Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2009

Escolhas - parte III

Manutenção e Liquidez

 

Graças à interatividade proporcionada pela Internet, recebi algumas mensagens sobre o texto das escolhas. E sempre surge a mesma dúvida: como calcular o custo de manutenção de uma moto?
 
É muito simples. Digamos que há dúvida entre três motos de estilo, tipo e cilindradas diferentes. O que não muda são as peças passíveis de quebra ou desgaste. São elas:
 
Desgaste natural – pneus, freios, transmissão (corrente, coroa/pinhão no caso das motos ou correia e roletes no caso dos scooters), lâmpadas e cabos (velocímetro, embreagem, acelerador) e troca de óleo (quantidade, periodicidade, tipo etc).
 
Desgaste acidental – As peças mais comuns em caso de queda leve: manete, piscas, espelhos retrovisores e pedaleiras.
 
Além disso, é preciso pesquisar sobre os custos de licenciamento, seguro e IPVA.
 
Depois basta fazer uma simples planilha com esses dados para registrar a pesquisa.
 
Em seguida selecione três concessionárias das respectivas marcas em sua cidade e faça a cotação dessas peças. Com base nesta cotação pode-se avaliar se uma moto vai te custar mais ou menos para mantê-la funcionando.
 
Por exemplo, as peças da minha Suzuki DR 650 devem estar no mesmo patamar das de uma BMW F 650. Só que já desisti de comprar peças originais, porque felizmente o mercado paralelo brasileiro é excelente em matéria de opções e qualidade. Hoje temos fabricantes brasileiros de correntes, coroas e pinhões com padrão de qualidade aceito na Europa e EUA. Os pneus já são feitos no Brasil há décadas, inclusive alguns pneus feitos aqui equipam motos de série vendidas no exterior. O mesmo vale para lâmpadas e até alguns acessórios como guidão, pára-lamas, bauletos etc.
 
Ao analisar o custo de manutenção também é preciso levar em conta a liquidez daquele modelo. O chamado valor de revenda. Eu mesmo nunca me importei com isso, porque considero carro e moto como bens de USO e não de TROCA. O que levo em conta é o quanto estou sendo beneficiado pelo USO daquele bem e não quanto irei ganhar ou perder de dinheiro na hora de vender. Aliás, essa é minha filosofia de vida para qualquer bem material, desde roupa até telefone celular. Afinal, não sou comerciante, sou usuário!
 
Mas as pessoas normais consideram a moto como um bem material valioso demais e que precisa reverter em benefício financeiro na hora de vender ou trocar. A melhor forma de saber sobre valor de revenda é visitar sites de classificados. Claro que existem os sem-noção que anunciam motos usadas 30, 40 ou 50% acima do valor de mercado. Para saber o valor de mercado pode-se recorrer à tabela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) http://www.fipe.org.br/web/index.asp?v=m&aspx=/web/indices/veiculos/default.aspx que dará uma média do quanto aquele modelo é negociado. Como essa tabela é formulada com base nos anúncios, dá na mesma!
 
Quanto à liquidez (facilidade de venda), a melhor forma de avaliar é visitar as comunidades de Orkut dos donos daquele modelo. Apesar de contaminadas pelo ufanismo desses donos, dá pra conseguir boas informações sobre mercado.
 
Note que estou sempre me referindo às motos NOVAS, zero quilômetro, e não as usadas. Porque esse é um capítulo à parte que saberás no futuro...
 
publicado por motite às 15:18
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Segunda-feira, 26 de Janeiro de 2009

Escolhas - Parte II

Suzuki Burgman 125: o scooter mais vendido do Brasil

 

 

 

As escolhas podem ser divididas em duas categorias: as essencialmente importantes e as prosaicas. Depois dessa inacreditável, inédita e indispensável pérola do pensamento humano moderno, posso adiantar que toda escolha representa um risco em maior ou menor grau.
 
Decidir entre ser um mau pai presente ou um bom pai ausente. Optar por uma carreira segura e monótona em uma empresa multinacional ou realizar o sonho na abertura do negócio próprio. Experimentar, ou não, a primeira droga pesada. Tomar, ou não, mais uma dose antes de pegar a moto e voltar pra casa. Ter filhos ou interromper a gravidez. Escolher a escola do seu filho. Perto dessas escolhas decidir entre uma ou outra moto adquire contornos até mesmo ridículos.
 
Comprar uma moto “errada” pode trazer algum desconforto ou, na mais pessimista das hipóteses, a perda de algum dinheiro. Ou seja, nada, diante das escolhas do parágrafo anterior, que efetivamente podem mudar a vida de uma pessoa.
 
Só para ficar nas minhas experiências pessoais, fiz apenas UMA escolha errada de moto na minha vida: uma porcaria de Cagiva W16, oferecida com um super desconto pela Agrale, a importadora desse modelo na época. Perdi o equivalente a US$ 1.000 e um pouco da minha já curta paciência. Por outro lado reforcei minha teoria de que “moto e sushi só feitos por japoneses”. Comprei uma Suzuki DR 650 e sou feliz até hoje. Minha vida não mudou, não empobreci, não cortei os punhos, ou seja, nada de grave, além de ter de redobrar minha carga de trabalho para repor o dinheiro perdido.
 
Se todas as escolhas erradas da vida se resumissem a perdas materiais o mundo seria o verdadeiro paraíso!
 
Por isso acho exagerada a importância que algumas pessoas dão à escolha de uma moto ou carro. Invariavelmente as pessoas mais relutantes na hora da escolha são as maiores vítimas de uma má decisão. Portanto vou começar a ajudar, de fato, nesta tarefa quase homérica de escolher uma moto.
 
Primeiro temos de dividir os motociclistas em duas categorias: os experientes e os novatos.
 
Para os NOVATOS, a melhor e mais sensata dica é escolher uma moto pequena. Já me cansei de socorrer motociclistas novatos que compraram motos muito grandes, pesadas ou velozes. Quando comecei o curso de pilotagem SpeedMaster recebi uma ligação esquisita.
 
- Oi, comprei uma moto e não consigo sair da garagem do prédio!
 
- Ela está com defeito? Perguntei.
 
- Não, é minha primeira moto e estou com dificuldade para sair...
 
- E qual moto você comprou?
 
- Uma Yamaha YZF 1000 R1!
 
Foi assim que descobri um novo tipo de motociclista: o “atrasado”. O perfil é mais ou menos o mesmo. Um sujeito na faixa de 40 a 50 anos, que teve moto nos anos 80, geralmente uma CB 400. Depois casou-se e, ato contínuo, teve de se separar da moto. Passados 10 ou 15 anos veio a natural separação... da mulher! E a vontade de tirar o atraso motociclístico de mais de uma década. Já bem de vida – apesar do sumidouro financeiro provocado pelo advogado da ex-esposa – decide comprar uma grande moto para impressionar os estagiários da firma e as mocinhas. Ainda por cima compra um macacão de couro que fica mais apertado do que colchão de casal em porta-mala de Chevette.
 
Com esse tipo de usuário não adianta perder tempo com explicações prolongadas sobre a necessidade de se começar de baixo pra cima, porque ele escolhe a moto pelo o que ela representa e não pelo o que ela oferece.
 
Os novatos
Para quem decide adquirir a primeira moto da vida é preciso logo de cara saber que tudo na vida tem um começo. Até para andar tivemos de aprender à custa de muito tropeço e joelho roxo. Para os iniciantes no mundo das duas rodas posso separar as categorias mais recomendáveis:
 
- Scooter – são aquelas coisas motorizadas que nossas tias chamam de Lambretas. O grande benefício do scooter é a praticidade. Hoje em dia já é considerado o segundo veículo motorizado de duas rodas de uma família: é comum ter uma moto e um scooter. São boas para deslocamentos curtos por vias (bem) pavimentadas. Mas por usarem rodas pequenas (entre 10 e 12 polegadas de diâmetro) são sensíveis aos buracos. Além disso, os modelos até 150cc não são recomendáveis para uso com passageiro. Conheço gente que leva até a família toda, mas quando escrevo “re-co-men-dá-vel” não quer dizer nem obrigatório nem proibido.
 
Apesar de muito fáceis de usar – têm câmbio automático – é necessário habilitação e ser maior de idade. Eu recomendo scooters apenas para quem faz itinerários de até 10 km, preferencialmente por vias secundárias. Como a velocidade dos pequenos scooters é baixa (máximo de 110 km/h) e são veículos pequenos de difícil visualização pelos outros, especialmente ônibus e caminhões, é mais seguro evitar avenidas de trânsito rápido.
 
Outra característica do scooter é ser preferido pelo público feminino. Como as mulheres normalmente usam sapatos delicados e eventualmente tailler, o scooter tem a vantagem de ser um veículo que se pilota sentado e não montado como em um cavalo. Graças a essa postura pode-se pilotá-los até com saia. E o escudo frontal protege a roupa e os sapatos da sujeira e até dos respingos de chuva.
 
Também é recomendado a quem já atingiu a feliz idade acima dos 60. Por ser leve e simples, não requer força física nem para colocar no cavalete central. Vi dezenas de senhores chegarem ao clube pilotando pequenos scooters nas manhãs de sábado e domingo. Alguns até acompanhados das respectivas senhoras. Na Europa essa é uma cena comum inclusive nos dias de semana. Graças ao porta-objetos sob o banco pode-se levar o material até para um lauto pic-nic! E ainda cabe um capacete.
 
As desvantagens do scooter são poucas: alto custo de manutenção e maior consumo em comparação a uma moto pequena 125cc, pequena autonomia (cerca de 100 km) e a instabilidade das rodas pequenas.
 
Justamente para fugir dessa segunda desvantagem foram criados os scooters de rodas grandes, ou motonetas automáticas.
 
(Aqui cabe um parêntese importante: a nomenclatura e categorias de veículos de duas rodas motorizados é tão extensa quanto confusa. Teoricamente motonetas são motos com câmbio, nas quais se pilota sentado como um scooter. Eram chamadas de CUBs ou “moto de padre” porque podia pilotar de batina. Hoje em dia já existem motonetas automáticas que poderiam se enquadrar tanto na categoria scooter quanto motoneta. E perder tempo com isso é uma tremenda bobagem.)
 
As motonetas automáticas têm a vantagem da roda de maior diâmetro (mais estável), mas o porta-objetos é menor. Em alguns casos a motoneta tem um túnel central que reduz o espaço para os pés.
 
Ainda na categoria motoneta posso citar as CUBs, que têm câmbio, mas sem embreagem. A mais conhecida é a Honda Biz 125, mas hoje já existem outros modelos e marcas no mercado. As vantagens estão nas rodas maiores (mais estáveis), baixo custo de manutenção, maior economia de gasolina e conseqüente maior autonomia. O que pesa contra é apenas o câmbio rotativo que confunde alguns usuários.
 
publicado por motite às 19:35
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Quinta-feira, 22 de Janeiro de 2009

Escolhas - parte I

 

Para escalar é preciso equilibrar força e peso. Foto: Felipe Oliveira

 

Desde que comecei a treinar escalada esportiva de forma mais séria, decidi que precisava emagrecer para melhorar a relação peso x potência. Da mesma forma que nos veículos a motor, na atividade esportiva é fundamental equilibrar força e peso. Mais ainda na escalada porque envolve a natural força da gravidade sempre nos puxando pra baixo quando queremos ir para cima.
 
Um bom escalador é magro e forte. Não adianta ser magro e fraco e nem forte e pesado. Como eu já estou no limiar dos 50 anos e não tenho a menor paciência para malhar em academia em busca de força muscular, decidi reduzir o peso. E consegui jogar fora 6 kg em dois meses de treino intenso, sobretudo correndo na esteira e pedalando a ergométrica. Claro que também tive de regular o que passa pela boca adentro!
 
Só que ainda restam três insistentes quilos que se recusam a abandonar este corpo que não lhes pertence. Foi aí que entrou a parte séria: preciso correr na esteira de forma mais profissional e menos preguiçosa. Consertei meu velho frequencímetro que estava abandonado e fui atrás de um tênis de corrida que aliviasse as dores nos joelhos, ambos sequelados depois de 10 anos de tanto estabaco no fora de estrada.
 
Definitivamente não posso correr na rua, porque o impacto sobre minha velha coluna sifótica provoca dores noturnas. Por isso a esteira é minha salvação. Além de reduzir muito o impacto, posso ver TV, falar no celular, tomar os dois litros de água que indicaram, olhar o movimento na academia e ainda palpitar na conversa dos outros, que é meu esporte favorito. Daí meu maxilar ser tão forte: o que ele se exercita não é brincadeira!
 
New Balance: ótima relação custo x benefício
 
Foi na hora de comprar o tênis que veio a dúvida: qual comprar? A última vez que procurei um amigo especialista ele ficou duas horas pra falar até da influência da Lua nas passadas e os novos materiais que reduzem impacto, além de sensores que medem distância, tipo de piso, inclinação dos pés e só faltam correr sozinhos.
 
Aproveitei o natal pra passar a sacolinha na casa de mamãe e fui direto pra Decathlon, uma espécie de Daslu pra quem gosta de esporte. Decidi não pedir consultoria a nenhum especialista e confiar na minha intuição, afinal é um tênis, não um apartamento! Já tinha um valor na cabeça (200 reais) e poderia ser um pouco mais. Com apenas a informação do quanto gastar e da minha necessidade entrei na loja.
 
Como existe tênis nesse mundo! Primeira lição: existe tipo de pisada (pronador, supinador e neutro). Fiz um teste rápido e descobri que sou neutro (até nisso...). Depois vi tênis de 50 a 800 reais!!! Quase enlouqueci com tantas opções, marcas, cores, tecnologias, procedência, funções, especificidades (tem até pra golf!) etc.
 
Depois de mais de uma hora pedi socorro para a vendedora. Piorou! Os que eu achava melhores não eram tão bons e os que eu julgava feios, desajeitados e mais enfeitados que cruz de estrada eram os bons. Descobri que a Decathlon usa uma etiqueta amarela (ou vermelha, verde, sei lá) para identificar as ofertas. Fui direto nelas e descobri uma tremenda pechincha. Um tênis New Balance, modelo 755, bem ajeitadinho e com mega desconto. De R$ 299,00 por R$ 135,00! Na hora já achei que tinha alguma coisa errada, não podia ser menos da metade do preço!
 
A vendedora alegou que estava saindo de linha e ainda disse que era um produto bom, para pisada neutra e com baixo impacto. Comprei!
 
Sempre que compro alguma coisa acho que fiz uma péssima escolha. Tenho essa síndrome do “corno comprador” de achar que sempre fui enganado por um vendedor inescrupuloso. Por isso fui pra academia desconfiado e fiz minha primeira corrida com o tênis novo. UAU! Muito bom! Macio, leve, gostoso de pisar e consegui 55 minutos de corrida, um recorde!
 
Duas semanas depois vi o nosso principal instrutor de escalada, o atleta André Belezinha correndo na esteira com um tênis igual. Ele confirmou a qualidade do calçado e fiquei com a sensação de ter feito uma excelente escolha.
 
Mas, que raios isso tem a ver com as motos?
 
Tudo, porque a cada dia recebo mensagem de pessoas querendo conselho para comprar uma moto. E sempre fico pensando o que leva essas pessoas a perguntarem, em vez de pesquisarem? Certamente existem muito menos motos para escolher do que tênis. E a diferença de preços é gigantesca: temos motos de 2.500 a 120.000 reais!
 
Escolher uma moto é tão complexo quanto escolher um tênis, mas o mecanismo de julgamento é o mesmo. Primeiro definir a função. Pergunte-se: “para que eu quero uma moto?” Dependendo da resposta o motociclista determinará o tipo de moto que vai escolher: urbana, estradeira, uso misto, custom, scooter, esportiva, utilitária, com carenagem, sem pára-brisa, touring, sport-touring etc etc...
 
Uma custom grande e pesada não é recomendada para o dia-a-dia na cidade.
 
É preciso definir o USO que fará da motocicleta. Essa análise deve ser fria, porque precisa ser baseada em fatos concretos e não em teorias estapafúrdias como “esse estilo atrai mais mulher”, ou “essa moto dá status”, porque a chance de errar na escolha é altíssima. Seja objetivo e pragmático: a moto será usada como meio de transporte e pronto! Ou: quero uma moto para fugir do trânsito, economizar gasolina e fazer pequenas viagens com minha namorada na garupa.
 
O erro mais comum na escolha de uma moto é não definir o USO que o veículo terá. Isso gera motociclistas insatisfeitos porque compraram uma custom grande e pesada para enfrentar 20 km de congestionamento todos os dias. Ou aqueles que compram uma moto fora-de-estrada e jamais rodarão nem um quilômetro sequer na terra.
 
O segundo passo é definir quanto quer gastar. O preço é o primeiro grande fator seletivo. Sem definir o preço nem adianta começar a escolher. Por exemplo, eu adoraria ter uma BMW F 800 GS, mas acho que investir R$ 53.000 em uma moto está fora das minhas prioridades.
 
Só depois de definir o uso e o valor pode-se chegar às categorias de motos. Assim como os tênis as motos também têm suas especificidades. Claro que existem motos versáteis que atendem uma maior gama de uso, mas uma esportiva, por exemplo, é um inferno para usar diariamente no trânsito congestionado. E uma trail de um cilindro é um pé no saco pra viajar em alta velocidade.
 
Motociclista grande em moto pequena não combina!
 
Além disso é preciso avaliar o tamanho do motociclista e seu grau de experiência. Pessoas grandes ficam desajeitadas em motos pequenas, assim como pessoas pequenas não agüentam o peso de motos grandes.
 
E... e... ahá! Peguei você! Essa é mais uma série de artigos que será publicada em pílulas. Como envolve muitos detalhes o texto ficaria grande, chato e tenho de pensar nos meus amigos com déficit de atenção. Fique de olho no Motite que vou começar a série “A escolha”. Até a próxima!

 

 

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publicado por motite às 18:15
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Terça-feira, 20 de Janeiro de 2009

Ritalina, meu amor

 

Vai uma Ritalina aí? Foto: Wickpedia

 

Dias desses tava numa festinha na casa do Minhoca, quando um amigo revelou que procurara uma especialista em cabeça. Meus amigos são tudo esquisito mesmo e sempre tem um deprimido, porque o que tenho de amigo chato vou te contar! Aliás, o que tenho de amigo dava pra encher um Maracanã em dia de decisão. Pãts, falando nisso o Vasco foi rebaixado, chora bacalhau! Tenho tanto amigo que decidi dar um basta! Não quero mais novos amigos e pronto! Estou feliz com os que já tenho!
 
Então, esse meu amigo comentou que tava tomando um remédio chamado Ritalina.
 
- Tem alguma coisa a ver com a Rita Lee? Perguntei.
 
- Não, Salame, é um remédio pra déficit de atenção.
 
- Então deveria se chamar Irritalina, porque déficit de atenção é irritante demais!
 
Nesse momento minha jovem, bela e querida esposa entrou na conversa, como toda mulher que se preza. As mulheres devem nascer com uma espécie de sensor que sempre ativa quando a conversa gira sobre temas como saúde, filhos, comida ou piriguetes. Especialmente piriguetes. A minha querida interrompeu a conversa:
 
- Meu amor, você acha que eu tenho déficit de atenção?
 
- Não, meu bem, você tem déficit de silêncio!
 
Ficou sem falar comigo a noite toda!
 
Mulheres são assim: elas querem falar sobre tudo, opinar sobre tudo, sempre com a palavra final que invariavelmente é contrária à nossa. Elas fazem pós-graduação na mesma escola que ensina a falar muito e sempre. Já imagino a aula dessa escola:
 
- Meninas, hoje vamos a aprender um pouco de Física Quântica só o suficiente para discordar do marido!
 
Bom, esse amigo comentou que depois de tomar Ritalina já consegue ficar mais de 30 segundos fazendo só uma coisa e mais de um minuto discutindo o mesmo assunto. Santo remédio!
 
A Rita Lee toma Ritalina?
 
Aliás, pelo nome, achei que fosse alguma coisa a ver com a roqueira gagá Rita Lee, principalmente porque ela é doida de pedra. E se fosse pra pirar o cabeçote, o melhor remédio seria qualquer um chamado Emywinehouselina, porque a gringa é mais louca ainda! Aos 25 anos a doida já está dando beliscão em azulejo e vive se internando. A nega é mais feia que bater na vó com a Bíblia, mas tem uma voz impressionante. Parece outra doidona, Billy Holiday. Aliás, dizem que a americana Madeleine Peyroux (pronuncia-se Peru) é a reencarnação da Billy Holiday.
 
Madeleine Peyroux é reencarnação da Billy Holiday? Foto: site oficial
 
Não sei quanto a você, leitor, mas eu acredito nesse lance de reencarnação. Recentemente um sociólogo contestou cientificamente essa teoria ao contabilizar quantas almas já teriam passado pela terra. Muita gente faz a regressão a vidas passadas, mas eu mesmo nunca quis fazer porque já tenho más notícias demais nesta encarnação.
 
Enfim, esse negócio de déficit de atenção funciona de forma estranha. Alguns psicoterapeutas dizem que é uma espécie de hiperatividade. O hiperativo é aquele sujeito que não para quieto. Que tem o bicho carpinteiro, como diziam minhas tias. Ou, mais cientificamente falando, sofrem de bichus cullus, popular fogo no rabo.
 
Conheço um hiperativo de carteirinha. O cara é jornalista, piloto de moto e meu parceiro no curso de pilotagem (mas não posso citar o nome). Quando trabalhamos juntos ele não conseguia ficar mais de cinco minutos sentado.
 
Essas pessoas só podem trabalhar em ambientes abertos, tipo piloto de teste, porque se deixarem o cara entre quatro paredes por mais de duas horas é capaz de surtar. Mas, ao contrário do primeiro amigo, o hiperativo consegue se concentrar. Já quem tem déficit de atenção não consegue fazer nada repetitivo. Como esse meu amigo também é piloto de motovelocidade, confessou que só conseguia se concentrar algumas voltas depois... Daí a razão de tomar Ritalina.
 
Pô, piloto com déficit de atenção é um problema porque já pensou se ele começa a pensar nos papagaios do banco, na ex-mulher cobrando pensão, no filho que não quer estudar tudo isso na frenagem do “S do Senna”? Falando nisso, nunca aceitei bem esse negócio de cortar Interlagos, só quem pilotou no circuito de 7.960 metros sabe o que era fazer as curvas 1 e 2 de mão embaixo, com a moto rebolando mais que minhoca em calçada quente. Sem falar na Ferradura, Subida do Lago, Sol, Sargento... uma pena.
 
A frenagem do “S do Senna” é difícil para moto. Com as 1000 esportivas a gente vem dando final, em sexta, a uns 300 e tra-la-lá e tem de reduzir pra primeira marcha. Quando eu corria de 125 Especial por várias vezes bati os miúdos no tanque nessa frenagem. A 125 pesava apenas 60 kg e chegava nesse ponto a uns 192 km/h. O freio é um absurdo e tínhamos de reduzir pra primeira sem deixar o motor baixar de 9.000 rpm!
 
Uma vez o salame do meu mecânico decidiu fazer um agrado e poliu meu tanque. Saí do box, fiz a volta de aquecimento e quando cheguei no “S do Senna” já vinha classificando. Meti a mão no freio e pimba! Bati com tanta força no tanque que precisei parar nos boxes para recolocar aquelas duas bolinhas de volta no lugar.
 
No curso de pilotagem SpeedMaster eu insisto que dono de moto esportiva não pode polir o tanque, porque precisa prender os joelhos com força no tanque nas frenagens. Isso porque o peso do piloto deve se concentrar sempre nos quadris e não nas mãos. Aliás, é isso que mais insisto no curso de pilotagem.
 
Ainda bem que eu não tenho esse tal de déficit de atenção. Sempre consigo me concentrar e quando sento aqui no meu PC para escrever fico o tempo todo concentrado. Só de vez em quando entro na caixa postal pra ver se tem alguma mensagem. Eventualmente responder e aproveitar para limpar mensagens velhas. Também mantenho sempre o MSN aberto porque alguém pode ter um recado urgente. Assim como também fico com o Skype constantemente aberto. É muito mais barato que telefone comum. Ligo direto para meus amigos ao redor do mundo pagando menos que uma ligação local. O problema é a cobrança em dólar, porque agora com a disparada do dólar ficou mais caro. Aliás, só mesmo alguém muito ingênuo pra acreditar que é normal o dólar a R$ 1,60. Ainda bem que aproveitei minha viagem aos EUA na hora certa, porque comprei um monte de equipamento novo de escalada com o dólar a R$ 1,60.
 
Ainda me dei bem porque vendi o equipamento velho pelo mesmo preço dos novos!!! Coisas do câmbio. Só não vendo equipamento muito usado porque trata-se de segurança e todo equipamento de segurança têxtil deve ser destruído depois de 5 anos de uso. E quem me conhece sabe que sou xiita com segurança.
 
Aliás, neste final de semana, dias 24 e 25, teremos mais um curso de pilotagem em Piracicaba (SP). Se quiser mais informações visite nosso site www.speedmaster.com.br
 
O que eu estava escrevendo mesmo? Ah, sim, sobre déficit de atenção. Então esse remédio Ritalina, será que é bom mesmo? Precisa de receita???

 

 

publicado por motite às 19:09
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Palestrite

Atendendo a pedidos de leitores, lojistas e amigos iniciei uma pequena série de palestras sobre MOTOCICLISMO em geral, com temas que sempre envolvem segurança e pilotagem.

 

O sucesso foi imediato e gerou novos interesses. Nas duas últimas realizadas, na Moto-Garage e na Vic Store, ambas em São Paulo, o público compareceu e tivemos um bom retorno dos ouvintes.

 

Como sei da importância dessas palestras pretendo abrir essa possibilidade a lojistas, empresas (inclusive para as CIPAS - comissão Interna de Prevenção de Acidente), ou moto-clube de qualquer cidade do Brasil. E o melhor de tudo: sem cobrar cachê!

 

Já que nenhuma empresa ainda não se interessou em patrocinar criei uma forma interesante de remuneração. O contratante precisa apenas comprar um número determinado de livros "O Mundo É Uma Roda" e DVDs "Alma Selvagem" ao preço de atacadista e depois revende ao preço de varejo e ainda recupera parte do investimento. Mas quem assite as palestras não é obrigado a comprar nada! A entrada é franca!

 

Foi a forma que encontrei para levar as palestras pelo Brasil e ainda ajudar a divulgar esses dois trabalhos sobre motociclismo.

 

Os temas podem variar desde equipamento de segurança, pilotagem (em grupo, com garupa), frenagem, manutenção preventiva, escolha da moto e qualquer outro relacionado às motos e que possa beneficiar o contratante.

 

Para saber mais detalhes basta escrever-me no endereço info@speedmaster.com.br

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publicado por motite às 02:33
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Segunda-feira, 19 de Janeiro de 2009

A Volta das 500 Milhas Brasileiras

 

(Largaram!!! As provas longas de moto voltaram... Foto:Tite)

 

Você sabia que ontem (domingo) foi disputada as 500 Milhas Brasileiras de Moto? Não? E seu vizinho sabia? O seu colega de trabalho? Seus primos? Alguém sabia? Fiquei sabendo no ano passado, na última etapa do campeonato Brasileiro de Motovelocidade. Mas até a semana da prova pouca gente acreditava que as 500 Milhas voltariam à vida.
 
Esquecida por 18 longos anos, a mais tradicional prova do motociclismo brasileiro voltou por iniciativa do Centauro Moto Clube, o mais antigo clube de motociclismo do Brasil. Muita gente duvidou que a prova fosse realizada, mas ontem, à uma hora da tarde, as 26 motos inscritas largaram. E ao ver os pilotos correndo em direção às motos, na largada estilo Le Mans, voltei 30 anos no tempo!
 
As corridas de moto nos anos 70 reunia público, pilotos da América do Sul, mas sobrava desorganização. Eram tempos românticos, quando piloto era macho mesmo, corrida com macacão de couro feito no Edmundo Correia & Filhos, as motos tinham freios péssimos e pneus idem. O público penetrava nos boxes, invadia a pista e era uma zona sem pé nem cabeça.
 
A Kawasaki (86) da família Mello e a Triumph (28)  dos isntrutores do curso. Foto:Tite)
 
O José Roberto Belstrein, que hoje preside o Centauro Moto Clube, merece a honra de ter ressuscitado essa tradicional corrida, mas ainda precisa melhorar – e muito – o trabalho de organização. Não quero ficar só chutando, mas só não teve uma cidente mais grave porque Deus protege os bêbados, as criancinhas e os pilotos de moto! O importante é que tivemos a prova de volta!
 
Gordinhos
Uma semana antes da prova recebi um convite do meu amigo Eric para correr com uma Triumph 675 ao lado dos instrutores do curso SpeedMaster/Motorsco Homero e Eduardo Vilella. Foram décimos de segundo de hesitação, mas desde que parei de correr, em 1999, prometi a mim mesmo nunca mais largar em uma prova de motovelocidade. Minha preocupação era sempre a possibilidade de me envolver um acidente besta e quebrar um daqueles ossinhos ridículos como escafóide e clavícula que demoram 45 dias pra soldar. Como autônomo eu não posso ficar 45 dias no estaleiro!
 
Assim, fiquei de fora mas fui ver meus amigos se divertirem. Encontrei vários PVC (Piloto Velho de Competição) se espremendo em macacões dois números menores! Alguns deles estavam parados há mais de 20 anos!!!
 
A equipe mais festejada era da família Mello. O maluco Leandro Mello decidiu fazer uma surpresa ao pai, o coronel Pedro Mello, que fazia aniversário na véspera da corrida. Sem avisar nada, Leandro e o irmão Thiago inscreveram o pai na equipe e o “véio” quase enfartou quando soube que teria de correr de Kawasaki ZX-6R sem nem sequer treinar! Não se sabe o resultado, ainda, mas até a hora que eu fiquei em Interlagos eles estavam entre os 6 primeiros!
 
Nem vale a pena comentar sobre a desorganização nos boxes, porque era importante realizar a corrida. Agora já se pode pensar em um campeonato paulista, ou mesmo brasileiro, de endurance. Provas de 6 ou 8 horas de duração, com equipes de três ou quatro pilotos.
 
Muita gente dentro dos boxes - perigo! Foto: Tite
 
O importante foi realizar a corrida. Vamos torcer para que alguma grande empresa do setor veja a importância dessa categoria e se interesse em patrocinar. Sem dinheiro não tem como contratar uma equipe profissional. E só com amigos e voluntários não se faz um grande evento!
 
Parece que o trio vencedor foi formado pelo jornalista Rafael Paschoalin, o veterano Sidnei Sigliano e Diogo Marcelo, com uma Triumph 675.  Não tenho certeza porque não fiquei até o final pra pegar os tempos e a classificação.
 
Doca (de amarelo) passa instruções pro Minhoca. Foto: Tite
 
A parte chata é que meu grande amigo Minhoca Zampieri estava muito bem em parceria com outro amigo, o Doca. Ele foi alvejado por uma moto e ambos caíram, deixando um rio de óleo no “S do Sena”. Mais cinco motos caíram e foi uma zona! Felizmente ninguém se machucou com gravidade e a prova continuou.
 
Prefiro ver essas 500 Milhas como um retorno das provas de longa duração e não entrar muito no mérito da organização. Já trabalhei com corridas e sei o quanto é difícil fazer uma prova sem dinheiro. A Dimep, do meu amigo Dimas de Mello Pimenta (como eu tenho amigos!!!) patrocinou e merece ser citada por acreditar nesse projeto. A Michelin fez uma parceria e vendeu os pneus a preços especiais. Mas nenhuma empresa do setor da indústria de motos se interessou em investir.
 
Leandro Mello (de macacão) observa o trabalho da equipe do Spiga. Foto:Tite
 
Motociclismo de velocidade é assim mesmo: todo mundo quer associar a imagem ao glamour das corridas, mas na hora de cacifar com grana... sai fora! Quem sabe agora, depois de ver a volta das 500 Milhas, as indústrias decidam investir uns trocados nessa coisa chata e sem emoção chamada motovelocidade.
publicado por motite às 14:05
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Sexta-feira, 16 de Janeiro de 2009

Garrulê

 

(Enguiando de pelo longo.)

 

Nessas andanças pelo Brasil de Meu Deus a gente ouve de um tudo. Gírias, expressões regionais, sotaques e até um semi-dialeto. 

 

Em um vôo de Teresina para São Paulo, uma criança na fileira à frente da minha brigava com a mãe porque só conseguia comer “enguiando”. Sem conseguir ver o que se passava na badeja delas, fiquei tentando imaginar o que deveria ser um “enguiando”. Ensopado de enguia? Guisado feito à moda de agulhas? Algum animal típico do Piauí.

 
- Senhores passageiros, hoje vamos servir filé de enguiando à belle munière, com alcaparras, puxado na manteiga.
 
Qual nada! A menina, chorosa, tentava dizer que a comida era ruim que só, e que a pobrezinha tinha engulhos a cada garfada da gororoba. Por isso só conseguia comer “enguiando”.
 
(Garrulê de chifre)
 
Melhor mesmo foi a história contada pelo redator-chefe (com hífen) da revista Duas Rodas, Cícero Lima. Do tipo que só fala o necessário, quando Cícero vai contar uma história segura o maxilar!
 
Segundo ele, uma amiga comissária de bordo ouviu o seguinte diálogo entre duas senhoras mineiras:
 
- Uai, soube do Zezinho da dona Filó? Diz que comeu garrolê, morreu!
 
- Ara, sô, que bestagem, todo mundo sabe que não pode comê e garralê!
 
A comissária passaria dias seguidos de aflição na tentativa de descobrir se “garrulê” era animal, vegetal ou mineral? Nenhuma das três, porque era “mineiral”, típico da região de Minas Gerais.
 
Depois de imaginar um bicho peludo, pelado, com perna, sem asas, procurar no dicionário, perguntar para todos os passageiros da ponto BH-SP finalmente ela descobriu com a ajuda de uma intérprete. Com a tecla SAP acionada, o diálogo seria assim:
 
- Uai (isso não tem tradução), soube do José, filho da dona Filomena? Dizem que comeu, agarrou a ler e morreu!
 
- Mas que besteira, todo mundo sabe que não pode comer e agarrar a ler!
 
No dialeto mineirês quando alguém faz alguma coisa compulsivamente ele “agarra” a fazer! Só que não se pronuncia o primeiro “a” e a frase fica assim:
 
- A menina mais nova do Zézim da padaria garrô a dá e num parou mais!
 
- Uai, podia ser pió, podia ser o fio!
 
Até sem sair de casa temos contato com idiomas estranhos.
Quando decidi reformar minha casa o pedreiro pediu para comprar uma “braquete de três castanhas”. Perguntei umas três vezes o que era mesmo pra comprar. E o homem respondia, já aperreado:
 
- Ômi, já não lhe disse: uma braquete de três castanhas!
 
Fui o caminho todo tentando definir que raio de peça era aquela. Cheguei a imaginar um anglicismo, de “brick” (tijolo, em inglês). Ou um galicismo, briquet, (tijolo, em francês). Mas que tipo de tijolo seria aquele com três castanhas? E por que alguém queria UM tijolo? Ou era a velha troca de erre pelo ele, como em “pobrema”, em vez de problema. Poderia ser uma “blaquete” de três castanhas. E o que raios seriam as tais castanhas?
 
Assim que encostei o umbigo no balcão da loja de materiais de construção comecei a explicar que queria uma peça, com nome de algo como “blaquete” e que deveria ter três detalhes provavelmente chamados de castanhas. No que o balconista assentou:
 
- Ah, sim, uma braquete de três castanhas!
 
Algumas vezes o que a gente ouve é exatamente aquilo que falaram mesmo. Tentar deduzir pode complicar mais ainda. Para sua informação, braquete de três castanhas é uma pedaço de alumínio, ou ferro, com três peças de porcelana para separar os fios da rede elétrica e evitar o curto-circuito.

 

publicado por motite às 19:07
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Quinta-feira, 15 de Janeiro de 2009

Palestra de Segurança

 

(Ih, acho que a imagem ficou pequena...)

 

Olha aí, depois não vai dizer que avisei tarde demais!!! Neste próximo sábado, dia 17, às 9:00 da madrugada, na Vic Store (rua Clodomiro Amazonas, 456 - Itaim- SP) estarei dando (ui!) uma palestra sobre segurança de motociclista que envolve desde equipamentos, postura, uso do freio e outras coisas mais interessantes como "garupa, esse mal necessário" e "Existe vida após a queda?".

 

A entrada é franca e vc ainda fila um café da manhã por conta da Vic Store. Levarei livros e DVDs pra vender, autografar e espinafrar.

 

Compareça, leve a família, mas deixe as crianças pentelhas com a sogra!

 

Confirme a presença com o edu.mineiro@motorsco.com.br

 

E não esqueça: dias 24 e 25 teremos mais um curso Speedmaster/Motorsco de Pilotagem no circuito ECPA. Deixe de pãodurismo e inscreva-se djá! mais informações www.speedmaster.com.br

 

publicado por motite às 14:24
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Acordo ortographico

 

(Falamos a mesma língua.)

 

Pronto, acordaram aqueles senhores e senhoras das Academias de Letras de Brasil Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe (acho que o nome original deveria ser Santo Mé do Príncipe, porque o soberano era chegado na marvada) e Timor Leste para reformar a língua Portuguesa!
 
Mas que tremenda falta do que fazer! Se a ideia partiu dos portugueses, não sei, mas é deles a honra pela estreia do idioma. Mas o que faço com estes rabisquinhos que aparecem debaixo das palavras ideia e estreia agora sem acento?
 
E como saber se quero comer uma linguiça de porco preguiçoso ou uma lingüiça de porco pregüiçoso? É melhor deixar a linguiça, esquecer o incosequente que inventou essas regras e pedir um cachorro qüente! Passei décadas aprendendo (e ensinando) a usar tremas e acentos para jogar tudo na vala-comum. Ih, vala-comum com ou sem hífen?
 
Minha amiga revisora comentou:
 
- Outro dia me perguntaram se determinada palavra ainda tinha hímem!!!
 
Respondi:
 
- Bom, se for uma palavra composta, como cabaço-de-puta, essa já perdeu o hímem faz tempo...
 
E agora? O que faremos com esse componente indispensável da língua portuguesa, o senhor hífen?
 
Imagine o que será do próximo passeio GLSBT na avenida Paulista sem hífen afetado!
 
- Querida, você está MA-RA-VI-LHO-SA!
 
- Aiiiii, bicha burra, agora é sem hífen!
 
(Você está ma-ra-vi-lho-sa, cheia de hífens!)
 
E o hífen social? Aquele que a patroa usa pra falar com a empregada:
 
- Cleuzodete, já falei mais de mil vezes que esses sapatos precisam ficar BRI-LHAN-DO!
 
- Tá, patroa, mas já vou avisando que acabou o hífen, precisa comprar mais!
 
Até os eletrodomésticos ficaram fora de moda. Seu velho microondas ficou ultrapassado porque ainda era sem hífen. Corre nas Casas Bahia comprar um novíssimo micro-ondas com hífen inclusive nas cores verde-limão com ou sem hífen!
 
Será a festa do pessoal do marquetching, em publicidades e releases cheios de hífens:
 
“Novos para-choques mais leves sem o velho acento, mantendo o hífen personalizado, que agrega valor ao estilo”.
 
Sugiro acabar com essa frescurada toda de reforma ortográfica e adotarmos logo de uma vez o mIgUxês, o vocabulário usado na internet, que facilita demais a vida. Beijo é bju. Então queijo poderia virar qju! Já que vamos tirar acentos que tal eliminar o til. Naum seria mais legau? Entaum vamos aproveitar e adotar a isonomia de pronúncias! Por que esse papo de legal com ele e Nicolau com u, se o som é o mesmo? Basta adotar o mIgUXês e trocar tudo por w!
 
- Nicolaw, como você é um cara legaw eu deixo você tomar meu Nescaw!
 
E para acabar também com a zona dos porquês, por que, por quê e porque, troca tudo por pq!
 
- Pq vc naum quer tc comigo?
 
- Pq tenho dez dedos nas maums e naum sei o que fazer com os outros oito!
 
A língua portuguesa já passou por reformas demais. Eu achava lindo ler palavras com ph como pharmacia, telephone, photographia etc.! Dá um ar aristocrata à (com crase?) língua portuguesa. Essas reformas nunca conseguirão unificar o português falado em quatro continentes diferentes. Nos países africanos quase nem se fala mais o português colonizado, mas os idiomas nativos pré-escravidão!
 
O mais irônico desse decreto que pôs em prática o acordo ortográfico da língua portuguesa é que foi assinado pelo presidente Lula, esse mesmo, que sobe no palanque para discursar a 288 milhões de pessoas que usam o português como idioma e manda a pérola:
 
- Nunca na história desse País nóis fizemo tanto pras camada mais pobre da população!
 
Tem mais coisa precisando de reforma neste País, além do português!
 
("Nunca nóis ajudamo tanto os pobre", Lula)

 

 

publicado por motite às 03:36
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Terça-feira, 13 de Janeiro de 2009

Lisarb - O chato sou eu

(Pãts, como sou chato! Foto: Chatite)

 

Fiquei sabendo pelo guarda noturno que sou considerado o chato da rua. Pra mim isso é o maior elogio que poderia receber desses estranhos que moram vizinhos à minha casa, porque deles eu só poderia esperar isso mesmo. Afinal, só eu gosto de acordar cedo nos finais de semana para escalar, dar aula de pilotagem, viajar de moto, cuidar das minhas mudas etc. E para acordar cedo é saudável DORMIR cedo. Todo mundo tem direito de fazer festas em casa, quem não faz? Mas não precisa entrar pela madrugada com som, gritarias e risadas. Como tenho sono leve, nestes casos chego a chamar a polícia porque não gosto de discutir sobre direitos e deveres com gente bêbada.
 
Fazer barulho e incomodar a vizinhança a noite toda é legal. Respeitar a lei, ser sensato e criar bons vínculos pessoais é ser chato. Aliás, respeitar os outros é chato pra caramba! Legal é cada um cuidar do próprio nariz. Não é assim que os donos de Monza com película escura filosofam: “Deus criou a vida para que cada um cuide da sua”. Genial a frase! Um monumento à educação!
 
Também sou o chato que pede para os moradores recolherem o cocô dos cachorros. Até fiz uma campanha: “Tenha educação, recolha a merda do seu cão!” Bem poético! Fiz faixa, pendurei nas árvores e passei a ser o chato. Porque é legal deixar cocô espalhado pela rua e calçada, Principalmente para quem passeia com carrinho de bebê (agora sou avô), ou quem se locomove por meio de cadeira de rodas. ISSO é legal, chato é recolher a merda do cachorro.
 
Outra chatice minha é pedir que vizinhos aprendam a destinar o lixo de forma responsável. Imagine que uma vizinha deixou várias latas de tinta ainda cheias pra fora do portão, na ingênua esperança de que o coletor de lixo as levasse. Adivinha o que os vândalos de plantão fizeram com a tinta? Respeitar os horários e tipos de coleta, separar lixo reciclável é ser chato. Legal é deixar lixo orgânico misturado com inorgânico para que catadores de lixo façam a maior sujeira na porta de casa. Mais legal ainda é deixar lixo com resto de comida ficar exposto na rua por dois dias para que cachorros, gatos, baratas e ratos tenham do que se alimentar. Mais legal ainda é queimar o lixo no quintal, porque além da beleza da fumaça ganhando o céu, ainda tem o cheiro de plástico queimado que é uma delícia!
 
Podar as árvores também é uma chatice sem tamanho. É muito mais legal deixar as árvores crescerem naturalmente e deixar o jardim do vizinho sem uma réstia de sol. É chato demais pedir que respeitem o direito à insolação natural. Legal é ignorar que o sol nasce pra todos.
 
E fazer silêncio? Quer coisa mais chata? Rodar com uma moto com escape original é tão chato que deveria ser proibido por lei! É infinitamente mais legal usar escape esportivo, sem silenciador e passar pelas ruas de madrugada acelerando e soltando pipocos. Isso é tão legal e divertido que deveria fazer parte do currículo escolar desde o jardim da infância!
 
- Hoje a titia vai ensinar a fazer barulho!
 
Ah, bastam 15 minutos dentro de um buffet infantil para perceber que já fazemos isso. Os adultos que tem a responsabilidade de educar pensam que criança gosta de barulho. Desde o teatro infantil – mal feito – até as festas temáticas de buffets, é quase obrigatório ter muito barulho. Assim a criança se tornará um adulto legal, barulhento e não um mala sem alça silencioso.
 
Na frente da minha casa mora uma família legal. Os pais tocam a buzina para a empregada abrir a porta e a perua escolar também buzina duas vezes por dia: na hora de recolher e devolver os pentelhinhos. Adivinhem qual tipo de comportamento estas crianças desenvolverão? O chato silencioso ou o legal barulhento?
 
Nos anos 80 um amigo trilheiro foi morar na Alemanha, seduzido por um bom emprego e salário idem. Nem precisou economizar muito para comprar uma moto de trilha e sair feliz pelas estradinhas de terra da pequena cidade que morava. No auge de sua felicidade uma surpresa: Der Polizei!
 
O policial educadamente pediu que ele procurasse uma pista de motocross e não circulasse por aquelas trilhas porque estava incomodando a vizinhança. Meu amigo olhou para todas as direções e não viu nem uma casa sequer. Foi quando o policial apontou lá longe, uma fumacinha saindo de uma chaminé e explicou:
 
- Lá mora UM senhor apenas. E ele tem direito ao silêncio!
 
No último final de semana fui passar o domingo na bucólica vila de Monte Verde (MG), com suas ruazinhas estreitas e plantações de pinus. Perdi a conta da quantidade de motos 125 com escape “estralador” que passava soltando pipoco. Pense numa coisa legal! A vida deve ser muito chata sem poder ouvir esses pipocos ou ver um bebê de seis meses pular de susto com os “POW” do escapamento. Que tédio não poder deixar as pessoas ouvir apenas os sons da natureza. Legal é soltar pipoco ou parar o carro em uma esquina, abrir o capô do porta-malas e deixar que todos ouçam funk a 1.000 watts de potência!
 
Não sei o que vai ser da minha vida. Um cara chato como eu está destinado a ser solitário, tratar da úlcera e ainda por cima sem receber visitas no hospital. Quem vai querer visitar um chato?
 
Como diz um vizinho, tão chato quanto eu, “todo brasileiro deveria fazer estágio na Europa para aprender o significado da vida em sociedade”.
 
Mas o que estou escrevendo? Nós vivemos um Lisarb. Onde legal é ser chato. E chato é ser legal.

 

publicado por motite às 18:06
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