(O carro é esse, mas o clima...)
Só uma rapidinha pra acostumar com a idéia de um post por dia. Estou no Rio de Janeiro, a convite da Fiat do Brasil, representando o site Best Caras Web Site para experimentar o novo 500 (pronuncia-se thinqüechento). Como eu conheci o Cinquecento original, aquele pequenininho, lançado na Itália pra ser um carro popular e barato, levei um susto quando soube que custaria mais de 60.000 reais. Na minha matemática ingênua 500 é metade de 1.000 e se temos um Fiat Mille o normal seria um 500 menor, mais simples e mais barato...
Bom, coisas do marketing.
Só pra não deixar minhas histórias de lado, vou lembrar a primeira vez que vi e andei num 500.
Quando fui pra Itália pela primeira vez, em 1989, eu acho, não lembro, passei por Firenze e decidi assistir um concerto de música de câmera em uma igreja do século X. Meus amigos italianos combinaram de me buscar no albergue e apareceram pontualmente, com um Cinquecento do tamanho de uma caixa de fósforo. Estávamos em três adultos.
Só que eles olharam pra mim, de jeans, tênis e camiseta e passaram a me xingar:
- Ma che cazzo di brasiliano ignorante!
Eles explicaram que teria de vestir uma roupa social, caso contrário não passaria nem da porta. Só que eu estava viajando de mochila nas costas, obviamente não tinha um terno no guarda-roupa.
Então eles foram ao telefone público, berraram um monte e deram o veredito:
- Conseguimos achar um idiota do seu tamanho, vamos lá te vestir!
E o Fiat 500 voava pelas ruas estreitas de Firenze!
Paramos em frente a uma casa bem antiga e fomos todos pro quarto onde minha roupa já estava separada: camisa, terno, calça e sapato.
Só que o dono da roupa decidiu ir junto. E mais o primo dele. Cinco adultos espremidos num 500 que, naquela época, era metade de um Mille.
Foi um sufoco pra estacionar, mas o mais legal foi o jeito de manobrar numa vaga que cabia o 500 e mais duas moscas: descemos do carro e fomos encaixando ele no braço mesmo, chacoalhando o 500 de lado até entrar na vaga.
Hoje uma jornalista contou que a Fiat pensou em lançar o 500 antes do Fiat 147 no Brasil. Mas durante os testes de mercado descobriram que o brasiliano era muito mais gaiato do que pensavam. Cada vez que estacionavam o carro em algum lugar, achavam ele em outro. Por ser muito leve e pequeno levantavam o carrinho e largavam ele no meio da rua! Até um dia que acharam um 500 apoiado num muro, com duas rodas na calçada e duas na parede. Desistiram de trazer o 500...
Amanhã eu conto como é o carro.
(Capa da Baazzar brasileira: sempre uma socialite)
Graças ao post de ontem, lembrei de várias histórias hilárias e trágicas da minha jornada jornalística nestes últimos 30 anos. Hoje almocei com meu download-friend Octávio Tostes e lembrei de situações realmente ridículas do início da profissão. Só pra esclarecer, antes que pensem outra coisa, “download-friend” são amigos que conheci pela internet e depois se materializaram. Graças ao período do Motonline fiz vários amigos virtuais que se tornaram do mundo real.
O assunto foi o início da minha carreira como jornalista. Entrei na faculdade de jornalismo porque era a mais fácil de passar no vestibular. Bastava que o Tico e o Teco esbarrassem de vez em quando para que o candidato passasse no exame. Racionalmente eu jamais tinha pensado em fazer jornalismo e sonhava com engenharia!
Com seis meses de faculdade aconteceu uma série de coincidências que me faria virar um jornalista de verdade. Meu pai administrava uma sala de escritório na Avenida Faria Lima que estava alugada para a editora Baazzar, dona da revista de moda e comportamento chamada Baazzar. O editor era o genial publicitário e show-man Walter Arruda, na época marido da socialite Cinira Arruda.
O Walter tinha uma lábia absolutamente sedutora. Conseguia fazer de tudo para manter a revista, um projeto muito avançado para a época e que tinha na lista de colaboradores nomes como Plínio Cabral, Ruy Castro, Lourenço Diaféria, Wesley Duke Lee e o mitológico fotógrafo multimídia David Drew Zingg. Entre as artimanhas para conseguir publicidade, Walter Arruda ilustrava as capas com mulheres do high society paulista, especialmente esposas de banqueiros, industriais e outros bacanões. Quando a esposa era bonita, show, mas quando era um inominável bagulho dava um trabalho danado de retoque na época pré-photoshop!
Pois quando o aluguel da sala da Faria Lima já caminhava para o quarto mês de inadimplência meu pai foi lá, tentar um diálogo. Foi quando surgiu o assunto “filhos” e meu pai cometeu e ingenuidade de comentar que tinha um filho recém ingresso na faculdade de jornalismo. Foi aí que o Walter viu uma forma de adiar o despejo.
Ele me empregou naquela revista que seria equivalente hoje a uma Caras, mas com muito mais classe, estilo e cultura. Assim, a revista garantiu mais seis meses de permanência na sala, com um baita aval, claro, porque ninguém despejaria o chefe do filho! Até que a revista quebrou solenemente e a sala foi devolvida.
Muito mais que um estágio, o que ganhei naqueles seis meses foi tudo que uma faculdade de jornalismo seria incapaz de me proporcionar. Tive os melhores professores ao lado, a começar pelo próprio Walter Arruda, dono de uma criatividade inigualável. Às vezes recebíamos a visita de pessoas ilustres, como o Carlos Miéle e o maluco do Walter afastava os móveis da redação, colocava um som bem alto e punha todo mundo pra dançar com os dois cantando. Quem resiste a um chefe desse?
(David Zingg, gênio, fotógrafo e professor)
Já o fotógrafo David Zingg foi o melhor professor de fotografia que qualquer jovem de 19 anos poderia ter. Quem pesquisar no Google vai descobrir que ele foi um dos principais fotógrafos do mundo e esteve seis meses ali, ao meu lado, pacientemente ensinando sobre profundidade de campo, enquadramento, bebidas exóticas e mulheres. Desprovido de ambição e absolutamente desencanado com as coisas das pessoas normais, um dia teve todo equipamento roubado. Vacilou em Salvador e perdeu tudo.
Chegou na redação, olhou pra mim e perguntou:
-- Jerry (ele me chamava de Jerry, porque era diminutivo de Gerald), cadê sua aquela máquina fotográfica?
Abri minha mochila, peguei uma insignificante Pentax K1000 com uma lente 50mm e fui entregando.
-- Mas David – argumentei – hoje você vai fazer o editorial principal de moda, man, é a matéria mais importante! Não prefere uma máquina melhor?
Passou a mão na máquina e foi esperar as modelos terminarem a produção. Descemos a Avenida Faria Lima, ele com minha modestíssima Pentax e eu com um rebatedor jogando luz no rosto das modelos. Ainda pensei “americano da p*** vamos ter de fazer tudo de novo, o Walter vai me matar...”
(Editorial de moda por David Zingg: simples e poético)
Dia seguinte chegaram os cromos na redação e lá fui eu, tremendo, olhar com o conta fio a imensa cagada que tínhamos feitos. Com uma câmera fajuta, sem motor-drive, só com uma lente de 50mm o David tinha feito um belíssimo editorial de moda, tão magnífico e poético que a parte mais difícil foi editar as fotos.
Depois ele sorriu de um jeito todo particular, tentando esconder as falhas entre os dentes, e bateu na minha cabeça:
- Viu, Jerry, quem faz a foto é o cara, não a máquina!
E foi dormir debaixo da mesa, como sempre fazia depois do almoço!
(continua...)
(Valeu, Oc!)
(Já perdi a conta de quantos testes fiz na vida...)
A internet trouxe à superfície do conhecimento uma série de especialistas. Tem especialista de tudo, em tudo e sobre tudo. No meu tempo de estudante, se quisesse saber o PIB da Mauritânia precisava me enfiar numa biblioteca e só acharia dados tão velhos quanto os pesquisadores.
Hoje está tudo à distância de um clic. Só que antes a gente buscava informações em documentos ou pessoas comprovadamente credenciadas. Eram professores, cientistas, diplomatas, estudiosos do assunto. Hoje é capaz de alguém fazer um site sobre a Mauritânia sem nunca ter visitado o país. E ainda se dizer especialista.
Com o nosso objeto de paixão, as motos, não seria diferente. Hoje qualquer pessoa registra um nome no www.registro.org, aprende meia dúzia de comandos e faz um blog, site, qualquer meio para batizar de “veículo especializado”. E ai de quem se atrever a chamá-lo de “mais um blog”. Ou “mais um site”.
As pessoas que escrevem sobre motos se dividem em:
1) Usuários – São os donos de uma determinada moto (ou adorador de uma marca). Um deles cria um fórum e a partir daí dá ao veículo virtual toda caracterização de imprensa especializada. Faz testes, publica artigos, interpreta dados, analisa defeitos, corrige problemas etc. E convida os usuários daquele produto (ou admirador da marca) a participar com testes, depoimentos, avaliações etc. É uma fonte enorme de pesquisas, mas falta um fator elementar em todo veículo especializado: imparcialidade.
Os donos de motos são suspeitos para analisar motos! Sejam as deles, sejam as dos outros. Sobretudo no Brasil, onde as motos são proporcionalmente mais caras, muitas vezes o usuário ralou pra caramba pra realizar o sonho de ter o almejado modelo. Ninguém admite que comprou uma moto ruim, mesmo que tenha feito isso, pelo simples fato de não querer passar atestado de salame.
Só pra ilustrar, cerca de dois anos atrás, um amigo resolveu comprar uma Buell, logo que chegaram as primeiras unidades. Perguntou pra mim e para outro jornalista especializado, que não posso citar o nome, (mas tem apelido de um anelídeo minhocofórmico) o que achávamos da moto. Naturalmente eu dei minha opinião sincera: “um lixo!”. Meu colega jornalista foi mais político e deu várias voltas para convencê-lo a comprar outra moto. Mas ele foi à loja e fez um cheque de 40.000 reais!
Ele amava aquela moto! Só tinha elogios e me enchia o saco porque eu tinha aconselhado outra coisa. Era capaz de partir pra briga se falássemos mal dela. Depois de um ano e de enfrentar problemas mecânicos, elétricos e de falta de peça de reposição, decidiu vendê-la. Após meses de tentativa conseguiu passá-la adiante por R$ 20.000. Hoje se alguém pronuncia a marca Buell perto dele é capaz de ter uma crise nervosa...
Da mesma forma que nenhum pai gosta de passar metade de uma reunião na escola ouvindo dos professores as piores qualificações a respeito do filhote, dono de moto nunca admite que tem um abacaxi nas mãos. Por mais que a casca seja grossa, cheia de espinhos, difícil de descascar e com uma coroa serrilhada na ponta!
Em suma, não adianta se basear em usuários para avaliar um produto, porque atestado de otário é um documento que ninguém quer ostentar. A exceção à regra são as informações valiosas sobre pós-venda, tais como disponibilidade e preço das peças, atendimento nas concessionárias, garantia etc. Não se pode confiar na opinião de usuário quando se tratar de durabilidade e resistência porque esses dados dependem fundamentalmente da forma como a moto é tratada.
2) Especialista amador – Esse é aquele que teria tudo para ser um jornalista especializado, menos o conhecimento. Ele estuda tudo sobre a moto, incluindo Física, mecânica dos movimentos e todas as teorias sobre construção de chassi. Sabe de cabeça todas as fichas técnicas das motos fabricadas nos últimos 40 anos. Identifica motos pelo som e, se bobear, adivinha a cor pelo ronco do motor! Enfim, é um estudioso! Porém não pilota as motos! Seu repertório é restrito a alguns modelos que passaram pela sua vida. Mesmo assim cria um blog (ou mesmo site) para avaliar os novos modelos. Invariavelmente é o que chamamos de “piloto de ficha técnica”: o cara pega a ficha técnica e tenta adivinhar como a moto se comporta sem jamais ter sentado nela.
Ao observar a técnica de uma custom, por exemplo, conclui, pela grande distância entre-eixos, que aquela moto não é boa para curvas de baixa velocidade. Não diga! E os leitores, então, ficam impressionados pela capacidade de interpretação de uma ficha técnica!
3) Especialista avançado – Esse é o que vive de e para as motos. São os palpiteiros pagos para... palpitar! Os jornalistas especializados se encaixam nessa turma, assim como todo pessoal que trabalha seriamente com moto, como mecânicos, preparadores, engenheiros, pilotos de teste etc. Esses últimos são os palpiteiros que mais têm referência para dizer como é uma moto, do ponto de vista técnico e não achológico. O pilotos de teste não nasceram de um dia pra outro. Não foram colocados nessa posição por acaso, nem por falta de opção na vida, mas foi algo que estudou, pesquisou e batalhou pra conquistar.
De tempos em tempos aparece um leitor perguntando “o que preciso para ser piloto de teste?”. E geralmente eu respondo “Primeiro, precisa gostar de ser pobre!” Montar em uma moto e dizer como ela é não faz de ninguém um piloto de teste, por melhor intencionado que seja. É preciso, acima de tudo, parâmetros. Repertório de experiências que funcionará como ferramenta na hora de analisar um novo produto.
Quem nunca passou um dia inteiro em uma pista, testando diferentes compostos de pneu não tem um repertório grande suficiente para avaliar se um pneu ficou bem casado com a moto, ou não. Ou, como costumo ouvir e ler alhures por aí, dar palpite sobre determinada marca ou categoria de pneu. Eu mesmo parei de opinar sobre pneus porque faz muito tempo que não acompanho os testes comparativos. Mas me divirto ao ouvir “especialistas” condenarem um pneu porque gasta muito, ou porque é duro, barulhento, etc.
Não é só isso. O piloto de teste também precisa estar dentro do modelo de biótipo imaginado pelo fabricante para cada moto. Um sujeito de 1,90m de altura nunca poderá julgar se uma pequena 125cc é confortável, ou se um scooter tem boa suspensão. Ele está fora do padrão para aquele veículo. Se os projetistas levam em conta um motociclista padrão de 1,80m de altura e 80 kg como posso confiar no julgamento da posição de pilotagem avaliada por um piloto de 1,60 e 100 kg???
Quando escrevo algum teste sempre faço questão de frisar “para meu peso e altura” a moto é assim, assada, cozida ou frita. E olha que nem estou tão fora do padrão...
Por fim, o conhecimento de pilotagem. Um dos aspectos mais difíceis de avaliar na moto é a frenagem, porque frear exige um padrão e nem todo mundo consegue atingir esse padrão. Um piloto pode frear uma moto a 50 km/h em 18 metros e outro em 25 metros. Quando comecei a fazer testes para a revista Duas Rodas eu levava as medições feitas pelo Gabriel Marazzi e analisava se estava muito fora ou próximas das minhas. O Gabriel era a referência dos primeiros pilotos de teste porque tinha um sistema bem meticuloso de medição. Apesar dos instrumentos rudimentares, os resultados eram avalizados pelos fabricantes. Quando fazíamos testes juntos era melhor ainda, porque tínhamos uma forma de julgar se algum dado estranho era resultado da moto ou da nossa pilotagem.
Hoje os instrumentos de medição melhoram muito, felizmente, e um equipamento do tamanho de um maço de cigarros faz todo trabalho de registro de velocidade, aceleração, retomada, com precisão e via satélite! Tempos modernos...
Nada disso adianta sem o elemento primordial: a isenção. E é aqui que tenho de separar o ofício do piloto de teste do de jornalista especializado. Algumas vezes, como é meu caso, o piloto de teste e o jornalista são a mesma pessoa. Outras vezes tem um que pilota e outro que escreve. Em qualquer caso a isenção é fundamental para evitar deslumbramentos. Por exemplo, nem a moto considerada melhor do mundo é perfeita. Se o piloto de teste não tem referências pode cometer a vulgaridade de classificar uma moto como sendo “a melhor que já pilotei na vida”. E na semana seguinte descobre, desesperado, que conheceu uma moto melhor ainda! Como contornar isso? “Er, desculpem, a melhor moto que já pilotei é essa, não aquela que avaliei no mês passado, na edição anterior!”.
Essa isenção pode até evitar o deslumbramento, mas é muito difícil evitar a pressão comercial exercida pelo departamento de publicidade. Cansei de ouvir colegas opinando de forma crítica sobre um determinado modelo, mas quando o teste foi publicado nada daquilo estava escrito. Para algumas páginas depois descobrir uma página dupla de publicidade daquela fabricante. Essa pressão muitas vezes foge do controle do jornalista, embora tenha a anuência dele.
Existe também a pressão exercida pelo leitor, que fica extremamente ofendido quando um jornalista critica de forma negativa sua moto. É a pressão do usuário. Lembro quando saiu a primeira foto da Suzuki Hayabusa e escrevi que a frente dela era feia, porque parecia um ciclope, com aquele olho no meio da testa. Os donos de Hayabusa só faltaram me linchar em praça pública! Meses depois comprei uma importante e conceituada revista americana com o teste da Hayabusa e o jornalista começava o primeiro parágrafo assim: “Essa é uma das motos mais feias já feitas pela Suzuki”. Será que ele também foi linchado?
Já escrevi inúmeras vezes que no Brasil, quando um jornalista elogia uma moto, a moto é boa. Mas se o jornalista critica a moto, o jornalista é ruim. Seja qual moto for, mesmo uma chinesa de 300 dólares!
Pronto, quando quiser saber alguma sobre moto, já sabe qual destes “palpiteiros” aí de cima você pode confiar.
(muita atenção nas curvas! Foto: Caio Mattos)
Honda apresenta cinco novos modelos para 2010, com destaque para as 300 com freio ABS
Nada de muito surpreendente na linha 2010 da Honda no Brasil. Foram apresentados cinco modelos: a CG 150 Fan, que aposentou de vez a 125cc da família CG; a CG 150 Titan Mix cheia de equipamentos; a Bros 150 Mix, uma “flexilização” da recém apresentada Bros 150 e a XRE 300 e CB 300 equipadas com freio combinado e ABS. Estas duas foram o foco da avaliação para o BCWS.
Combinado para frear
Ao contrário do que muita gente divulga, o sistema de freio anti-travamento, ABS surgiu nos trens e não no avião. Imagine a dificuldade que é frear um veículo pesado com um baixíssimo coeficiente de aderência entre as rodas e a pista de rodagem! A necessidade de um sistema que evitasse o travamento fez surgir o ABS no transporte ferroviário.
Em seguida foi a vez da aviação. O grande responsável pela frenagem dos aviões pesados é o sistema chamado de reverso. Mesmo assim, sobra muito trabalho para os freios das rodas no momento de aterrissar e taxiar. Nos dias de chuva ou neve esses freios representavam uma grande chance de derrapagem. Foi só nos anos 80 que a BMW começou a estudar o sistema para carros e motos e lançou comercialmente em motos.
Os primeiros ABS eram grandes e lentos que só funcionavam em piso muito regular. A maior conquista desse sistema veio com a miniaturização dos sistemas eletrônicos e do aumento exponencial da velocidade de processamento dos microprocessadores.
A produção em escala e a simplificação do sistema permitiu o ABS chegar em motos menos sofisticadas e agora, em produtos de baixa cilindrada, produzida aqui mesmo, no Brasil.
Para equipar a CB 300 com ABS foi preciso projetar o disco dianteiro com uma pinça de três pistões e acrescentar o disco no freio traseiro. Agora aqueles malas que falaram “ah, mas que droga a CB 300 saiu com freio traseiro a tambor” terão de engolir o xororô.
Peguei a moto e fui para uma pista asfaltada onde a Honda realiza os testes. Usando as marcações no asfalto como referência fiz várias frenagens a
No sistema combinado+ABS fiz de tudo para travar a roda traseira sem sucesso. No sistema convencional fiz de tudo para NÃO travar e também foi um fracasso, porque parece que desaprendi a pilotar!!!
Uma das minhas cismas com relação ao ABS da BMW é o efeito de retorno da manete e do pedal quando freamos sobre alguma irregularidade. Fiz essa experiência dezenas de vezes com a CB 300 e a sensação de retorno é tão ínfima que posso afirmar ser mesmo desprezível.
Porém um efeito colateral me preocupa. Em motos não se pode acionar o freio dianteiro no meio da curva porque a moto apresenta a tendência a levantar e seguir reto. Pra isso deve-se usar o freio traseiro nas curvas. Mas no caso do freio combinado ao acionar o freio traseiro o dianteiro também atua. É bem notável a tendência de a moto levantar no meio da curva. Essa característica já me causou um susto porque quase destruí uma BMW em plena rodovia Fernão Dias ao acionar o freio traseiro no meio da curva.
Uma forma de contornar esse efeito é estar previamente esperto e “trazer” a moto com força para o interior da curva enquanto estiver freando. Mas muita gente será pega de surpresa no começo.
A justificativa pelo uso do freio combinado é a falta de preparo dos motociclistas. A maioria usa apenas o freio traseiro porque é assim que os instrutores de moto-escola ensinam. Pior: em SP se um candidato usa o freio dianteiro durante o exame prático para habilitação é reprovado!!!
Ainda não tive acesso a CB 300 para teste completo, mas pelo que vi publicado na imprensa especializada, os números de consumo e desempenho não são tão mais empolgantes do que em comparação com a extinta Twister
Não se espante se estes números são quase os mesmos da velha CBX 200 Strada, mas é isso mesmo: a feroz restrição às emissões de poluentes e ruído fizeram os motores modernos perderem muito em termos de velocidade. Em compensação hoje em dia você pode ligar uma CB 300 dentro de um ambiente fechado, mas não pode fumar cigarro!
O sistema de frenagem combinada funciona assim: quando o piloto aciona apenas o freio traseiro entram em ação o pistão único da pinça traseira e um dos três pistões da pinça dianteira. Quando aciona o freio dianteiro e traseiro são comandados os três pistões da pinça dianteira e o pistão traseiro. Mas quando o piloto usa apenas a manete do freio dianteiro não atua no freio traseiro.
O preço anunciado para a CB 300 com Dual CBS foi de R$ 13.990
As outras
Ainda neste mesmo evento foram apresentados três novos produtos para completar a linha
Só não dá para entender por que não veio também na versão Mix, uma vez que o outro lançamento foi a CG 150 Titan EX Mix, com a tecnologia de combustível misturado gasolina/álcool. A exemplo da Titan Mix, também não é recomendado uso 100% de álcool, mas sempre ter um “respiro” de gasolina para facilitar as partidas a frio, já que não conta com nenhum sistema de ajuda na partida em baixa temperatura (abaixo de 15ºC). O preço anunciado da CG 150 Fan Esi foi de R$ 6.190.
Com roda de liga leve, freio dianteiro a disco e detalhes de acabamento, a CG 150 Titan EX Mix se tornou uma espécie de substituta da descontinuada CG 150 Sport. Ainda acho que ficou faltando um conta-giros para dar um pouco mais de estilo à veterana CG. Os preços da CGTitan Mix são R$ 6.326 (KS), R$ 6.780 (ES) e R$ 7.265 (EX).
Para
A título de curiosidade, o modelo Biz ganhou uma versão cor de rosa para atender o público feminino, que hoje responde por 68% das vendas de Biz
O ano de 2009 ficará marcado para sempre como o mais folgado do século! Nunca tivemos tantos feriados prolongados desde a descoberta do calendário Gregoriano. E mais uma vez o curso SpeedMaster de Pilotagem vai cair no feriado prolongado. Dessa vez no dia 10 de outubro, sábado, véspera do feriado de 12 de outubro, uma segunda-feira.
Diante disso vc tem as seguintes opções para o feriado:
Viajar com a família, por estradas sempre vazias e decoradas com radares de limite de velocidade, ou:
Passear de moto pela cidade...
Mas não seja pessimista, se o tempo estiver bom, vc pode ir à praia, com sua família:
Tem gente que prefere ficar na cidade e curtir as atividades culturais e lúdicas, como cinema, teatro, parques etc:
Se você quer alguma coisa nova, que te proporcione prazer, sem filas, multidão, congestionamento, venha curtir esse congestionamento em um circuito seguro e praticar pilotagem, sem stress e onde a pressa é amiga da perfeição:
E ainda pode levar a namorada!!!
E então, o que vai ser? Respeite esse conselho universal sobre pilotagem de moto: Na dúvida, acelere!
É tudo novo!!! Foto: Caio Mattos
Conforme o Motite (eu!) já anunciou muuuuuuuuuito tempo atrás, em primeira mão, a Honda apresentou 5 novos produtos da linha 2010 (tá bom, eu disse que seriam 7). Agora o blog mais desatualizado do Brasil apresenta as verdadeiras Honda 2010.
Aliás, assessor de imprensa é um bicho estranho mesmo. Quando eu peço credencial para Salão da Moto e anuncio “sou do blog Motite” o nojento torce o nariz como se blog fosse um palavrão. Tudo bem que “BLOG” parece barulho de coisa marrom caindo na água, mas por trás de todo blog tem uma pessoa humana que rala pra dar informação! Ou seja, geralmente blog é considerado como uma solução para jornalista desempregado. Mas na hora que o blog antecipa algum lançamento, uau, de repente os assessores voam na jugular do blogueiro! Até Orkut os caras vigiam!!!
Mas legal mesmo é notícia que vem abaixo:
MILAGRE! UM ABS QUE FUNCIONA NA TERRA!!!
Não no planeta Terra, mas no piso de terra. Quando o meu ex-aluno Hayto Ikejiri fez a apresentação da nova Honda XRE 300 com ABS eu quase dei risada, afinal, desde que inventaram o ABS nenhum maluco se meteu a pilotar na terra com ABS ligado. Eu mesmo passei um perrengue dos infernos com uma BMW GS 1200 numa descida de terra molhada. Só consegui pilotar os
O sistema da Honda é diferente e inédito em motos pequenas, porque além do ABS tem o sistema de frenagem combinada. Quando se aciona o freio traseiro o sistema aciona parte do freio dianteiro também. Isso faz toda a diferença.
Passaram um filminho com os pilotos da Honda freando na terra, na grama, na pedra solta e a roda não travava. Fiz um “humpf, truque fajuto, coisa de cinema!”.
Até que hoje (dia 17/9) eu acordei às seis da matina e fui pra Indaiatuba testar as novas Honda 2010. Lá estava ela, a XRE 300 laranja metálico, com o sensor do ABS nos discos dianteiro e traseiro. Como um jornalista já tinha tomado um rola numa curva e estava com o joelho esfolado, decidi testar a XRE de macacão mesmo, afinal macacão velho não mete a mão em cumbuca.
Montei na moto e fomos para uma estradinha de terra. Na primeira terrinha que vi alicatei o freio traseiro com vontade e... nada! A roda não travou. Pensei “ué, será que me enganei?”. Até que chegamos num trecho daqueles que sempre tive medo de encarar: descida, pista inclinada, cheia de erosões e aqueles malditos cascalhos soltos. Olhei pro meu amigo e jornalista Téo Mascarenhas e falei:
-- Téo, olha isso, vou levar um tombo cinematográfico, pra dar PT na moto!
Acelerei, me preparei pra escorregada e finquei a mão no freio dianteiro. Esperei o capote e... nada! A moto freou retinha e só senti os cascalhos escorregando porque ainda não inventaram cascalho com ABS.
Fiquei frustrado e apelei. Fui num lugar longe dos instrutores da Honda, subi num trecho cheio de cana e areia e freei pra cair mesmo. Nada! Encontrei o Fábio Bonatto, da Honda, e comentei:
-- Pô, essa moto é completamente à prova de imbecis! Podiam escrever no tanque de gasolina: “Idiot proof”!
Perguntei pro engenheiro Alfredo Guedes Júnior, da Honda:
-- Ok, qual a sacanagem?
E ele explicou. É a primeira moto off-road do mundo a usar freio ABS sem opção de desligar. Para conseguir esse objetivo foram necessários dois anos de desenvolvimento entre a Honda Brasil e a matriz no Japão. Certamente já fizeram o produto pensando no mercado europeu.
Para atingir esse nível de evolução do ABS foi preciso trabalhar na velocidade de processamento e da pulsação. O sistema ótico lê a diferença de velocidade da roda e quando tende ao travamento envia um sinal à central eletrônica que redistribui a força aplicada nos pistões do freio. A grande novidade nesse sistema da Honda XRE em relação aos ABS convencionais é que a velocidade de processamento é tão alta que não dá pra sentir nenhuma reação na manete nem no pedal de freio.
No ABS da BMW, por exemplo, quando a roda passa por alguma irregularidade no solo o sistema fica doidão e interpreta como se a roda estivesse sem atrito. Aí manda uma mensagem pro ABS “aliviar” a pressão do freio. Já levei tanto susto por causa disso que hoje só uso o ABS quando está chovendo!
Além do ABS, o sistema conta com o “combined system”. A pinça do freio dianteiro tem três pistões. Quando o motociclista usar apenas o freio traseiro, serão também acionadas dois pistões do freio dianteiro. Se o motociclista usar o freio dianteiro junto são acionadas os três pistões da pastilha dianteira e o pistão único da pastilha traseira. Mas se usar só o freio dianteiro o traseiro não é acionado.
A Honda conseguiu o que parecia um milagre da mecatrônica: criou um ABS que pensa rápido.
Nem vou esticar muito essa avaliação da XRE 300 ABS porque o resto da moto é igual. Só está
Ah, foram lançadas também a NX 150Bros Mix, a CG 150 Fan e a CG 150 Titan Mix recebeu uma versão bacana, com roda de liga leve e outras frescurites. Para saber tudo entre no site da Honda e clique na janela “Imprensa”. Ta cheio de novidade lá, inclusive fotos em alta pra vc colocar no seu computador, blog, site etc...
(Os cinco lançamentos juntos. Foto: Caio Mattos)
(Papai, me empresta o carro!)
Gente! Que babado fortíssimo é esse??? Nelsinho acusa Briatore de armação ilimitada no GP de Pingapura de 2008. Aí Briatore reúne a imprensa pra insinuar que Piquetzinho tinha um relacionamento "estranho" com um senhor inglês de 50 anos! Creeeeeeeeeeeedo, cruuuuuuuuuuuzes! Babado da pior espécie!
Só pra não dizer que não disse: olha, acho que Nelsinho quis jogar caca no ventilador, mas esqueceu de sair da frente. Resultado: respingou nele também!
Esse episódio do Nelsinho lembrou aquele babado do Barrichello no GP da Áustria de 2002, quando deixou Schumacher ganhar a poucos metros da chegada. É tudo uma questão de equipe. A equipe é um microorganismo no qual cada bactéria deve saber seu papel. O mecânico que abastece não pode esquecer de abrir o registro da bomba de gasolina. O engenheiro não pode esquecer uma conta simples e errar o projeto. O piloto não pode enfiar o carro no muro de propósito e causar um mega prejuízo sem que haja um motivo "de força maior".
A rodada do Nelsinho foi típica de quem sobe na zebra e continua acelerando. Se parar de acelerar o carro volta à trajetória, mas percebe-se na imagem que a roda traseira continua patinando como se o acelerador estivesse a pleno. Bom, a telemetria vai esclarecer tudo isso.
Só que o Nelsinhozinho ACEITOU fazer isso. E se ele ACEITOU a regra do jogo devia ter ficado de bico caladinho porque falar um ano depois só pode ser coisa de pessoa machucada por dentro. Ele magoou e decidiu meter a boca no Briatore. Ele quis se dar bem, mas pode se dar mal, porque a reação da Renault foi imediata: o presidente da multinacional francesa, o brasileiro Carlos Ghosn já meteu o sabugo e mandou processar pai, filho, espírito santo e amém!
A família Piquet terá de desembolsar uma notinha preta pra enfrentar a quebra de braço com uma legião de advogados da multinacional francesa loucos pra ganhar uma grana em cima do babado!
Como se não bastasse, Flavio Briatore entrou na justiça comum inglesa pedindo uma indenização por danos morais, calúnia e difamação (como se ele fosse um anjinho barroco).
Não se fala em outra coisa nos bastidores de Monza e ainda vai voar muito mais caca no ventilador. Só acho que Nelsinho perdeu uma enorme chance de ficar quieto, investir no automobilismo europeu ou americano e tentar uma volta à F1 mais tarde.
Automobilismo é um antro de pessoas cheias de más intenções. Desde o kart, o que se aprende é como burlar o regulamento, como trapacear, como levar vantagem em cima dos outros. Nesse cenário de cobra comendo cobra qual chefe de equipe terá coragem de contratar um dedo-duro???
Nelsinho deve aproveitar que é bonitinho e procurar emprego de modelo, de ator em Bollywood, garoto propaganda (se melhorar a voz), porque piloto, depois dessa, só se for como fez a vida inteira: no carro do pai dele!
= + = +
Mais uma buemba no mercado de motos. Meu amigo, Biagio Ferrari acabou de me twittar avisando que as novas motos da Sundown STX e Motard terão seus motores reduzidos de 200 para 125cc para tentar atender os limites de emissões do Promot 3 e, de quebra, melhorar o consumo.
Sinceramente, acho que será a pá de cal na história dessa marca no mercado de motos. Quando todo mundo está aumentando a cc para compensar as perdas pelos limites e emissões, passando de 125 para 150cc, a Sundown resolve ir na contra-mão e rebaixar a cc de suas motos! Afe, tomara que tenha sucesso, mas... duvido!
(Passa lá na Moto Garage)
Atenção, doentes por motos!!! Neste sábado, dia 12, às 11 da matina, vou apresentar um workshop sobre frenagem. Você sabe frear? Sabe usar o traseiro??? Sabe porque a roda traseira trava? E quanto espaço precisa para frear? Sabe o que é tempo de reação?
Bom, se você não sabe algumas dessa coisas, passa lá na Avenida Guilherme Dummont Villares, 839, chegue cedo, tome um café conosco e saia um cara (ou uma mina) muito mais esperto e seguro!
Passa lá na Moto Garage
(Noronha. Foto: Tite)
Lembro perfeitamente onde estava no dia 9/9/1999 porque marcou dois momentos históricos:
- Minha primeira viagem a Fernão de Noronha
- Estréia da minha primeira máquina fotográfica efetivamente profissional (Canon), infelizmente ainda com aquela coisa velha chamada filme.
(A primeira foto. Foto: Tite)
Durante a viagem de avião até Natal fui conhecendo a máquina, lendo atentamente o Manual e fazendo as experiências todos dentro do avião.
Assim que desci no arquipélago saí correndo com minha máquina como criança que acabaou de ganhar uma bicicleta! A primeira cena registrada foi de umas gaivotas e aproveitei pra testar a velocidade do foco automático da lente 300mm.
(A velocidade baixa para registrar o movimento do mar. Foto: Tite)
Nem reparei que se tratava de uma data cabalística, inclusive motivo de uma baita festa que varou madrugada. A única coisa que me importava era gastar muitos e muitos filmes.
(Água transparente, parece que o banhista está voando! Foto: Tite)
Hoje, dia 9/9/2009 me dei conta que fez 10 anos dessa viagem. Estou morrendo de saudades de Fernando de Noronha, meu equipamento profissional, que custou uns US$ 4.000, está jogado no fundo de um armário, aposentado precocemente por causa da tecnologia digital e estou 10 anos mais velho, careca e cansado.
(Sim, eu sou SRD, mas sou limpinha!)
Dia destes eu deixei o notebook ligado em cima da mesa e quando voltei a Valentina estava datilografando com as patinhas. Dei maior bronca, porque ela estava de unhas compridas e arranhou todo teclado! Depois vi que ela tinha escrito esse texto para postar no Orkuticão dela. Ahá, mas cheguei antes e acabei com essa cachorrada! Bom, mas como ela até escreve direitinho, decidi publicar aqui no Motite. Aí está o protesto dela!
Meu nome é Valentina porque fui adotada no dia de São Valentino, sou uma fêmea SRD (sem raça definida, antes chamada de “vira-lata”) nascida há quatro anos em São Paulo. Não conheci meu pai, mas isso, para nós, não tem o mesmo peso do que para vocês, pessoas. Fiquei na rua os dois primeiros anos da minha vida, mas depois de passar uma semana na porta de uma casa, fui adotada pelo meu patrão. É, eu sei que vocês não costumam usar a expressão “patrão”, mas é assim que nós cachorros identificamos vocês. Não gostamos da expressão “dono”, porque somos livres e não nos consideramos propriedade de ninguém. Mas gostamos do termo patrão, porque também remete ao termo latino pater, que é a origem da palavra “pai”.
Bom, sei que vocês sabem muito a respeito dos cachorros, e que incentivam a adoção de mais e mais de nossos irmãos de rua, mas desconhecem os nossos sentimentos. Por exemplo, vocês sabiam que nós temos uma noção diferente do tempo? Nosso tempo é diferente do vosso, ou vocês já viram cachorro de relógio? Nós somos como os bebês humanos: não temos noção do tempo. Quando nosso patrão sai para o trabalho, por exemplo, não sabemos se vai voltar depois de 6 horas ou uma semana. Para nós, sempre que o patrão ou patroa somem das nossas vistas é como se nunca mais voltassem para casa. Os bebês são assim também, quando perdem a mãe de vista acham que é para sempre, por isso abrem o berreiro. E também é por isso que nós cachorros fazemos festa quando o patrão volta. E os bebês sorriem quando a mãe aparece depois de alguns segundos de sumiço.
Imaginem como é difícil para nós quando nossos patrões saem, no final de semana, e voltam depois de três dias. E nas férias? Uma semana, 15 dias, um mês inteiro! Meu patrão é jornalista e viaja várias vezes por ano. Chega a passar 20 dias fora, mas eu fico em um hotelzinho para animais. Na última viagem ele me falou duas coisas que me deixaram horrorizada: em Portugal, quando as famílias saem em férias, eles abandonam seus cachorros nas estradas e na volta compram outro. Na Itália, os cachorros de rua, como eu já fui, são capturados e usados como isca na pesca de tubarão no Mar do Norte! Vocês estão assustados? Imaginem como fiquei!
Então meu patrão prometeu me levar para viajar nas férias de verão. Fui até cortar meu pêlo porque achou que ficaria melhor no clima quente de Florianópolis. Eu já viajei de férias com ele uma vez. Fomos para Ilha Grande, RJ, e adorei aquela liberdade toda. Só não gosto de viajar de carro porque fico enjoada. Quando estava pronta para viajar, ele veio com a notícia: eu teria de ficar em casa porque em Florianópolis não admitem cachorros na praia.
(eu já fui pra praia. Olha eu - à direita - junto com meus patrões. Foto: Daniel Carneiro)
Existe um tal de centro de controle de Zoonose que diz que cocô de cachorro faz mal pras pessoas. Acho que estão certos, afinal é nojento pisar em cocô de cachorro, ou de gato, ou de qualquer outro bicho. Só que não podemos deixar de fazer cocô, é da nossa natureza, por isso meu patrão sempre leva um estoque de saquinho plástico e recolhe a sujeira que faço, leva pra casa e joga no lixo sanitário. Parece que em Florianópolis as pessoas não sabem recolher o cocô dos cachorros. É tão fácil, não suja a mão e nem transmite doença se for feito do jeito certo, usando o saquinho como luva. Ah, e não esquecer de lavar as mãos depois. Além disso, tomo vermífugo, só como ração e meu cocô é sempre sequinho.
E eu acabei ficando novamente 20 dias em um hotelzinho perto de casa. Mesmo assim eu uivava de tristeza à noite, porque estou acostumada ao meu patrão. A minha vida fica vazia, eu não faço meu passeio todos os dias e à noite choro como se ele nunca mais fosse voltar. Além disso sou obrigada a conviver com outros cachorros que me mordem e ficam atrás de mim o tempo todo!
Felizmente ele chegou e foi aquela festa. Ele contou que existem várias placas espalhadas proibindo cão na praia e até uma lei ameaçando multar e mesmo apreender os cães. Mas isso é uma tremenda burrice, porque cachorro não sabe ler. À noite, quando todo mundo está em casa, os cachorros e gatos de rua vão às praias em busca de restos de comida e do lixo deixados pelos turistas, fazem cocô, xixi e ninguém recolhe nada. Ou vocês acham que Florianópolis só tem cachorro de madame? Sabem do pior? meu patrão disse que nas praias Mole, Armação, do Forte e Matadeiro viu dezenas de cocô de gente, de vocês, humanos, nas pedras e até na areia! Parece que os turistas e pescadores adoram usar as pedras como vaso sanitário, mas não recolhem o cocô, que fica lá, provocando mau cheiro e transmitindo doenças, ou será que cocô de gente não tem doença?
De fato, essa cidade é estranha: tem uma quantidade impressionante de pet-shops e veterinários; tem uma imensa população de idosos e aposentados – que adoram a companhia de cães – mas ao invés de ensinar a população a recolher o cocô de seus cachorros, proíbe a nossa entrada na areia. Meu patrão diz que isso se chama fascismo porque é mais fácil proibir do que educar, orientar e fiscalizar.
Eu adoro praia, mas meu cocô sempre volta pra casa. Não preciso focinheira porque sou uma cachorrinha muito simpática, dócil e nunca mordi ninguém. Nem brigo com outros cachorros e cadelas. Mesmo assim serei obrigada a ficar em casa a cada verão.
Bom, menos mal, felizmente não nasci na Itália nem em Portugal!
(Não me deixem só!)
+ + +
Nota do Patrão!
Quando eu estava em Florianópolis consegui fotografar vários cães homelesses zanzando pelas praias, mas o CD deu pau e perdi as fotos. Basta visitar qualquer cidade do litoral norte de SP durante a semana para ver matilhas de cães soltos nas areias. Isso que me irrita: vc não pode levar seu cão vacinado e vermifigado na praia, mas os vira-latas caiçaras têm toda liberdade do mundo para cagar e andar pelas areias. Por acaso os vermes sabem a diferença entre dias úteis e feriados?
Tite
Nota da Nota
Depois de deixar a Valentina pela segunda vez no mesmo hotelzinho ela voltou cheia de pulgas, doente e deprimida. Quando fui buscá-la no hotelzinho um dia antes do programado vi que o piso estava nojento, molhado de urina e cheirando a cocô. Até minha roupa ficou fedida. Cerca de um mês depois ela faleceu de ataque cardíaco no veterinário. Portanto, se quiserem deixar seus animais nestes hotéis, verifique antes com muito cuidado e faça uma visita de inspeção sem avisar nada. Marque a retirada, mas minta e vá um dia antes para saber se o animal está limpo e alimentado.
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