Quarta-feira, 16 de Janeiro de 2013

Mentiras verdaderias

 Você confiaria nesse médico?

Não é de hoje que existem hoaxes

Acreditar em hoax, ou embuste, em inglês, não é privilégio dos frequentadores de redes sociais de hoje. Muito antes de Orkut e Facebook a gente chamava isso de mentira mesmo, ou lendas urbanas, como a loira do banheiro, as agulhas infectadas com vírus da AIDS em telefone público e outras inverossímeis como novela. No tempo dos meus pais a gente ouvia dizer que manga com leite era fatal e nunca demos a menor importância a tudo isso. Servia apenas para ter assunto nas rodas de amigos.

 Algumas dessas lendas vinham acompanhadas de comprovação científica por doutores de instituições sempre de locais tão distantes quanto desconhecidos como a Universidade de Ciências Intestinais de Zirl, na Áustria.

 Nos anos 80 a informação caminhava na velocidade dos jornais, rádios e TVs. Foi nessa época que uma amiga muito querida recebeu a notícia que estava com um enorme câncer no útero. Mesmo depois de retirar o útero as células já tinham espalhado e sua sobrevivência dependia de doses desumanas de químio e radioterapia.

 Foi um choque para todos porque ela era uma espécie de líder da turma. A mais velha, mais bonita, inteligente e com um componente que mexia com a cabeça dos homens: pilotava aviões. Enquanto viajávamos de ônibus, carro ou moto para a Ilhabela, litoral norte de São Paulo, ela chegava de avião! Chique, sexy e refinada.

 Ninguém queria acreditar que ela estivesse sofrendo daquela forma. A quimioterapia provocava enjôos cruéis e ela passava muito tempo comendo e vomitando. Aquilo acabava com a alegria de todo mundo.

 Foi então que li na conceituada revista Veja uma notícia na editoria de Ciência que prometia mudar aquela situação. Pesquisadores de uma universidade no interior dos Estados Unidos descobriram que a maconha cortava o enjôo da quimioterapia e que essa experiência havia aberto a discussão pela aprovação do uso medicinal da maconha.

 Liguei para um amigo, grande consumidor da planta boliviana, e contei da necessidade. Como a maioria dos homens da turma, ele era apaixonado pela nossa amiga doente e rapidamente reuniu os amigos mais chegados para providenciar o medicamento. Conseguiu uma quantidade absurda do remédio 100% natural. Entregou nas minhas mãos um pacote prensado que devia ter cerca de meio quilo.

 - Não precisa tudo isso! argumentei

 - Ah, não sabemos quanto tempo vai levar o tratamento e uma parte você usa para subornar médicos e enfermeiros! Esses caras são tudo doidão, dããã...

 - Sei não, mas pela maresia que está no seu apartamento prefiro acreditar que minha vida não depende de tantos doidões.

 Surgiu o impasse: quem transportaria o medicamento, entraria no controladíssimo Hospital dos Servidores Públicos e ministraria a dose à paciente? Foi quando todos os olhos se viraram para mim!

- Mas por que eu??? Protestei.
- Porque você é o único careta da turma e ninguém vai desconfiar! qualquer outro que entrar naquele hospital vai estar escrito na testa "sim eu fumo maconha, e daí"...

 Tínhamos de arquitetar um plano para transportar, não ser pego pela polícia com meio quilo de maconha, entrar no hospital em dia e horário proibido às visitas, enrolar o medicamento, acender, fazer a paciente fumar, analisar os efeitos, sair e tudo isso sem ser preso. Coube a mim... como sempre!

 

Você desconfiaria dessa moto?

Primeiro desafio: transportar a mercadoria. Eu tinha uma Honda CB 400Four que era o meio de transporte mais indicado para a operação Cannabis es Medicum. Analisei a moto de eixo a eixo e não conseguia imaginar onde esconder o remédio. Abri o banco e quando olhei pro filtro de ar veio a resposta. O pacote tinha exatamente o tamanho do filtro de ar. Retirei a peça, entreguei pro meu amigo e coloquei o pacote de maconha na caixa do filtro de ar, com o cuidado de deixar espaço para o motor "respirar". Encaixou perfeitamente.

 Segundo desfio: entrar no hospital. Eu já tinha trabalhado em hospital e sabia o grau de esculhambação de gente entrando e saindo. Conhecia bem aquela rotina. Peguei um jaleco branco, surrupiei a malinha de médica da minha irmã, com crachá e tudo, colei minha foto com um baita cabelo de cantor de rock e lá fui pro hospital.

 No caminho senti que a moto estava falhando, mas atribuí ao pouco ar que estava chegando aos carburadores. Fui girando apenas um tiquinho do acelerador para não estourar o saco e a maconha entupir os quatro carburadores e seus giclês. Fiquei imaginando aquela erva toda entrando pro motor, sendo queimada junto com a gasolina e eu passando ao lado de um carro da polícia com a fumaça de maconha saindo pelo escapamento que nem um defumador. É claro que nessas horas a gente vê um carro de polícia a cada 50 metros.

 Consegui chegar no estacionamento do hospital, coloquei o medicamento dentro da malinha de médico, coloquei o estetoscópio em volta do pescoço como fazem todos os médicos. Amarrei o cabelo pra trás e enchi de gumex pra parecer um doutor yuppie e não um traficante colombiano. Fiz o ar superior de médico e fui passando por todas as portarias com meu coração quase saindo pela boca.

 Subi o elevador e fui andando pelos corredores rezando alto para nenhuma enfermeira me agarrar pelo braço e gritar "doutor é uma emergência, tem um paciente precisando um cateterismo agora!!!". Se alguma enfermeira me olhasse eu jogava o estetoscópio na cara dela e sairia correndo.

 Com um tremendo alívio cheguei no quarto. Fechei a porta atrás de mim, ela me olhou, desatou numa crise de riso nervosa e perguntou:

 - O que você fez com o seu cabelo???

 Nem se deu conta que eu estava vestido de médico, com uma mala de médico cheia de maconha e um estetoscópio no pescoço.

 - Vim te medicar... e pára de rir antes que entre alguém!

 Obviamente que ela não sabia do plano Cannabis es Medicum, mas expliquei do se tratava, citando a reportagem da Veja e convenci a fazer o teste. Assim que joguei o pacote em cima da cama ela gritou, deu um pulo e me agarrou pelo pescoço. Uma aranha preta, enorme, saiu de dentro da maconha e nós dois subimos na outra cama, um agarrado no outro, um gritando pro outro:

 - MATA ELA, MATA ELA!!!

 Matei. E fui enrolar um baseado.

 As portas de hospitais não tem chave. E aquele remédio exalava muita fumaça. Por isso escorei uma cadeira na porta, tampei todos os vãos com toalhas molhadas e entreguei o remédio na forma de um baseado. Seria nosso primeiro medicamento via oral em forma de fumaça. Não conseguíamos parar de rir um segundo o que tornava tudo mais difícil e demorado. Por garantia deixei o balde do lado. Ela acendeu, tragou, tossiu e... vomitou que nem um chafariz da piazza Navona.

 - Aqueles filhos da puta de americanos queriam mesmo é legalizar a marijuana! Filosofei em voz alta.

 Não funcionou. O enjôo foi pior ainda.

 - Talvez se fizesse um chá? argumentei

 A resposta dela foi outro jato no balde. Achei melhor não tocar mais no assunto.

 Aproveitei que já estava ali, me ajeitei na cama do lado e cochilei, vestido de médico, com um baseado jazendo no cinzeiro.

 Claro que nada é tão ruim que não possa piorar. Ainda mais comigo envolvido. Mal entrei em REM e a porta se abriu, a cadeira caiu e um médico de verdade entrou. Fingi que continuava dormindo e abri o olho bem pouquinho só pra ter a dimensão da tragédia.

 - Quem é esse médico? Perguntou o médico verdadeiro, apontando pra mim, o falso.

 - Ah, um amigo, ele deu plantão e capotou... respondeu minha santa amiga, enquanto empurrava o travesseiro pra cima do cinzeiro.

 - Mas e essa cadeira, essa toalha...

 - Voooosssshhhh!!!

 Nada melhor para interromper um interrogatório do que um vomitão no chão!

 Passado o susto, o médico de verdade saiu, me recuperei, peguei a malinha de médico e dei o fora antes que eu mesmo fosse internado para um cateterismo!

 O resto do medicamento boliviano foi devidamente doado para os amigos, que aceitaram de imediato. Descobrimos pelo método mais empírico possível que maconha não tirava o enjôo da quimioterapia e minha amiga ainda vomitaria muito. Até morrer 18 meses depois aos 33 anos.

 No dia do velório, assim que cheguei, encontrei os amigos que tiveram participação naquela operação Cannabis. Tentamos não lembrar detalhes para não correr o risco de uma gargalhada fora de hora. O irmão dela cobrou meu sumiço nos últimos meses. Inventei uma desculpa qualquer. Mas no fundo eu não queria admitir que evitei vê-la definhando, sofrendo, porque eu gostava muito dela. Era um misto de admiração, com respeito, amor, paixão, e eu guardava todo esse sentimento escondido, porque, tímido que sempre fui, nunca tive coragem de dizer para ninguém o quanto eu gostava dela. Foi então que abracei uma tia que me confessou:

 - Nossa, Tite, ela gostava tanto de você!

 Por nunca ter dito nada, continuei sem dizer nada.

publicado por motite às 12:38
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Sábado, 25 de Setembro de 2010

Os sete pecados

(Estas fotos não são no Brasil, mas no Japão!!!)

 

Quando a Internet surgiu no horizonte da comunicação de massa muitos especialistas previram que o volume de informação aumentaria muito o nível de conhecimento em várias esferas. Essa previsão é absolutamente verdadeira, porque hoje conseguimos obter um conteúdo de informação ao tempo de um microsegundo. Pena que este volume de informação nem sempre tem validade científica.

 

Hoje percebo que muitos mitos e preconceitos que antes eram restritos às rodinhas de amigos se espalham com a velocidade da fibra ótica. E aquela internet que deveria nos trazer conhecimento serve também para espalhar o desconhecimento, a mentira ou os famosos embustes (hoax) que tratam uma mentira como se fosse uma verdade científica.

 

Curiosamente, os embustes se espalham com mais rapidez do que uma informação verdadeira. Recentemente vi circularem duas mensagens absolutamente mentirosas, mas que uma vez desmentidas até por autoridades oficiais, as correções não receberam o mesmo tratamento viral da versão mentirosa. Em outras palavras: a mentira é melhor aceita do que a verdade. Será essa característica humana que nos levará ao fim do mundo em dezembro de 2012? Como se vê, não se pode mais distinguir o que é verdade do que é embuste.

 

Uma delas trazia a imagem de câmeras de vídeos instaladas em guard-rails e rapidamente alguém inventou que era uma nova forma de radares que seriam instalados nas marginais em SP. Coincidentemente, nesta época eu estava prestando serviço de consultoria para uma empresa de transporte e achei no Google uma empresa japonesa que produzia câmeras especiais de vigilância que ficam disfarçadas no guard-rail ou em cones de borracha. Pois não é que pegaram estas fotos e saíram espalhando que eram os novos radares!!!

 

O segundo embuste foi mais sério e de um mal gosto inacreditável. Acharam uma série de fotos de um acidente de moto nos EUA e alteraram a história. No acidente real, um motociclista se espatifou na traseira de um caminhão com tamanha violência que ele ficou preso pela cabeça na caçamba de alumínio. As imagens são horríveis e foram colocadas em um site de segurança veicular, com detalhes sobro acidente e as lesões do motociclista que, obviamente, morreu no local.

 

(Esse cara morreu muito bem morrido!)

 

Acredite, mas pegaram estas imagens e saíram espalhando com a mentirosa versão de que um policial tinha primeiro visto a moto destruída no acostamento e depois viu um caminhão rodando com um motociclista engatado na caçamba!!! Pra piorar – ou amenizar – a mentirosa mensagem termina dizendo que o motociclista sobreviveu graças ao capacete! Pura mentira, porque morreu mesmo e não tem a menor graça espalhar este tipo de coisa mórbida.

 

No campo dos veículos motorizados recebo semanalmente mensagens contendo desde mentiras inocentes até as mais perigosas. Geralmente o alvo são as motos, porque é um veículo relativamente novo na vida das pessoas e cheio de mistérios. Com o equilíbrio da economia as classes D e E tiveram acesso às motos como meio de transporte mais eficiente do que os precários ônibus e trens. Com estes neo-motociclistas veio também uma enorme carência de informação. Mesmo as pessoas mais simples conseguem entender o funcionamento de um carro porque é um veículo que faz parte das nossas vidas desde o nascimento até a morte. Mas as motos são um enigma. Daí os excessos de erros e informações levianas.

 

Conheça os 7 Pecados Capitais da Internet:

 

1)     Trocar o óleo a cada 1.000 km. A confusão se dá graças ao Manual do Proprietário das motos utilitárias que trazem a informação de que a PRIMEIRA troca deve ser feita com 1.000 km porque é uma forma de retirar sobras de material que podem ter se deslocado durante o período de amaciamento. As demais trocas podem ser feitas com os 3.000 km indicados pelo fabricante da moto. Só que motociclistas profissionais (motoboys) usam a moto sob condições muito severas e trocam óleo a cada 1.500 km. Mesmo nestes casos a troca na metade do indicado já é um exagero, porque naqueles 3.000 km indicados pelo fabricante já implica uma enorme margem de segurança. Pior que essa crença já se espalhou para donos de motos grandes e esse comportamento resulta em um despejo desnecessário de poluentes no ambiente. Para quem usa a moto de forma racional e equilibrada, o período recomendado pelo fabricante está de ótimo tamanho. Dentro deste pecado existe um “subpecado”: motores não consomem óleo! Como não??? Todo motor, desde o mais simples, até o de Fórmula 1 consome óleo, porque é uma conseqüência natural do aquecimento do motor. Leio com freqüência assustadora pessoas reclamando que foi trocar o óleo e faltava meio litro, ou 300 ml. Alguns motores de concepção mais antiga consomem até 30% de óleo a cada 1.000 km, sem que se possa chamar isso de defeito. Em uso severo, o motor da moto mais vendida do Brasil chega a consumir estes 30% sem que hajam vazamentos. Cabe ao motociclista acatar a recomendação do fabricante e verificar o nível a cada 1.000 km. Mas não precisa trocar, tá?

 

2)     Descarbonização. Essa é uma das aberrações mais comuns. Também refere-se à troca de óleo. Algum “mexânico” inventou isso lá nos anos 50 e acabou sendo resgatado graças à internet. Funciona assim: o sujeito retira o óleo usado do motor, fecha o bujão e enche o cárter com querosene ou produtos chamados de “flush” (descarga, em inglês). Depois liga o motor por alguns segundos e drena o querosene, antes de colocar o óleo novo. É a forma mais fácil de acabar com o motor de uma moto!!! Dentro do motor existem anéis de vedação (retentores) feitos de borracha e que nasceram para viver mergulhados no óleo. O solvente ataca esses anéis e provocam os vazamentos internos. Por isso a gente vê tanta moto soltando fumaça pelo escapamento...

 

3)     Rodízio de pneus. Essa é mais comum no Norte/Nordeste. A região Nordeste vive uma explosão de consumo geral e especialmente de moto. Em pouco mais de 10 anos o mercado de motos no NE cresceu 750% enquanto o resto do país cresceu 445%. Isso explica muitos procedimentos errados apenas por falta de informação que leva o neo-motociclista a tratar a moto como se fosse um carro de duas rodas. Nos carros é normal fazer rodízio de pneus – embora já seja condenado por especialistas. Mas nas motos o pneu dianteiro é muito diferente do traseiro e têm funções bem específicas. No piso molhado o pneu dianteiro funciona como uma lâmina que corta a água e o traseiro completa o serviço. Por isso é quase impossível uma moto aquaplanar. Ao usar o pneu traseiro na frente o risco de aquaplanagem é enorme porque o desenho do pneu não foi projetado para ser usado dessa posição.

 

4)     Para cada dois pneus traseiros troca-se apenas um dianteiro. Nããão! Esta é uma mentira recorrente porque é natural o pneu traseiro gastar mais rápido por um motivo até evidente: é o pneu da roda motriz, que recebe todo esforço da tração. Nas motos utilitárias, também é o pneu que recebe mais carga quando roda com baú ou com garupa (nas moto-taxis). Como o fator de maior desgaste do pneu é carga (massa), é normal o pneu traseiro gastar mais. Só que na hora de trocar deve-se trocar sempre os dois, porque a moto é um veículo tandem, com uma roda na frente da outra. Como elas rodam a mesma distância, quando o traseiro estiver gasto é sinal que o dianteiro já está comprometido, mesmo que aparentemente novo. Outro engano comum é usar pneus de modelo diferente na frente e atrás. Pneus de motos devem sempre ser do mesmo modelo e marca; quando se misturam marcas ou modelos ocorre o que se chama de “crise de paridade”, quando o pneu traseiro “não entende” o que faz o dianteiro!

 

5)     Reduzir a marcha diminui o espaço numa frenagem de emergência. Este equívoco é cometido por causa das competições e de uma das grandes mentiras sobre pilotagem: o freio motor! Motor é motor; freio é freio. Não existe “freio-motor” em veículos leves, muito menos em moto, a redução que se sente pode ser chamada de “efeito redutor”, mas nunca de frenagem. Para que o motor tenha efeito redutor na roda é preciso que a rotação angular do motor (giro) seja menor que o da roda motriz. Isso só é possível se o câmbio for equipado com uma caixa redutora, como nos caminhões e veículos pesados. Os caminhões contam com este efeito de freio-motor porque precisam frear 20 a 30 toneladas o que seria difícil só com o freio mecânico das rodas. Carros e motos precisam anular o motor para frear no menor espaço possível. Para isso é preciso acionar a embreagem junto com o freio e esquecer o câmbio. Não acredita? Então faça a seguinte experiência: engate a primeira marcha do seu carro (ou moto) solte a embreagem e deixe pegar velocidade sem acelerar. Depois tente frear sem acionar a embreagem. A sensação é que o motor continua empurrando o carro. Isso porque a rotação do motor é maior do que das rodas. A confusão do freio-motor se dá porque nas competições os pilotos reduzem a marcha nas entradas de curva. Mas isso só é feito para que a moto (ou carro) tenha rotação para sair da curva. Quem freia é o freio; quem empurra é o motor. Pronto e acabou!

 

6)     Pneu mais largo melhora a estabilidade. Mais uma vez é a confusão criada por acreditar que moto é um carro de duas rodas. Nos carros os pneus mais largos podem melhorar a estabilidade porque oferecem maior área de borracha em contato com o solo. Mas nas motos é diferente, porque a moto precisa inclinar nas curvas. Quanto mais inclinar, maior pode ser a velocidade de contorno da curva. Para que consiga um grande grau de inclinação é fundamental que o pneu tenha o desenho convexo. Quanto mais convexo, maior a inclinação. Ao usar um pneu mais largo na mesma medida de roda, o pneu ficará deformado, reduzindo a convexidade do desenho. Logo, a moto inclinará menos na curva. Claro que existem tolerâncias. Por exemplo, ao passar de um pneu 180 para 190 não causará um problema. Nem de 130 para 140. Mas alguns motociclistas exageram e, em função de um padrão estético, querem usar o mais largo possível, passando de 130 para 150 ou de 160 para 190. Aí será um martírio inclinar a moto nas curvas. Nos fóruns pode-se até ler depoimentos sobre a “melhora” ao usar um pneu mais largo. Mas esta sensação de melhora não vem da largura do pneu e sim do fato de ser NOVO! O cara tira um pneu velho, gasto e coloca um novo, claro que vai sentir melhora, mas não é resultado da largura!

 

7)     O capacete deve ser duro! Esta mentira é alimentada até por jornalistas inexperientes, principalmente de TV. A função primordial do capacete é reduzir a transferência das ondas de choque para o crânio de quem está usando. Se for uma peça dura, a onda de choque chega com grande intensidade lá dentro da cabeça, transformando o cérebro num mingau. Se capacete tivesse de ser duro a gente deveria usar um sino da cabeça! Na verdade o capacete deve ser flexível, deformável e bem acolchoado para que a energia do choque seja dissipada o máximo possível antes de chegar no cérebro. Por isso usam-se o estireno (isopor) e camadas internas de espuma. A calota precisa ter flexibilidade, não muita para não pular que nem uma bola de basquete, mas o suficiente para espalhar a energia pela superfície. Pelo mesmo motivo, o capacete deve ser o mais justo possível, porque se ficar folgado o capacete bate no chão e a cabeça bate contra a parte interna do capacete. Sei que é chato, mas é melhor bem justo até não se deslocar com o vento.

 

Existem ainda muitos outros pecados, mas estes sete são os capitais, aqueles que mandam o motociclista diretamente para o inferno, sem escala no purgatório!

publicado por motite às 19:18
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Sábado, 28 de Novembro de 2009

Mais um hoax perigoso

De tempos em tempos a internet produz mentiras que em pouco tempo adquirem contornos de verdade, tanto pela falta de informação geral quanto pela preguiça do leitor em pesquisar o assunto. E é admirável a criatividade para achar mentiras que tenham caráter “científico” sempre apoiadas por entidades que nunca ouviu falar ou per especialistas em p*** nenhuma.

 

Quando são apenas engraçadinhas, como a loira do banheiro ou do sujeito que “acordou” sem rins dentro de uma banheira cheia de gelo, a gente dá risada e apaga. Mas quando coloca sua vida em risco, ou são carregadas de preconceito (racismo, homofobia, xenofobismo) aí eu deleto, mas antes faço questão de dar o devido esporro ao remetente.

 

Agora chega mais um, sobre o significado da faixa branca pintada no asfalto, próxima aos semáforos. Antes de comentar leia o texto abaixo, que recebi de um (veja você) jornalista especializado. (Tomei a liberdade de editar porque é mal escrito pra KCT)

 

Pare de tomar multa no semáforo

Como diria o comentarista esportivo: “a regra é clara”. No verde o cruzamento está liberado, no amarelo requer atenção (e pode-se seguir adiante **com atenção!**) e no vermelho devemos parar. Porém ainda fica aquela dúvida. Está no amarelo e será que dá tempo de passar? Freio e levo uma buzinada, ou pior, uma pancada na traseira ou acelero e tento passar sem ganhar uma (ou mais uma) multa? Que dúvida cruel…

 

É incrível a quantidade de motoristas que levam multas diariamente, simplesmente pelo fato de desconhecerem algumas informações básicas contidas nos semáforos. E fica parecendo loteria. Vou ou não vou? Aiii… Vai dar… Vixe! Tomei uma multa!

 

 

 

Na foto acima pode-se observar um caso típico de sinal que acabou de ser aberto e os carros saindo. Porém, se observar melhor, verá que desde a faixa de pedestre há uma faixa contínua de alguns metros no sentido da via bem no meio das duas filas de carros. Alguém já notou isso?

 

Esta faixa tem uma importância muito grande, pois é ela que determina o tempo exato de você ser multado ou não ao passar no amarelo em um semáforo.

 

Em outras palavras, se você esta chegando no semáforo e o sinal fica amarelo, mas você já “adentrou” na extensão desta faixa e esta no limite de velocidade permitido para a via, você conseguirá fazer o cruzamento sem ser multado, pois dará tempo tranquilamente.

 

Por outro lado, se você esta chegando no cruzamento e o sinal ficou amarelo e você ainda não chegou até esta faixa contínua, você deve frear, pois fatalmente não conseguirá atravessar e ficará vermelho antes de você realizar este procedimento.

 

Caso não tenha percebido, passe a olhar para esta faixa sempre que chegar em um semáforo e vai notar que elas tem comprimentos diferentes, pois leva em consideração a velocidade permitida para a via e o tempo de sinal amarelo daquele semáforo. Enfim, é um cálculo médio de um tempo precioso que te salva te “herdar” uma multa e alguns pontos em sua CNH.

 

Um detalhe: dentro do Código de Trânsito Brasileiro não há informações sobre este assunto, porém as empresas responsáveis pelas faixas e construções de via, utilizam deste cálculo para construir esta faixa comentada acima e também é passado para os alunos dos cursos de formação de condutores.

 

Bom, esse texto é de uma IMBECILIDADE ímpar porque induz os motoristas a avançar o farol amarelo, quando é absolutamente recomendado que o motorista uso o período da luz amarela para se preparar para a frenagem. Ou seja, ó anta, antes de meter o pé no freio como um louco desvairado, olhe primeiro no retrovisor e veja bem se tiver outra anta colada no seu pára-choque continue e não freie (é uma escola muito educada de trânsito).

 

E o texto além de MENTIROSO é burro, porque no CTB que ele mesmo meciona tem sim, o VERDADEIRO significado daquela faixa branca pintada no asfalto. É esta: “FAIXA BRANCA CONTÍNUA - Quando traçada ao longo da pista de rolamento, divide faixas em fluxos de mesmo sentido. Indica que a mudança de faixa de tráfego de mesmo sentido) não é permitida. Podem ser também traçadas transversalmente na pista. Duas a duas, paralelamente, delimitam a área de travessia do pedestre”.

 

Em outras palavras: quando se aproximar de uma esquina e entrar no espaço da faixa branca contínua VOCÊ NÃO PODE MAIS MUDAR DE FAIXA!!! Porque neste momento está todo mundo olhando pra cima, praquela luz colorida e não está prestando atenção no idiota que decidiu mudar de faixa!

 

A rigor, quando tiver essas faixas pintadas no chão, NEM OS MOTOCICLISTAS PODEM MUDAR DE FAIXA, muito menos transitar por cima delas. Você sabia disso??? Se o agente de trânsito acordar com os cornos virados pode multar todo motociclista que transita no corredor quando tiver a faixa branca pintada.

 

Ah, se a via for de mão dupla essa faixa será AMARELA.

 

Se você receber esse hoax, faça um favor aos seus amigos: não o reenvie e mande esse texto de volta pra ele!

 

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publicado por motite às 17:01
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