Segunda-feira, 26 de Janeiro de 2009

Escolhas - Parte II

Suzuki Burgman 125: o scooter mais vendido do Brasil

 

 

 

As escolhas podem ser divididas em duas categorias: as essencialmente importantes e as prosaicas. Depois dessa inacreditável, inédita e indispensável pérola do pensamento humano moderno, posso adiantar que toda escolha representa um risco em maior ou menor grau.
 
Decidir entre ser um mau pai presente ou um bom pai ausente. Optar por uma carreira segura e monótona em uma empresa multinacional ou realizar o sonho na abertura do negócio próprio. Experimentar, ou não, a primeira droga pesada. Tomar, ou não, mais uma dose antes de pegar a moto e voltar pra casa. Ter filhos ou interromper a gravidez. Escolher a escola do seu filho. Perto dessas escolhas decidir entre uma ou outra moto adquire contornos até mesmo ridículos.
 
Comprar uma moto “errada” pode trazer algum desconforto ou, na mais pessimista das hipóteses, a perda de algum dinheiro. Ou seja, nada, diante das escolhas do parágrafo anterior, que efetivamente podem mudar a vida de uma pessoa.
 
Só para ficar nas minhas experiências pessoais, fiz apenas UMA escolha errada de moto na minha vida: uma porcaria de Cagiva W16, oferecida com um super desconto pela Agrale, a importadora desse modelo na época. Perdi o equivalente a US$ 1.000 e um pouco da minha já curta paciência. Por outro lado reforcei minha teoria de que “moto e sushi só feitos por japoneses”. Comprei uma Suzuki DR 650 e sou feliz até hoje. Minha vida não mudou, não empobreci, não cortei os punhos, ou seja, nada de grave, além de ter de redobrar minha carga de trabalho para repor o dinheiro perdido.
 
Se todas as escolhas erradas da vida se resumissem a perdas materiais o mundo seria o verdadeiro paraíso!
 
Por isso acho exagerada a importância que algumas pessoas dão à escolha de uma moto ou carro. Invariavelmente as pessoas mais relutantes na hora da escolha são as maiores vítimas de uma má decisão. Portanto vou começar a ajudar, de fato, nesta tarefa quase homérica de escolher uma moto.
 
Primeiro temos de dividir os motociclistas em duas categorias: os experientes e os novatos.
 
Para os NOVATOS, a melhor e mais sensata dica é escolher uma moto pequena. Já me cansei de socorrer motociclistas novatos que compraram motos muito grandes, pesadas ou velozes. Quando comecei o curso de pilotagem SpeedMaster recebi uma ligação esquisita.
 
- Oi, comprei uma moto e não consigo sair da garagem do prédio!
 
- Ela está com defeito? Perguntei.
 
- Não, é minha primeira moto e estou com dificuldade para sair...
 
- E qual moto você comprou?
 
- Uma Yamaha YZF 1000 R1!
 
Foi assim que descobri um novo tipo de motociclista: o “atrasado”. O perfil é mais ou menos o mesmo. Um sujeito na faixa de 40 a 50 anos, que teve moto nos anos 80, geralmente uma CB 400. Depois casou-se e, ato contínuo, teve de se separar da moto. Passados 10 ou 15 anos veio a natural separação... da mulher! E a vontade de tirar o atraso motociclístico de mais de uma década. Já bem de vida – apesar do sumidouro financeiro provocado pelo advogado da ex-esposa – decide comprar uma grande moto para impressionar os estagiários da firma e as mocinhas. Ainda por cima compra um macacão de couro que fica mais apertado do que colchão de casal em porta-mala de Chevette.
 
Com esse tipo de usuário não adianta perder tempo com explicações prolongadas sobre a necessidade de se começar de baixo pra cima, porque ele escolhe a moto pelo o que ela representa e não pelo o que ela oferece.
 
Os novatos
Para quem decide adquirir a primeira moto da vida é preciso logo de cara saber que tudo na vida tem um começo. Até para andar tivemos de aprender à custa de muito tropeço e joelho roxo. Para os iniciantes no mundo das duas rodas posso separar as categorias mais recomendáveis:
 
- Scooter – são aquelas coisas motorizadas que nossas tias chamam de Lambretas. O grande benefício do scooter é a praticidade. Hoje em dia já é considerado o segundo veículo motorizado de duas rodas de uma família: é comum ter uma moto e um scooter. São boas para deslocamentos curtos por vias (bem) pavimentadas. Mas por usarem rodas pequenas (entre 10 e 12 polegadas de diâmetro) são sensíveis aos buracos. Além disso, os modelos até 150cc não são recomendáveis para uso com passageiro. Conheço gente que leva até a família toda, mas quando escrevo “re-co-men-dá-vel” não quer dizer nem obrigatório nem proibido.
 
Apesar de muito fáceis de usar – têm câmbio automático – é necessário habilitação e ser maior de idade. Eu recomendo scooters apenas para quem faz itinerários de até 10 km, preferencialmente por vias secundárias. Como a velocidade dos pequenos scooters é baixa (máximo de 110 km/h) e são veículos pequenos de difícil visualização pelos outros, especialmente ônibus e caminhões, é mais seguro evitar avenidas de trânsito rápido.
 
Outra característica do scooter é ser preferido pelo público feminino. Como as mulheres normalmente usam sapatos delicados e eventualmente tailler, o scooter tem a vantagem de ser um veículo que se pilota sentado e não montado como em um cavalo. Graças a essa postura pode-se pilotá-los até com saia. E o escudo frontal protege a roupa e os sapatos da sujeira e até dos respingos de chuva.
 
Também é recomendado a quem já atingiu a feliz idade acima dos 60. Por ser leve e simples, não requer força física nem para colocar no cavalete central. Vi dezenas de senhores chegarem ao clube pilotando pequenos scooters nas manhãs de sábado e domingo. Alguns até acompanhados das respectivas senhoras. Na Europa essa é uma cena comum inclusive nos dias de semana. Graças ao porta-objetos sob o banco pode-se levar o material até para um lauto pic-nic! E ainda cabe um capacete.
 
As desvantagens do scooter são poucas: alto custo de manutenção e maior consumo em comparação a uma moto pequena 125cc, pequena autonomia (cerca de 100 km) e a instabilidade das rodas pequenas.
 
Justamente para fugir dessa segunda desvantagem foram criados os scooters de rodas grandes, ou motonetas automáticas.
 
(Aqui cabe um parêntese importante: a nomenclatura e categorias de veículos de duas rodas motorizados é tão extensa quanto confusa. Teoricamente motonetas são motos com câmbio, nas quais se pilota sentado como um scooter. Eram chamadas de CUBs ou “moto de padre” porque podia pilotar de batina. Hoje em dia já existem motonetas automáticas que poderiam se enquadrar tanto na categoria scooter quanto motoneta. E perder tempo com isso é uma tremenda bobagem.)
 
As motonetas automáticas têm a vantagem da roda de maior diâmetro (mais estável), mas o porta-objetos é menor. Em alguns casos a motoneta tem um túnel central que reduz o espaço para os pés.
 
Ainda na categoria motoneta posso citar as CUBs, que têm câmbio, mas sem embreagem. A mais conhecida é a Honda Biz 125, mas hoje já existem outros modelos e marcas no mercado. As vantagens estão nas rodas maiores (mais estáveis), baixo custo de manutenção, maior economia de gasolina e conseqüente maior autonomia. O que pesa contra é apenas o câmbio rotativo que confunde alguns usuários.
 
publicado por motite às 19:35
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