Quarta-feira, 29 de Abril de 2009

Efeito Cardume

 

(É isso aí, Truta, não seja um peixe fora d'água! Foto: Tite)

 
Você já reparou no discurso de quem volta da Europa? É sempre a mesma lenga-lenga:
 
- Nooooossa! Você precisa ver! As ruas são limpinhas, tudo organizado, as pessoas respeitam a faixa de pedestre, os motoristas respeitam as ciclofaixas, ninguém fura a fila (n.d.r: claro que essa pessoa não passou por Paris), os trens, ônibus e bondes são pontuais e... bla, bla, bla!
 
O diálogo segue as mesmas observações de sempre, enaltecendo as belezas e a cidadania do provo europeu e reservando aos brasileiros os piores adjetivos como “preguiçoso, sujo, mal educado, ignorante” etc e tal.
 
Sempre que ouço essa conversinha faço questão de comentar:
 
- Você precisava conhecer a Europa na Idade Média! As pessoas cagavam e andavam (literalmente) pra cidadania porque as casas nem sequer tinham banheiro! E os penicos eram esvaziados pela janela!!!
 
Guardadas as devidas proporções, como o Brasil tem pouco mais de 500 anos, ainda não dá pra cobrar as mesmas regras sociais de países com 20 séculos de história! Socialmente falando nem sequer entramos na adolescência, enquanto a Europa já é uma senhora de meia-idade.
 
Porém tem um aspecto que deve ser muito observado e, sempre que possível, repetido à exaustão: o efeito cardume! Já notou como as sardinhas se comportam em cardumes? Sempre estão juntas, naquela organização esquisita que só peixe mesmo consegue entender. Se a maioria vai pra esquerda é melhor ir também, porque se a sardinha ficar sozinha vira almoço de atum rapidinho.
 
Com pessoas o efeito cardume é mais ou menos o seguinte: quando um brasileiro chega à Europa e percebe que as estações são limpas, que os motoristas respeitam a faixa de pedestre, que as pessoas são gentis e os policiais corteses, esse cidadão que era quase um selvagem acaba se enquadrando nos padrões locais.
 
Em São Paulo eu acho admirável a limpeza do metrô. Dá pra pagar um prêmio pra quem achar um papel no chão, ou bituca de cigarro, cocô de cachorro etc. É o lado positivo do efeito cardume, porque ao chegar a um local sempre limpo e organizado ninguém tem coragem de ser o pentelho que jogará um pacote vazio de Doritos no chão.
 
Por outro lado, o efeito cardume também se manifesta para o mal. Se alguém jogar um sofá velho na calçada numa noite, logo depois terá uma montanha de entulho no lugar, para alegria de ratos e baratas.
 
Ou ainda, se algum carro estaciona em local proibido, em poucos minutos terá uma fila atrás dele. É o pior aspecto da cidadania solidária: “se ele pode fazer errado eu também posso!”.
 
No nosso mundo em duas rodas cada vez mais eu vejo o efeito cardume. Os motoclubes viajam em grupos para encontros, o que facilita o desenvolvimento de arquétipos, ou seja, modelos de comportamento. Se o comportamento for positivo, beleza, porque é o lado positivo do efeito cardume. O problema é quando o efeito cardume leva um dos integrantes diretamente para a boca do atum.
 
Metáforas à parte, isso significa que nem todo mundo é igual, tem o mesmo nível de experiência, as mesmas habilidades e a mesma carga genética. Semanalmente recebo notícia de acidentes nas estradas envolvendo alguém que estava viajando em grupo e saiu reto numa curva. Cabe ao grupo identificar quem é sardinha e quem é peixe-espada. Ou para usar outra metáfora do reino animal, quais são as aves de mesma plumagem. (Isso está parecendo um estudo zôo-social do comportamento motociclista).
 
O problema está justamente no comportamento social. Desde os primórdios da análise comportamental, sabe-se que os adolescentes precisam viver em grupo. E fazem qualquer coisa para serem aceitos no grupo, inclusive se submeter a trotes humilhantes ao entrar na faculdade. Só que nem todo dono de moto são exatamente jovens cheios de perebas no rosto.
 
Aí entra em cena outro aspecto desse perfil psicológico: ao comprar uma moto de 170 cavalos que chega a 300 km/h o adulto aparentemente equilibrado volta à adolescência e fará qualquer coisa para ser aceito no grupo, inclusive pilotar a 160 km/h sem estar preparado. Se o líder vai à frente a 200 km/h, o novo integrante segue atrás para ser aprovado no teste que o levará ao elevado status de integrante do grupo.
 
Com motoboys repete-se o mesmo arquétipo. Ninguém quer ser o “rolha de corredor”, ou o salame que respeita a faixa de pedestre ou o babaca que pára no farol vermelho. Todo mundo quer ser aceito pelo grupo, mesmo que tenha de rodar sempre em alta velocidade, buzinar sistematicamente, invadir a calçada, furar o farol etc. Isso é tão necessário para sua existência quanto respirar. E enquanto a maioria apresentar o mesmo padrão de comportamento o resto do cardume vai atrás.
 
Enquanto a maioria agir da forma errada dificilmente o cardume mudará de comportamento. Eventualmente uma ou outra sardinha é engolida pelos atuns do trânsito, mas o cardume segue em frente!
publicado por motite às 20:05
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Terça-feira, 28 de Abril de 2009

Vidente ou experiente?

(Parece balinhas de goma, mas não é!)

 

Quando se trata de pilotagem, a principal regra que ensino no curso SpeedMaster de Pilotagem é “Não basta ver, é preciso pré-ver”. A previsão é a capacidade de ver antes. Mas não se trata de mágica, nem telepatia, é apenas uma capacidade que se adquire com a experiência. Entrar em uma curva cega a 160 km/h, por exemplo, é uma demonstração de tremenda incapacidade de prever uma situação inesperada. Ou, em outras palavras, é uma enorme burrice!
 
Normalmente não gosto de jogar confete na minha cabeça, mas enquanto fico mantendo uma postura “low profile” com relação à minha especialização, vejo pessoas que chegaram agora no mercado de motos posando de “especialistas”. Então, aqui vai um texto auto-promocional, mas que deveria se chamar de moto-promocional!
 
Em 2000 eu era redator colaborador da revista Auto Esporte, na época que considero a melhor fase desta revista. Ao meu lado eu tinha profissionais de extrema competência e elevado conhecimento técnico. Bob Sharp, Caio Moraes, Eduardo Dória, Luca Bassani, Rodolpho Siqueira, Fabrício Samaha e outros jornalistas do primeiro escalão. Foi em uma reunião de pauta com algum colega gripado (provavelmente eu mesmo) que surgiu a idéia de fazer um artigo sobre a atuação dos remédios nos motoristas. Fui escalado para produzir o artigo e fui pesquisar na Abramet – Associação Brasileira de Acidentes e Medicina de Tráfego – o que existia a esse respeito. O resultado foi surpreendente, porque os remédios são muito mais perigosos do que normalmente pensamos. Sobretudo no Brasil, onde a prática da auto-medicação é recorrente entre grande parte da população.
 
Para minha surpresa, em abril de 2009 a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – sugeriu que os remédios recebessem a advertência no rótulo: “Remédio, se tomar não dirija”. Será que minha bola de cristal era tão eficiente assim? Não, claro, porque senão já teria acertado as seis dezenas da Mega Sena. Na verdade essa determinação da Anvisa é uma tendência mundial. Só que nós previmos isso nove anos atrás!
 
Alguém aí quer se consultar comigo? Eu leio mão, faça amarração de amor, tarô, vidência, etc. Ah, pagamento adiantado! 
 
Leia a íntegra da matéria sobre remédios, publicada em 2000. E depois o artigo da colega Fernanda Aranda, da Agência Estado, publicada em abril de 2009.
 
Santo remédio
 
Torcicolo, dor de dente, joanete, cefaléia, espinhela caída, tosse, calvície, herpes, broxismo. Todo mundo fica doente e sabe muito bem qual remédio tomar. Além dos remédios caseiros, a base de chás, farmacopéias milagrosas e simpatias, os doentes recorrem aos medicamentos vendidos em qualquer lugar, como se fossem chicletes. Uma das manias nacionais é a auto-medicação. É um tal de tomar remédio sem consultar especialistas, mesmo quando o medicamento pode provocar reações adversas que vão desde a perda da acuidade visual, até a tontura e a sonolência. Pior, muitos dos remédios comprados aleatoriamente até em supermercados contém substâncias que interferem no sistema nervoso central, podendo ser causadores de acidentes no trânsito.
 
Segundos dados da Abramet – Associação Brasileira de Acidentes e Medicina de Tráfego –, em um artigo de autoria da especialista em Medicina de Tráfego, Dra. Ilham Taha, dois terços dos acidentes são provocados por falha humana, e o uso indiscriminado de medicamentos podem ser contribuintes para aumentar esta estatística. Entre as drogas lícitas mais usadas estão os antihistamínicos (para alergia), antiinflamatórios, analgésicos, antiasmáticos, antigripais, antiespasmódicos e antitussígenos.
 
Os antigripais, por exemplo, contêm antihistamínicos, analgésicos, sedativos de tosse, vasopressores, estimulantes, entre outros, que podem provocar como efeitos colaterais a sonolência ou sedação.Os vasopressores, presentes na maioria dos antigripais, podem ter o cloridrato de fenilpropalonamina, cujos efeitos colaterais podem variar entre ansiedade, tremor, excitabilidade, insônia ou arritmia. Já os antihistamínicos (anti alérgicos) que contêm cinarizina, tomado em larga escala, podem provocar a sedação (sonolência e depressão). Em compensação, os antihistamínicos com cetirizina não apresentam efeitos neurodepressores.
 
Alguém pode estar se perguntando: mas como saber se o meu remédio tem estes elementos? Muito simples, atualmente todos os remédios são obrigados a exibir no rótulo o nome genérico (princípio ativo) abaixo do nome comercial. Por exemplo, o antiemético (remédio para enjôo) Dramin, tem como nome genérico Dimenidrato, que causa sonolência e depressão do sistema nervoso central. Não espere que o balconista vá entender nomes como Cetoprofeno, Naproxeno, Paracetamol, Benzodiazepínico, Diclofenaco ou Piroxicam, mas nomes como Anador, Naldecon, Feldene, Dorflex, Tylenol são bem conhecidos e consumidos como se fossem balinhas de goma.
 
Além destes medicamentos conhecidos, com efeitos colaterais explicados na bula, existem ainda os remédios com componentes antipsicóticos ou hipnóticos, que são totalmente contra-indicados para quem está dirigindo. Para estes casos o ideal seria um acompanhamento médico, com orientação no sentido de contra-indicar o uso de veículos pelo menos no início do tratamento, quando o organismo ainda está se acostumando com a droga.
 
Falando em droga, os especialistas fazem questão de lembrar que muitos remédios têm seus efeitos potencializados quando misturados com álcool. Mas não vá pensar que isto significa que vai sarar mais depressa se tomar xarope com uísque. Na verdade os efeitos colaterais é que são potencializados. A sonolência pode ficar ainda mais sonolenta e a depressão mais depressiva. Como regra de vida, motociclistas e motoristas deveriam antes de tudo acabar com esta bagunça da auto-medicação (ou moto-medicação). Os remédios, por mais inócuos que pareçam, trazem efeitos que podem agravar uma situação já crítica. Um motociclista com histórico de apnéia do sono, por exemplo (aqueles que não conseguem dormir por problemas respiratórios), já sofrem de sonolência naturalmente. Quando sob medicamento, podem ficar ainda pior e maissszzzzzzzzzzz perigosozzzzz.
 
Remédio terá ""se tomar, não dirija"
 
Mudança em rótulos deve valer em dezembro; governo fará campanha na TV e empresa, panfletagem em pedágio
 
Por: Fernanda Aranda, Ag. Estado. 18/4/2009
 
O governo federal deu o primeiro passo para a entrada em vigor de uma "lei seca" para medicamentos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer que todas as embalagens de remédios que provoquem sonolência ou efeito sedativo (analgésicos, antialérgicos, antibióticos e psicotrópicos) venham com a mensagem de alerta "se tomar, não dirija". A proposta de restrição, que por ora não prevê nenhuma multa, tem o objetivo de reduzir acidentes.
 
Para entrar em vigor, o projeto passará por um processo de consulta pública até o dia 11. "Vamos receber sugestões da indústria, dos consumidores e da comunidade médica. Depois, quando o texto estiver consolidado, passará pela diretoria colegiada da Anvisa", afirma a gerente-geral de Medicamentos, Nur Shuquiara, que até dezembro pretende publicar a mudança das embalagens.
 
A medida de alertar os riscos ao volante atende às reivindicações de dois ministros do País: o da Saúde, José Gomes Temporão; e o das Cidades, Márcio Fortes. Ambos já afirmaram ser necessária uma proposta mais incisiva de restrição à direção para quem estiver sujeito aos efeitos de medicamentos. Fortes levanta uma bandeira pessoal na causa. Seu filho morreu aos 23 anos em um acidente de carro no Rio, em 2004. Análises mostraram que a tragédia foi influenciada pela ingestão de altas doses de antibióticos - para contornar uma dor de dente - durante a semana.
 
"Antes de pensarmos em uma lei, precisamos fazer uma campanha de conscientização porque ainda é muito pouco conhecido o impacto que os remédios podem acarretar na direção", afirma Fortes, que é responsável pelo Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), que dita as regras viárias. "Por isso, já planejamos que as próximas propagandas na televisão serão sobre isso", afirmou o ministro. Os custos das campanhas publicitárias serão pagos pelos R$ 120 milhões disponíveis por ano de recursos que vêm de multas e do seguro obrigatório (DPVAT).
 
Ainda não existem estudos científicos que comprovem a relação entre acidentes automobilísticos e uso de remédios. Mas o que sustenta a proposta do governo são três fatores principais: as 35 mil mortes anuais no trânsito brasileiro; o hábito da automedicação, praticado por 40% da população, o que aumenta o desconhecimento dos efeitos na direção; além do aumento na idade dos motoristas (os condutores com mais de 60 anos na capital paulista representavam 8,2% do total em 2003 e hoje já somam 9,8%). Nessa faixa etária, normalmente se precisa tomar mais remédios ao mesmo tempo. "O uso agregado de várias drogas pode potencializar os efeitos na direção", observa Fortes.
 
A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) já se posicionou de forma favorável à proposta e defende que os profissionais médicos de todas especialidades orientem os pacientes sobre os riscos. A General Motors também já está envolvida e organizou uma panfletagem, que deve ser feita em pedágios, para alertar os motoristas.
publicado por motite às 16:07
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Segunda-feira, 27 de Abril de 2009

Moto-Perpétuo

 

(Quem são as vítimas de trânsito? Foto: Tite)

 

Moto-Perpétuo

 
Quando eu trabalhava no departamento de comunicação da Philips do Brasil, recebi uma ligação de um homem alegando que tinha inventado o moto-perpétuo. Desde os tempos mais remotos, a humanidade sonha em criar duas coisas: a pedra filosofal, que transforma tudo em ouro, e o moto-pertétuo, que nada mais é do que um motor que não necessita energia.
 
Ingênuo, eu recebi esse homem e descobri que estava diante de um completo doido varrido! Quando consegui me livrar do doidão meu chefe virou e comentou:
 
- Prepare-se porque vai aparecer um maluco desse por mês!
 
Dito e feito: todo mês aparecia pelo menos um xarope com a fórmula do moto-pertétuo, com trapizongas que, inexplicavelmente, necessitavam de algum tipo de energia para funcionar. Ou seja: não passava de loucura mesmo.
 
Passados 25 anos, me vejo na condição de estudioso da segurança de motociclista e pelo menos uma vez por ano aparece um “especialista” de dedo em riste anunciando: “Eu tenho a solução para a questão do motoboy em São Paulo”. Isso se for uma pessoa modesta, porque também aparece o maluco que quer resolver o problema de segurança de TODOS os motociclistas do Brasil e até uns mais psicóticos que querem resolver o problema de trânsito de São Paulo em uma medida só! Aí me lembro dos doidos do moto-perpétuo!
 
Eu também já tive meus surtos megalomaníacos de achar que resolveria o problema de segurança de motociclistas. Tomei um remédio tarja-preta e fiquei curado. E se alguém achar que tem a receita pronta para resolver o problema da segurança de motociclista em São Paulo em curto prazo, recomendo Ritalina ou algo mais forte.  
 
Não existe UMA forma de resolver esse assunto. É necessário um esforço que envolva todos os segmentos, desde fabricante de motos, prefeitura, escolas, órgãos de trânsito, especialistas em segurança, ministérios, secretarias de saúde e toda aquela coisa abstrata e monstruosa chamada administração pública.
 
O que vejo são políticos oportunistas, “especialistas” em coisa alguma, jornalistas preconceituosos e desinformados, sindicatos corporativistas, importadores casuais de motos e uma imensa fogueira das vaidades querendo puxar a brasa para a sua sardinha fedorenta.
 
Toda vez que aparece alguém bradando “vou resolver o problema de segurança dos motociclistas” minha primeira pergunta é: “você fez alguma pesquisa para identificar o perfil deles?”. Sem querer integrar este time, posso adiantar que a experiência me ensinou logo de cara que não se entra em uma guerra sem conhecer o inimigo.
 
As iniciativas visam o motoboy, mas esquecem que existem usuários de moto que adotaram esse veículo como meio de transporte e não meio de vida. Ao tentar proibir a circulação de motos nas marginais, para reduzir acidente com motoboys (ou motofretistas), a administração pública esquece que existem usuários de motos que são – acredite – normais! Tem motociclista que roda a uma velocidade compatível com o trânsito. Verdade, eu já vi vários! Tem motociclista que respeita as leis de trânsito. Que usam motos bem conservadas. Sim! Quer mais? Conheço motociclista que nunca caiu!!! Motociclistas que não bebem, não usam drogas, têm família funcional, têm nível de instrução e são EDUCADOS!!!
 
E por que tratar o bom motociclista baseado só no universo dos maus motociclistas? Até quando a administração pública fará a legislação inspirada sempre nos errados e punindo os certos?
 
Daí a necessidade de começar a ação preventiva de trânsito identificando o alvo! A única coisa que sabemos é que diariamente cerca de 20 motociclistas se envolvem em acidentes na cidade de São Paulo. Mas quem são essas pessoas? Qual o grau de instrução? Qual a formação profissional? Qual a experiência? Para quem trabalha? Ele pilota quantas horas por dia? Qual marca, modelo e ano da moto? Qual o nível de manutenção da moto? A moto estava documentada? Ele se acidentou sozinho ou com outro veículo? Quem era o outro envolvido? Isso nada mais é do que uma perícia! Pelas nossas leis, só é feita a perícia em acidentes com vítimas fatais. Mas acho difícil entrevistar um morto.     
 
Sem estas respostas nem adianta querer elaborar qualquer ação pública para reduzir acidentes de trânsito.
 
Ou seja: quem quer resolver tudo, na verdade, não sabe nada.
 
É por isso que decidi tornar a experiência adquirida em 25 anos a serviço de empresas privadas. A SpeedMaster não é apenas um curso de pilotagem de motos. É muito mais do que isso. É uma empresa de consultoria voltada à segurança do motociclista. Hoje em dia ser consultor é mais chique do que ser palpiteiro. Palpite todo mundo da dá de graça. Consultoria é uma prestação de serviço e feita e por meio de material científico.
 
Se você é pessoa física ou jurídica e quer consultoria no campo da segurança de motociclista pode me chamar! Depois de analisar as necessidades posso indicar as melhores medidas a adotar.
 
Posso não saber tudo, mas é muito mais do que nada!
publicado por motite às 16:37
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Domingo, 26 de Abril de 2009

Italia Mia - Parte II

(É curioso notar como tem loja de lingerie na Itália. Foto: Tite)

 

Essa minha mais recente viagem à Itália foi a mais easy-rider de todas. Meu único objetivo era conhecer Roma, porque já era minha quarta visita à Itália e eu nem sequer tinah pisado em Roma. Então aproveitei que estava vivendo de free-lancer (eufemismo pra desempregado) e fiqui logo 30 dias zanzando pelo país. Ah, também era fundamental visitar Lucca, cidade dos meus avós maternos.

 

(Doidão do leste Europeu  viajando pela Itália com uma BMW 250cc de 1961. Foto: Tite)

 

Mas como a Lei de Murphy é implacável, enquanto eu estava viajando de carro fez um tempo maravilhoso, com céu azul, frio, mas sempre ensolarado. Mas quando passei a viajar de trem e ônibus o tempo fechou, começou a chover a não parou mais... Em San Geminiano eu cruzei um maluco do Leste Europeu (claro que não lembro o país...) viajando com uma BMW 250cc de 1961, se não me engano. A moto pifou debaixo de maior chuva e lá fui eu ajudar o mano a empurrar a clássica. Papeamos e perguntei se ele era colecionador. A resposta foi surpreendente:


- Não, eu só tinha dinheiro pra comprar essa moto, que estava jogada na casa de uma família alemã. Consertei o sistema elétrico e ela funcionou. Bom, pelo estava funcionando até agora...

 

(Campo de oliveiras. Não coma a azeitona! Foto: Tite)

 

Entre um passeio e outro eu cruzava enormes plantações de azeitonas. A extração do azeite é uma das atividades mais antigas da humanidade italiana (!). E eu estava justamente na época da colheita. Aquele monte de oliveiras carregadas dava uma vontade louca de pegar uma e experimentar. Mas decidi colocar o cérebro para funcionar antes das mãos e perguntei para uma italiana se a azeitona no pé tinha o mesmo gosto que tem dentro do vidro. Felizmente eu perguntei, porque pela cara que ela fez o troço deve ser ruim que só!

 

(Carrossel florentino, nunca entre bêbado! Foto: Tite)

 

E, para encerrar este capítulo, uma historinha:


O cara acordou no hotel e comentou com o recepcionista:


- Cara, tive um pesadelo horrível. Sonhei que o mundo estava girando, tinha um cavalo na minha frente, outro atrás, Uns monstros estranhos e tudo correndo sem parar...


- Então é melhor o senhor não entrar mais no carrossel quando estiver bêbado!

publicado por motite às 21:13
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Sexta-feira, 24 de Abril de 2009

Italia mia...

 

(Garda: do quebra-cabeça à realidade. Foto:Tite)

 

O ano de 2006 foi marcado na minha vida por duas realizações de sonhos de infância. Primeiro foi conhecer a região do Algarve, em Portugal, que vc já viu em algum post da lista aí da esquerda. O segundo foi na Itália.

 

Quando eu era pequeno minha madrinha me deu um quebra-cabeça desses de 1.000 peças. Passei as férias juntando aqueles caquinhos e admirando a foto da caixa. Era um lugar muito colorido, com uns barcos, uma espécie de trapiche ou píer. No canto da caixa estava escrito: Lago di Garda.

 

(Pomba gira? Não, é um passaraglio! foto: Tite)

 

Em 2005, já com 46 anos, fui novamente pra Itália participar do Salão de Milão. Como sempre, aproveitei para tirar um mês de férias pela vecchia bota. Um amigo de Mantova me emprestou um carro mega super fuçado, rebaixado, com escape, rodas etc e disse que podia devolver quando bem entendesse.

 

(Carrão emprestado: quem tem amigo não morre pagão! Foto: Tite)

 

Como você já sabe, eu abro o mapa, escolho qualquer ponto e me mando, sem muita pesquisa. Olhei para um ponto no Norte e me mandei pra lá. O destino era Arco, na região Trentina, para comprar equipamento de escalada e até subir umas paredes de calcáreo.

 

(Onde está Wally? Descubra onde está o Tite nesta foto! Foto: Piero)

 

Quando estava andando a pé, meio macambúzio por estar viajando novamente sozinho, sem as pessoas que amo, olhei para um pequeno porto e levei um choque: era a imagem do meu quebra-cabeça! Eu estava em um porto muito familiar, às margens do Lago de Garda. Eu estava dentro da foto do meu quebra-cabeça, 36 anos depois.

 

(Pôr do dol no Lago de Garda. Foto:Tite)

 

publicado por motite às 21:39
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Quarta-feira, 22 de Abril de 2009

E os motoristas?

(Essa luz de neblina não pode ser usada isoladamente na cidade nem na estrada)

 
 
Diariamente ouvimos pela rádio e vemos pela TV inúmeros acidentes de trânsito nas ruas e estradas envolvendo carros, ônibus e caminhões, mas a mídia só lembra de pegar no pé dos motociclistas. Por quê?
 
É uma questão muito mais cultural do que a gente imagina. E não se engane, neste caso o termo “cultural” tem a conotação sociológica de “história dos hábitos e costumes de uma população”. Nada a ver com formação escolar. Dirigir carros é uma tarefa socialmente considerada fácil, necessária e primária. Já expliquei várias vezes que o homos-urbanus praticamente nasce dentro de um carro e convive com este veículo até depois da morte (o coche funerário, que nada mais é do que um carro preto!).
 
Por isso todo motorista se considera ótimo ao volante. Faz aulas de adestramento, um exame ridículo, exame teórico igualmente ridículo e está credenciado para dirigir um automóvel até o final dos seus dias, que pode ser depois de muitas décadas, ou logo em seguida, espetado em algum poste. Mesmo assim se considera um excelente motorista e ponto final! Alguma vez na vida você ouviu alguém declarar “cara, eu dirijo mal pra caramba”?
 
Curiosamente, no mundo corporativo um profissional não nasce pronto e muito menos se mantém ótimo sem investir em formação. Começa na escola elementar, depois segue pelo curso superior, pós-graduação etc. E ainda não é suficiente, porque é preciso continuar investindo em cursos de especialização em função de novas tecnologias ou até para se adaptar a um determinado mercado ou conjuntura.
 
(Luz de neblina + farol baixo = OK)
 
Só para exemplificar, no meu tempo de estudante de jornalismo os professores aconselhavam: “se quiser ser um bom jornalista é preciso falar inglês fluente!”. Depois, a concorrência e a necessidade fizeram os jornalistas adquirirem algum conhecimento elementar de fotografia. E lá fomos nós, fazer cursos, comprar máquinas e sair fotografando. Quando chegaram os computadores foi a hora de aprender Word, Excel, Pagemaker etc. E lá fomos nós, mergulhar em manuais gigantescos, escritos em inglês... Até que chegamos no século 21 e fomos obrigados a assimilar o uso de máquinas fotográficas, gravadores e filmadoras digitais, Photoshop, editores de imagem, linguagem HTML, Flash, Adobe aaaaaaaahhhhhhhhhhhh...
 
E o motorista? Os carros mudaram, a tecnologia embarcada mudou, as cidades mudaram, as leis mudaram, mas ninguém se interessou em fazer qualquer tipo de curso de especialização ou atualização! Quando os primeiros carros com freio ABS chegaram ao Brasil foi um festival de pancadas nas estradas. Mal informados por parte da imprensa, os motoristas achavam que o ABS fazia milagres e diminuía os espaços de frenagens. Bastava frear em piso irregular e ... catapimba no poste!
 
Nos anos 80 o motorista tinha de segurar o volante de uma maneira. Hoje é diferente porque existe um air-bag colocado no volante e o motorista não se pode cruzar o braço na frente da direção sob risco de, caso a bolsa se inflar, ele se auto nocautear com o punho no queixo! Antes o banco regulava só pra frente e para trás. Hoje tem regulagem de altura. Antes os espelhos retrovisores eram de vidro plano, hoje são convexos. Antes o motor carburado economizava gasolina quando colocado na “banguela”. Hoje, com a injeção eletrônica, se fizer isso gastará mais combustível. E muito mais...
 
(Lanterna + neon sob o carro = brega  perigoso!)
 
Mesmo assim não se ouve falar em cursos de reciclagem ou especialização aos motoristas. Os cursos de reciclagem promovidos pelos Detrans e Ciretrans são ridículos e limitam-se a ensinar as leis de trânsito, meia dúzia de regras e o temível curso de “primeiros-socorros” que só serve para agravar a situação de uma vítima de trânsito.
 
Uma situação típica é o motorista que roda à noite na cidade apenas com a luz de neblina e as lanternas acesas. Ele não sabe – porque ninguém ensinou – mas além de ter menos visibilidade, esse veículo é menos visível pelos motociclistas, motoristas e pedestres. A luz de neblina atinge entre 5 e 10 metros de focalização, enquanto o farol baixo chega a 20 metros. Além disso, o foco da luz de neblina aponta para frente e para baixo, ao passo que o farol ilumina também para cima. Como os motociclistas são obrigados a usar um adesivo reflexivo no capacete, esse adesivo só será visível com o farol baixo aceso, mas mão com a luz de neblina.
 
Pior ainda são os carros tunados! Essa excrescência em quatro rodas chamada tuning é uma das grandes responsáveis por carros cada vez menos seguros. Uma das manias é usar luz negra no capô e sob o carro, numa demonstração de cafonice ilimitada. O motorista roda com todas as luzes apagadas e só o neon no capô e embaixo da carruagem brega! Ninguém consegue ver esse horror, nem os pedestres!
 
Em suma, antes de os motoristas saíram destilando seu ódio contra motociclistas é preciso olhar para o próprio umbigo.
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Geraldo Tite Simões, jornalista e instrutor de pilotagem. Contato: info@speedmaster.com.br
publicado por motite às 23:35
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Terça-feira, 21 de Abril de 2009

Titurismo clássico – parte II

SÃO JOAQUIM 

 

(Igreja de São Joaquim: passa o inverno lá, passa! Foto: Tite)

 
Lembra da primeira parte? Não? Então clica aqui: http://motite.blogs.sapo.pt/36483.html.
 
Escureceu. Começou a chover e ainda estávamos na parte asfaltada da escandalosa estrada que liga Floripa ao sul do País. Naquele longínquo 1983 essa estrada era o rascunho do inferno. Pior que nunca fizeram a arte-final! Quando chegamos a uma pequena cidade, porta de entrada da Serra do Rio do Rastro, fizemos uma pequena parada em um boteco. O único aberto naquela noite! (Desculpe, não lembro mais o nome das cidades e perdi a revista com o artigo original...).
 
Entre um gole e outro de um vinho local horrível – rascunho do inferno chega a ser elogio! – o balconista viu o capacete e fez a pergunta:
 
- Você vai posar onde?
 
E eu, ingenuamente, falei a verdade:
 
- Vamos subir pra São Joaquim! Temos uma reserva lá!
 
- Mas você vai colocar a moto na picape, não é? Perguntou o preocupadíssimo balconista.
 
- Não, vou pilotando mesmo. A picape está lotada.
 
A conversa parou dentro do bar. Silêncio absoluto. Não se ouvia uma mosca, apesar de o bar estar forrado delas. Os homens que estavam no bar olharam para baixo e começaram a sussurrar alguma coisa entre eles, o balconista ficou perplexo e desandou a falar:
 
- Capaz! Você é louco? Essa estrada é escura, perigosa, cheia de curvas, escorregadia, molhada, assustadora, assassina, mortífera, fatal, fatídica... 
 
Enfim, ele desfilou todos os sinônimos relativos à possibilidade de morrer! Absolutamente ignorados por mim, é claro, afinal eu era piloto de moto, experiente, corajoso, prepotente, arrogante e burro!!!
 

(Uma das várias cachoeiras de águas geladas. Foto: Tite)

 
Saímos do boteco em direção à serra deixando para trás uma legião de boquiabertos catarinenses. Vesti uma balaclava de lã, capacete, capa de chuva, bota, luvas, montei na moto e fui embora. A estrada era realmente ruim: de terra, cheia de buracos e com muitas curvas. O frio e a chuva castigavam meu corpo sem dar trégua. Quanto mais subia a serra, mais frio e molhado ficava meu corpo. Estava realmente desconfortável!
 
A certa altura caiu um raio daquele que ilumina tudo em volta. Tremi! Finalmente eu tive noção do que era aquela estrada. Com a luz do raio pude ver que eu estava alto. Muito alto. E a estrada não tinha guard-rails, nem qualquer proteção que impedisse uma moto de rolar serra abaixo em uma das centenas de curvas muito fechadas.
 
 

(Essa é  serra do Rio do Rastro: haja curva! Foto: Santa Catarina Turismo) 

 
A tensão já estava no limite e eu infalivelmente arrependido, lembrando de cada conselho do balconista do boteco quando, de repente, bem na entrada de uma curva muito fechada, tudo ficou escuro! O farol apagou inexplicavelmente! Em uma fração de segundo ele voltou. Depois, bem perto de outra curva ele apagou, voltou novamente e assim várias vezes até eu me dar conta de uma sucessão de causa-efeito. A cada vez que eu pisava no freio traseiro o farol apagava.  Era um curto-circuito no sistema elétrico, sem que eu pudesse fazer nada. Então tive de pilotar nessa estrada cheia de curvas, com crateras enormes, abismos ameaçadores e sem poder usar o freio traseiro. Fácil, se meus joelhos não parassem de tremer!
 
Enquanto isso o produtor Dinho Leme estava na picape, seco, com ar quente, duas modelos e o som ligado!
 
O meu terror demorou algumas horas até chegar à rua principal da vila de São Joaquim. A prova da existência de Deus se manifestou na forma de um lobby com lareira acesa. Pedi uma bebida bem forte, algo assim como querosene, e me atirei na frente da lareira até ver o vapor sair das minhas roupas, especialmente das minhas botas. O galego que trouxe a grappa avisou:
 
- Olha, cuidado com as botas na frente do fogo!
 
Mas que saco! Pensei. Pô, mas que terra é essa que todo mundo que passa por mim quer dar conselhos? Primeiro, o balconista, agora o garçom do hotel! Fiquei ruminando minha raiva enquanto via o vapor saindo da sola da minha bota, já sentindo o calorzinho gostoso na sola dos pés. Calorzinho que foi aumentando, aumentando até que decidi sair de perto e me sentar em um sofá. Assim que encostei o pé no chão senti algo muito quente na sola do pé. UUUUUUUUAAAAAAAAAAAAUUUUUUUUUU!!!
 
O que o galego queria dizer era muito simples: o calor do fogo aquece a sola do sapato, que é muito grossa. A gente não percebe, mas quando o calorzinho gostoso chega na pele é sinal que a sola está a uma temperatura muito maior do que se imagina. Bem que senti um cheiro de torresmo!
 
Até me dar conta que bastava tirar as botas para terminar o churrasco fiquei pulando no saguão feito louco. Depois disso achei melhor mergulhar num banho quente e encerrar uma jornada totalmente imprevisível e desastrada.
 
Bom... eu ainda não sabia, claro, mas nada é tão ruim que não possa piorar, né? Nós passaríamos uma semana nesta vila a espera da neve. Mas isso você só saberá na próxima parte!

 

publicado por motite às 16:47
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Palestra SpeedMaster

(Um boneco "acidentado" foi colocado na entrada da NSK, lembrando a semana de prevenção de acidente de trânsito)

 

NSK promove segurança de motociclista

A NSK Rolamentos realizou na segunda semana de abril a 10ª Sipatran – Semana Integrada de Prevenção de Acidentes no Trânsito. Neste ano a ênfase foi com relação à segurança de motociclistas, destinada a cerca de 600 pessoas das unidades industrial em Suzano (SP), e administrativa, em São Paulo. A quantidade de motociclistas chega a quase 15% desse total. Para discursar sobre segurança no trânsito, em especial de motociclistas, a NSK convidou o jornalista e instrutor de pilotagem Geraldo Tite Simões, criador do curso SpeedMaster de pilotagem.

 

Foram quatro palestras realizadas em dois dias, nas quais Geraldo Tite Simões mostrou como a convivência entre motociclistas e motoristas pode ser pacífica e segura. Com ajuda de projeção de filmes e imagens, o jornalista passou a mensagem da pilotagem preventiva.

 

- Foi ótimo, porque pela primeira vez eu tive motoristas e motociclistas juntos em uma chance rara de mostrar a quem nunca pilotou uma moto como é a dinâmica e a fragilidade dos veículos de duas rodas.

 

Um dos pontos que Geraldo Tite Simões procurou destacar foi a teoria do “Veja e Seja Visto”, que se resume a ensinar motoristas e motociclistas a ocuparem os devidos espaços no trânsito. “Quando um motorista diz que não viu a moto ele não está mentindo – afirma Simões – por isso é muito importante que o motociclista se posicione corretamente em relação aos carros, e o motorista saiba usar e regular os espelhos retrovisores”.

 

(ocasião rara que reuniu motoristas e motociclistas)

 

Outro aspecto enfatizado pelo instrutor e jornalista foi sobre a teoria dos quatro minutos. “A maior parte dos acidentes acontece nos primeiros e nos últimos quatro minutos da jornada. Principalmente no retorno para casa, quando a ansiedade de chegar provoca um grande déficit de atenção”, revela Geraldo.

 

A importância dos equipamentos de segurança para motociclistas, o uso correto dos faróis pelos motoristas foram outros temas abordados nas palestras, que também enfatizou o papel da educação no trânsito: “O trânsito nada mais é do que uma organização social. Como tal exige normas de comportamento como educação, gentileza, respeito ao próximo e amor à vida. Sem estas características o trânsito caminhará para um caos social”, profetiza Geraldo Simões.

 

(Anualmente a empresa promove campanhas de segurança no trânsito)

 

O jornalista e especialista em segurança de motociclista Geraldo Tite Simões ministra palestras e cursos de pilotagem regularmente. Para informações sobre palestras e cursos: info@speedmaster.com.br

 

 

publicado por motite às 02:00
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Sexta-feira, 17 de Abril de 2009

Aniversário

Apague o velhinho...

     Hoje, dia 17, é meu aniversário de 50 anos! Pãtz, passou rápido. Parece que foi ontem que nasci! E como se repete em alguns anos, meu compleaño cai no feriado prolongado. Neste ano devo agradecer ao finado Joaquim José da Silva Xavier pelos quatro dias de folga.
     Quando fiz 18 anos meu aniversário também caiu em um feriado. Acho que foi semana santa, Páscoa, não lembro, mas meus amigos, inclusive meus pais e irmãos, foram viajar! Estava sozinho em São Paulo em uma data muito importante. Precisava de uma festa sob o risco de entrar em depressão e cometer algum tipo de suicídio etílico, como encher a cara de licor de ovo.
     Peguei meu carro – sim, leitor, eu era um mauricinho que dirigia desde os 12 anos e já tinha carro e moto aos 16! – e saí rodando pela cidade de São Paulo. Estava tão perdido que fui parar no bairro da Aclimação rodando que nem barata tonta. De repente, passando em frente a uma igreja percebi que estava rolando um casamento. Na hora tive uma idéia: “Pô, taí, a festa está pronta, cheia de convidados e sem gastar nem um centavo!”
     Entrei na igreja, já mapeando o ambiente para identificar as famílias do noivo e da noiva. Percebi que se tratava de famílias simples e que o pai da noiva estava numa alegria raramente vista. Colei no lado da família da noiva e fui só me aproximando e cumprimentando todo mundo.
     – Parabéns Sra, parabéns Sr, é um dia muito feliz, etc e tal...
     Decerto, cada família me olhava como se fosse convidado do outro lado e vice versa. Na hora de cumprimentar noivos e padrinhos eu abracei o pai da noiva e comentei:
     – Puxa, estou tão feliz, é uma noite para dupla comemoração: o casamento da sua filha e meu aniversário!
 
(18 anos, cabeludo e mauricinho...)
 
     O homem me olhou de cima a baixo, mediu, remediu e eu imaginei que fosse levar a maior surra da minha vida. Nessa época eu tinha cabelo. Muito! E comprido, estilo roqueiro! Nem todo mundo aprovava homens cabeludos. Mas mantive o cinismo até que o homem abriu um sorriso, emocionado, quase chorando, me abraçou e gritou:
     – Então hoje é um dia para fica na história! Vamos pra festa!!!
     Festa! E teria uma festa!
     Segui o comboio de carros pelos bairros de São Paulo até chegar a um conjunto de casas muito simples e uma delas se destacava. Era uma dessas casas construídas aos poucos, com aposentos meio improvisados, escadas esquisitas em locais que nenhum engenheiro aprovaria, puxadinhos e... a laje! Festa na laje, adoro! Uma churrasqueira de tambor defumava o ambiente e vários barris de chope empilhados eram a garantia de que naquela festa ninguém passaria sede, nem fome, nem tristeza.
     O pai da noiva me pegou pelo braço e saiu apresentando pra todo mundo:
     – Hoje é aniversário do Geraldo, vamos fazer a melhor festa da vida dele!
     As pessoas me tratavam com tanta alegria, gentileza e carinho que por algum momento eu não sabia mais se aquela era mesmo uma festa de casamento ou do MEU aniversário. Ninguém deixava meu copo vazio, nem minha barriga! Era espetinho e chope. Chope e espetinho! Alguns convidados contavam partes da história daquela família que era o padrão daquela época: vieram do Nordeste, o pai era pedreiro, depois mestre de obra até chegar a empreiteiro. A história típica do imigrante que se deu bem na cidade. Por isso a casa era esquisita, fora construída em etapas por ele mesmo!
     O tempo foi passando, minha visão turvando, meu fígado empastelando, minha noção de responsabilidade desaparecendo e comecei a abraçar todo mundo como se fossem meus parentes mais próximos. Beijava, abraçava e – como convém a todo bêbado em festa – chorava de emoção. E ninguém fazia a menor idéia de quem eu era!
     Percebi que estava chegando a hora de sair de fininho, mas não fazia menor ideia de onde estava. Perguntei pra uma mocinha:
     – Como chama esse bairro?
     – Jardim Clímaco!
     – O quê? Jardim Climax? Muito prazer! Que interessante, um bairro com nome de orgasmo! Falando nisso...
     Bêbado, folgado e incoveniente, percebi que era a deixa para bater em retirada. Porque o fim de todo bêbado mala em festa é a surra.
     Quando minhas pernas já não suportavam mais o peso do corpo, consegui reunir um restinho de forças pra chegar ao minúsculo Fiat 147, reclinar o banco e... apagar!
     Acordei com o solzinho fraco típico de outono e a passarinhada fazendo uma barulheira fatal para quem está sob o efeito de uma ressaca avassaladora. Olhei em volta para checar se o conteúdo do meu fígado não tinha saído do corpo, mas estava tudo limpo e seco. Liguei o carro e fui pra casa, curtir o resto de ressaca. Claro que me perdi que nem um peru bêbado, ou de ressaca, mas cheguei!
     Refeito, nos dias seguintes pensei muito naquele pai da noiva. Na sinceridade da alegria daquele homem. Na simplicidade daquela família e tive o impulso de voltar lá, agradecer e levar um presente. Mas como descobrir aquele endereço no Jardim Orgasmo? Ah, fácil, na igreja da Aclimação!
     Rodei por toda aclimação e não achava a Igreja. Não lembrava nada. Nenhum vestígio que identificasse a “minha” igreja. Perguntei, rodei e... nada!
     Quando desisti fiquei imaginando até se aquela festa não teria sido um surto psicótico, uma alucinação, pesadelo, sei lá!
     Depois do 18º aniversário vieram 32 outros 17 de abril até hoje. Fiz várias festas, recebi várias festas e comemorei meu aniversário de muitas maneiras: ao lado da família, de amigos, de colegas de trabalho. Mas aquele senhor, ex-pedreiro, empreiteiro, que alcançou o objetivo de vida ao criar, educar e casar a filha estava certo: aquela foi a melhor festa de aniversário da minha vida! Pelo menos é a única que lembro cada detalhe. Cinqüenta anos depois!
 
(Faz tempo que fiz 18 anos...)

 

publicado por motite às 23:37
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Anhanguera, 4 de abril, km 17

(Essa é a GSX-R 750, o que sobrou dela...)

 
Já vou avisando: estou num mau humor de espantar rothweiller! Passei uma semana inteira sendo bombardeado por notícias sobre o projeto que tentará – mais uma vez – proibir a circulação de motos nos corredores. Quando lembro nas ruas de Brasília, DF, sobretudo daquelas asas Norte, Sul, Esplanada e outra bacanices urbanas, imagino que motociclistas candangos não usem os corredores porque lá nem se sabe o que é isso. As ruas são largas, os carros têm espaço, tudo funciona na buenas! Mas em São Paulo, com 19 (D-E-Z-E-N-O-V-E) milhões de gentes e 6 (S-E-I-S) milhões de veículos proibir a circulação de motos nos corredores é uma piada. Esses salames eleitos pelo povo deveriam proibir a corrupção, a prevaricação, o desvio de recursos, a falta de professores, o mensalão, mensalinho e mensaleto, o nepotismo etc etc. Proibir a miséria social não aparece na mídia. O que dá Ipobe é proibir trânsito de motos nos corredores! Quer saber? Isso vai acabar em pizza. Entregue por um motoboy que, espero, venha pelo corredor porque não gosto de mussarela fria!
 
Falando em corredor, recebi as fotos do famoso acidente na Anhanguera. Meu chapa! Tinha uma Yamaha R1, uma Yamaha R6 e uma Suzuki GSX-R 750. Quando os salames pilotos saírem da UTI certamente aparecerão algemados dando entrevista com carinha de anjos barrocos, do tipo “estávamos no limite da estrada, a 90 km/h e fomos surpreendidos pelos policiais no meio da estrada!”. Querem apostar? E vai aparecer um adevogado engravatado afirmando que seus clientes foram tão vítimas porque os policiais não sinalizaram o veículo atravessado no meio da pista. Pára tudo!
 
A melhor coisa que um adevogado pode fazer numa hora dessas é proteger seus clientes de um linchamento. Se aquelas motos estavam a menos de 150 km/h eu coloco minhas bolas numa morsa e pode apertar. As fotos mostram um show de horror. A pancada foi tão violenta que um dos motociclistas foi encontrado a uns 30 metros do local, perto de um riacho. Faltou pouco para a vaca ir pro brejo. Testemunhas dizem que a turma do resgate só se deu conta que faltava um motociclista quando contaram seis motos e cinco estabacados. Imagina a cena:
 
- Ué! Tem mais moto que motociclista!
 
- Procura por aí, porque está faltando um...
 
- Ih, achei, ta ali no meio do mato!
(Ih, olha o motociclista ali!)
 
 
Quem tiver a coragem de defender esses três motociclistas estará passando um atestado de  burrice do mais alto escalão. Qualquer estagiário de Física sabe calcular massa x velocidade. Um corpo de 70 kg não voa por meios próprios, precisa ter uma força de arremesso. Basta verificar a distância que o corpo voou para saber qual a velocidade da moto. Além disso, um dos conta-giros travou a 10.000. É só descobrir em qual marcha a moto parou para desvendar a velocidade. Simples!
 
Muita gente me perguntou “o que leva alguém a correr desse jeito na estrada?”. Minha vontade é responder “Certamente porque tem pênis pequeno e precisa provar que é bom em alguma coisa”. Mas não pega bem a um profissional da minha estirpe usar esse tipo de analogia. Por isso, visto minha carapaça de especialista em pilotagem preventiva para elaborar um parecer técnico sobre o comportamento desse tipo de vilania do trânsito.
 
O começo
Hoje as motos esportivas chegaram a um ponto que não dá mais para conceber a liberação a pessoas com habilitação convencional. Uma 1000 esportiva chega a 200 cv (com auxílio do sistema de indução de ar) e pesa 170 kg. É um veículo de corrida! As motos de GP dos anos 80 tinham 180 cv e pesavam 140 kg.
 
O meio
O perfil do motociclista que compra uma moto esportiva é bem variado. Encontra-se desde aquele que apenas curte o aspecto visual, mas pilota de forma até conservadora; passa por alguns que gostam da emoção da velocidade como um hobby e participam regularmente de competições ou track-days e termina naqueles que têm uma necessidade vital de auto-afirmação. São esses que batem, morrem e matam.
 
Sobretudo na faixa entre 35 e 45 anos, quando ainda preservam algum vigor da juventude e que precisam mostrar ao mundo que efetivamente SÃO jovens. A característica mais marcante da adolescência é a onipotência, sentimento pelo qual o jovem acha que as coisas ruins só acontecem aos outros. Outro arquétipo da juventude é a prepotência. Como o próprio nome diz, é a pré-potência, ou seja, atribuir a si uma potência antes de tê-la, ou que nunca terá.
 
(O miolo da R6)
 
O coroa de 45 a 50 anos percebe que está entrando na parábola descendente no ponto de vista físico e precisa de algo que lhe devolva a sensação de poder. E a velocidade é o Viagra que faltava para levantar o astral. Para comprar um carro que chegue a 300 km/h é preciso desembolsar algo perto de R$ 400 mil. Já uma moto esportiva chega aos mesmos 300 km/h e custa menos de R$ 60 mil. É fácil perceber que a opção pela moto esportiva pode ser meramente econômica e não passional.
 
O fim
Um dos temas que mais martelo em aulas e palestras é a pré-visão, que nada mais é do que a capacidade de ver antecipadamente. Nenhum motociclista pode argumentar que não viu determinado obstáculo. Na verdade, ele não previu! A rodovia Anhanguera tem proteções centrais de concreto. Um muro com cerca de 1,5 metro que serve para impedir a invasão dos veículos que rodam no sentido contrário. Como qualquer criança sabe concreto não é transparente, logo impede a visão nas curvas. E a curva passa a ser o que tecnicamente chamamos de “curva-cega”.
 
Quando o técnico determina a velocidade máxima de 90 km/h para aquele trecho ele leva em conta o quanto de alcance visual o motorista pode contar. A 90 km/h um veículo percorre 25 metros por segundo. A 100 km/h uma moto esportiva é capaz de frear em cerca de 30 metros. Logo, está dentro do previsível para a estrada. Só que o motociclista pego de surpresa demora cerca de 1 segundo para começar a frear, é o chamado tempo de reação. São 25 metros para reagir e mais 30 para frear...
 
No entanto a matemática muda radicalmente quando a velocidade chega ao nível de 150 km/h. A essa velocidade a moto percorre 41 metros por segundo e necessita cerca de 70 metros para frear, o que dá um total de aproximadamente 110 metros entre reagir e frear! É mais de quatro vezes a distância pré-vista para aquele trecho.
 
O corretivo
Qualquer pessoa pode tirar brevê de avião. Basta fazer o curso, passar nos exames, fazer as horas/aulas e ser aprovado no vôo solo. Isso faz de qualquer pessoa adestrada um aviador. Porém, quem tem a licença para pilotar um avião pequeno monomotor nunca poderá subir em um Learjet 85 e sair voando. Apesar de ambos os aparelhos serem aviões e obedecerem as mesmas leis da Física e aerodinâmica, são máquinas absolutamente distintas no que se refere à complexidade de pilotagem.
 
O que defendo é a mesma distinção para motos. Não é admissível que alguém faça um adestramento ridículo, em ambiente fechado, com uma moto utilitária de 125cc e receba a licença para pilotar motos de 200 cavalos, que chegam a 320 km/h!
 
O burocrata prevaricador que perde o tempo e o dinheiro público criando leis que já existem teria uma aplicação muito mais sensata se legislasse a favor de um critério técnico na habilitação de motociclistas. Quanto maior e mais potente a moto, mais severas e complexas devem ser as exigências para habilitação. No meu tempo existia as carteiras 1, 2 e 3 para motos conforme a cilindrada. O que era facilmente manipulado, pois bastava usar no exame uma moto de 200cc com as mesmas dimensões de uma 125 para receber a patente máxima. Uma atitude ridícula e aceita pelos Detrans desse país do avesso.
 
O motociclista que pleiteia a habilitação para motos acima de 100 cv deveria passar por um rigoroso exame de habilidade e psicotécnico, da mesma forma que um piloto de avião comercial. É preciso provar equilíbrio emocional e habilidade para pilotar motos que superam a marca de 200 km/h, pois existem pessoas que simplesmente são incapazes de controlar este tipo de moto e estão por aí, ameaçando a sua segurança e a dos outros.
 
Enquanto isso, em Brasília, alguém acha que as motos não devem circular nos corredores!
publicado por motite às 01:47
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