Moderna, compacta e versátil: a CB 500F volta muito melhor!
A verdadeira média
A Honda CB 500 reaparece no mercado mais moderna, econômica e bonita
Esqueça aquela CB 500 que saiu de linha há 10 anos, com preço de tabela de R$ 22.000. Essa nova apresentada no Salão da Moto em outubro é um projeto 100% diferente. Não tem nenhum parafuso sequer do modelo extinto. Portanto nada de comparações! Mesmo assim ela chega pelo mesmo valor que se despediu: R$ 22.000.
Começando pelo visual que ficou mais bonito, compacto, muito próximo ao da CB 300R. Inclusive ela é tão fina que lembra a posição de pilotagem da 300. Os pés ficam recuados e os braços bem relaxados, graças ao guidão levemente baixo, mas bem largo. É uma posição confortável tanto para uso na cidade quanto na estrada.
Somente o painel que poderia ser um pouco mais legível. A tela de cristal líquido é pequena e o conta-giros por barras de difícil leitura. Também ajudaria um marcador de marchas, mas tem o indicador de combustível e hodômetros total e parcial digitais. Esquisita também ficou a posição dos comandos do punho elétrico, com a buzina em cima do acionamento do pisca. No começo acabamos buzinando para virar e ligando o pisca para buzinar! Essa, aliás, parece uma tendência das motos Honda, porque está presente também na NC 700.
E finalmente a suspensão traseira é monoamortecida, regulável na pressão da mola, com elos progressivos, o conhecido Pro-Link. Junto com a suspensão dianteira bem macia e o banco largo e com espuma de densidade suave deixam essa 500 muito gostosa de pilotar.
Na parte mecânica vem o melhor da festa, com o motor de dois cilindros inspirado na pequena esportiva CBR 250R. Com cabeçote de quatro válvulas por cilindro poderia ser um motor sem força em baixa rotação, mas graças ao mapeamento da injeção/ignição e a curva de torque em uma rotação mais baixa (7.000 RPM) esse motor se mostrou com muita disposição já a partir de 2.500 RPM. Junto com o câmbio de seis marchas essa configuração do motor fica muito bom para usar a moto na cidade, sem comprometer o conforto e a velocidade de cruzeiro na estrada.
Com disco nas duas rodas o freio – como de costume nas Honda – é muito eficiente, e oferecido também com sistema anti-travamento (ABS).
Como anda
Muito bem! O funcionamento do motor lembra vagamente o da velha CB, porque tem o mesmo formato de dois cilindros paralelos, mas o nível de vibração só é mais perceptível em marcha-lenta, porque graças ao uso de um eixo balanceador as vibrações em médias rotações ficaram mais contidas. Também está menor o nível de ruído emitido pelo grande escapamento tipo dois-em-um.
Com bastante vigor nas baixas rotações pode-se rodar em marchas mais altas e o consumo revelou-se até espantoso para uma moto de 50,4 CV, fazendo média de 25 km/litro na cidade! Para ter uma ideia do quão impressionante significa essa marca de consumo, basta lembrar que uma moto 250cc é apenas 10% mais econômica do que isso. Fica evidente que a preocupação da Honda está ligada diretamente ao baixo consumo, porque é o segundo lançamento que surpreende por essa característica, a exemplo da já citada NC 700.
Outro aspecto que impressiona é a facilidade de pilotagem para uma moto de 178 kg. Como ela é baixa (78,5 cm do banco ao solo) seu porte é praticamente o mesmo do da CB 300. Por isso ela é muito fácil de pilotar na cidade e o guidão esterça bem. Boa também foi a opção pelas rodas (muito bonitas, por sinal) de 17 polegadas, com pneu traseiro 160. É provável que alguns desinformados queiram instalar pneu mais largo, mas além de desnecessário é perigoso. Do jeito que ela sai consegue combinar um bom nível de conforto, com estabilidade em curvas. Tanto que essa moto, na versão carenada, é usada nos campeonatos monomarcas para iniciantes na Europa – e devem estrear no Brasil em 2014.
Falando em velocidade, só para não deixar em branco, não tive a chance de medir a velocidade máxima real, por causa da chuva, mas deve chegar a pouco mais de R$ 170 km/h, de bom tamanho para essa categoria.
Seria uma boa moto para quem pretende sair da categoria 250/300cc mas ainda não engordou o cofrinho o suficiente para entrar nas 600cc de quatro cilindros. O modelo quatro cilindros mais barato é a Yamaha XJ 6N, vendido a R$ 28.500. Para muita gente estes R$ 6.500 a mais pesa bastante, mesmo quando em parcelas.
O que tem de bom
- Baixo consumo
- Posição de pilotagem
- Preço
Nem tanto
- Vibração em marcha-lenta
- Comandos elétricos do punho
- Painel
Ficha Técnica
Motor – dois cilindros, 8 válvulas, arrefecido a líquido
Potência – 50,4 cv a 8.500 RPM
Torque – 4,55 kgf.m a 7.000 rpm
Câmbio – seis marchas sequenciais
Quadro – tubular de berço duplo
Comprimento – 2.075 mm
Entre-eixos – 1.410 mm
Largura – 780 mm
Altura do banco – 785 mm
Peso (seco) – 178 kg (sem ABS)
Freio – a disco nas duas rodas
Pneus – Dunlop D- 120/70-10 T-160/60-17
Preço (estimado) – R$ 22.000
As concorrentes. A bem da verdade não existem concorrentes, porque a Honda é a única do mercado que oferece uma versão 500cc. Mas já que você vai fazer a famosa pergunta "qual eu compro?", já adianto as que mais se aproximam.
Kawasaki ER-6n - R$ 25.990
Potência - 72,1 CV
Motor tipo - 2 cilindros paralelos, 8 válvulas, arrefecimento líquido
Motor mais forte, visual chamativo, que lembra uma moto de uso-misto
Suzuki Gladius - R$ 27.000
Potência - 72 CV
Motor tipo - 2 cilindros em V a 90º, 8 válvulas, arrefecimento líquido
Acaba de chegar com estilo moderno, pequena e fácil de pilotar.
BMW G 650GS - R$ 29.800
Potência - 50 CV
Motor tipo - 1 cilindro, 4 válvulas, arrefecimento líquido
É a única com proposta de uso-misto, mas tecnologia muito antiquada.
Nunca publiquei no Motite qualquer texto que não fosse de minha autoria. Mas tive de abrir uma exceção primeiro porque esse Octavio Tostes é aquele tipo de jornalista que eu chamo de "jornalista de raiz", o cabra escreve bem pacas. Segundo porque é uma tentativa de fazer do Motite um blog mais efetivo e com conteúdo mais variado.
Delicie-se, literalmente, com esse saboroso relato de uma viagem de moto simples, tranquila e sem pretensões aventurescas!
Faiscando nas lavras de Diamantina
Texto e fotos: Octavio Tostes
Para a galera do StradaS Moto Clube
O prato fundo de ágata branca serve comida mineira na Venda do Chico, restaurante sombreado no quilômetro 743 da Fernão Dias, sentido BH. É sábado, hora do almoço na viagem de São Paulo a Diamantina. Meu amigo Ulisses e eu começamos a bordejar de motocicleta a região da Estrada Real, primeiro caminho do Brasil no tempo do ouro e dos diamantes.
Foi diante um prato desses, conta Ulisses, que saquei porque os mineiros são discretos (ou dissimulados). Ágata é leve, não quebra e quem faísca não grita o que achou na lavra. Escuto e desconfio, enquanto misturo, uma por vez, pimenta malagueta, cumari e habanera ao arroz com feijão, mandioca, costelinha, couve, lingüiça e angu que me devolvem a infância na fazenda entre Palma (MG) e Miracema (RJ), na zona da mata mineira.
Na saída, o disco de arado anunciando com capricho leitoa caipira para viagem reviveu meu pai. Ele falava com gosto de uma placa de trânsito improvisada que proibia estacionar carro de boi em frente à prefeitura de Palma. O mijo dos animais deixa um cheiro muito forte, explicou meu irmão Pedro, fazendeiro, quando conferi com ele esta lembrança para lapidá-la aqui.
Ao manobrar no cascalho, comentei esse é o chão que mais respeito, o mais fácil de beijar, arrematou Ulisses. Não imaginávamos quanto aquela conversa fiada era profética. Na chegada a Tiradentes, a estação de trem, clara, lambrequins rendilhando o telhado, me enterneceu. Comprei uma pomada pilotar 500 quilômetros em 10 horas assa tanto quanto cavalgar.
No café da manhã na pousada, Beth Samos, dona de salão em Belzonte, ex-trilheira de moto e agora jipeira solitária, garante que a estrada vicinal para Diamantina está boa. Valeu, Beth. Curvas suaves, quando a moto deita, parece surfe ou capoeira. O motor canta, passando por pastos, vacas e trem que apita. Coronel Xavier Chaves, Lagoa Dourada, São Brás do Suaçuí, as cidades recendem a torresmo, domingo e para chegar com dia, riscamos BR 040 acima.
Não deu para entrar em Cordisburgo, o berço de Guimarães Rosa ficou para a próxima. Retões, solão, miragem, sertão azul acachapante. Quando atravessávamos a paisagem de granito já perto de Diamantina, o sol era uma enorme laranja cadente. Descer de moto as ladeiras de pedra capistrana da cidade de Chica Silva e Juscelino Kubitschek foi pisar em ovos escorregadios. Caía a noite.
A pousada Relíquias do Tempo é um museu para viajantes. Oferece o café da manhã em torno do fogão a lenha, com bolos, geléias, sequilhos, pão de sal e de queijo, sabores da minha avó mineira. Subimos e descemos ladeiras contemplando igrejas e casario. À tarde, na poltrona de madeira do jirau, fumei um charuto ao lado da jabuticabeira.
Carmem, a dona da pousada, contou com entusiasmo que comprou dos tios o casarão do século XVIII onde morara seu avô e, com o marido, se dedica a preservar ali a memória da região. Descreveu peça por peça a sala com reportagens, fotos, cartões, um pijama e o violão autografado pelo seresteiro JK. Depois, a sala com a maquete de um garimpo, peças ainda da escravidão, bateias, instrumentos de lapidação e fotos do sogro e do pai dele, diamantários – negociantes de gemas.
O tombo profetizado na Venda do Chico aconteceu no início da volta. A estradinha de terra entre Datas e Congonhas do Norte era costela no meio e cascalho nas beiradas. Íamos a 20, 30 por hora quando Ulisses caiu. Catei assustado o freio dianteiro e beijei o chão também. Ele trincou um dos ossos da perna, mas a gente só soube pela chapa em São Paulo.
Entre o susto e a chegada na sexta seguinte, houve mais acontecências. Sabedoria de preta velha na Serra do Cipó, heroísmo do amigo em passar marcha com o calcanhar ao longo de mil quilômetros – seu pé esquerdo não dobrava - , sossego em Monte Verde, goiabada com queijo, achados que talvez seja melhor guardar por ora. Há sempre dias sem assunto e parece acertado mesmo não alardear toda pepita que se leva no embornal.
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