@Motite

Finalmente um jornalista que presta!!!

Algum tempo atrás - não tive saco de pesquisar - escrevi um editorial no Motonline sobre os abusos cometidos contra motociclistas. Um deles era o IPVA e sugeria que todo motociclista que tivesse a moto roubada pudesse pedir ressrcimento do IPVA pago. Afinal, o IPVA é um IMPOSTO e como tal serve para, entre outras coisas, pagar o exército,a polícia civil, a guarda civil metropolitana, etc. Em suma, imposto é feito para também garantir nossa segurança e se é ineficiente deveria ser devolvido.

Bom, naquela época comentei isso com um amigo que é secretário de um grande partido político e também motociclista. Ele botou a mão no queixo e fez:

- hummmmmm, mas que boa idéia!

E eu meti o dedo no nariz dele e ameacei:

- Olha aqui, seu mala, se vc usar essa idéia em benefício próprio, eu vou querer crédito!

Parece que ele usou. E deu certo!!!

Acaba de ser aprovado um projeto de lei que concede o direito a todo dono de veículo roubado de reaver o IPVA. Recebi essa notícia com uma alegria icomensurável, porque foi a primeira vez que me senti útil de verdade.

Mesmo depois de fazer o chamado jornalismo de "prestação de serviço" (odeio esse termo) por quase 30 anos, foi a primeira vez que uma idéia que saiu da minha mente doentia beneficiou toda uma comunidade. Agradeci meu amigo, mas prefiro não citar o partido político porque não gosto de empunhar bandeiras - e também porque esse mesmo partido fez cagadas homéricas na minha cidade.

Mas fica a mensagem: finalmente um jornalista que presta pra alguma coisa!

Uma etapa do campeonato paulista de motovelocidade - 1987

Minha primeira corrida foi no dia 6 de março de 1977 (de kart) e a última foi em novembro de 1999 (de motovelocidade). Neste período de 22 anos disputei tantas corridas que sinceramente perdi a conta. Ganhei poucas (pouquíssimas), recebi vários troféus (também parei de contar!) e perdi muitas corridas.

Quando eu voltava de cada corrida minha mãe perguntava:

- E aí, ganhou?

E eu sempre respondia:

- Sim, ganhei... experiência!

Porque cada corrida tem uma história e a soma de várias histórias nada mais é do a chamada vivência. Confúcio dizia que "a inteligência vem da experiência e a experiência vem dos erros que cometemos". É incrível como os erros - e acertos - cometidos nas competições se repetem na vida.

Hoje, aos 49 anos, uso toda essa experiência para ensinar pilotagem aos novos (e eventualmente velhos) motociclistas. Os alunos saem do curso com a sensação de que aprenderam mais do que pilotagem. E é isso que vou tentar repetir aqui nesse blog. Não tenho a pretensão de ensinar pilotagem por escrito, porque é impossível. Mas ensinar a ser mais inteligente e isso automaticamente fará o leitor melhor motociclista, melhor motorista e até melhor pessoa.

Outra etapa do Paulista de Motovelocidade - 1988

*    *    *

Alguns leitores me cobraram explicações sobre a não-publicação de alguns testes no Motonline. Bom, o Burgman 400, assim como várias Suzuki, foi por pura conspiração. O departamento de Imprensa da Suzuki sempre me tratou com total carinho e reverência. Sempre me ajudou em tudo que precisei. Porém o marketing se recusava a fazer uma mísera inserção publicitária para ajudar a manter o site. Em função disso eu simplesmente me recusei a publicar alguns testes que já estavam prontos.

Mas esqueçam testes... isso é tudo conversa mole! Pra que saber se a Burg faz 18,9 ou 17,6 km/litro. Se atinge 138 ou 142 km/h. Se acelera de 0 a 100 em 10,3 ou 12,4 segundos. Isso é tudo balela, perda de tempo.

O que o usuário precisa saber é quanto custa, se é confortável, estável e quanto terá de desembolsar se quebrar a polia. Por exemplo, eu QUASE comprei uma Burgmão 400, mas depois de descobrir que a troca do sistema de transmissão (correia e sapatas) sai por R$ 2.000 e um tombinho besta representa R$ 5.000 em peças, desisti de comprarei uma Honda Biz 125+ cuja corrente custa R$ 80 e a carenagem completa mais R$ 80. 

(hehehe, manutenção é melhor quando feita com literatura específica)

Eu sei e gosto de fazer a manutenção das minhas motos. Qualquer scooter (inclui-se o Burgminho 125) são terríveis de acessar as partes mecânicas. Pra trocar o pneu traseiro de um Address 100 é preciso RETIRAR O ESCAPAMENTO!!! 

Além disso, scooter não serve pra São Paulo. Eu tive de trocar duas rodas do meu scooter (R$ 450 cada) e levei um tombaço por causa de buracos. Scooter é muito bom pra dois tipos de usuários: os europeus (que evidentemente moram nas acarpetadas ruas da Europa) e aqueles que nunca pilotaram uma moto! Esses últimos não sabem como uma roda de 10 polegadas pode ser fatal!

*     *     *

Depois de 27 anos escrevendo sobre carros e motos decidi mudar de máquinas. Agora escreverei sobre mulheres! Ah, chega de engrenagens!

Quando meu pai decidiu dar-me uma moto de presente, quando eu tinha apenas 12 anos de idade, não imaginava até onde essa decisão poderia chegar. O que era para ser apenas um meio de transporte de casa para escola (e volta), a moto tornou-se a minha vida.

Graças às motos estudei, trabalhei, criei uma família e ajudei a formar uma nova categoria de jornalistas especializados.

Até agora são 37 anos de História que passo a dividir com você. Não mais como jornalista especializado, nem como editor de revista ou de site, mas simplesmente como amigo.

Escolhi o nome MOTITE porque parece mesmo nome de doença: algo como "doença de moto" ou "doente por motos", que é nosso diagnóstico.

Quero dedicar esse espaço a escrever - não diariamente, pois que não sou mais forçado a isso - mas  periodicamente na intenção de continuar o trabalho realizado no Motonline por quatro divertidos anos.

Vou republicar alguns daqueles editoriais, comentar lançamento de motos, testar os modelos que caírem (no sentido figurado) nas minhas mãos e escrever tudo aquilo que não tem mais espaço na imprensa. Agora não há mais presão de patrocinadores, nem restrições às marcas. Esse é o território livre que sempre sonhei.

Só espero que os velhos espertinhos de sempre não copiem meus textos nem fotos, porque foi isso que me afastou da Internet: essa falta de vergonha em apropriar a intelectualidade alheia. Claro, pois quem não tem inteligência bastante para ter suas próprias idéias precisa copiá-las de alguém...

Bem vindos ao Motite, o blog para quem é doente por motos!