Segunda-feira, 8 de Agosto de 2011

A briga no meio

 Kawasaki ER-6: opção interessante para primeira moto da vida.

 

Se você, leitor ou leitora, quiser comprar uma moto média, na faixa de 24 a 36 mil reais pode se preparar para uma escolha muito difícil. Nunca imaginei que o mercado brasileiro chegasse a este ponto, porque sou do tempo em que tínhamos como única opção a cor da CB 400/450. Hoje esta faixa oferece um leque de opções que vai desde a exclusiva e de estilo antigo Triumph Boneville (R$ 33.900) até a recém nacionalizada BMW F 800R (estimada em R$ 34.000), passando pelos grandes scooters como a Suzuki Burgman 400 (R$ 26.900) e as custom.

 

São mais de 30 opções desde custom, naked e big trail, sem contar as variações com ou sem ABS e alguns modelos especiais, além das semi novas! É quase tão difícil quanto escolher o primeiro carro zero quilômetro. Para tentar ajudar nesta difícil escolha da moto intermediária, vou tentar apresentar algumas sugestões, levando em conta somente as zero quilômetro e os preços de tabela.

 

A primeira coisa que o motociclista precisa entender é que no mundo das motos o crescimento de categoria feito de forma gradual ajuda muito a preservar a espécie. Embora, atualmente muita gente prefira começar por uma 600 cc ou até maior, o ideal é que a categoria intermediária seja um segundo passo na vida motorizada.

 

Nesta faixa de preço, os modelos vão de 600 a 900 cc, com a exceção da Harley Dyna Super Glide (R$ 32.900) que tem 1.600 cc. Estes valores todos são sujeitos a variações, com acréscimo de frete, documentação etc.

 

O segundo passo importante é se perguntar: “para que eu quero esta moto?”. Ou seja, qual será o uso primordial: lazer, viagens, transporte diário ou esporte. A partir desta pergunta já se elimina uma boa parte das opções. Por exemplo, se a idéia é usar no dia-a-dia como transporte e fugir do trânsito e dos transporte coletivo, as motos custom – com grande distância entre-eixos, guidão largo e baixas – podem representar um sufoco, especialmente no trânsito congestionado. Por outro lado, refletem um estilo de vida mais despojado, clássico e são boas para estradas sem muitas curvas. Mas atenção: é enganosa a impressão de que são confortáveis! Pelo contrário, como o piloto fica posicionado com as pernas para a frente, não pode contar com auxílio das pernas para superar buracos e lombadas e todo tranco reflete diretamente na coluna do motociclista. Também o garupa não conta com um banco muito macio. As motos custom começam a ficar confortáveis quando entram na faixa das grandes, com preços acima de R$ 50.000.

 

Já o motociclista com perfil esportivo tem opções de modelos com motor quatro cilindros, como a Honda 600 Hornet (R$ 33.260 sem ABS), a Yamaha XJ6 com ou sem carenagem (R$ 30.000 e R$ 28.600 respectivamente), a Kawasaki Z 750 (R$ 33.900) e a Suzuki Bandit 650 também nas versões com e sem carenagem (R$ 31.900 e R$ 29.900). Motores quatro cilindros em moto representam um enorme qualidade, pois o índice de vibração é muito baixo e o ronco é como música para nossos ouvidos apurados. Dizem que o fascínio pelo quatro-em-linha vem do fato de o ronco ser semelhante ao dos velhos motores V-8 de Fórmula 1 dos anos 70. Por ser metade de um V-8 o ronco é bem próximo. E é mesmo!

 

A principal qualidade destes modelos é o desempenho ideal tanto para uso urbano, quanto em viagens. No entanto é preciso levar em conta que as suspensões têm curso moderado e as rodas são de liga leve, o que deixa este tipo de moto mais “dura” no piso irregular. Também não são muito confortáveis para garupa porque as pedaleiras traseiras são elevadas. Para quem mora nas grandes cidades este estilo de moto tem ainda um agravante que nada tem a ver com a qualidade do produto: o seguro é altíssimo porque os ladrões também gostam deste estilo de moto...

 

Nesta cesta de produtos temos ainda as esportivas e nakeds com motor de dois cilindros em linha ou em V. A representante italiana desta categoria é a Ducati Monster 696, nas versões com e sem ABS (R$ 33.900 e R$ 30.900 respectivamente). Tem o motor tradicional de dois cilindros em L, de funcionamento um tanto ruidoso. Além disso é quase mono lugar porque o espaço de garupa é apenas ilustrativo. Também a situação dos representantes no Brasil ainda carece de maior confiabilidade nos quesitos manutenção e pós-venda.

 

Já a BMW F800R acaba de ser nacionalizada e o preço caiu muito. Já está à venda nas concessionárias com valor aproximado de R$ 34.000, dependendo dos opcionais. O grande trunfo do motor de dois cilindros em linha é o trabalho na redução dos ruídos e vibração. Graças ao sistema de bieleta falsa, que funciona como um contra-rotor que reduz drasticamente as vibrações, o motor tem funcionamento muito próximo a um quatro cilindros, porém muito mais econômico. Por ser BMW, o espaço e conforto para garupa foi bem dimensionado, mas ainda sacrifica um pouco que tem mais de 1,75m de altura.

 

Tanto Ducati quanto BMW são versáteis a ponto de proporcionar boa diversão nas curvas, viagens pouco cansativas e ainda driblam bem o trânsito diário. Em suma, pode agradar em várias situações.

 

Nesta categoria das bicilíndricas em V, encontra-se a coreana Kasinski Comet GTR 650 (R$ 24.300), única opção totalmente carenada, com visual esportivo e tecnologia Hyosung (que por sua vez adquire tecnologia Suzuki). Tem a posição de pilotagem bem mais radical, com semi-guidões baixos e banco em dois níveis. Pelo estilo totalmente esportivo não é recomendada para quem pretende levar garupa com freqüência nem vai usá-la no trânsito intenso.

 

Se a idéia é viajar com total conforto, levar garupa e usar diariamente na cidade, dentro da categoria das bicilíndricas estão a Kawasaki Versys 650 com ou sem ABS (R$ 33.990 e R$ 30.990 respectivamente) com motor de dois cilindros paralelos, pode agradar. Ela não chega a ser uma moto de uso misto, principalmente pelos pneus esportivos e rodas de liga leve, mas é muito bonita e confortável. As concorrentes diretas dela são a Suzuki V-Strom 650 (R$ 34.594) e a recém lançada Honda Transalp 700 (cotada a R$ 32.000), ambas com motor de dois cilindros em V e estilo mais próximo de uma big trail “de verdade”. O motor V2 oferece mais torque em baixa e um funcionamento mais equilibrado do que o motor de dois cilindros em linha da Kawasaki. Este mesmo motor equipa a ER-6, que ganhou uma versão carenada, chamada de Ninja 650, ambas ótimas opções até para a primeira moto da vida, pela versatilidade e facilidade de pilotagem. Os preços variam entre R$ 26.600 e R$ 28.900.

 

Em termos de versatilidade de uso as três são o que existe de mais eficiente. Pode-se usá-las em várias situações, desde estrada de terra simples (e seca), até enfrentar curvas sinuosas e ainda viajar com garupa sem que fique com o desempenho comprometido.

 

O mercado oferece ainda as custom, cuja representante principal da categoria é a Harley-Davidson, tanto a “pequena” 883 (na faixa de R$ 25.500) quanto a irmã maior de 1.600cc a Dyna Super Glide (R$ 32.900). Nesta faixa também tem a representante coreana da Kasinski, com o modelo Mirage 650 (R$ 26.500). Mas também tem as opções japonesas da categoria Honda Shadow 750 (R$ 31.880), a Suzuki Boulevard M800 (33.900) e a Yamaha Midnight Star 900 (R$ 32.275). Escolher uma custom é abrir mão de algumas características como estabilidade em curvas e conforto para garupa, já que todas estas opções oferecem pouco para quem vai atrás. Aliás, nem o motociclista goza de uma posição muito confortável em função das pedaleiras avançadas que elimina a possibilidade de usar as pernas como extensão dos amortecedores.

 

E quem opta por uma Harley sabe que está levando não apenas uma moto, mas um estilo de vida. Mecanicamente, a mais esportiva desta lista é a Suzuki, inclusive é a melhor também em curvas. Já para uso urbano, a pequena Harley 883 é mais maneável, porém tem pouca autonomia e consumo e peso exagerados.

 

Uma das categorias que mais cresce é a das monocilíndricas. Nesta faixa de preço o consumidor pode optar pela Yamaha XT 660 (R$ 27.300) e pela BMW G 650GS (R$ 29.800). Atualmente as duas disputam a faixa sem concorrentes e a briga é boa, porque de um lado temos o estilo mais moderno e esportivo da Yamaha e do outro o maior conforto versatilidade de uso da BMW. Apesar de ambas carregarem o DNA do fora-de-estrada, a XT 660 com roda dianteira de 21 polegadas se dá melhor na terra, enquanto a G 650GS com roda de 19 polegadas se vira melhor em curvas. Difícil escolher...

 

Por fim o consumidor pode ainda optar pela praticidade dos grandes scooters como o Suzuki Burgman 400 (R$ 26.900) e até o 650 (R$ 37.900). Apesar da “cara” de scooters, eles não oferecem a mesma leveza de pilotagem que os pequenos. São mais fáceis de pilotar do que as motos, porque também usam câmbio por polia variável (CVT). As maiores vantagens são o amplo espaço sob o banco e o conforto de sobra para piloto e garupa. Mas são sensíveis ao piso irregular, sobretudo pelo pequeno curso da suspensão e a largura exagerada dificulta a locomoção no trânsito intenso.

 

Muitos modelos ficaram de fora desta análise e ainda nem sequer comentamos sobre as usadas, mas só para ver como nosso mercado cresceu nos últimos 20 anos, hoje está cada vez mais difícil escolher qual moto comprar. Independentemente de qual seja a avaliação, o conselho mais importante é, antes de mais nada, escolher o que mais agrada. Moto nesta categoria é uma compra movida mais pela emoção do que pela razão. Olhe todas as opções de perto, consulte, questione e informe-se antes de decidir. No Brasil não é comum liberar motos para test-ride, por questões de segurança, sobretudo em motos de alto desempenho. Por isso fica ainda mais complicado para decidir qual moto comprar.

publicado por motite às 14:41
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