(Coisinha fofa da mamãe...)
Caros Motíticos que acompanham este blog desde a sua inauguração lá nos idos de 2009. Lembram quando escrevi uma vez que não entendia a resistência das empresas em patrocinarem o curso SpeedMaster de Pilotagem? Pois meu inconformismo não é motivado pela vontade de meter a mão numa grana preta e passar o resto da vida só escalando pelo mundo (o que não é de toda uma má idéia), mas pelo fato de eu conhecer profundamente o meio jornalístico. Sou jornalista desde que nasci, trabalhei com assessor de imprensa e sei como funciona essa coisa de "oferecer uma pauta". Tanto é verdade que está aí mais uma grande matéria publicada no Jornal AutoShow, do mesmo grupo que faz o programa AutoShow. Foi uma página inteira de entrevista (transcrita abaixo), além de chamada na capa. Espertas são a Honda e a SBK que perceberam essa oportunidade e estão aí colhendo o retorno de um investimento bem modesto. Leiam a íntegra da matéria.
Entrevista com Geraldo Tite Simões
Jornalista que sabe tudo e mais um pouco de motociclismo
Você escreveu certa vez que as exigências para tirar habilitação no Brasil são inócuas. Entregar carteiras pelas mas surtiria o mesmo efeito...
Tirar habilitação de moto no Brasil e ridículo. Os·instrutores são mal instruídos. Por exemplo: é muito comum eles orientarem os alunos durante as aulas para não utilizarem o freio dianteiro, só o traseiro. Até porque, durante o exame, se o aluno usar o freio dianteiro, será reprovado. Oras, acontece que o freio traseiro não corresponde a nem 20% da frenagem. O freio da frente e o principal. Então o aluno receberá carta, vai para a rua e, por seguir os·conselhos equivocados dos instrutores bate na traseira de um carro. Como pode? É um absurdo.
Adotar o exemplo do Japão, onde o aluno realiza provas específicas para cada tipo de moto é o ideal?
O Japão e o melhor exemplo mundial neste aspecto. Lá pelos anos 60, o índice de acidentes no país era muito alto, pois tinham muitas motos em circulação que, além de deixarem a desejar na tecnologia de freios e suspensão, ainda eram pilotadas por pessoas pouco instruídas. O que eles fizeram? Criaram treinamentos específicos para cada categoria de moto. Se a pessoa utiliza scooter para deslocamentos urbanos só recebe treinamento para este tipo de veículo. Afinal, pra que aprender uma coisa que não usará? E o nível de exigências para tirar carta é alto. O candidato precisa demonstrar até mesmo que tem força para levantar sua moto do chão, em caso de queda.
Já na Europa, o mais comum é a habilitação por faixa etária e por cilindrada. Um jovem de 14 a 16 anos, por exemplo, só pode dirigir um ciclomotor. Dos 16 aos 18, uma soooter ou até uma 125 cc e, depois dos 18, se passar por um exame bastante difícil, pode dirigir qualquer moto.
É importante que a pessoa escolha sua moto de acordo com o seu tamanho?
Sim. Um sujeito grande· em cima de uma moto pequena pode ate danificá-la porque não é feita para suportar tanto peso.
O contrário também. Um sujeito pequeno em uma moto grande dificulta algumas manobras em baixa velocidade. Além disso, numa queda com a mota parada, as vezes nem é possível levantá-la. Falta força. O ideal e comprar uma moto que case bem com o seu biótipo.
Em matéria de segurança, colete airbag é uma realidade?
Eu testei e achei muito pesado, desconfortável para um país quente como o nosso. Mas é o caminho para o futuro. Só precisa aprimorar. Aliás, a aplicação de airbag em motos será cada vez mais comum.
Tira uma curiosidade. O preço do capacete influencia na sua eficiência? Ou qualquer capacete certificado pelo Inmetro é igual?
De jeito nenhum. Em uma queda, estes. capacetes vendidos a R$50 oferecem a mesma proteção de um boné (risos). Isto porque a avaliação do Inmetro é equivocada. Eles jogam um peso em cima da peça para determinar a resistência do produto. Mas isto só comprova que protege o indivíduo de objetos que se projetem contra ele. O problema é que num acidente de moto, o capacete é que vai contra o solo, não o contrário. Este capacete que temos aqui, provavelmente, não seria aprovado internacionalmente.
E se eu comprar um capacete importado, da melhor qualidade, mas sem o selo do Inmetro, não posso utiIizá-Io aqui.
Isso (risos).
Qual a participação dos carros nos acidentes?
Por incrível que pareça, hoje a relação entre motorista e moto é muito melhor do que era nos anos 70, porque tem tanta moto, que os motoristas se acostumaram a presença delas. Agora, é fato que São Paulo não é uma cidade para motociclista novato. É muito perigosa. Uma coisa que ainda não aconteceu por aqui é os motociclistas entenderem qual o espaço deles nas vias. Andar no corredor, entre os carros, nem é o maior problema. O que precisam e aprender a se manter no campo de visão dos carros. Por exemplo,andar numa velocidade baixa na pista da esquerda é um perigo, e muita gente faz. Ali, a chance de levar uma batida por trás é grande, pois a moto é estreita, e fica despercebida pelo resto dos condutores.
Box- Geraldo Tite Simões iniciou sua carreira de repórter a convite de Reginaldo Leme, o principal comentarista de automobilismo da Rede Globo atualmente e que na época possuía um jornal impresso especializado no assunto. Com tempo e experiência de quem pilota moto desde os 12 anos, Tite se transformou num dos mais respeitados jornalistas do setor. Escreveu sobre motociclismo para sites, revistas e jornais, meio onde, aliás, mantém uma coluna semanal até hoje no Diário de São Paulo.
Nova Saveiro Cross: bonitinha, mas não cabe moto...
Existem dúvidas que perseguem a humanidade desde a invenção do motor a combustão interna. Por exemplo: comprar uma moto esportiva para chegar ao delírio máximo de prazer nas curvas de qualquer serra, mas sofrer no trânsito e nas ruas esburacadas, ou comprar uma moto de uso misto para ganhar conforto na cidade e nos buracos, mas perder o prazer de fazer curva. Oh, dúvidas. Comprar um prático scooter, ou uma moto 125 cc utilitária?
Estou vivendo um desses momentos de dúvida que nos persegue ad eternum. Com o sucesso (graças a Deus) do meu curso de pilotagem SpeedMaster senti necessidade de uma forma de transportar a moto para Piracicaba (interior de SP, onde se realiza o curso). E bateu uma das dúvidas mais cabeludas: comprar uma picape, uma carreta ou alugar carreta quando necessário? Carreta x Picape, um dilema que assola boa parte dos motociclistas.
Já tive os dois: uma carreta para três motos e uma picape Ford Ranger 1997 (4 cilindros) pela qual eu era ardorosamente apaixonado. Gastava pra caramba (a gasolina!), mas eu nem ligava. Foi a época em que corri no campeonato brasileiro de motovelocidade e a necessidade me fez procurar um veículo para transportar a moto e mais toda tralha agregada. Como a Ranger tinha capacidade para três pessoas eu podia ainda viajar nos finais de semana com minhas duas filhas, que eram pequenas, nos finais de semana de papai separado. Elas também curtiam e aprenderam a dirigir nesta picapona.
Picaponas: boas quando estão carregadas, mas vazias pulam mais que cabrito
Só que elas cresceram – e muito! – sim, porque apesar de a gente não aceitar isso, os filhos crescem. Levar três adultos na cabine começou a ficar desconfortável, voltei a usar um carro “normal” e adquiri uma carreta para levar a moto de corrida. Na condição de ex-dono de picape e carreta fiz uma espécie de teste comparativo (absolutamente pessoal) entre as duas opções. Vamos lá!
Para começar eu não compraria uma picape grande. Como elas são projetadas para levar muito peso (entre 700 e 1.000 kg), a suspensão é calibrada para esta carga. Quando rodam vazias tornam-se desconfortável e pulam demais nas ruas paulistanas cheias de lombadas e buracos. Porém, com a caçamba mais longa e larga é possível levar duas ou até três motos, mesmo com a tampa traseira fechada. A opção no momento é por uma picape pequena, porque tem a suspensão mais equilibrada entre carga e conforto.
Aqui faço um parêntese. Um grande golpe da indústria automobilística é medir a caçamba de suas picapes em litros e não em cm ou polegadas. Para conseguir o status de “maior caçamba da categoria” alguns projetistas lançam mão de uma gambiarra técnica e aumentam cada vez mais a linha de cintura da caçamba, de forma até a dificultar a visão traseira do motorista. Veja a Montana, por exemplo, a caçamba é tão alta que se colocar uma tampa por cima quase vira uma van! Como ninguém leva água em picape, essa medição em litros torna-se uma enorme bobagem. O que vale para quem vai transportar coisas normais como moto, geladeira, colchões, telhas etc são as medidas internas da caçamba, como largura, altura, comprimento e diagonal, em centímetros, obviamente.
No aspecto puramente métrico, a maior caçamba entre as picapes pequenas é da Ford Courier, que tem praticamente as mesmas dimensões da caçamba da Ranger. Só que para ganhar espaço de carga, os projetistas da Ford fizeram uma cabine muito apertada. Não sou nenhum gigante, mas prefiro um pouco mais de espaço para regular o banco. Na época da Ranger eu sentia falta de um pouco mais de espaço para inclinar o banco e para levar pequena bagagem no interior da cabine. Sou radicalmente contra aqueles baús de plástico colocados na caçamba para levar bagagem, porque ocupam o espaço destinado à moto. Não existe um meio-baú, o que dificulta a equação de espaço bagagem+moto. O que pesa contra a Courier é o estilo feio e antiquado demais. Parece que estou olhando para um carro argentino dos anos 80!
Em termos de estilo, a Montana e a nova Saveiro (cabine simples) me agradam mais. Só que a VW pisou na bola fortemente ao incluir o protetor de caçamba como item de série. Não sobrou espaço pra uma moto esportiva! A única solução é retirar o protetor de caçamba. E olha que na equipe de projetistas dessa Saveiro tem um motociclista praticante, fanático, dono de uma bela Ducati! Além disso, esse motor 1.6 VW não me anima muito. Se tivesse uma opção 2.0 seria perfeita!
Montana: cabe moto esportiva e fora-de-estrada, mas deve ser substituída pela picape Agile
Sobraram a Fiat Strada e a Montana, ambas com duas opções de motor: o fraco e econômico 1.4 ou o forte e beberrão 1.8. Como existe uma especulação forte sobre a picape Agile ainda em 2010, não é a hora de comprar uma Montana. Já a Fiat que mais me interessaria seria a Locker, porque também dou minhas saidinhas no fora de estrada, mas essa versão só existe na inútil cabine dupla e na cabine estendida. Não entendo porque essa versão não foi criada também na configuração cabine simples! Seria perfeita (também).
As picapes com cabine estendida têm caçamba pequena demais e não cabe a moto. Por uma questão de legislação de trânsito (correta, por sinal) não é permitido rodar com a tampa traseira aberta. Algumas picapes têm a tampa traseira removível (Courier e Montana), as outras (Fiat Strada e VW Saveiro) têm a tampa fixa. Segundo um executivo da VW a tampa fixa é necessária no Brasil por um motivo mais do que óbvio: evitar o roubo!!! E eu sei de vários donos de Montana que tiveram a tampa surrupiada. Ê, Brasilzão!
Nos EUA existe um acessório, uma espécie de pára-choque envolvente de alumínio, para encaixar sobre a tampa, com suporte para a placa e iluminação do veículo. Não entendo como nenhuma empresa brasileira não fez isso! Esse pára-choque é tão genial que também serve como rampa para colocar e tirar a moto da caçamba!
A solução brasileira é retirar a tampa da caçamba e usar uma tela para evitar que a carga se espalhe pela estrada. Já usei esse expediente e funcionou muito bem, além de ser legal, porque as luzes e a placa continuam visíveis.
E a carreta?
Outra opção é manter um carro normal e adotar a carreta. Tem a vantagem de manter um carro confortável, com espaço para quatro ou cinco pessoas mais carga. Porém as desvantagens são muitas:
1 - É preciso espaço para guardá-la na garagem, estacionamento etc. Alguns condomínios nem sequer admitem o estacionamento de carreta.
2 - Exige licenciamento. Não se paga nem um centavo, mas a burocracia é a mesmo de um carro: tem de renovar licenciamento e ao vender é preciso fazer a transferência. Um verdadeiro pé no saco! Bastaria um documento de posse e pronto, mas não, a administração pública tem de nos encher o máximo possível!
Para esses dois primeiros itens a minha atual solução que é alugar apenas quando necessário. Os valores variam de R$ 70 a R$ 120 conforme o tamanho e o tempo de uso. Mas as desvantagens continuam:
3 – Paga-se mais pedágio. Como o pedágio é cobrado por eixo, a carreta significa 50% a mais na conta do pedágio. Como as operadoras das rodovias ganharam alforria para cobrar quando, quanto e onde quiser está a festa da arrecadação. Aliás, “pedágio” é um assunto para próxima coluna...
4 – Exige manutenção. Mesmo se rodar pouco precisa trocar os pneus que ficam velhos e ressecados. Se a roda não for a mesma do carro ainda é preciso providenciar um estepe. Sim, já tive um pneu de carreta furado e posso dizer que é um inferno!
5 – Dificulta as manobras e estacionamento. Quando me hospedo em hotel tenho de perguntar antes se tem garagem que possa manobrar uma carreta. Mesmo assim passei por várias situações embaraçosas, sobretudo quando tive de me hospedar em um motel e a carreta ficou atrapalhando meio mundo! Manobrar com uma carreta é uma arte. Cada vez que enfrento essa situação admiro ainda mais os camioneiros. Para dar ré, com a moto na carreta é mais fácil, mas quando está vazia é preciso se balizar pelos espelhos laterais e pensar tudo ao contrário: pra ir à esquerda precisa virar o volante pra direita e vice-versa. Na maioria das vezes desengato a carreta e manobro no braço mesmo...
6 – A velocidade do carro fica limitada. Passar de 100 km/h com uma carreta presa atrás é uma atividade extremamente radical. Quando a carreta é nova e bem construída, até passa alguma segurança, mas se for velhinha ou mal balanceada, chacoalha mais do que minhoca em asfalto quente!
7 – Duas alegrias. Só tem uma coisa que deixa um dono de carreta mais feliz do que no dia em que comprou: vendê-la! Em termos de liquidez, uma carreta é tão encalhada quanto um Alfa Romeo 164 de oito válvulas.
8 – Preço do aluguel. Basta alugar 10 vezes uma carreta (a R$ 120,00) para investir a mesma verba da compra de uma nova.
9 – Rendimento fora-de-estrada. Como costumo fazer algumas aventuras nas montanhas, eventualmente acompanhado de uma moto fora-de-estrada, uma carreta mostra-se pior do que uma picape pequena ou média, sobretudo nas subidas com piso escorregadio.
10 – Especificidade. A carreta exclusiva para motos não serve para transportar outras coisas. Aquela minha última carreta foi devidamente transformada em uma carreta de carga (chamada de fazendeira) para transportar também material de construção, a geladeira da sogra, colchões e tudo que você nem imagina! Uma carreta fazendeira é mais versátil do que uma específica para motos.
Chega! Porque mesmo após toda essa análise eu continuo em dúvida: picape x carreta? Se você que está me lendo puder me ajudar nesta decisão mande seu depoimento. Ainda estou na fase de avaliação, falta testar algumas picapes pra tomar a decisão final.
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