corrida começa no horário combinado, ela termina muito antes dos jogos do campeonato espanhol de futebol. Pra ser bem exato, 45 minutos antes. Mas se as corridas começam com uma hora de atraso ela invade o sinal do futebol e não tem choro! Oito minutos antes de a programação do futebol entrar no ar nós temos de entregar o sinal. Pura questão de grade. Isso já aconteceu com outros esportes, com F-1 e até com futebol, quando atrasa e ameaça o horário do Faustão! Por isso não teve entrevistas nem pódio.
Mas eu assisti pelo canal privado e posso garantir que foi igual a todos os outros! O Alex Rins disse que sabia que chegaria na frente desde a primeira volta, só não imaginava tão na frente. Que ele esperou ser atacado pelo Alex Márquez, mas sentiu que tinha ritmo para segurar a posição. Agradeceu à equipe, família e foi muito fofo ao agradecer também à namorada! Garantiu a noite!
Dito isso, vou contar que os bastidores desta etapa foram terríveis. Sempre achei que o maior pesadelo de quem trabalha com rádio e TV era acordar sem voz. Tem coisa pior. A voz dá pra fazer exercícios e recuperar. Mas descobri que nada é mais grave do que um piriri! Para ser mais científico: gastrenterocolite, popular diarreia! Sim, amigos(as), não sabe como um macarrão com frutos do mar pode mandar um comentarista à pique.
No meio da madrugada acordei com um vulcão em erupção no meu estômago. Felizmente o banheiro fica a poucos (e pequenos) passos da cama, porque foi cronometrado. O que se seguiu deixaria o acidente com o Exxon Valdez parecer um gota no oceano.
Pensa que acabou? Nada, meu celular não sabe ler e não foi informado que neste ano não teríamos horário de verão. Ninguém avisou e ele me acordou uma hora antes do previsto, porém sem me avisar que era uma hora antes. Fiz todo ritual de aquecimento de voz (sem muita forca, por motivos óbvios), preparei meu café bem fraco e vesti o fone de ouvido precisamente às 7:00, esperando o link da transmissão. Deu sete horas, nada. O tempo foi passando e nada. Mandei um zap pro Edgard de Mello Filho e pro Hamilton Rodrigues e nada.
Pronto, pensei, o mundo acabou e vou chegar atrasado por causa de um piriri! Só fui perceber que meu relógio estava errado quando olhei pro chat da transmissão e vi que tinha uma diferença de uma hora!
No meio da Moto3 veio a pontada. Aquela que endurece até os pelos do sovaco. Mas eu não podia sair. Quando deu a bandeirada avisei pelo chat BANHEIRO!!!
Poizé, e você achava que vida de comentarista era puro glamour! Visitei o sagrado trono real e depois foi tranquilo. Aprendi a lição: véspera de corrida só canja de galinha ou biscoito de polvilho!
Sabe do pior? Isso já aconteceu comigo quando eu corrida de 125 Especial. Numa corrida no Rio de Janeiro eu confiei na macarronada do hotel e passei a noite de sábado me debulhando em suor e outras secreções. Na manhã de domingo acordei em estado líquido e minha largada seria precisamente ao meio dia, num calor de 40ºC. Era a receita da desgraça.
Foi preciso muita concentração pra eu levantar esse pesado troféu sem sofrer acidentes! (Foto: Idário Araújo)
Domingo de manhã, no caminho para a pista, parei numa farmácia e comprei soro fisiológico e um pacote de fralda geriátrica. Afinal eu só tinha UM macacão... e era branco!
Na hora do warm-up fui me vestir escondido para colocar a fralda. Pensa numa coisa desconfortável! Parecia que tinha 15 mil reais enfiado no ... lá mesmo. Só senador consegue! Ficou tão desagradável que dei só duas voltas para texturizar os pneus (slicks) e voltei pros boxes pensando em como melhorar aquilo.
Foi quando minha namorada sugeriu usar absorvente! Afinal ele já foi feito pra viver naquela região. Quer dizer, geograficamente falando, um pouco mais à frente. Para a corrida lancei mão do absorvente, aderente à cueca, e fui pra largada pensando no tamanho do possível desastre que seria um simples espirro.
Quando acendeu a luz verde os problemas acabaram, porque correr numa moto de 60 kg, com 56 CV, pneus slicks, no saudoso autódromo de Jacarepaguá, chegando a 212 km/h no final da reta, no meio de um bando de loucos faz o esfíncter travar de um jeito que não passa nem ultravioleta!
Por incrível que pareça, ainda consegui um pódio! Mas subi os degraus com passinhos bem pequenos e sem fazer força!
O jovem paulistano terá um enorme desafio neste fim de semana (Foto: BestPR)
Desafio será neste fim de semana em Estoril, Portugal
Aos 24 anos e com a carreira em ascensão, o jovem brasileiro Eric Granado fará sua estreia no próximo final de semana no Mundial de Superbike, principal campeonato internacional de motos de fábrica – e portanto uma importante vitrine esportiva para a indústria. Convidado pela Honda do Brasil para disputar a última etapa do torneio, no Estoril, em Portugal, em poucos dias Eric se viu às voltas com muitas novidades e um grande desafio.
A própria Honda está em sua temporada de retorno ao campeonato após 18 anos de ausência, contanto a equipe oficial HRC e a satélite MIE Racing Honda Team. Granado irá pilotar a nova moto Honda CBR 1000 RR-R SP preparada pela MIE Racing. O brasileiro competirá na categoria WorldSBK, a principal do campeonato. Abaixo, Eric analisa o que tem pela frente neste final de semana.
O que você espera fazer nessa corrida de estreia?
Eu não vou entrar na pista pensando em resultado. Eu vou subir na moto e entregar o melhor que puder. Essa que vai ser minha perspectiva no final de semana. A única vantagem que tenho inicialmente é conhecer a pista. Conquistei no Estoril duas vitórias quando fui campeão europeu de Moto2 em 2017. O traçado foi recapeado, então deve estar melhor do que quando eu competi lá – deve estar mais rápido. De resto, tenho muitas variáveis novas. Desde a equipe, a moto, os rivais na pista, meu companheiro de equipe, tudo será um aprendizado. Espero mesmo aprender muito.
O Mundial de Superbike é uma alternativa para sua carreira?
Eu acredito que a Superbike nunca esteve em um nível tão alto. Temos grandes pilotos, equipes de fábrica muito preparadas e motos de grande potência e tecnologia. É um pacote muito interessante e é impossível, como piloto profissional, não sonhar em estar lá definitivamente. Claro, minha meta sempre foi a MotoGP. Mas tudo tem seu tempo. Dito isso, quero muito agradecer à Honda do Brasil por esta oportunidade. Eu vejo isso como um fruto especial do nosso relacionamento, já que deste 2017 conquistamos títulos na Superbike Brasil juntos. Estou muito grato por essa história que estamos construindo.
No Brasil ele corre com uma Honda CBR 1000RR Fireblade. (Foto: BestPR)
Falando em Superbike Brasil, correr nesse campeonato vai ajudar a se adaptar no Mundial de Superbike?
Existem diferenças técnicas entre as motos dos dois campeonatos. A que usamos no Brasil é potente e veloz, mas a do Mundial tem um pacote de freio, chassi, eletrônica e motor diferentes. Na eletrônica, coisas como anti-wheeling, controle de tração e outros dispositivos vão exigir um aprendizado, pois durante a corrida eles podem ser decisivos, dependendo da condição da pista, com ou sem chuva etc. Então, o meu principal foco será entender como isso tudo funciona na moto e como ajustar em cada condição de aderência, temperatura e desgaste dos pneus.
Fisicamente, é uma categoria exigente?
Sempre que você tem pilotos de alto nível, a corrida te leva a um limite físico ou psicológico. E a Superbike tem um grupo muito forte, além de as motos serem potentes e rápidas. Motovelocidade já é normalmente é um esporte muito físico. Mas eu tenho uma rotina de preparação muito completa. Treino não apenas de moto, mas também de bike e faço uma preparação específica bastante intensa. Acho que isso não será problema e por isso vou poder me concentrar em trabalhar com a equipe para chegar a um bom acerto da moto para o classificatório e a corrida. Se conseguir isso, farei uma boa estreia.
Eric lidera o campeonato brasileiro de Superbike invicto. (Fotos BestPR)
O que essa estreia representa para você?
Se eu te disser que não estava preparado, estaria mentindo. Me preparei a vida toda para correr em categorias desse nível. De outro lado, se disser que estava preparado, também não será 100% verdade, por que essas coisas são sempre um desafio grande. E foi algo que a Honda do Brasil resolveu me proporcionar. E eu topei na hora. O certo é que eu chego em um grande momento, o campeonato nunca esteve tão competitivo. O nível é altíssimo. E é isso o que realmente me motiva.
Você estará em uma equipe satélite, a MIE Racing. O que espera encontrar na pista?
Eu sei que é um time muito profissional e está contribuindo para que esse retorno da Honda seja bem sucedido. Meu companheiro de equipe, Takumi Takahashi, é muito rápido e tem uma boa experiência. Acho que vão me ajudar muito nessa estreia.
A Honda voltou ao Mundial de Superbike depois de 18 anos de ausência. Como você vê esse retorno?
Eu sou piloto Honda no Brasil. A marca tem uma imagem de seriedade, incluindo nos carros, mas é interessante quando você está dentro do time e vê as coisas acontecerem de perto, como é o meu caso no Brasil. Eu acredito que em breve veremos esse time fazer grandes coisas no Mundial. É uma questão de tempo.
Corridas – O encontro do Mundial de Superbike no Estoril terá esta sexta-feira (16) dedidada aos treinos livres. No sábado (17), os pilotos entram na pista para o classificatório e a disputa da primeira corrida do final de semana. O domingo (18) verá outro classificatório, no formato de corrida, e a disputa da prova que encerra o final de semana e também a temporada 2020 do Mundial.
Fonte: Assessoria de Imprensa BestPR - São Paulo.
Petrucci (9) Divizioso e Miller: trio Ducati na frente! (Foto: MotoGP.com)
Danili Petrucci, Sam Loews, Celestino Vietti e Niki Tuuli vencem em Le Mans
Que domingo, que alegria fazer parte disso e quanta emoção! O que foi essa etapa do mundial de Motovelocidade! Danilo Petrucci (Ducati) foi o sétimo vencedor diferente até o momento. Sam Lowes (Marc VDS) manteve a fleuma britânica para vencer na Moto2. Celestino Vietti (KTM) venceu mais uma vez nas últimas voltas. E na MotoE o vencedor foi Niki Tuuli, mas a gesta foi de Jordi Torres que conquistou o título mundial, em mais uma corrida desastrada para Eric Granado.
Como sempre vou começar pelos bastidores. Desta vez correu tudo certo na transmissão. Em um dado momento o microfone do Alexandre Barros deu pau, depois foi com o Edgard de Mello Filho, depois com Hamilton Rodrigues e só eu escapei ileso. E de novo pude acordar um pouco mais tarde porque a programação foi atrasada novamente por causa da F-1, mas dessa vez fomos avisados com bastante antecedência. Ainda fico meio nervoso antes de começar, mas pelo menos já consigo dormir bem na noite anterior. O aquecimento de voz ainda é um problema porque ficar fazendo ruídos assustadores às 5 da manhã incomoda os vizinhos, cachorros, gatos e acho que até os pernilongos!
A primeira prova do dia foi a Moto3 já pra acordar ligado em 220V. Antes da largada eu tinha previsto que Albert Arenas (KTM) faria uma corrida pensando no título. Principalmente porque seu adversário direto, Ai Ogura (Honda) estava largando em 17º lugar. Era controlar a emoção e chegar inteiro ao final. Dito e feito. Largou na frente que nem um míssil, se manteve sempre entre os quatro primeiros e só foi surpreendido pelo Celestino Vietti porque o italiano percebeu – a cinco voltas do fim – que poderia vencer. E venceu mesmo! Arenas conseguiu cumprir o objetivo de terminar inteiro em terceiro, com Tony Arbolino (Honda) em segundo.
Um cara de bem com a vida: este é o italiano Celestino Vietti da Moto3. (MotoGP.com)
Ai Ogura fez uma estratégia de marcar o máximo de pontos e ficou lá atrás, terminando em nono. Falando em nono, a presepada do dia ficou por conta do vecchietto Romano Fenati (Husqvarna) que estampou a traseira do seu companheiro de equipe Alonso Lopez. Fenati, que já tem uma extensa ficha corrida, ficou ainda mais queimado na categoria.
Arenas saiu de Le Mans num baita lucro com seis pontos de vantagem sobre Ogura, mas ambos viram um Celestino Vietti chegar a apenas 16 pontos do líder. Ainda tem 125 pontos em jogo!
Mamma mia
O box da equipe Ducati emudeceu por quase 46 minutos. Nem mosca circulava naquele ar carregado. Durante metade da corrida da MotoGP os três primeiros colocados eram pilotos Ducati: Danilo Petrucci, Andrea Dovizioso e Jack Miller. Com o asfalto molhado, pneus de chuva e temperatura congelante tudo podia acontecer com estes três cascas-grossas liderando o pelotão. Especialmente Jack Miller que já tem um currículo extenso de destruição de motos.
Fabio Quartararo preferiu não correr riscos. (MotoGP.com)
Fabio Quartararo (Yamaha) percebeu que não era hora de se arriscar e se preservou pensando no título. Em compensação os franco-atiradores, sem chances de grandes classificações no campeonato, partiram pra cima que nem vikings numa aldeia de virgens. Dois deles se destacaram: Alex Rins (Suzuki), que chegou neste bloco, passou Miller e Dovizioso, se preparava pra dar o bote em cima do Petrucci mas caiu (de novo). Outro foi Alex Márquez (Honda), que já estava devendo uma boa atuação desde a primeira etapa e viu uma chance de ouro. Largou em 18º e chegou em segundo a 1,3 segundo do vencedor! Ganhou o respeito do mundo todo.
Desta vez Alex Márquez mostrou porque foi campeão mundial duas vezes. (MotoGP.com)
Láureas também para Pol Espargaró que levou a KTM ao pódio, em uma corrida segura. Andrea Dovizioso preferiu salvar os pontos do quarto lugar em vez de arriscar marcar nenhum. E Johan Zarco (Ducati) fez uma manobra imcrível ao ultrapassar Miguel Oliveira (KTM) na última curva da última volta para terminar em quinto. Grande pecado para Valentino Rossi (Yamaha), que tinha tudo para fazer outra grande corrida, graças à vasta experiência na chuva, mas caiu na segunda curva!
O campeonato ainda está sorrindo para Fabio Quartararo e na próxima etapa, na Espanha, comenta-se que Marc Márquez poderá voltar. Pena para Stefan Bradl que conseguiu sua melhor colocação no papel de substituto, ao finalizar em oitavo. Mas ótimo para dar ainda mais emoção e este já eletrizante campeonato.
Quer um capacete leve? MT KRE.
Fleumático
De todos os temperamentos da psicologia – sanguíneo, colérico, melancólico e fleumático – o que melhor traduz o inglês Sam Lowes (Marc VDS) é fleumático. Ele desce da moto depois de 25 voltas e um quase tombo com aparência de quem chegou de um chá das cinco. E limpo, ainda por cima! A Moto2 começou quando a pista já formava um trilho seco. É a pior condição de asfalto para os pilotos. A chamada nem-nem: nem seco, nem molhado. Alguns pilotos saíram dos boxes com pneus lisos (slicks) e outros com intermediários (mais ou menos de chuva). E deixaram para decidir a escolha na hora da largada.
Foi aquele festival de trocas de pneus. Mas uma equipe vacilou: a Tennor American Racing do simpático Joe Roberts. Quando o fiscal de pista levantou a placa de 3 minutos a roda traseira da moto dele ainda estava fora. O fiscal mandou todo mundo da equipe pros boxes e Joe Roberts teve de deixar a pole-position livre para largar em último.
Com a calma britânica e paciência chinesa, Sam Lowes venceu mais uma. (MotoGP.com)
Aí aconteceu a segunda grande presepada do dia, essa muito mais perigosa. As motos estavam alinhadas no grid e nada de Joe Roberts chegar. O fiscal de grid acenou a bandeira verde mas Roberts ainda estava chegando. Resultado: quando deram a largada Joe Roberts estava saindo da curva e atrás do carro de segurança, o que é absoluto e totalmente proibido pelo regulamento. A largada deveria ter sido anulada, mas... fingiram que nada aconteceu! Eu dei um grito na transmissão e acho que acordei muita gente!
O líder do campeonato, Luca Marini (VR 46) achou melhor se preservar, pensando que tem cinco corridas encavaladas pela frente, e decidiu aliviar tanto que nem sequer marcou pontos, terminando em 17º. Mas esquece ele. O pau comeu foi lá na frente.
Primeiro o inglês Jake Dixon (Petronas) assumiu a ponta e foi embora, levando junto outro inglês, Sam Lowes. Os dois se isolaram na frente. Logo atrás o trio formado por Marco Bezzecchi (VR46), Remy Gardner (TKKR) e Augusto Fernandez (Marc VDS) se atracou até a bandeirada. Foi o duelo mais emocionante da prova, tanto que o diretor de imagem esqueceu dos líderes e focou nestes três. Mas... eu ouvi o som de uma queda pelo áudio original e ficamos esperando pra ver quem tinha sido a vítima: Jake Dixon, simplesmente perdeu a frente e viu o que seria a primeira vitória no mundial escorrer pela caixa de brita. Uma grande pena porque colocaria o piloto em evidência e dificilmente teria outra chance. Mas pista úmida é traiçoeira mesmo.
Com Sam Lowes seis segundos à frente o mundo grudou o olho naquele trio. Quando entraram na última volta Remy estava em terceiro e mostrou muita precisão para dar o bote faltando duas curvas para o fim, de forma inesperada e milimétrica. Bezzecchi terminou em terceiro, desapontado, mas num tremendo lucro porque Luca Marini nem pontuou.
A TV mostrou o choro do Dixon ao chegar nos boxes. Achei ótima essa demonstração de humanidade para que o mundo saiba que por trás daqueles capacetes vivem heróis sim, mas que sofrem como todo ser humano. Eu já perdi uma corrida na última curva mas só fui chorar quando cheguei em casa...
Jordi Torres, um campeão muito gente boa! (MotoGP.com)
MotoEeeeee...
É um campeonato curto, com provas curtas e, desculpe o trocadilho, sujeito a curto circuito! O campeonato mundial de MotoE teve duas etapas em Le Mans, encerrando a segunda temporada. No sábado, com a pista seca, mas gelada, vimos um festival de absurdos. Primeiro com a queda de Matia Casadei (SIC 58), quando a moto ficou parada no meio da pista e a prova teve de ser interrompida. Os fiscais não podem encostar nas motos elétricas sob risco de esturricar numa descarga elétrica. Só os “minions” devidamente preparados podem remover a moto e isso demora.
Na segunda largada outra pancadaria, dessa vez com Dominique Aegerter (Dynavolt), meu professor Nicolò Canepa (LCR) e Xavier Simeon (LCR), logo em seguida o líder Mateo Ferrai (Gresini) também foi catapultado da moto. Como as motos não ficaram na pista a prova não foi interrompida. Mas para desviar da confusão Eric Granado (Avintia) caiu para última posição. Remou uma barbaridade para conseguir o sexto lugar.
Niki Tuuli, finlandês gosta de frio! (MotoGP.com)
Lá na frente Jordi Torres ignorou tudo e todos e venceu, colocando uma mão na taça. Depois vieram Mike Di Meglio (Marc VDS) e Niki Tuuli (Avant Ajo).
No domingo foi a última e decisiva prova. Dessa vez com a pista úmida e Jordi Torres só precisava o oitavo lugar para ser campeão. Cumpriu a tarefa, terminou em sexto e levou o caneco. A prova foi vencida pelo finlandês Niki Tuuli (que foi o primeiro vencedor desta categoria), com o francês Mike de Meglio logo atrás e o australiano Josh Hook (Pramac) em terceiro.
Eric Granado teve uma corrida pra esquecer. Largou muito bem, mas na segunda curva perdeu o ponto de frenagem e escorregou, levando junto Alejandro Medina (Aspar). No balanço o brasileiro teve um ano difícil. Começou muito bem com uma vitória na primeira etapa, mas na segunda foi abalroado quando estava em segundo brigando pela vitória. Daí em diante muitas provas difíceis e acidentes o fizeram despencar na classificação para o sétimo lugar. Para 2021 ainda não tinha uma equipe definida, mas com chances de voltar para a Moto2. Vamos torcer!
Eric começou bem, mas foi sofrendo problemas ao longo do ano. (Foto: BestPR)
O que eu não disse
No intervalo da Moto3 para MotoGP comecei a contar uma história do dia que pilotei uma superbike (Aprilia RSV Mille) em um circuito oval em Las Vegas, EUA. Depois não consegui terminar porque chegou o Alexandre Barros e o ômi fala pra caramba! E depois esqueci...
A história é a seguinte: no ano 2000 eu fui para os Estados Unidos, mais precisamente em Las Vegas, para testar os novos pneus Dragon Evo da Pirelli para Superbikes. A pista Las Vegas Motor SpeedWay eu já conhecia porque tinha feito um curso lá no ano anterior, mas dessa vez incluíram um trecho do oval da Nascar. Parecia moleza, mas aquela curva inclinada é literalmente uma parede. Tentei subir a pé e na metade já estava com os bofes de fora!
Eu na Aprilia RSV Mille no circuito de Las Vegas: de 285 km/h para 60 km/h em uma frenagem.
A pista era sossegada, mas esse trecho do oval fazíamos de mão no fundo, motor cortando giro e mantinha a moto dando final por uns 5 segundos. Uma eternidade quando você está em cima da moto. Depois uma frenagem para primeira marcha e uma curva de 60 km/h. Imagina o soco no estômago!
Estava tudo tranquilo, mas antes de eu entrar na pista o mecânico me puxou no canto e falou “cuidado com a transição do circuito misto para o oval”. Guardei essa informação, saí para a primeira volta e não vi nenhum problema nessa transição. Sim, eu estava a uns 80 km/h.
Na segunda volta completa cheguei nesse ponto a uns 180 km/h. Quando saí do misto para entrar no oval foi como se tivesse passado por cima de um degrau invisível. Deu um tranco tão forte que bati o queixo no painel e os miúdos no tanque. Fiquei grogue, voltei pros boxes encolhido que nem um feto, desci da moto, pedi um saco gelo pro queixo e outro pro... você sabe. O mecânico veio calmamente na minha direção e falou com o sotaque napolinado: “mas que cazzo, eu te avisei!!!”. Depois disso o teste correu normal mas demoraria alguns meses para eu voltar a ser fértil.
Eu, de Suzuki GSX-R 600 no circuito misto de Las Vegas: deita muito!
Bastidores
E não poderia deixar de comentar sobre o lado de cá do balcão da transmissão. Revi as corridas e posso afirmar peremptoriamente: somando os treinos de sábado e as corridas de domingo, neste fim de semana NUNCA se deu tanta informação sobre motos, pneus, pilotagem etc.
Ainda estamos aguentando as viúvas, claro, mas se pegar tudo que explicamos, eu, Edgard e Alexandre Barros nos dois dias de provas teve mais informação do que todos os 13 anos da emissora anterior e seu locutor engraçadinho. Não criticamos a sua sogra, não te chamamos de pobre, não falamos que você chegou da balada agora, não torcemos pra nenhum piloto, nem mesmo para o brasileiro Eric Granado, não fizemos a louca fã de nenhum piloto e muito menos inventamos apelidos para ninguém. Mas ainda tem gente que sente falta disso...
Pra você que acha que faltam detalhes técnicos, existe o canal para fazer perguntas: Twitter! Eu tenho, mas não uso. O narrador Hamilton Rodrigues que controla isso. Manda a pergunta pra ele que nós respondemos. Mas se não mandar depois não fica mimimizando no Facebook “ain, eles não dão detalhes técnicos, mimimi...”. Manda, pow, coloca a cara lá que nós respondemos, mas se não perguntar eu não vou ficar enchendo o saco dos outros explicando octanagem, arrefecimento, velocidade angular de virabrequim, cáster, trail o escambau a quatro. Tem dois ex-pilotos, um ex-chefe de equipe de moto pra responder tudo sobre moto, fiquem à vontade porque agora são especialistas de verdade.
Dafra Citycom 300i: uma das melhores motos/scooters que tive na vida.
Fotos: Divulgação
Se existisse uma eleição do scooter mais querido pelos proprietários certamente a Dafra Citycom 300i ganhava disparado. Desde seu lançamento em 2010 nunca vi um proprietário se queixando dela. Só elogios! E eu engrosso esse coro de felizes proprietários porque tive uma por dois anos.
Quando foi lançada, em setembro de 2010, tive a oportunidade de avaliar durante um evento. Já naquele primeiro contato chamou atenção pelo conforto, estabilidade e uma de suas maiores qualidades: custo x benefício.
A primeira versão já tinha freios a disco nas duas rodas, com revestimento de aço (aeroquip) que chamou atenção porque o freio traseiro travava muito fácil. Tudo porque usaram o mesmo disco e pinça nas duas rodas, quando o ideal em motos e scooters é usar um freio traseiro menos potente.
Graças às rodas de 16 polegadas é muito bom de curvas
Mas isso foi corrigido na segunda geração, lançada em 2014, quando recebeu freios CBS (combinado) e melhorias no motor que elevaram a potência para 27,8 CV a 7.750 RPM, que deixou ainda melhor para uso na estrada, sem comprometer os ótimos níveis de consumo.
Conforto além da conta
É difícil destacar apenas um ponto alto desse scooter, mas pode-se dizer sem exagero que é um dos produtos mais confortáveis do mercado. Além de grande, o banco em dois níveis tem espuma de boa densidade, que permite pilotar por horas seguidas. Justamente por isso é indicado para viagens, sem limites. Existem relatos de aventureiros que cruzaram a América do Sul montados em Citycom. Eu mesmo fui várias vezes para Campos do Jordão (200 km de SP) e Ubatuba (240), além de vários bate-voltas pelo interior.
O banco largo e em dois níveis permite levar garupa com conforto
Outra razão dessa vocação estradeira é o para-brisa alto que desvia o vento por cima da cabeça do piloto. Pode-se manter velocidade de 110 a 120 km/h por muito tempo se causar cansaço. Contribui para o conforto o baixo nível de vibração desse motor de um cilindro. Em marcha lenta percebe-se a vibração, mas basta colocar em movimento para o motor apresentar um funcionamento mais suave.
Na minha Citycom eu fiz um prolongamento do para-brisa usando uma viseira de capacete. Porque para minha altura (1,68m) o vento desviado acertava em cheio a minha testa! Com um sistema de borboletas eu podia colocar e retirar facilmente esse difusor. Na cidade eu andava sem e colocava só pra viajar.
Por ser um produto pensado em atrair donos de automóveis, uma de suas facilidades é uma tomada 12V dentro de um pequeno porta-luvas. Serve para carregar celular ou GPS.
A tomada 12V permite carregar celular ou GPS
Liquidez
Um dos elementos que mais contribui para o sucesso da Citycom são as rodas de 16 polegadas. Elas se aproximam do padrão das motos (entre 17 e 18”) e isso a deixa mais parecida com uma moto automática do que com os scooters pequenos. Tive a chance de enfrentar estradas cheias de curvas e para o meu estilo radical da terceira idade ela tem estabilidade de sobra. Inclina até o limite do cavalete pegar no chão para a esquerda ou o escapamento em curva para direita. Falando em escapamento é o único item que destoa do estilo. Parece mesmo que foi adaptado para a legislaão brasileira, porque além de muito desproporcional, fica muito exposto, superando até mesmo o limte do guidão. Difícil achar um Citycom que não esteja com o protetor do escape todo raspado.
Nas últimas versões ela vem com painel completo, inclusive com um aviso de manutenção da correia de transmissão. O fabricante recomenda a troca a cada 15.000 km. Também chama a atenção pelo consumo generoso. Sem grandes esforços pode-se fazer médias acima de 25 km/litro. Na minha tocada de tiozinho fiz várias vezes mais de 30 km/litro.
Por minha influência vários amigos compraram o Citycom. Alguns já estão no segundo ou terceiro. Outro já virou mais de 100.000 km e os relatos são sempre os mesmos: basta trocar óleo, pneus, pastilhas e correia que não tem aborrecimento. Um efeito colateral de quem compra Citycom é ver a bateria dos carros descarregarem por falta de uso. Eu mesmo preferia até sair de Citycom na chuva a ter de pegar trânsito de carro. Tornou-se o segundo veículo de muitas famílias aqui do meu bairro. Inclusive as esposas adotaram - e algumas nunca mais devolveram!
O painel é completo, com indicador de revisão)
Por ser um produto simples, bem acabado e econômico, a procura é muito grande. Uma das vantagens de comprar um scooter usado é que a maioria deles foi pouco rodada. Normalmente as pessoas usam scooters para percursos pequenos. Só realmente o visual já está bem cansado depois de quase 10 anos de mercado. Porém continua atual, com linhas retas. Uma nova versão de Citycom já chegou ao mercado, o Citycom HD 300. Mas, sinceramente, prefiro o 300i CBS.
Suas qualidades e a boa reputação o colocam também com um dos scooters com maior liquidez no mercado. Posso testemunhar porque anunciei o meu Citycom às 9:00 da manhã e já estava vendido ao meio dia! Os valores variam de R$ 8.000 (2010) até R$ 18.500 (2019). A versão atual, zero km está cotada em R$ 20.590. Infelizmente são apenas duas opções de cores: preto e branco (que original), mas uma das primeiras coisas que um usuário de Citycom deve fazer é plotar com cores mais alegres. Já vi laranjas, azuis, vermelhos etc.
A cor azul saiu apenas na primeira geração do Citycom
O que deve observar na compra de um Citycom usado?
Primeiramente o aspecto geral, se os plásticos estão brilhantes, se o banco não apresenta fissuras e não há vestígios de queda. O item de manutenção mais comum é a correia de transmissão. É preciso levantar quando foi a última troca. Normalmente ela deve ser trocada a cada 15.000 km, mas isso é um exagero de prevenção da fabricante. Pode tranquilamente aumentar esse prazo para 20.000 km. Além da correia, os roletes também precisam de trocas, mas em períodos que passam de 35.000 km.
É um produto muito confiável, de manutenção simples, sem dor de cabeça se forem feitas as manutenções recomendadas.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
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