(A gente aprende muito participando de treinos nas pistas. Foto: Claudinei Cordiolli)
O aprendizado que vem das pistas
Ao contrário do que muita gente pensa, participar de competições motociclísticas pode ser um excelente meio para melhorar a pilotagem nas ruas e estradas. Durante 22 anos (1977-1999) disputei competições nas mais diferentes modalidades em duas e quatro rodas, tanto em pistas quanto no fora-de-estrada. E posso afirmar sem qualquer dúvida que isso ajudou muito a preservar minha integridade para pilotar na rua todos os dias.
Hoje podemos observar que muitos motociclistas optaram por usar as motos esportivas e fora-de-estrada exclusivamente em competições, enquanto nas ruas e estradas usam motos mais "domesticadas". É uma prova de bom senso, porque não corre o risco de cair em tentação e usar as estradas como se fossem pistas de corrida.
Algumas das lições que pode se tirar das competições:
Tempo de reação - Também chamado de reflexo é o tempo entre o cérebro detectar um problema, interpretar, escolher a ação e a moto se movimentar. Uma pessoa comum, saudável, na faixa de 30 anos costuma reagir entre 1 e 1,5 segundo, mas esse tempo pode dobrar se for uma pessoa sedentária, acima de 50 anos. Já um piloto treinado consegue reagir em uma fração de dois décimos a meio segundo, chega a ser 1/3 do tempo normal. Quando pilota fora das pistas essa habilidade também é aproveitada nas mais diversas situações, mas principalmente nas frenagens.
Visão em foco - Quanto maior a velocidade menor é o campo visual. Isso é natural de qualquer pessoa. Quando um motociclista começa a disputar provas de velocidade ou motocross aprende a desenvolver a visão periférica mesmo em altas velocidades. É uma questão de treino e sobrevivência, que ajuda muito na pilotagem urbana. Seria mais ou menos como trocar a antena interna da TV por uma parabólica. Especialmente na hora de passar nos corredores entre os carros, essa visão periférica e "antenada" ajuda a sair de situações inesperadas como uma fechada ou um buraco encoberto.
Sensibilidade - Não, não se trata daquela sensibilidade que leva a chorar diante de uma cena de novela. Mas a capacidade de sentir cada reação da moto, principalmente o coeficiente de aderência dos pneus. É comum ver motociclista nas ruas rodando com os pneus visivelmente murchos ou gastos ao extremo sem perceber o risco que está correndo. Depois de alguns anos treinando em pistas ou mesmo no fora-de-estrada os pilotos desenvolvem uma grande capacidade de avaliar o tempo todo qual a real condição de aderência e como os pneus estão reagindo. Sobretudo pilotos de rali ou enduro, porque pilotam no limite da aderência, mas sem saber que tipo de piso irá encontrar 100 metros adiante.
Manutenção e conservação da moto - Qualquer pessoa envolvida com competição sabe da importância de 100% da eficiência mecânica. Para ser um bom piloto é preciso conhecer mecânica e saber interpretar todos aqueles dados que aparecem na ficha técnica de uma moto. Geralmente a competição nos ensina a preservar os veículos porque deles depende parte do sucesso. E isso se estende para os veículos de uso. Um bom piloto sabe da importância de manter os pneus sempre calibrados e em bom estado, assim como o filtro de ar limpo, respeita os limites de troca de óleo etc.
Noção de tempo e espaço - Competição não é apenas a briga por frações de segundo. Nas modalidades fora-de-estrada, como rali e enduro, os pilotos aprendem a administrar o tempo, a velocidade e a distância a ponto de calcular a velocidade sem precisar olhar constantemente para o velocímetro. Durante alguns anos eu fazia o mesmo percurso todos os dias e aprendi a controlar o tempo marcando referências fixas como viaduto, esquina, um edifício importante etc. Quando passava nas referências eu olhava a hora e sabia se podia reduzir a velocidade ou se precisava apertar o ritmo para não chegar atrasado. Isso é mais difícil de fazer em cidades como São Paulo por causa da quantidade absurda de semáforos. Mas normalmente funciona!
Um grande engano é acreditar que pilotos de motos e carros são malucos, que arriscam a vida em troca de prazer e notoriedade. Esse preconceito é resultado da ignorância (como todo preconceito) sobre o tema. Para ser piloto é preciso ser muito lúcido e o aprendizado das pistas nós levamos para fora delas.
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